terça-feira, 9 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13590: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte IX: outubro de 1972: (i) no final das chuvas, e ao fim de dez meses de comissão, o primeiro ataque a um barco civil, o "Mampatá", no Rio Geba Estreito, à 1 hora da noite, de que resultaram feridos, 1 militar e 3 civis; (ii) Spínola no encerramento do 3º turno de instrução de milícias; e (iii) 37 balantas de Mero recebem instrução militar...



Guiné > Zona leste > O Rio Geba... o estreito (do Xime para montante) e o largo (do Xime para jusante)... c. 1970, no tempo seco... O rio era navegável de Bissau até Bafatá!... Mas normalmente, as embarcações (civis) iam até Bambadinca... As LDG ficavam pelo Xime, mas chegavam a Bambadinca, pelo menos até a 1968... Dois pontos vulneráveis do percurso eram a Ponta Varela (na margem esquerda do Rio, entre a Foz do Corubal/Ponta do Inglês e o Xime), e o Mato Cão (entre o Xime e Bambadinca, no troço serpenteante do Geba Estreito).

Fotos do álbum do Humberto Reis, ex-fur mil op esp (CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)


Fotos: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]


1. Continuação da publicação da história do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74), a partir de cópia digitalizada da história da unidade, em formato pdf, gentilmente disponibilizada pelo António Duarte.

[António Duarte, ex-fur mil da CART 3493, companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972/74; foi voluntário para a CCAÇ 12 (em 1973/74); economista, bancário reformado, foto atual à esquerda].

Destaque, no mês de outubro de 1972, para:

(i) no final das chuvas, e ao fim de dez meses de comissão, o primeiro ataque a um barco civil, o "Mampatá", no Rio Geba, de que resultaram feridos, 1 militar e 3 civis [foi um ataque no Rio Geba Estreito, no subsetor de Bambadinca,  às 1h15 da noite!);

(ii)  Spínola, mais uma vez, presente no CMIL de Bambadicna, nestte caso no encerramento do 3º turno de instrução de milícias;

e (iii) 37 homens de Mero (incluindo o chefe da tabanca) começaram a ser treinados, por sua inicaitiva, no CIMIL (Centro de Instrução de Milícias) de Bambadinca... (Esta tabanca balanta era, desde sempre,  conotada como simpatizante da guerrilha).


Outubro de 1972: no final das chuvas, e ao fim de dez meses de comissão do BART 3873, o primeiro ataque a um barco civil, o "Mampatá", no Rio Geba Estreito, de que resultaram vários feridos, 1 militar e 3 civis...








 (Continua)
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8 comentários:

Abílio Duarte disse...

Subi 3 vezes o Geba desde Bissau até
ao Xime.
Na primeira eramos só acompanhados por Fuzileiros.

Nas outras tivemos sempre a companhia de T6 e Helis.

Mas quem não passou pelo Xime nos anos 69/70,penso que não conheceu,lugar mais desagradavel.

Luís Graça disse...

O que é que a gente sabe sobre o Rio Geba, o mítico rio da Guiné, para a malta que passou por (e penou em) o leste...

Nasce na Guiné-Conacrei Guiné , passa pelo Senegal e desagua no Oceano Atlântico na Guiné-Bissau . Tem c erca de cerca de 340 milhas (550 quilômetros) de comprimento.

É um rio de planície, ou de savana, variando o seu caudal no tenmpo daseco e no tempo das chuvas (maio-outubro).

Um dos seus afluentes é o rio Colufe, que se junta ao Geba em Bafatá.

O rio Geba passa pela histórica povoação de Geba (, já totalmenmte no nosso tempo), por Bambadinca e pelo Xime...

O seu traçado é irregular, dependendo das chuivas... Ãqui era conmhecido como o Geba Estreito. A passagem pelo Mato Cão metia respeito...

No Xime, alarga-se formando um estuário ou delta, que também é alimentado pelo Rio Corubal, outro rio mítico no tempo da guerra colonial. Entre o Geba Largo e o Geba Estreito era frequentes observarmos o fenómeno do "macaréu"...

O estuário alarga à medida que o rio deságua no Atlântico. Em Bissau, atinge uma largura total de de cerca de 10 milhas (16 km) em Bissau.

Foi no passdo uma importante rota comercial, ligando o interior. Tem hoje problemas de assoreamento. As embarcações, dependemdo do calado e da tonelagem, chegam ao Xime... No nosso tempo, podiam chegar a Bafatá...

Luís Graça disse...

Abílio, também fiz essa viagem, várias vezes, quando ia Bissau ("desenfiado" ou a caminho das férias ma Metróploe)... A primeira vez foi em LDG, de Bissau ao Xime, como toda a malta do leste...Depois em barcos civis (a alguns chamávamos "barcos turras", nunca eram atacados...).

Mas não guardo particulares emoções das viagens nos barcos cicvios... A priemria, em LDG, sim... Tenho um lonmgo poema escrityo a prop+osito, "Por esse Geba Acima"...

Por que será que não tenho recordações, emoções, dessas viagens ?...

Bolas, patrulhei muitas vezes o Mato Cão, deveria ter mais respeito pela travessia do rio, entre Bambadinca e o Xime... Sem esquecer a temível Ponta Varela, outro lugar mítico...

Abraço grande, Luís

Luís Graça disse...

Quem se lembra do "Mampatá" ? Havia o "Bubaque", a "Bor"...

O "Bubaque" era do pai do nosso camarada Manuel Aamante da Rosa...

Precisamos de hist´roais destas viagens e destas valorosas embarcações e seus tripulantes... Sem a sua ação, teríamso passado muita fominha e muita sedinha no leste... Em geral, trabalhavam para o BINT (Batalhão de Intendência)... Eram elas que alimentavam o "ventre da guerra" no leste... No regresso a Bissau, e aproveitando a maré cheia, levavam sacos de mancarra, civis, militares...


http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/Manuel%20Amante%20da%20Rosa

Valdemar Silva disse...

Pois foi Abílio Duarte.
Inesquecível.
Subir o Geba e chegar ao Xime, julgo que a vinte e tal de fevereiro de 1969, vai ficar para sempre gravado na nossa memória. Provavelmente, o Francis Copola também fez essa mesma viagem até ao Xime, doutra forma não se lembraria da cena do Capitão Willard, no Apocalypse Now.
Noutra vez, no dia em que o homem chegou á lua, 21/7/69, eu desci o Geba, numa barcaça, de Bambadinca até Bissau e passei, já de noite, em frente ao Xime. Fui levar material usado e lembro-me de passar pelo mesmo sítio duas ou três vezes e avistar uma luz fixa numa das margens, afinal eram as curvas do rio e dava essa ilusão óptica. Nessa viagem, em que estivemos várias horas parados, por causa da maré e por causa do motor do barco, civil, que deixou de trabalhar e quase gripou, apareceu ao de cima o desenrascanço do português. No mesmo barco seguiam sacos de mancarra e várias viaturas, civis, todas batidas, de marcas francesas 'Peugeot' e 'Simca'. Um soldado, grande mecânico, lá descobriu nos salvados dos automóveis umas peças/parafusos que serviram para arranjar o motor do barco que também era francês. E lá seguimos para Bissau ouvindo as notícias nos rádios, bem mordidos pelos mosquitos, com o nosso barco rebocando outros dois carregados, chegando já de dia e comentando: mas os gajos chegaram mesmo à lua.
Valdemar Queiroz

Luís Graça disse...

Os americanos fizeram filmes como "Apocalipse Now", "Bravos do Pelotão", "O Caçador"... a partir da sua (má) experiência no Vietname... Nós que chegámos à Guiné em meados do séc. XV, nem sequer um filme de jeito conseguimos fazer. De paz ou de guerra. Ou de guerra e paz...

As viagens pelos rios/braços de mar da Guiné (, do Cacheu ao Geba, do Cumbijã ao Cacine) seriam inspiradoras...

Imagino os nossos primeiros exploradores a navegarem pelo Geba adentro... Eram rios/braços de mar traiçoeiros para navegadores transalânticos...


Malta, quem tem imagens destas viagens, do interior para Bissau e de Bissau para o interior,as embarcações civis ? Ou nas LDG da Marinha...

jpscandeias disse...

Não achei o Xime um lugar especialmente desagradável, pelo contrário o rio e o macaréu exerciam fascínio. Fiquei por lá alguns meses na CCaç 12. O Geba curiosamente só o desci. Pelo menos 2 vezes, uma no rebocador que puxava a Bore e a outra na Bore carregada de vacas. A viagem inversa nunca a fiz. A penantes coube-me ia à Ponta Varela em Fevereiro de 1973, acompanhado por toda a CCaç 12, uma vez pelo menos, também pela companhia de artilharia que estava no Xime nessa época.
Senti na margem do rio a lama nas pernas que me sugava grossa e peganhenta. A água, apesar do calor, não convidava ao banho. Recordo que ao ir no rebocador, a caminho de Bissau, sem escala, o cabo marinheiro avisava para termos alguns cuidados quando passava-mos perto da margem. O Corubal um rio delicioso que conheci quando estive em Cabuca, bebi água numa cambança, apelava ao mergulho. Nesse dia de agosto de 1972, estava muito longe de que iria satisfazer esse apelo em 1973, já na CCaç 12, quando fomos fazer "segurança" a uma coluna ao Saltinho, com passagem pelo Xitole, realizei-o. O Saltinho foi um dos locais mais aprazíveis que conheci até aos dias de hoje e o banho que lá tomei, à Pai Adão, com outros furriéis da 12 ficou-me marcado para sempre. O momento foi registado num negativo mas a foto revelada acabei por a perder.

João Silva, CCaç 12

Valdemar Silva disse...

Faço sempre confusão com a data da chegada do homem à lua. Foi em 20-7-1969 e não em 21-7-1969. Nunca esquecerei esse dia ou noite pois eram 23 horas, 56 minutos e 20 segundos e daí a minha confusão
Valdemar Queiroz