chove em setembro...
me aqueço com esta chuva densa
que está caindo,
riscando linhas de luz no ar,
como num tear a vento,
tecendo o linho.
pausa da praia,
pausa dos incêndios fortuitos
e do fogo posto.
chove em setembro,
chuva benigna.
fecundando a terra,
é o que diz quem vive dela.
água de arminho,
riscando linhas de luz no ar,
como num tear a vento,
tecendo o linho.
pausa da praia,
pausa dos incêndios fortuitos
e do fogo posto.
chove em setembro,
chuva benigna.
fecundando a terra,
é o que diz quem vive dela.
água de arminho,
Foto: Candoz, Luís Graça (2014) |
luar de agosto,
uvas de vinho
que estão a pintar.
chega a vindima,
depois a colheita.
seara de pão...
ó doce alegria.
benditas sejam.
Mafra,
uvas de vinho
que estão a pintar.
chega a vindima,
depois a colheita.
seara de pão...
ó doce alegria.
benditas sejam.
Mafra,
próxima fornada...
a próxima fornada
vai ser de pão de centeio.
crescido no campo do meio,
cercado de vinha enforcada,
ceifado numa tarde de sol,
e moído de noite,
crescido no campo do meio,
cercado de vinha enforcada,
ceifado numa tarde de sol,
e moído de noite,
na mó do moleiro do rio.
Foto: Candoz, Luís Graça (2013) |
meia dúzia de broas de pão,
tisnadas do forno,
que minha mãe
amassou e benzeu,
na cozinha,
com água, fermento
e farinha,
enquanto eu jogava o pião.
e uma bôla, primícia,
redonda, larga e espalmada,
crestada nas brasas
da queima do forno,
com chouriço e sardinha.
vai dar um jantar melhorado,
ressumando a caldo de couves,
com gotas de azeite,
e todo o pão da semana,
à fartura...
ouvindo piano concerto de Grieg
Mafra, 9 de Setembro de 2014
6h29m
Joaquim Luís Mendes Gomes
tarde de Domingo...
está azul o céu.
como há muito não.
há cavalos tranquilos a debicar o chão,
para mim,
de olhos baços,
só me restam
as nuvens a bailar festivas...
mais as copas verdes
duma mata em flor.
oiço acordes
duma música lenta,
minha alma aspira
e canta sonora.
louvores sem fim.
de louca a arder.
baladas tristes,
me chegam do fundo
dum mar profundo.
soam a eterno
dum amanhecer.
voo no ar
como se fora ave.
rumo ao infinito
do entardecer.
redonda, larga e espalmada,
crestada nas brasas
da queima do forno,
com chouriço e sardinha.
vai dar um jantar melhorado,
ressumando a caldo de couves,
com gotas de azeite,
e todo o pão da semana,
à fartura...
ouvindo piano concerto de Grieg
enquanto clareia a manhã
Mafra, 9 de Setembro de 2014
6h29m
Joaquim Luís Mendes Gomes
tarde de Domingo...
está azul o céu.
como há muito não.
há cavalos tranquilos a debicar o chão,
para mim,
de olhos baços,
só me restam
as nuvens a bailar festivas...
mais as copas verdes
duma mata em flor.
oiço acordes
duma música lenta,
minha alma aspira
e canta sonora.
louvores sem fim.
de louca a arder.
baladas tristes,
me chegam do fundo
dum mar profundo.
soam a eterno
dum amanhecer.
voo no ar
como se fora ave.
rumo ao infinito
do entardecer.
meu barco alado
de asas abertas.
parece uma gazela triste
a que abri a porta.
vou esbaforido.
se ninguém me alcançar,
darei a volta ao mundo.
e ficarei sonhando.
perdi tantos dias
neste porto morto.
só hoje me chegou o vento.
ouvindo Brahms, piano concerto nº 2. por Baremboim
Mafra, 7 de Setembro de 2014
17h4m
Joaquim Luís Mendes Gomes
parece uma gazela triste
a que abri a porta.
vou esbaforido.
se ninguém me alcançar,
darei a volta ao mundo.
e ficarei sonhando.
perdi tantos dias
neste porto morto.
só hoje me chegou o vento.
ouvindo Brahms, piano concerto nº 2. por Baremboim
Mafra, 7 de Setembro de 2014
17h4m
Joaquim Luís Mendes Gomes
________________
Nota do editor:
Último poste da série > 6 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13579: Blogpoesia (390): Poema de um ataque na guerra da Guiné (Armando Fonseca)
Nota do editor:
Último poste da série > 6 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13579: Blogpoesia (390): Poema de um ataque na guerra da Guiné (Armando Fonseca)
Sem comentários:
Enviar um comentário