Resumo do sexto dia
Usavam botas altas e chapéu à cowboy, sujas de terra e lama, mas falavam pelo telefone “Geração 5”, eram um simpático casal de agricultores, rostos “corados”, como se dizia na minha aldeia, naquele tempo, das pessoas que eram um pouco fortes na estatura e nós dizíamos que mostravam saúde, tanto um como outro, nos intervalos do telefone, gesticulavam, caminhando de um lado para o outro, até meterem conversa connosco.
Nós, pacientes, esperávamos que um mecânico nos fizesse um serviço de rotina, no Jeep e na Caravana, pois além de sempre terem rolado sem qualquer problema, adaptando-se muito bem ao terreno, que podia ser suave ou acidentado, mas já lá iam algumas centenas de milhas e havia que trocar o filtro e o óleo ao Jeep e revisar todo o sistema, pois a partir daqui iríamos rolar em estradas quase desertas e as nossas vidas dependiam da “saúde” do Jeep, que se portou sempre muito bem, mesmo nas “aflições” do tráfico ou no acidentado do terreno.
Mas, continuando, aquele simpático casal, que também esperava pelos serviços do mecânico, oriundo e residente na província de Alberta, agricultores, dizia-nos com um certo orgulho, que Alberta possui uma das economias mais fortes e influentes do Canadá, dizia-nos mesmo que as suas quintas abastecem todo o Canadá, em outras palavras, é Alberta que dá de comer a todo o país. Sabendo que éramos oriundos da Florida, nos USA, convidaram-nos a ir à sua quinta, passar um dia com eles, ver o que produziam e como sobreviviam, principalmente na época de inverno, em que dois poços de petróleo, que tinham na sua quinta, eram parte da sua sobrevivência e, diziam-nos, num inglês com algumas palavras em francês pelo meio, que só podiam vender um tanque de óleo em bruto, saindo lá das “entranhas” da sua quinta, por semana, esse “nós” era talvez referindo-se a sermos do lado lá, dos USA, só lhe comprávamos um tanque por semana, pois “nós”, ouvimos, não sabendo qual era o tamanho do tal tanque que lhe comprávamos por semana, trocámos endereços, ficando sem saber o que nos diziam em idioma francês, mas a sua cara e gestos, mostravam simpatia. Agradecemos muito a gentileza, mas não nos queríamos desviar do nosso programa, pois o nosso destino era o norte.
Tudo isto aconteceu num estabelecimento credenciado de mecânica, pois foi o que fizemos logo pela manhã, ainda na cidade de Red Deer, tomando de seguida o destino do norte, desviando-nos por estradas secundárias, por indicação dos nossos recentes amigos, que nos guiaram por alguns quilómetros, deixando-nos, levantando o braço de dentro da cabine da sua potente “pick-up”, com um forte “bonne chance à l’Alaska”, em idioma francês, (boa sorte até ao Alaska) já perto da estrada número 43, em direcção ao nosso destino, que era a cidade de Dawson Creeck, lá no norte, que nos haveria de dar acesso ao famoso “Alaska Highway”.
Lá fomos, viajando sempre na província de Alberta, que é uma das dez províncias do Canadá, criada no ano de 1905, quando se separou dos “Territórios do Noroeste”, que eram parte das “Províncias das Pradarias” e das “Províncias Ocidentais”, assim sendo, no passado ano de 2005, Alberta celebrou seu centenário como província.
Também nos dizem que esta província possui duas grandes cidades, uma é Calgary, a maior cidade de Alberta e a capital financeira da província, e a outra, que é Edmonton, a capital política e industrial. A província é uma grande produtora de petróleo e de gás natural. Alberta produz mais de 70% do petróleo e do gás natural do Canadá, sendo boa parte destes recursos naturais exportados para os USA, além disso, a agropecuária, a indústria de manufaturação, finanças e o turismo também possuem grande importância para a economia da desta província.
A região onde actualmente Alberta está localizada, pertencia anteriormente à “Companhia da Baía de Hudson, mas em 1870, esta Companhia cedeu os seus territórios ao governo do Canadá, e estes passaram a ser chamados de “Territórios do Noroeste”, ocupando a região onde atualmente estão as províncias de Alberta, Manitoba, Nunavut e Saskatchewan. Em 1882, o governo canadense nomeou a região da atual Alberta de “Alberta”, em homenagem à princesa Louise Caroline Alberta, filha da Rainha Victoria do Reino Unido.
Continuando, percorremos planícies, algumas montanhas, zonas desertas, vendo poços de petróleo trabalhando, manadas de gado bovino, quintas em funcionamento, máquinas agrícolas com o pessoal trabalhando, com o trânsito a ficar mais escasso, onde por vezes viajávamos sozinhos, por uma distância de muitos quilómetros, tudo isto, aproximando-nos mais do norte.
As estações de serviço iam sendo mais raras, o preço da gasolina ia subindo, em muitos lugares, sabendo que éramos provenientes dos USA, não aceitavam, ou não tinham sistema de “credit card”, pagávamos em dólar americano e davam o troco em dólar canadiano, nós sempre que víamos uma estação de serviço aberta, parávamos e comprávamos gasolina, água para beber, fruta, pão ou biscoitos, claro, quando havia.
Já muito perto das onze horas da noite, ainda havia algum sol, a poucos quilómetros da cidade de Dawson Creek, num local onde a estrada formava um grande espaço livre numa zona em reparação, não tendo encontrado antes nenhum parque de campismo, já nos preparávamos para ali mesmo instalar a nossa caravana para dormirmos, quando uns trabalhadores da construção da estrada, que viviam numa casa/contentor, nos disseram que havia, uns quilómetros à frente, na povoação de Beaverlodge, ainda na província de Alberta, um Motel onde podíamos descansar e tomar banho. Foi o que fizemos, num motel muito original, pois no mesmo edifício estava localizada uma loja de bebidas, que estava aberta 24 horas por dia, o que devia de ser normal, pois naquela povoação, nesta época do ano, lá no norte, era quase sempre de dia.
Neste dia percorremos 448 milhas, com o preço da gasolina a variar entre $1.32 e $1.72 o litro.
Tony Borie, Agosto de 2014.
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Nota do editor
Último poste da série de 6 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13580: Bom ou mau tempo na bolanha (64): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (5)
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