Página da EGEAC que promove esta iniciativa, assinalando os 40 anos do movimento que ficou conhecido por retorno das ex-colónias portuguesas e teve o seu auge na ponte aérea de 1975. Espantosa foto, carregada de grande simbolismo, do grande fotojornalista Alfredo Cunha a quem se deve, entre outros grandes trabalhos, as melhores fotos do 25 de abril.
RETORNAR – TRAÇOS DE MEMÓRIA
Retornar – Traços de Memória propõe, ao longo de quatro meses e em vários espaços,
uma reflexão sobre os 40 anos da vinda das ex-colónias portuguesas de África,
através de debates, teatro, performances, visitas comentadas
e intervenção urbana na zona ribeirinha.
Retornar - Traços de Memória é uma iniciativa da EGEAC,
desenvolvida pelas Galerias Municipais de Lisboa,
que assinala os 40 anos do movimento
que ficou conhecido por retorno das ex-colónias portuguesas
e teve o seu auge na ponte aérea de 1975.
Com uma programação transdisciplinar que decorre ao longo de quatro meses, a iniciativa apresenta olhares da arte, literatura, antropologia, história e política, para promover o diálogo e o conhecimento sobre o fim do império colonial português. Num projeto que promove o cruzamento entre as artes e as ciências humanas, a exposição inaugura um novo espaço expositivo: a Galeria Avenida da Índia, em Belém.
Comissariada pela antropóloga Elsa Peralta, a iniciativa baseia-se em investigação académica no diálogo com o trabalho de artistas como Manuel Santos Maia. Com um enfoque na experiência humana, a exposição inclui testemunhos pessoais inéditos, documentos históricos, fotografias de época e de autor e memorabília pessoal.
Na zona ribeirinha, junto ao Padrão dos Descobrimentos, haverá uma intervenção urbana com contentores que introduz o tema da exposição através da exibição de uma fotografia de Alfredo Cunha, tirada naquele preciso local, em 1975.
Ao longo dos quatro meses em que a exposição estará patente ao público, o Padrão dos Descobrimentos, local simbólico da construção da memória imperial portuguesa, acolherá debates que refletem diferentes olhares sobre este momento histórico, através de personalidades como Eduardo Lourenço, Adriano Moreira, Dulce Maria Cardoso, entre outros.
Na Galeria Avenida da Índia, um programa de visitas comentadas, que promove a reflexão sobre a experiência do retornar, conta com a participação de académicos e ensaístas como Maria Filomena Molder e António Pinto Ribeiro.
Joana Craveiro, atriz e encenadora com um vasto trabalho artístico sobre questões pós-coloniais, apresentará duas performances no Padrão dos Descobrimentos, intituladas Páginas de um Império Perdido #1 — Alguns que retornaram e outros que não quiseram e Páginas de um Império Perdido #2 — Alguns filhos disto tudo ou Bairro das Ex-Colónias.
Em Janeiro, o Teatro São Luiz acolherá o espetáculo Portugal Não é Um País Pequeno, de André Amálio, que relata a experiência de antigos colonos portugueses a partir de testemunhos reais.
(Fonte: EGEAC, com a devida vénia...)
Foto do AHU - Arquivo Histórico Ultramarino / Agenda Cultural de Lisboa
RETORNAR - TRAÇOS DE MEMÓRIA
RETORNAR - TRAÇOS DE MEMÓRIA
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De 5 nov 2001 a 14 fev 2016
Terça a sexta, das 10h às 13h e das 14h às 18h | sábado e domingo, das 14h às 18h
Local > Galeria Avenida da Índia | Av. da Índia, 170 | Lisboa
Elsa Peralta, coordenação científica; Bruno Góis, Cláudia Castelo, Joana Gonçalo Oliveira e Maria José Lobo Antunes, equipa cientifica; Alfredo Cunha, André Amálio, Bruno Simões Castanheira, Joana Craveiro e Manuel Santos Maia, artistas.
A memória do retorno e, consequentemente, a memória do império na sociedade portuguesa contemporânea constitui o tema desta exposição que inaugura o novo espaço municipal da Galeria da Avenida da Índia.
A mostra pretende assinalar os 40 anos do retorno de nacionais à antiga metrópole, na sequência dos processos de descolonização levados a cabo nas colónias portuguesas. Linhas cruzadas de pensamento permitem olhar e refletir sobre este fenómeno, através de diferentes perspetivas disciplinares e olhares críticos.
Retornar - Traços de Memória é constituída por cinco secções:
(i) Colonizar / Descolonizar;
(ii) Linhas do Tempo;
(iii) No Interior da Memória;
(iv) Depósito; e
(v) Atmosferas,
que, juntas, compõem uma memória fundamentada em fontes históricas, testemunhos pessoais, registos imagéticos e conceitos artísticos.
Colonizar / Descolonizar
Aqui se contextualiza o fenómeno do retorno, situando-o no seu tempo histórico e acompanhando-o até ao presente. Identifica-se quem volta a partir de quem foi, através de uma caracterização dos fluxos migratórios para as colónias. Faz-se, também, um retrato da população portuguesa retornada.
Linhas do Tempo
Através de fotografias de álbuns pessoais e de fotografias de arquivo, esta secção expõe o tempo das vivências em África durante o período da colonização e da descolonização, cruzando-as com a receção dessas vivências em Portugal.
No Interior da Memória
Através da apresentação de relatos, diretos ou ficcionados, este núcleo pretende ser um movimento imersivo na memória pessoal.
Depósito
Elaborada a partir da obra do artista plástico Manuel Santos Maia, Depósitos ublinha as dimensões materiais da memória e da recordação.
Atmosferas
A quinta e última secção expõe, a partir de algumas correntes que atravessam a sua atmosfera discursiva, o pensamento sobre o evento do retorno e sobre o fim do império colonial português.
[texto de Ana Rita Vaz]
Fonte: Agenda Cultural de Lisboa (com a devida vénia...)
INFORMAÇÕES ÚTEIS
Entrada livre.
Programação paralela:
Visitas comentadas à exposição – Galeria Av. da Índia
Instalação/intervenção urbana – zona ribeirinha contígua ao Padrão dos Descobrimentos
Debates/conversas – Padrão dos Descobrimentos
Performance de Joana Craveiro – Padrão dos Descobrimentos
Espetáculo de André Amálio – São Luiz Teatro Municipal
+ info: T.218 820 090
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Nota do editor:
Último poste da série > 23 de novembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15400: Agenda Cultural (438): Apresentação do livro "25 de Novembro de 1975; Os «Comandos» e o Combate pela Liberdade", da autoria de: Coronel Manuel Amaro Bernardo, Ten-Coronel Francisco Proença Garcia e Sargento-Mor Rui Domingues da Fonseca, dia 26 de Novembro de 2015, pelas 15 horas, no Palácio da Independência (Manuel Barão da Cunha)
Último poste da série > 23 de novembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15400: Agenda Cultural (438): Apresentação do livro "25 de Novembro de 1975; Os «Comandos» e o Combate pela Liberdade", da autoria de: Coronel Manuel Amaro Bernardo, Ten-Coronel Francisco Proença Garcia e Sargento-Mor Rui Domingues da Fonseca, dia 26 de Novembro de 2015, pelas 15 horas, no Palácio da Independência (Manuel Barão da Cunha)
3 comentários:
Talvez se vá falar de coisas interessantes, mas não acredito que pessoas da minha idade ou mais velhas vão visitar e frequentar aquele lugar e seus discursos.
Ainda há gente da minha idade e mais novos que ainda hoje escondem que são (foram)RETORNADOS.
Eu como tive oportunidade e uma idade de poder reagir e «sobreviver» considero-me privilegiado, por ter passado por essa experiência riquíssima, sobre qualquer perspectiva que se queira olhar.
Há Retornados que passaram muito pouco tempo, nem se querem considerar como Retornados e têm alguma razão.
Mas os que passámos demorada e intensamente aquele ambiente africano, só entre nós é que nos entendemos e é difícil de transmitir o que se passou e sentiu.
Mesmo os estudiosos metem os pés pelas mãos quando abrem boca.
Parece que se vai falar entre outras coisas de uma coisa que poucos acertam e só dão uma no cravo outra na ferradura que é aquela velha do lusotropicalismo.
Só mesmo eles que passaram por esse fenómeno, é que poderiam falar, mas também como os Retornados, só entre eles é que se entendem.
Mas é bom que se fale ainda durante mais alguns anos, principalmente agora na «época» dos «refugiados», mas que não se misturem as coisas e que o termo RETORNADO faça parte da nossa História.
«Só entre eles é que se entendem», Rosinha dixit.
E desconfio que tem razão, sobretudo, pela tendência de se promoverem eventos que justifiquem os acontecimentos; pela tendência para interpretar a História sem ferir susceptibilidades em relação a uma história de 40 anos, relativamente "explicada" e aceite como boa; pela tendência de preservar os «bons costumes», sem esmiuçar outras razões para o acontecimento de tantas consequências.
JD
Rosinha e Zé Manel Dinis, das tragédias pessoais nunca se faz o luto, podem cicatrizar, mas não se extirpam... Ficam as marcas a ferro e fogo, no corpo e na alma...Uma mina anticarro que nos mandou para um cadeira de rodas; ficar cego; perder um filho; ser dealojado; perder a pátria; sobreviver a uma guerra.. São tantas as tragédias pessoais (e coletivas) que se podem abater sobre nós, ao longo de uma vida!... E há uma grande pudor à volta delas... a dificuldade em verbalizar sentimentos, partilhar emoçãoes, regressar ao passado...
Entendo perfeitamente os sentimentos de quem teve de fazer as malas, zarpar e recomeçar a vida de novo, noutro país, noutro continente...
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