domingo, 29 de novembro de 2015

Guiné 63/74 - P15423: Agenda cultural (439): Exposição comemorativa dos 40 anos do retorno de centenas de milhares de portugueses à antiga metrópole, na sequência da descolonização: "Retornar - Traços da Memória", Lisboa, de 4/11/2015 a 14/2/2016


Página da EGEAC que promove esta  ini­ci­a­tiva, assinalando os 40 anos do movi­mento que ficou conhe­cido por retorno das ex-colónias por­tu­gue­sas e teve o seu auge na ponte aérea de 1975. Espantosa foto, carregada de grande simbolismo,  do grande fotojornalista Alfredo Cunha a quem se deve, entre outros grandes trabalhos, as melhores fotos do 25 de abril.




RETORNAR – TRAÇOS DE MEMÓRIA





Retornar – Traços de Memória pro­põe, ao longo de qua­tro meses e em vários espa­ços, 

uma refle­xão sobre os 40 anos da vinda das ex-colónias por­tu­gue­sas de África, 
atra­vés de deba­tes, tea­tro, per­for­man­ces, visi­tas comen­ta­das 
e inter­ven­ção urbana na zona ribeirinha.



Retornar - Traços de Memória é uma ini­ci­a­tiva da EGEAC, 
desen­vol­vida pelas Galerias Municipais de Lisboa, 
que assi­nala os 40 anos do movi­mento 
que ficou conhe­cido por retorno das ex-colónias por­tu­gue­sas 
e teve o seu auge na ponte aérea de 1975.


Com uma pro­gra­ma­ção trans­dis­ci­pli­nar que decorre ao longo de qua­tro meses, a ini­ci­a­tiva apre­senta olha­res da arte, lite­ra­tura, antro­po­lo­gia, his­tó­ria e polí­tica, para pro­mo­ver o diá­logo e o conhe­ci­mento sobre o fim do impé­rio colo­nial por­tu­guês. Num pro­jeto que pro­move o cru­za­mento entre as artes e as ciên­cias huma­nas, a expo­si­ção inau­gura um novo espaço expo­si­tivo: a Galeria Avenida da Índia, em Belém.

Comissariada pela antro­pó­loga Elsa Peralta, a ini­ci­a­tiva baseia-se em inves­ti­ga­ção aca­dé­mica no diá­logo com o tra­ba­lho de artis­tas como Manuel Santos Maia. Com um enfo­que na expe­ri­ên­cia humana, a expo­si­ção inclui tes­te­mu­nhos pes­so­ais iné­di­tos, docu­men­tos his­tó­ri­cos, foto­gra­fias de época e de autor e memo­ra­bí­lia pessoal.

Na zona ribei­ri­nha, junto ao Padrão dos Descobrimentos, haverá uma inter­ven­ção urbana com con­ten­to­res que intro­duz o tema da expo­si­ção atra­vés da exi­bi­ção de uma foto­gra­fia de Alfredo Cunha, tirada naquele pre­ciso local, em 1975.

Ao longo dos qua­tro meses em que a expo­si­ção estará patente ao público, o Padrão dos Descobrimentos, local sim­bó­lico da cons­tru­ção da memó­ria impe­rial por­tu­guesa, aco­lherá deba­tes que refle­tem dife­ren­tes olha­res sobre este momento his­tó­rico, atra­vés de per­so­na­li­da­des como Eduardo Lourenço, Adriano Moreira, Dulce Maria Cardoso, entre outros.

Na Galeria Avenida da Índia, um pro­grama de visi­tas comen­ta­das, que pro­move a refle­xão sobre a expe­ri­ên­cia do retor­nar, conta com a par­ti­ci­pa­ção de aca­dé­mi­cos e ensaís­tas como Maria Filomena Molder e António Pinto Ribeiro.

Joana Craveiro, atriz e ence­na­dora com um vasto tra­ba­lho artís­tico sobre ques­tões pós-coloniais, apre­sen­tará duas per­for­man­ces no Padrão dos Descobrimentos, inti­tu­la­das Páginas de um Império Perdido #1 — Alguns que retor­na­ram e outros que não qui­se­ram e Páginas de um Império Perdido #2 — Alguns filhos disto tudo ou Bairro das Ex-Colónias.

Em Janeiro, o Teatro São Luiz aco­lherá o espe­tá­culo Portugal Não é Um País Pequeno, de André Amálio, que relata a expe­ri­ên­cia de anti­gos colo­nos por­tu­gue­ses a par­tir de tes­te­mu­nhos reais.

(Fonte: EGEAC, com a devida vénia...)



Foto do AHU - Arquivo Histórico Ultramarino / Agenda Cultural de Lisboa

RETORNAR - TRAÇOS DE MEMÓRIA



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De 5 nov 2001 a 14 fev 2016

Terça a sexta, das 10h às 13h e das 14h às 18h | sábado e domingo, das 14h às 18h

Local > Galeria Avenida da Índia | Av. da Índia, 170 | Lisboa



Elsa Peralta, coordenação científica; Bruno Góis, Cláudia Castelo, Joana Gonçalo Oliveira e Maria José Lobo Antunes, equipa cientifica; Alfredo Cunha, André Amálio, Bruno Simões Castanheira, Joana Craveiro e Manuel Santos Maia, artistas.

A memória do retorno e, consequentemente, a memória do império na sociedade portuguesa contemporânea constitui o tema desta exposição que inaugura o novo espaço municipal da Galeria da Avenida da Índia.

A mostra pretende assinalar os 40 anos do retorno de nacionais à antiga metrópole, na sequência dos processos de descolonização levados a cabo nas colónias portuguesas. Linhas cruzadas de pensamento permitem olhar e refletir sobre este fenómeno, através de diferentes perspetivas disciplinares e olhares críticos.

Retornar - Traços de Memória é constituída por cinco secções:

(i)  Colonizar / Descolonizar;
(ii) Linhas do Tempo;
(iii) No Interior da Memória;
(iv) Depósito; e
(v) Atmosferas,

que, juntas, compõem uma memória fundamentada em fontes históricas, testemunhos pessoais, registos imagéticos e conceitos artísticos. 

Colonizar / Descolonizar

Aqui se contextualiza o fenómeno do retorno, situando-o no seu tempo histórico e acompanhando-o até ao presente. Identifica-se quem volta a partir de quem foi, através de uma caracterização dos fluxos migratórios para as colónias. Faz-se, também, um retrato da população portuguesa retornada.

Linhas do Tempo

Através de fotografias de álbuns pessoais e de fotografias de arquivo, esta secção expõe o tempo das vivências em África durante o período da colonização e da descolonização, cruzando-as com a receção dessas vivências em Portugal.

No Interior da Memória

Através da apresentação de relatos, diretos ou ficcionados, este núcleo pretende ser um movimento imersivo na memória pessoal.

Depósito

Elaborada a partir da obra do artista plástico Manuel Santos Maia, Depósitos ublinha as dimensões materiais da memória e da recordação.

Atmosferas

A quinta e última secção expõe, a partir de algumas correntes que atravessam a sua atmosfera discursiva, o pensamento sobre o evento do retorno e sobre o fim do império colonial português.

[texto de Ana Rita Vaz]

Fonte: Agenda Cultural de Lisboa (com a devida vénia...)

INFORMAÇÕES ÚTEIS

Entrada livre.

Programação paralela:

Visitas comentadas à exposição – Galeria Av. da Índia
Instalação/intervenção urbana – zona ribeirinha contígua ao Padrão dos Descobrimentos
Debates/conversas – Padrão dos Descobrimentos
Performance de Joana Craveiro – Padrão dos Descobrimentos
Espetáculo de André Amálio – São Luiz Teatro Municipal

+ info: T.218 820 090

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3 comentários:

Antº Rosinha disse...

Talvez se vá falar de coisas interessantes, mas não acredito que pessoas da minha idade ou mais velhas vão visitar e frequentar aquele lugar e seus discursos.

Ainda há gente da minha idade e mais novos que ainda hoje escondem que são (foram)RETORNADOS.

Eu como tive oportunidade e uma idade de poder reagir e «sobreviver» considero-me privilegiado, por ter passado por essa experiência riquíssima, sobre qualquer perspectiva que se queira olhar.

Há Retornados que passaram muito pouco tempo, nem se querem considerar como Retornados e têm alguma razão.

Mas os que passámos demorada e intensamente aquele ambiente africano, só entre nós é que nos entendemos e é difícil de transmitir o que se passou e sentiu.

Mesmo os estudiosos metem os pés pelas mãos quando abrem boca.

Parece que se vai falar entre outras coisas de uma coisa que poucos acertam e só dão uma no cravo outra na ferradura que é aquela velha do lusotropicalismo.

Só mesmo eles que passaram por esse fenómeno, é que poderiam falar, mas também como os Retornados, só entre eles é que se entendem.

Mas é bom que se fale ainda durante mais alguns anos, principalmente agora na «época» dos «refugiados», mas que não se misturem as coisas e que o termo RETORNADO faça parte da nossa História.

JD disse...

«Só entre eles é que se entendem», Rosinha dixit.
E desconfio que tem razão, sobretudo, pela tendência de se promoverem eventos que justifiquem os acontecimentos; pela tendência para interpretar a História sem ferir susceptibilidades em relação a uma história de 40 anos, relativamente "explicada" e aceite como boa; pela tendência de preservar os «bons costumes», sem esmiuçar outras razões para o acontecimento de tantas consequências.
JD

Luís Graça disse...

Rosinha e Zé Manel Dinis, das tragédias pessoais nunca se faz o luto, podem cicatrizar, mas não se extirpam... Ficam as marcas a ferro e fogo, no corpo e na alma...Uma mina anticarro que nos mandou para um cadeira de rodas; ficar cego; perder um filho; ser dealojado; perder a pátria; sobreviver a uma guerra.. São tantas as tragédias pessoais (e coletivas) que se podem abater sobre nós, ao longo de uma vida!... E há uma grande pudor à volta delas... a dificuldade em verbalizar sentimentos, partilhar emoçãoes, regressar ao passado...

Entendo perfeitamente os sentimentos de quem teve de fazer as malas, zarpar e recomeçar a vida de novo, noutro país, noutro continente...