quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Guiné 63/74 - P15790: A guerra vista do outro lado... Explorando o Arquivo Amílcar Cabral / Casa Comum (17): Os 'cronistas' suecos do PAIGC: os cineastas Lennart Malmer e Ingela Romare


Foto nº 1


Foto nº 1 A


Foto nº 1 B [A imagem não é nítida: mas parece-nos ver um homem, com camisa de caqui e calções, e aparentemente calçado, transportando munições, talvez granadas de RPG, e atrás dele uma mulher, jovem, transportando uma arma ou um tubo de RPG 2 ou 7... Ambos atravessam uma improvisada ponte, feita de paus, sobre um rio com alguns metros de largura... Essa ponte aparece em várias fotos dos "amigos suecos" do PAIGC... (LG)


Fonte: (s.d.), "Populações das regiões libertadas", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_42259 (2016-2-23) (Com a devida  vénia à Fundação Mário Soares, detentora do documento) (Edição: LG)



Instituição:
Fundação Mário Soares
Pasta: 04602.164
Título: Populações das regiões libertadas
Assunto: Postal alusivo às populações das regiões libertadas da Guiné-Bissau. 
Fotografia de Lennart Malmer e Ingela Romare
Data: s.d.
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral - Iva Cabral
Tipo Documental: Documentos

Arquivo Amílcar Cabral > 04. PAI/PAIGC > Propaganda



Foto nº 2 

Fonte: (s.d.), "A Escola Piloto - Instituto de Amizade", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_39979 (2016-2-23) (Com a devida  vénia à Fundação Mário Soares, detentora do documento) (Edição: LG)


Pasta: 04602.165
Título: A Escola Piloto - Instituto de Amizade
Assunto: Postal alusivo à Escola Piloto - Instituto de Amizade, fundada pelo PAIGC na Guiné Bissau. 
Fotografia de Lennart Malmer e Ingela Romare.
Data: s.d.
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral - Iva Cabral
Tipo Documental: Documentos
Página(s): 2

Arquivo Amílcar Cabral > 06. Organização Civil > Ensino > Escola-Piloto

Direitos: A publicação, total ou parcial, deste documento exige prévia autorização da entidade detentora. (*)


1. As  fotos acima (nºs 1 e 2) são dos suecos Lennart Malmer e Ingela Romare, cineastas, os únicos jornalistas estrangeiros que, alegadamente, presenciaram (e filmaram) as cerimónias da declaração unilateral da independência da Guiné-Bissau, por parte do PAIGC, em 24 de setembro de 1973, "algures na região do Boé" (**)..


[À  esquerda: Fotograma do documentário dos suecos Lennart Malmer e Ingela Romare "En Nations Födelse" [Birth of a Nation (Nascimento de uma Nação), Sweden / Suécia, 1973, 48'']: o único filme que existe sobre a declaração unilateral da independência da Guiné-Bissau em 24 de setembro 1973. Passou no DocLisboa 2011. Não cheguei a ver o filme. Quanto à imagem à esquerda, julgo tratar-se de uma operadora de radiotelegrafia (código de Morse) do PAIGC. Fonte: Arsenal – Institut für film und videokunst e.V., Berlim, com a devida vénia.] (LG).

2.  Eis o que consta, sobre estes dois cineastas suecos, "cronistas" do PAIGC, no livro de  Tol Selltröm - "A Suécia e as lutas de libertação nacional em Angola, Moçambique e Guiné". Uppsala: Nordiska Africka Institutet, 2008. 2008,, p, 169 [disponível aqui, em português, em formato pdf]. 

(...) O PAIGC organizou eleições populares nas zonas libertadas em Agosto–Outubro de 1972. Um ano mais tarde, a 24 de Setembro de 1973, reuniu-se a primeira Assembleia Nacional do Povo da Guiné, na região leste do Boé, na qual se proclamou o Estado da Guiné-Bissau como um ”Estado soberano, republicano, democrático, anti-colonialista e anti-imperialista”. As fronteiras do país coincidiam com as da Guiné continental ”portuguesa”.179 Luís Cabral foi eleito presidente. Como únicos jornalistas ocidentais presentes180, a cerimónia solene foi documentada pelos cineastas suecos Lennart Malmer e Ingela Romare.181 O seu filme exclusivo, com uma hora de duração, ”O Nascimento de uma Nação”182, foi transmitido via televisão pela empresa oficial sueca de televisão.183

Apesar dos portugueses continuarem a deter o controlo da capital Bissau e dos principais centros do país, o novo Estado foi imediatamente reconhecido por um grande número de nações. Por volta do mês de Outubro de 1973, o reconhecimento diplomático tinha-se alargado a mais seis governos e, a 19 de Novembro de 1973, a República independente da Guiné-Bissau foi formalmente aceite como o quadragésimo segundo membro da Organização de Unidade Africana.184 (...)





3. Fundação Amílcar Cabral > Arquivo Amílcar Cabral

Não é demais reconhecer a perseverança, a competência, a qualidade e o rigor com que foram salvos, recuperados, tratados e disponibilizados, aos estudiosos e ao grande público, os documentos (ou parte deles) do Arquivo Amílcar Cabral. Esse trabalho é mérito da Fundação Mário Soares e dos técnicos do seu Arquivo e Biblioteca, de que é administrador o dr. Alfredo Caldeira. (***) (LG)

___________

Notas de Tol Selltröm:

(...) 179. A proclamação de independência não incluiu as ilhas de Cabo Verde.

180. Conversa telefónica com Lennart Malmer, 7 de Outubro de 1999.

181. Malmer e Romare haviam apresentado, em 1971–72 a luta moçambicana de libertação aos telespectadores suecos (ver capítulo seguinte).

182. Lennart Malmer e Ingela Romare: ”En nations födelse”, Sveriges Television (SVT) ["Birth of a Nation" / "Nascimento de uma Nação", Sweden / Suécia, 1973, 48'']

183. Na altura não havia redes comerciais de televisão na Suécia. Em 1973, Malmer e Romare produziram também um documentário sobre as crianças e a luta de libertação na Guiné-Bissau, para a estação pública de televisão, com o título ”Guiné-Bissau är vårt land” (”A Guiné-Bissau é o nosso país”), Sveriges Television (SVT). A seguir à independência, produziram, entre outros, os documentários para televisão ”Guiné-Bissau: Ett exempel” (”Guiné-Bissau: Um
exemplo”) e ”Guiné-Bissau efter självständigheten” (”Guiné-Bissau a seguir à Independência”), Sveriges Television (SVT), 1976.

184. Rudebeck op. cit., p. 55.194.

[Sobre Lars Rudebeck vd. também, no supracitado livro do Tol Selltröm:

"nota 194. "Lars Rudebeck do Grupo de África de Uppsala visitou as zonas libertadas na Guiné-Bissau na mesma altura (PAIGC Actualités, Nº 23, 1970 e Nº 27, 1971). O futuro professor universitário em ciência política da Universidade de Uppsala, Rudebeck publicou em 1974 o livro Guinea-Bissau: A Study of Political Mobilization, Instituto Escandinavo de Estudos Africanos, Uppsala"...

"nota 144. Na fase final da guerra de libertação, a União Soviética forneceu ao PAIGC mísseis terra-ar, dando a supremacia, de forma decisiva, ao movimento de libertação. Os mísseis foram pela primeira vez usados em Março de 1973, altura em que o PAIGC abateu dois caças-bombardeiros fornecidos pela República Federal da Alemanha. No ano que se seguiu, os portugueses perderam trinta e seis aviões (Rudebeck op. cit., pp. 52–53)"...]  (**)
_________________

Notas do editor:

(*) Vd. primeiro poste da série > 12 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12142: A guerra vista do outro lado... Explorando o Arquivo Amílcar Cabral / Casa Comum (1): Comunicado do comandante do setor 2 da Frente Leste, de 27/1/1971, relatando duas ações: (i) A instalação de 2 minas A/C em Nhabijões, acionadas pelas NT em 13/1/71; e (ii) Flagelação ao aquartelamento do Xime, no dia seguinte


(***) Nas guerras (e sobretudo nas crónicas das guerras) muito se mente... Mas a verdade é que muitas mentiras ficam impressas em papel ou em suporte digital para a posteridade... Cabe-nos também a nós, enquanto editores do blogue, separar o trigo do joio... Um arquivo não é a História,mas sem arquivos não se  faz a História. Todos os arquivos são de interesse público, neste caso tanto o nosso Arquivo Histórico Militar como o Arquivo Amílcar Cabral e, talvez, no futuro, o Arquivo do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné...

Quero aqui, mais uma vez, publicamente, reconhecer a perseverança, a competência, a qualidade e o rigor com que foram salvos, recuperados, tratados e disponibilizados, aos estudiosos e ao grande público, incluindo os antigos combatentes, do lado e do outro, envolvidos na guerra colonial, os documentos (ou parte deles) do Arquivo Amílcar Cabral (e de outros arquivos que integram o projeto Casa Comum). Esse trabalho é mérito da Fundação Mário Soares e dos técnicos do seu Arquivo e Biblioteca, de que é administrador o dr. Alfredo Caldeira.

... Mas "por mor da verdade histórica", convém esclarecer todos os nossos leitores (incluindo os nossos eventuais leitores suecos)  que, em 1974, mais exatamente em 31/1/1974, a FAP - Força Aérea Portuguesa perdeu, no TO da Guiné,   um avião,  abatido por um Strela: tratou-se do caça-bombardeiro subsónico Fiat G.91 R/4 "5437"  pilotado pelo ten pilav Victor Manuel Castro Gil, da Esq 121, BA 12, Bissalanca, que saiu ileso. Foi um e não 36 (!) aviões... De resto, nem a BA 12 em 1974 deveria ter, no total, 36 aeronaves operacionais...
  
Vd. poste de 21 de junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1867: Força Aérea Portuguesa: Seis Fiat G.91 abatidos pelo PAIGC entre 1968 e 1974 (Arnaldo Sousa)

23 comentários:

António J. P. Costa disse...

Ai sim!
E depois?
Qual o significado político-militar disto?
Propaganda - da má - e mais nada.
Um Ab.
António J. P. Costa

Antº Rosinha disse...

Estes testemunhos servem imenso para compor a história da nossa guerra do Ultramar, a guerra que nós e milhões de africanos lado a lado, tivemos que aguentar, contra as Nações Unidas e muitos Europeus que hoje apoiam fronteiras de arame farpado.

A Síria, hoje faz esquecer os milhares de africanos que sobem o deserto para Norte, à procura de quem os abandonou.

Alguns só param quase no Polo Norte, na Suécia e Dinamarca, e não vai parar a romaria durante anos e anos.

Pois bem, sobre o Boé e a Independência na ONU, real, localizada em NY existiu, e aí sim foi a nossa derrota e, a vitória que alguém não permitiu que Amílcar assistisse.

Visto a esta distância, embora na ONU fossem os não alinhados e mais uns tantos de leste e outros que agora já se escondem no arame farpado e uns loirinhos humanistas que hoje já fazem manifs nazis, a esta distância, de facto Marcelo se tivesse os militares generais "na mão", e não o contrário, ele dependente dos generais, podia-se ter desistido nessa altura, que já tinhamos dado murros em ponta de faca suficiente.

E deve-se perguntar, será que Amílcar era essa a Independência num lugar desconhecido, às escondidas, com que sonhava?

Ou já via a luta suja de mais, e deixou os verdadeiros empenhados na luta em toda a África, em missão em Conadry, de orelhas à escuta? (malhemos o ferro)

O lugar da proclamação na região do Boé, já podia ter as coordenadas geográficas bem definidas, não era por falta de caboverdeanos geógrafos e topógrafos formados em 1973, que esse trabalho não foi feito.

Ao menos que no tempo de Luís Cabral tivessem materializado "um" lugar com algum monumento digno e respectivo acesso.

Também não foi por falta de dádivas e donativos que Luís Cabral não o fez.

Porquê?

Hélder Valério disse...

Ora bem, aproveitando a embalagem do comentário de AJPereira da Costa acrescento,
Concordo que se trata de propaganda.
Discordo que seja "má".
Afinal serviu para dar mais 'visibilidade' ao IN e consequentemente ganhar mais apoios e simpatias... logo serviu para mais alguma coisa do que o simples "mais nada"!
Quanto à "utilidade" destes documentos dá-me a ideia que vão mais para lá do que o simples "Ai sim! E depois?".
Mesmo que seja só para se ver (ou confirmar) os logros da propaganda, a verdade é que isto (e ela, propaganda) existiu e até podemos 'medir' a diferença entre a nossa (individual e colectiva) realidade vivida e também a percepção da mesma e a que é veiculada pela propaganda, a eventualmente correcta, a falseada e a 'distorcida'.
O conjunto disto (a nossa 'visão' e a apresentada pela propaganda) acabam por ser complementares, mesmo que algumas se excluam.

Quanto à "menina radiotelegrafista" só posso dizer, enquanto elemento que fez pesquisa, intercepção e radiolocalização, que os operadores de grafia que o IN dispunha eram muito bons e disciplinados.
Já dei aqui conta, não me recordo sem em 'post' se em comentário, de uma tentativa que se fez para determinar a localização do seu emissor/receptor "ET55", que se supunha estar algures nas proximidades de Mansoa e que entrou em exploração apresentando-se à chamada das 08:00 mas que disciplinadamente ficou em "silêncio rádio" a todas as outras chamadas a partir daí, altura em que o equipamento de 'radioloc' foi instalado num dos extremos da pista de Mansoa. Verificando-se a inutilidade (por falta de surpresa) da operação a mesma foi terminada, por coincidência pouco tempo antes de uma flagelação em que, disseram, o alvo seria esse local do extremo da pista onde o equipamento estava colocado.
Falhou a localização exacta (mais ou menos....) do alvo mas ficou-se com a certeza de que era realmente por ali...
Isto revela disciplina.
Quanto à destreza do acto operacional, os nossos comandantes estavam convencidos que seriam cubanos os operadores da chave de morse, por algumas vezes em fonia se ouvir comunicação em língua castelhana, mas uma coisa não implica a outra.
Abraço
Hélder S.

Luís Graça disse...

Hélder, sendo tu um homem das "TSF" (transmissões por telefonia ou telegrafia sem fios), sabes do que falas...

O PAIGC tinha gente competente, em várias armas. E seguramente alguns grandes combatentes... Não precisamos de os "desvalorizar" e empurrá-los para detrás do palco, para aparecermos à boca de cena, sob as luzes da ribalta... Tivemos gente competente, valorosa, corajosa... Não é isso que está em causa.

Saibamos, entretanto, distinguir entre informação e propanda, o que para um sueco, na altura, apoiante incondicional do PAIGC, não era uma tarefa fácil... Como não o era para os nossos deputados da União Nacional e depois da Ação Nacional Popular que, na Assembleia Nacional, apoiavam acriticamente a política de defesa "à outrance" do Ultramar, protagonizada por Salazar e continuada por Caetano, enquanto os jovens portugueses da nossa geração morriam em África...

Hoje podemos perguntar-nos, legitimamente, para quê e porquê; na época, nem essa pergunta podia ser feita...Os guineenses de hoje podem perguntar o mesmo: porquê e para quê essa tal "guerra de libertação" ?! Por que é que os nossos pais e avós morreram e mataram na "guerra de libertação"?... São perguntas para a história, e as respostas não vão modificar o curso da história... Esse capítulo está encerrado, a narrativa não...

Ainda bem que eles, os guerrilheiros PAIGC, do ponto de vista militar, não tinham o nível de preparação e qualificação dos nossos combatentes e dos nossos quadros, em muitas áreas... Teríamos pago seguramente um outro preço, muito mais elevado, em vidas, em sangue, em suor, em lágrimas... naquela maldita guerra!

Hélder Valério disse...

Olá Luís

Pois claro que é muito mais fácil 'falar' hoje e fazer interrogações.
Também é verdade que perante a evolução que as coisas tomaram os "desencantos" sejam crescentes e as 'perplexidades' muitas.
E em ambos os países.

Sobre as competências pois só posso opinar fundamentadamente relativamente às coisas em que participei. No que respeita às transmissões, com ou sem cubanos, eram 'profissionais' e competentes. Cumpriam a disciplina rádio entrando em exploração às horas programadas, muitas vezes apenas e só para se apresentarem e caso não tivessem serviço ficavam em silêncio. Caso tivessem serviço reduziam a intervenção ao tempo estritamente necessário para a comunicação.

Abraço
Hélder S.

Luís Graça disse...

Rosinha, se calhar estamos a dar muita importância às coordenadas geográficas do "altar" da pátria guineense, o local exato onde foi proclamada a independência em 24 de setembro de 1973...

Não foi seguramente em Madina do Boé, essa "mistificação histórica" já foi há muito desmontada pelo nosso blogue... Está na altura dos "manuais escolares", cá e lá, corrijirem esse detalhe da história... Porque na realidade é de um detalhe que se trata... A região do Boé é vasta e desertificada, nunca lá estive, com pena minha, mas imagino que fosse muito difícil reconhecer os marcos fronteiriços e o seu alinhamento...

Tudo indica que o local das cerimónias da independência tenha sido já em território da Guiné-Conacri, junto à fronteira, em zona de segurança minimamente confortável... Os nossos "amigos suecos", Lennart Malmer e Ingela Romare, ele e ela, não estavam lá para registar e certificar, com independência e isenção, a cerimónia do "nascimento" da nova nação... Eles Estavam lá para fazer um filme, para a televisão sueca, e não escondiam a sua admiração por Amílcar Cabral e o seu pequeno partido que havia batido o pé a uma potência colonial europeia, para mais um país com um regime de ditadura que conseguira a proeza se sobreviver à II Guerra Mundial, e à emergência de uma nova Europa, democrática, capitalista e próspera...

O PAIGC sabia que a aviação portuguesa tinha instruções precisas para, depois da Op Mar Verde, em 22 de novembro de 1970, não arriscar a violação do espaço territorial dos vizinhos... Os holofotes das Nações Unidas estavam em cima de Portugal e dos territórios ultramarinos sob a sua aministração, em três dos quais havia uma guerra prolongada...

Claro que, para os poucos dirigentes do pAIGC, dessa época, que ainda estão vivos (Pedro Pires, Carmen Pereira, Manuel dos Santos...) "Madina do Boé" é um símbolo, é um lugar fundador, um mito, um topónimo mítico... Mas é pena que estes dirigentes desapareçam um dia, sem pelo menos terem passado pelo "confessionário da história"... O Pedro Pires prometeu recentemente publicar as suas memórias... Valha-nos isso...

Mas o mesmo se poderá desejar (ou exigir), em relação à nossa elite político-militar que dirigiu a guerra colonial (em Angola, Guiné, Moçambique)... Nâo tenho grandes ilusões... São homens e mulheres, de um lado e do outro, com um forte de sentido de coerência, foram formatados ideologicamente para construir uma realidade, não para a analisar... São atores, não são analistas...Vão manter a sua narrativa até ao fim da vida, quer gostemos ou não...

Luís Graça disse...

O documento de 4 páginas, com a proclamação da independência da Guiné-Bissau, que foi lido em 24 de setembro de 1973, não faz referência a Madina do Boé, mas apenas à "região libertada do Boé"...

Na descrição do documento, que consta do Arquivo Amílcar Cabral / Comum Comum, é que o topónimo "Madina do Boé" surge, indevidamente, no assunto:

http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=04602.089#!1

Instituição:
Fundação Mário Soares
Pasta: 04602.089
Título: Proclamação do Estado da Guiné-Bissau
Assunto: Texto da Proclamação do Estado da Guiné-Bissau, em Madina do Boé.
Data: Segunda, 24 de Setembro de 1973
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral - Iva Cabral

Boé é uma região, Madina do Boé uma localidade, antiga pequena tabanca e aquartelamento das NT, retirado em 6/2/1969.

Ver aqui carta de 1958:

http://www.ensp.unl.pt/luis.graca/guine_guerracolonial28_mapa_madinaboe.htm

Anónimo disse...

Existe um monumento abandonado e completamente degradado junto a Lugadjole que fica perto de Medina do Boé,onde dizem que foi proclamada a independência.

Era completamente impossível ter sido nesse lugar porque quase não existem árvores quanto mais mata cerrada que as fotos divulgadas do acontecimento revelam.

Foi-me confirmado por fonte segura que foi na Guiné-Conakry e relativamente longe da fronteira que o acontecimento teve lugar,o que apenas revelou inteligência por parte dos dirigentes do PAIGC..o que interessava e foi conseguido era apenas propaganda política.

O planalto de Boé não é plano e é uma zona de savana e seca, entrecortado por por pequenas linhas da água que apenas têm alguma água na estação das chuvas, por isso foi e é quase completamente desabitado.

Um alfa bravo

C.Martins

antonio graça de abreu disse...

"nota 144. Na fase final da guerra de libertação, a União Soviética forneceu ao PAIGC mísseis terra-ar, dando a supremacia, de forma decisiva, ao movimento de libertação. Os mísseis foram pela primeira vez usados em Março de 1973, altura em que o PAIGC abateu dois caças-bombardeiros fornecidos pela República Federal da Alemanha. No ano que se seguiu, os portugueses perderam trinta e seis aviões (Rudebeck op. cit., pp. 52–53)"...] (**)

Propaganda barata,até a falsa independência em Madina do Boé, enfim falsificações completas da nossa História comum, e o Hélder até vem dizer que não é "má" propaganda. Vale tudo, não é?
Isto não é nada polémico, trata-se apenas de respeitar a nossa História e de respeitar todos nós, Guineenses e Portugueses que deram corpo, e suor, e sangue à nossa História comum, nesses anos finais da guerra.
Ainda não perceberam porque é que às vezes este blogue me entristece? Mas é problema meu,sou muito sensível, não tem importância.

Abraço,
Antonio Graça de Abreu

Luís Graça disse...

António Graça de Abreu, meu bom amigo e camarada: obrigado pelo teu comentário... Espero que tenhas lido o poste na íntegra, incluindo a seguinte nota do editor LG:


(***) Nas guerras (e sobretudo nas crónicas das guerras) muito se mente... Mas a verdade é que muitas mentiras ficam impressas em papel ou em suporte digital para a posteridade... Cabe-nos também a nós, enquanto editores do blogue, separar o trigo do joio... Um arquivo não é a História,mas sem arquivos não se faz a História. Todos os arquivos são de interesse público, neste caso tanto o nosso Arquivo Histórico Militar como o Arquivo Amílcar Cabral e, talvez, no futuro, o Arquivo do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné...

Quero aqui, mais uma vez, publicamente, reconhecer a perseverança, a competência, a qualidade e o rigor com que foram salvos, recuperados, tratados e disponibilizados, aos estudiosos e ao grande público, incluindo os antigos combatentes, do lado e do outro, envolvidos na guerra colonial, os documentos (ou parte deles) do Arquivo Amílcar Cabral (e de outros arquivos que integram o projeto Casa Comum). Esse trabalho é mérito da Fundação Mário Soares e dos técnicos do seu Arquivo e Biblioteca, de que é administrador o dr. Alfredo Caldeira.

... Mas "por mor da verdade histórica", convém esclarecer todos os nossos leitores (incluindo os nossos eventuais leitores suecos) que, em 1974, mais exatamente em 31/1/1974, a FAP - Força Aérea Portuguesa perdeu, no TO da Guiné, um avião, abatido por um Strela: tratou-se do caça-bombardeiro subsónico Fiat G.91 R/4 "5437" pilotado pelo ten pilav Victor Manuel Castro Gil, da Esq 121, BA 12, Bissalanca, que saiu ileso. Foi um e não 36 (!) aviões... De resto, nem a BA 12 em 1974 deveria ter, no total, 36 aeronaves operacionais...

Vd. poste de 21 de junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1867: Força Aérea Portuguesa: Seis Fiat G.91 abatidos pelo PAIGC entre 1968 e 1974 (Arnaldo Sousa)

Antº Rosinha disse...

António Graça Abreu , temos que recolher tudo, como faz Luís Graça para que aquele momento de 13 anos da história de Portugal seja esmiuçada até ao ínfimo pormenor.

E nós, já idosos que estamos quase a passar à história, não devemos perder pitada.

Temos que gravar aquele momento histórico, em que estivemos "sós" contra muitos e indiferença da maioria.

(ONU, VATICANO, ESQUERDA EUROPEIA e a guerra-fria)

Porque é muito complicado para quem venha mais tarde estudar estes 13 anos, acreditar como foi possível, nós este rectângulosinho mais uns tantos ilhéus, «atrasados, incultos, analfabetos, pobres, e agora nem bancos nacionais, nem aviões nacionais, nem barragens nacionais (são chinesas), capital em Bruxelas, embaixadores em Madrid, nada metódicos...»

AGA, temos que deixar tudo bem explicado, se não julgam que foi um fenómeno, ou então que nós eramos super-homens.

Está bem que não precisávamos viagra, nem nós nem os nossos pais, tal a filharada que hoje é substituida por um cachorro, um gatinho...mas super-homens não eramos.

Temos que explicar que não estavamos sós, os «pretos» os régulos, as mulheres grandes, e milhares de Cabrais que estiveram do nosso lado, do lado da razão.

É o tempo que vai explicar, está a explicar.

O Luís Graça está a explicar neste blog que te deixa triste, AGA.

Cumprimentos

Luís Graça disse...

Camaradas: costuma-se dizer que uma mentira repetida muitas vezes torna-se "verdade"... Se não citarmos e analisarmos criticamente o que os "outros" escrevem ou escreveram sobre "nós", se não aceitarmos inclusive o princípio do contraditório, então muito provavelmente haverá "mentiras" que vão ficar para a história...

De modo algum é função deste blogue, que foi foi criado por e para os "camaradas da Guiné", gerar desconforto, mal-estar, tristeza, revolta... Bem, pelo contrário!... Temos uma atitude saudável em relação ao nosso passado comum...

Também nunca tivemos a intenção ou a veleidade de ser uma espécie de "tribunal da história"... Não nos compete a nós esse papel de juízes: neste caso, há um conflito de interesses, somos uma das partes... Mas nada nem ninguém nos impede de contar, aqui, como fazemos há 12 anos, as nossas histórias... E também estamos atentos às "estórias" que os "outros" contam de nós... Por que é que não haveríamos de os ouvir ? É preciso é saber ouvi-los... e desmontar aquilo que é não "verdade" (pelo menos factual)... Um bom dia para todos/as os/as camaradas e amigos/as da Guiné. LG

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

O fundo "Casa Comum" tem-se revelado muito pouco credível em diversas situações já anteriormente estudadas.
Creio que já não devemos considerá-lo como "fonte" a não ser como a "visão" que o PAIGC gostaria de ter tido do que se passava à sua volta. Claro que, numa ou noutra situação podemos vir a detectar uma ou outra apreciação lógica e até fiável. Já aqui disse que o devíamos abordar com prudência, pelo menos.
A declaração da independência "algures na região do Boé" com "cobertura fílmica/televisiva dos suecos" é propaganda roça o ridículo. Estes sabiam bem que estavam a cobrir um acontecimento que poderia ter importância (muita, talvez) que só o futuro poderia determinar. Mas, ao mesmo tempo, participavam numa acção de propaganda bastante boçal. Como se viu, o futuro veio a determinar que tudo não passou de uma manobra de propaganda.
Já sabemos que a Suécia tinha que se afirmar muito anti-fascista, mas para "gastos de casa". E a prova está à vista. Hoje, a Guiné não celebra a data e nem sequer se sabe onde o facto ocorreu. Por mim, estas acções de propaganda atentam contra a inteligência. Pretende-se que eu aceite como verdadeiro e indiscutível uma "coisa" que não passou de uma orquestração desafinada e grosseira.
O estudo deste género de situações, como a declaração da independência ou a morte do Amílcar não é hoje possível, em bases sólidas. São dois factos de que não há memória e ninguém quer que haja. Esta coisa da memória e da História, dá um trabalho enorme a falsificar. Por isso, o melhor é começar logo no início
É perda de tempo procurarmos culpar a PIDE ou os "colonialistas, salazaristas e imperialistas" de um facto que só a "direcção do partido" sabe (ou sabia) porque aconteceu. Como costume nas oligarquias e ditaduras africanas do tempo a informação rapidamente desaparece e um dia destes a culpa foi... talvez do Rato Mickey que era um grande imperialista.
Proponho, por isso, ao blog que, sempre que abordar este "fundo documental", avise que é para exercício para a galhofa geral e então já sabemos ao que vamos.
É uma espécie de momento hilariante periódico.
Um Ab.
António J. P. Costa

antonio graça de abreu disse...

É isto mesmo,meu caro Luís, nas tuas palavras:
"Uma mentira repetida muitas vezes torna-se "verdade"... Se não citarmos e analisarmos criticamente o que os "outros" escrevem ou escreveram sobre "nós", se não aceitarmos inclusive o princípio do contraditório, então muito provavelmente haverá "mentiras" que vão ficar para a história...
É isto mesmo, meu caro Luís:
É que são estas as mentiras que ficam para a História:
"Perdemos a supremacia aérea, estávamos fechados dentro dos aquartelamentos de onde não saíamos, O PAIGC declarou a independência em Madina do Boé, os guerrilheiros estavam melhor armados, íamos retrair o dispositivo militar e abandonar não sei quantos aquartelamentos de fronteira que,pós-Guileje iriam cair como castelos de cartas, dada a evidente superioridade militar dos guerrilheiros do PAICG, 4.000 guerrilheiros conseguem derrotar militarmente 40.000 homens (9.000 guineenses!) razoavelmente bem armados instalados em praticamente todo o território da Guiné, até ao 25 de Abril com 224 (leram bem duzentos e vinte e quatro!) postos, destacamentos e aquartelamentos na sua posse, etc.
Ficções, inverdades, aldrabices que de tão repetidas muita gente toma como verdades e assume como tendo sido o que de facto aconteceu nos dois últimos anos de guerra na Guiné.
É assim tão difícil de entender? Não teria o próprio PAIGC, ou os poderes hoje instalados na Guiné-Bissau, tudo a ganhar se contassem ao seu povo a verdadeira história da sua luta (também heróica!) contra o colonialismo português? Mas não contam. Porquê?
E nós, por cá, a tergiversar, a debitar falsificações da História, a denegrir umas Forças Armadas 72/74 que até 25 de Abril de 1974 aguentaram firmes numa guerra injusta como todas as guerras, que não desejaram, que não tinha solução militar, que provocou infindáveis sofrimentos, mas onde fomos, de facto,para o bem e para o mal, os últimos guerreiros do Império.

Um abraço,

António Graça de Abreu



Anónimo disse...

Com teatral coronel artilheiro, mais um poeta patrioteiro,
vamos a eles,aos propagandistas ingénuos que,com armas, ou sem elas,com capital no Boé ou na Reboleira,acabaram por dizer adeus aos portugueses no cais de Bissau.

Rui Faria

Luís Graça disse...


Caros amigos: Penso que todos aceitamos o princípio de que a memória (de um país, de uma nação, de um povo...) é um "bem público", que deve ser preservado e partilhado pelas sucessivas gerações...

Não sou "advogado" da Fundação Mário Soares mas reconheço o mérito do portal "Casa Comum", desenvolvido por esta Fundação, constituído por quase um centena de arquivos e fundos documentais "privados", em geral doados pelo próprio em vida, ou por familiares.

o "Arquivo Amílcar Cabral" é apenas um destes 90... Mas há outros: INEP/Bissau, Sarmento Rodrigues (que foi almirante e governador da Guiné, antes de ser ministro do Ultramar), Arquivo Mário Pinto de Andrade, etc., que podem interessar aos estudiosos da presença portuguesa na Guiné... Os utilizadores dos arquivos (e em especial os investigadores das várias áreas das ciências sociais e humanas a quem estas fontes podem interessar) têm por certo uma opinião sobre a importância e a qualidade da informação tratada e disponibilizada...

É preciso perceber qual é a missão de um arquivo... Diz-se na plataforma "Casa Comum": "Com este projeto, sublinhamos a importância da conservação dos documentos para as gerações futuras, a confiança que os arquivos devem inspirar em matéria de preservação da autenticidade e da fiabilidade da informação de que são guardiães e a sua relevância enquanto elementos de identidade da memória e da história individual e coletiva."

http://casacomum.org/cc/

Por curiosidade aqui a lista dos arquivos/fundos documentais que integram, até hoje, a "Casa Comum":


Abel Salazar
Adelino Gomes
Afonso Costa
Alberto Arons de Carvalho
Alberto Pedroso
Alfredo Cunha/Fotografias 25 de Abril
Alfredo Ribeiro dos Santos
Aljube/Exposição "A Voz das Vítimas"
Ana Coucello
Ana, Luís e Pedro Nogueira de Lemos
Angelo Sajara
António Arnao Metello
António Gato Pinto
António Reis
António Rita-Ferreira
Aquilino Ribeiro Machado
Arquivo Amílcar Cabral
Arquivo da Resistência Timorense
Arquivo Histórico de São Tomé e Príncipe
Arquivo Mário Pinto de Andrade
Arquivo Mário Soares
Artur Pinto
Aurélio Augusto de Azevedo
Bento de Jesus Caraça
Bernardino Machado
Biblioteca Digital
Carlos Albino/Manuel Tomás
Carlos Antunes/Isabel do Carmo
Carlos Gil/Fotografias 25 de Abril
Carvalhão Duarte
CMIO/Ocean Governance XXI
Colecção FMS/António Pedro Vicente
Combate/João Bernardo Viegas Soares
Dalila Mateus
Daniel Ricardo
Diário da Manhã/Garcia Pulido
Diário de Lisboa/Ruella Ramos
Fernando Rosas
FNAT/INATEL
Francisco Lyon de Castro
Francisco Marcelo Curto
Francisco Ramos da Costa
Imagens Exposição Permanente
INEP, Bissau
Jacinto Simões
Jaime de Morais
João Bénard da Costa
João Lopes Soares
João Miranda de Oliveira
João Soares Louro
Joaquim Catanho de Menezes
Jorge Campinos
José Augusto Rocha
José da Felicidade Alves
José Manuel Barroso/Conselho da Revolução
José Tristão de Bettencourt
Listas do MUD
Luís Costa Correia
Luiz Francisco Rebello
Malangatana Valente Ngwenya
Manuel Mendes
Manuel Souto Teixeira
Manuel Teixeira Gomes
Maria Alexandre Pombo Lopes
Maria Augusta Seixas
Maria de Jesus Serra Lopes
Maria Luís Rocha Pinto
Mário e Alice Chicó
Mário e Beatriz Cal Brandão
Mário Neves
Mário Rodrigues
Mário Sottomayor Cardia
Mário Varela Gomes/Fotografias 25 de Abril
MFA-Movimento das Forças Armadas
Miguel Cochat Osório
MRPP/PCTP
Museu Maçónico Português
Notícias da Amadora/Orlando César
O Diabo/Luís Trindade
Partido Socialista
Raul Marques
Revistas de Ideias e Cultura
Sarmento Rodrigues
Teatro da Trindade/Crise 62
Teófilo Carvalho dos Santos
UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta
Vasco Vieira de Almeida
Viriato da Cruz
Vítor Cabrita Neto

Unknown disse...

O Conselheiro Acacio diria:
Arquivos são só arquivos!!!
Forte abraço.
VP

Torcato Mendonca disse...

Meus Caros Camaradas

Vale a pena ler este texto e oa comentários. Vou guardar.
Antes, porém, muito sintéticamente, afirmo que o Paigc mentia e mentia não só na "propaganda" como em tentar descrever, no pós-guerra, os acontecimentos vividos. Não esqueçamos como praticavam a disciplina,durante a guerra e posteriormente. Quantos camaradas nossos foram fusilados? Hoje,22 Fev 2016 se algum falou descontem as mentiras e o que não relataram....
Só mais um ponto: os arquivos da Fundação Mário Soares são importantes para se compreender a guerra. Há séculos que a nossa História (até antes do Cronista Fernão Lopes e sabemos os erros...)se fundamenta nos arquivos, nas verdades, meias verdades e, porque não, das mentiras. #...de quantas mentiras é feita uma verdade...# diz o Angolano Águalusa num dos seus livros...
Termino já e faço-o dizendo que o nosso IN matou a minha Companhia em duplo ou em triplicado...viaturas destruidas e nós com falta delas etc. O Povo Português não é nosso inimigo...uma porra...mentirosos.
Agora dou um salto ao escrito que acabou de sair. Espero que se apróxime do que se passou e fundamente bem o que se passou. Merecemos e mesmo que seja um relato histórico sem ligar ás aleivozias do ex-in aplaudo.
Ab,T
Abraço,T

Anónimo disse...

António José Pereira da Costa
26 fev 2016 17:45

Olá Camaradas editores:

A propósito do post 15790 voltei à antena entre um comentário do Luís a 25 de fevereiro de 2016 às 16:52 acerca da Fundação Mário Soares e seus fundos e um cometário do Rui Faria que, entretanto, desapareceu.

Escrevi o que pareceu e, se calhar não foi o politicamente correcto, mas saiu-me do pêlo.
Tive de pensar para o escrever e alinhar ideias. Era um pouco longo, condescendo, mas respondia às afirmações de um e do outro.

Porém, a minha resposta, embora eu a tivesse inserido com todo cuidado não está publicada.
Tenho a certeza de que inseri bem.

Esta é já a 2 vez que se perde um comentário meu sobre um tema "fracturante", como é o caso das bocas foleiras arquivadas pelo PAIGC, na Casa Comum.
Ora informem o que se vos oferecer....

Um Ab.
António J. P. Costa

Luís Graça disse...

Luís Graça
26 fev 2016 18:41


Tó Zé (c/c coeditores Carlos Vinhal e Eduardo Magalhães Ribeiro)

Lamento muito que o teu texto se tenha perdido... Não chegou a entrar, tenho os registos de todos os comentários (incluindo os que o sistema considera como SPAM e os que nós eliminanos, o que tem sido raro)...

Deves ter tocado num tecla qualquer, inadvertidamente, e o texto foi-se... Acontece aos melhores!... Mas é irritante, ´para a próxima, para comentários longos, escreve o texto no Word e depois fazes "copy & paste"... É mais seguro... Nunca escrevas comentários longos na caixa...

Quanto ao Rui Faria... Não é membro da nossa Tabanca Grande. E é a primeira vez que comenta, com este nome... O comentáerio vem assinado, mas não há nenhum endereço de endereço a autenticar o nome... Enfim, presumo que seja uma camarada da Guiné, mas seria importante que desse a cara, dissesse quem era, por onde andou, a que unidade pertenceu...Não estando no Blogger, entrou como "anónimo".

Um abraço grande. Luis

PS - Nós não eliminamos comentários de ânimo leve, muito menos dos nossos grã-tabanqueiros como tu, que conheces bem as regras do jogo e és um camarada frontal, aberto e leal, que já nops conheces há "manga de luas" (e vice-versa)... Nem é coisa (cortar comentários) que façamos há largo tempo... Felizmente... Temos mais de 7 mil comentários na caixa do SPAM, filtrados pelo sistema... Em doze anos de blogue, nºao devemos ter cortado um centena de comentários... E temos, "on line", mais de 62 mil, fora os 7 mil que são SPAM e que ainda não eliminámos definitivamente... Às vezes cai na rede um comentário "anónimo" de um camarada nosso...E é preciso ir respecá-lo manualmente, o que é difícil, devido à proverbial falta de tempo... Não temos 4 braços...

Anónimo disse...

Carlos Esteves Vinhal

Data: 26 de fevereiro de 2016 às 19:19
Assunto: Re: Um texto que se perdeu

Para: António José Pereira da Costa


Caro Pereira da Costa

De certeza absoluta que os comentários que referiste não entraram. Nem o Luís nem eu somos censores. Para teres a certeza de que o comentário que fizeres é publicado, após teres clicado em "publicar o seu comentário", voltas a abrir o Blogue, e no rodapé do poste, na caixa dos comentários, conferes se ele está lá ou não.

Se nunca fizeste esta confirmação, não poderás em consciência dizer que alguém o apagou.
Sabes como ninguém que os temas só se tornam fracturantes quando se entra pelo insulto pessoal, método a que não recorres porque és uma pessoa correcta, como aliás, felizmente, a esmagadora maioria da nossa malta.

Esperando que acredites em nós, deixo um abraço
Carlos

Luís Graça disse...

Meus caros:

Não são 7 mil e 200 comentários SPAM, são 72 mil!!!... desde setembro de 2012...

Precisamos de uma brigada de limpeza... No meio de tanta "merda", há comentários de camaradas nossos que vamos recuperando... LG

Anónimo disse...

Amigos e Camaradas

Em forma de resumo a propósito deste post, comentários e não só sempre direi:
Pela minha experiência vivida durante o período de guerra e pós-guerra com as minhas deslocações à Guiné, pelo que tenho visto, ouvido e lido ao longo destes longos anos, claro que tenho uma opinião muito pessoal sobre a guerra que defrontámos na Guiné.
Isto para dizer que quer do lado do PAIGC propagandearam e continuam a propagandear inverdades, mas compreende-se, pois eles têm de cantar os seus feitos heróicos com verdades e inverdades.
Mas nós, também temos uma postura senão semelhante, pelo menos, vamos empolando algumas/muitas situações e contando algumas inverdades.
Segundo aprendi, a História, deve contar tanto quanto possível a verdade, mas na minha modéstia opinião, penso que no presente caso em muitos aspectos vamos ficar muito afastados dela, pois os guineenses/cabo-verdianos irão/têm uma versão da sua História recente e nós teremos/temos outra versão diferente.
Logo neste âmbito, é caso para os vindouros questionarem, quem está do lado da verdade.
Do lado dos guineenses/cabo-verdianos, há muito pouca literatura, contam-se pelos dedos os protagonistas que escreveram e os que escreveram, por aquilo que li e até aqui já destaquei também, distorcem os factos em termos propagandísticos/heróicos.

Do nosso lado, apesar de haver muita literatura, não é o suficiente e basta ver o que se passa aqui no blogue, sobre quem aqui escreve.
Segundo dizem, passaram pela Guiné 200 mil combatentes
Aqui no blogue, apenas estão 700 e tal elementos a “batalhar” e destes a maior percentagem se não estou em erro são ex-furriéis e alferes, seguidos de ex-cabos e ex-soldados e uma ínfima minoria de oficiais superiores, que talvez se conte pelos dedos.
Onde está a Marinha e a Força Aérea ? em meia/uma dúzia de blogues
E literatura escrita por esses quadros superiores que passaram pela Guiné ??? Quantos é que escreveram.
Assim, a História sobre a guerra que defrontámos durante 13 anos na Guiné, vai ficar muito aquém, portanto, cada um de nós que se interesse por este tema e os vindouros, terão de tirar para si as respectivas ilações daquilo que irão/possam ler.
Donde, estou assim de acordo com todos os comentários aqui produzidos nas diferentes perspectivas, mas claro que tenho a minha própria opinião sobre o tema.
Termino citando um excerto da HU, meu BCaç 2879:
“ …. Mas a verdade total [ da História] não foi apresentada, nem podia ser. Essa constará da segunda parte da História, que não será escrita, mas será falada por todos quantos viveram e sofreram nela e enquanto as recordações que de modo algum podem ser boas se mantiverem vivas no seu espírito. … “

Um abraço
Carlos Silva