Recruta no CICA 4. Foto: © Juvenal Amado
1. Em mensagem de 17 de Julho de 2017, o nosso camarada Juvenal Amado (ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74) enviou-nos um poema de sua autoria.
TEMPO
Não é possível conservá-lo,
O Tempo escorre líquido,
Corre entre nós, célere.
Hoje é espesso, ontem vibrante.
A luz filtra-se na rocha escorregadia,
Trespassa-me o peito.
Sangro húmido viscoso e quente,
Os olhos afogam-se nos rios e mar,
Aspiro a brisa que nos transporta,
Nós que navegámos contra o vento,
Escorregamos no esquecimento.
Falta-nos sempre algo mais além,
O que nos vale
é o conforto de um trago amargo.
O álcool queima-nos a garganta,
Entorpece-nos e bebemos aos idos.
Na neblina julgo ver vultos,
Fugazmente vislumbro algo indefinido,
Vejo jovens enlaçados que flutuam,
Não sabem ainda que a juventude
é um momento fugaz.
É uma pétala que se solta,
Que se esmaga entre os dedos
e solta a fragância.
Esse é o aroma do tempo que passa,
e os cemitérios são os nossos fieis depositários
Juvenal Amado
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Nota do editor
Último poste da série de 16 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17587: Blogpoesia (519): "A gaivota sozinha..."; "No bar do Reichelt..." e "Adoração ao sol...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728
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