sábado, 10 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19182: Os nossos seres, saberes e lazeres (292): Primeiro, Toulouse, a cidade do tijolo, depois Albi (11): A grandiosidade dos Augustins, um convento gótico, um soberbo museu (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 14 de Agosto de 2018:

Queridos amigos,
Há felizes imprevistos que trocam as voltas ao viandante que se julga avisado e organizado. Naquele penúltimo dia de viagem, traçara-se o plano de flanar pela cidade e visitar dois museus de primeira água, principalmente des Augustins, um depósito único no mundo para contemplar a genialidade da escultura românica milagrosamente salva em demolições pretéritas. Ora o que aconteceu é que des Augustins tinha aliciantes sem conta, a escultura gótica foi uma surpresa, como aqui se pode ver e o espaço tratado pelo artista cubano Jorge Prado para os capitéis românicos é de um requinte e acerto inultrapassáveis, ora vejam.

Um abraço do
Mário


Primeiro, Toulouse, a cidade do tijolo, depois Albi (11): 
A grandiosidade dos Augustins, um convento gótico, um soberbo museu

Beja Santos

O homem põe e Deus dispõe. O viandante propusera-se calcorrear por Toulouse e visitar dois museus, o primeiro dos quais, des Augustins, o museu das Belas-Artes de Toulouse, é de gabarito mundial, possui um património de capitéis românicos único, bem merece as três estrelas do Michelin. Seguir-se-ia a visita ao museu de São Raimundo, aqui se conservam as coleções do mundo antigo, o património arqueológico de Toulouse, muito valioso.

O que acontece é que a secção de Belas-Artes estava em obras, o museu compensava o visitante com uma exposição de Toulouse no Renascimento, por aí andou o viandante horas a fio, e não queria arredar pé. Mas des Augustins tem outros aliciantes: as salas de escultura gótica dos séculos XIV e XV, de excecional riqueza; a exposição de Toulouse no Renascimento estava embebida na igreja que por si só é motivo para uma visita; e depois a sala de escultura românica, e só a pensar nela o viandante não hesita em voltar a Toulouse. Não sabe o que perdeu em não ter visitado os salões de pintura, mas francamente depois do que viu e verá, mais ou menos Delacroix, Ingres, Manet, Toulouse-Lautrec, Vuillard ou Rodin podem esperar, ficam para a próxima visita.

Vejam o esplendor destes capitéis românicos numa sala talentosamente trabalhada em termos museológicos e museográficos pelo cubano Jorge Prado. São imagens que valem milhões de palavras.








Antes de introduzir a escultura gótica, uma palavra sobre este convento transformado em museu. Des Augustins é um belo espécime da arquitetura gótica meridional, no essencial é uma construção dos séculos XIV e XV. Pouco depois da criação do Museu do Louvre, o convento passou a albergar um museu. Na segunda metade do século XX foi alvo de restauros que restituíram ao monumento os seus volumes primitivos. Des Augustins alberga mais de 4 mil obras, tem vindo a ser enriquecido com legados e doações. Vejam-se agora estas esplendorosas esculturas, é evidente que este policromado resulta de tratamentos recentes, mas são igualmente imagens que atrofiam o valor das palavras, o seu significado, até a mobilização que podem provocar na emoção do visitante.







Agora sim, des Augustins partem no coração do visitante. Este lá vai para o último itinerário, o Museu da Antiguidade de Toulouse. E a meio da manhã de amanhã, um tanto macambúzio, regressa a Lisboa. Viu coisas esplendorosas, tenta em vão arquivá-las, ainda por cima, dentro em breve, parte para a Holanda e para a Bélgica, a aventura não pode parar.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 3 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19164: Os nossos seres, saberes e lazeres (291): Primeiro, Toulouse, a cidade do tijolo, depois Albi (10): Uma exposição memorável no Museu dos Augustins, a Toulouse do Renascimento (Mário Beja Santos)

1 comentário:

JD disse...

Caro Mário,
Despertas a vontade de partir par esses lugares de culto.