quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Guiné 61/74 - P19385: Guerra colonial - cronologia(s) - Parte I: 1961, Angola







Diário de Lisboa, 18 de março de 1961

[Fundação Mário Soares > Portal Casa Comum > Pasta: 06541.079.17211 > Título: Diário de Lisboa > Número: 13743 > Ano: 40 > Data: Sábado, 18 de Março de 1961 >  Directores: Director: Norberto Lopes; Director Adjunto: Mário Neves > Edição: 2ª edição > Observações: Inclui supl. "Diário de Lisboa Magazine", "Diário de Lisboa Juvenil" > .Fundo: DRR - Documentos Ruella Ramos. (Com a devida vénia...)

Citação:
(1961), "Diário de Lisboa", nº 13743, Ano 40, Sábado, 18 de Março de 1961, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_16336 (2019-1-9)


Guerra Colonial > Cronologia > Angola > 1961

Camaradas: muitos de nós éramos adolescentes quando começou a guerra colonial.  Eu tinha 14 anos, e os terríveis acontecimentos do Norte de Angola, meio percebidos nos títulos e entrelinhas dos jornais, e nas lacónicas notícias da Rádio e da Televisão,  perturbaram-me profundamente. Senti que "aquela guerra" ia sobrar para mim e para toda a minha geração... (Outros eram ainda muito mais novos: 13, 12, 11, 10, 9 anos..., não tinham consciência da gravidade do momento, até à altura dos seus irmãos mais velhos serem mobilizados para Angola, respondendo à célebre ordem, tardia, de Salazar, de 14 de abril de 1961: "Para Angola, rapidamente e em força"...; na véspera, tinha havido a tentativa de golpe de Estado palaciano do gen Botelho Moniz, ministro da defesa... Salazar antecipou-se, remodelou o Governo, autonomeou-se ministro da Defesa e "decapitou" as chefias das forças armadas; estava traçado o destino da "guerra do ultramar", que se iria prolongar por 13  dolorosos e inúteis anos até 25 de Abril de 1974.)

Em 31 de maio de 1969, oito depois, com 22 anos, eu estou a desembarcar em Bissau e vou integrar uma das companhias da "nova força africana" do general Spínola... Muitos de nós  (para não falar dos nossos filhos e entos, e da generalidade dos portugueses) ainda hoje sabemos pouco do que se passou em Angola, em 1961... Daí a a oportunidade desta síntese cronológica. Não será a única, é a que estava mais à mão... Mas temos alguns camaradas, mais velhos, que são contemporâneos dos acontecimentos, e que têm o privilégio de poder falar na primeira pessoa do singular... Eles que nos contem as suas histórias. LG



1961-02-04

Revolta em Luanda, com ataques à Casa de Reclusão, ao quartel da PSP e à Emissora Nacional, acção considerada como o início da luta armada em Angola, de iniciativa de (, ou atribuída a ou, mais tarde, reivindicada por) o MPLA - Movimento Para a Libertação de Angola.

1961-02-07

Primeira aterragem na pistam construção, do Negaje, em Angola. Esta data passou a ser o Dia da Unidade do AB3 - Aeródromo Base 3.

1961-03-15

Partida de Lisboa de quatro companhias de caçadores para reforço da guarnição de Angola: CCAÇ 66 / 5ª CCE, R 10, Aveiro; CCAÇ 67 / 6ª CCE, RI 10, Aveiro; CCAÇ 78 / 7ª CCE, BC 5, Lisboa; CCAÇ 82 / 9ª CCEm RI 14, Faro.

1961-03-15

["O Dia do Terror".] Início de uma rebelião, planeada e/ou coordenada pela UPA - União dos Povos de Angola, de Holden Roberto (1923-2007), no Norte de Angola, na região dos Dembos, que levou ao massacre indiscriminado de colonos portugueses e de populações negras, causando centenas de vítimas (em termos de vítimas mortais desta barbárie, fala-se em 800 europeus e 6000 africanos, mas os números ainda hoje são controversos). Dias antes, a 7 de março, os EUA tinham informado o Ministério da Defesa sobre a decisão da UPA em desencadear o terror na noite de 15 de março, instrumentalizando as populações locais,   informação que o comando militar de Angola terá menosprezado. Holden Roberto (1923-2007), o histórico dirigente da UPA, tinha na altura o apoio público e notório da administração Kennedy.


1961-03-16

Ataques dos elementos sublevados do Norte de Angola a algumas povoações, como Carmona, Aldeia Viçosa e Bessa Monteiro


1961-03-16

Chegada a Luanda da primeira companhia de pára-quedistas

1961-03-17

Primeiro comunicado oficial sobre os acontecimentos do Norte de Angola. Versão "soft"... Em 15 de março Salazar tinha decidido o "blackout" noticioso, mas acabou por ser completamente ultrapassado pelos acontecimentos: os jornais e as rádios de Angola não paravam de dar grande cobertura aos acontecimentos que dilaceravam o território...

1961-03-18

Início da actuação da Força Aérea, que dispunha poucos meios,  no Norte de Angola

1961-03-21

Chegada, a Luanda, do almirante Lopes Alves, ministro do Ultramar

1961-03-21

Evacuação de mais de 3500 portugueses residentes no Norte de Angola para Luanda, através de ponte aérea


1961-03-28

Constituição, em Angola, do primeiro corpo de voluntários civis armados, para actuação no Norte de Angola, dando origem mais tarde à OPVDCA - Organização Provincial de Voluntários de Defesa Civil de Angola.
  

1961-04-02

Emboscada, na sanzala de  Cólua, Aldeia Vicosa,  Uíge, a uma coluna militar portuguesa, sendo mortos nove militares, dos quais dois oficiais, capitão de infantaria Abílio Eurico Castelo da Silva (1925-1961) e tenente de infantaria Jofre Ferreira Prazeres (1932-1961), ambos naturais de Chaves. (*)


1961-04-10

Ataque à povoação de Úcua, na estrada Luanda-Carmona, com o massacre de 13 brancos

1961-04-10

Primeiro ataque a trabalhadores bailundos de uma fazenda na área do Quitexe

1961-04-11

Ataque a uma patrulha portuguesa próximo de Tando Zinge, Cabinda


1961-04-12

Ataque à povoação de Lucunga, com massacre da maior parte dos seus habitantes brancos


1961-04-13

Ataque de guerrilheiros provenientes do Congo-Brazzaville a Bucanzau, em Cabinda


1961-04-15

Reunião do primeiro Conselho Superior Militar, presidido por Salazar, para tratar do envio de reforços militares para Angola


1961-04-16

Partida dos primeiros contingentes militares, para Angola, formados por pára-quedistas, por via aérea: a 1ª CCP, seguindo-se em abril, a 2ª CCP, e em maio a 3ª CCP [futuro BCP nº 21, criado em 8 de maio]


1961-04-21

Partida dos primeiros contingentes militares para Angola (via marítima)


1961-04-23

Partida de uma companhia de legionários para Angola [A Legião Portuguesa acabou por se limitar à defesa de instalações de uma empresa...]


1961-04-30

Fim do cerco à povoação de Mucaba, depois da intervenção da Força Aérea, que utilizou bombas de napalme de 90 kg.


1961-05-01

Chegada a Luanda dos primeiros contingentes transportados por via marítima [BCAÇ 88, BCAÇ 92, CART 85, CART 86, CART 87, CART 100].


1961-05-02

Ataque a Sanza Pombo e novos ataques a Mucaba e à Damba, no Norte de Angola


1961-05-04

Ataque ao Songo, a norte de Carmona


1961-05-08

Ataques a Sanza Pombo, Úcua, Santa Cruz, Macocola e Bungo, com utilização de novas armas


1961-05-21

Ataque frustrado ao nó de comunicações do Toto, a sul de Bembe


1961-05-24

Ataque a Quimbele durante treze horas consecutivas


1961-05-24

Ataque ao posto de Porto Rico, próximo de Santo António do Zaire, com utilização de armas automáticas

1961-05-26

Ataque a Quimbele, durante 13 horas consecutivas, um dos mais violentos na altura.

1961-05-31

Chegada do Batalhão de Caçadores 88 à Damba. Em 14 de maio, o BCAÇ 96 já tinha seguido para Úcua e o BCAÇ 109 para Ambrizete.


1961-06-02

Ataques a várias fazendas em torno de Carmona, Negaje e Ambriz


1961-06-08

Primeiro avião da Força Aérea, um PV-2,  desaparecido em Angola, com três tripulantes a bordo


1961-06-14

Reocupação do Tomboco por uma força da Marinha


1961-06-19

Ataque dos guerrilheiros da UPA à vila de Ambriz, com utilização de armas automáticas

1961-06-24

Reocupação de Cuimba, a este de São Salvador do Congo


1961-06-30

Primeiro comunicado oficial das Forças Armadas, referindo a morte de 50 militares entre 4 de Fevereiro e 30 de Junho em Angola


1961-07-01

Operações do Exército e Força Aérea na serra da Canda, para reabertura da chamada 'estrada do café'


1961-07-07

Comunicado das Forças Armadas sobre as actividades dos meses de Maio e Junho, no Norte de Angola

1961-07-15

Morte de seis militares em Quicabo, na sequência da operação de reocupação de Nambuangongo.


1961-07-18

Início da operação, pelo BCAÇ 96,  de cerco a Nambuangongo, ocupada pelos rebeldes desde o início da sublevação em Angola. Prolonga-se até 9 de agosto (Operação Viriato, uma das mais emblemáticas da guerra do Ultramar.)


1961-08-04

Ocupação de Zala e Quicunzo pelas forças portuguesas, que progridem para Nambuangongo


1961-08-07

Declaração do ministro do Exército à emissora oficial de Angola, onde afirma que aos 'terroristas' se colocava apenas um dilema: 'Rendição incondicional ou aniquilamento total'


1961-08-11

Primeira operação militar com lançamento de pára-quedistas, efectuado sobre a região de Quipedro, em Angola


1961-08-17

Primeira utilização operacional dos aviões caças-bombardeiros F84, a partir da Base Aérea de Luanda


1961-08-24

Início de uma operação conjunta, com aviação, pára-quedistas e forças terrestres, na serra da Canda


1961-09-10

Início da operação militar conjunta que conduz à reocupação da 'Pedra Verde'


1961-09-16

Desordem entre militares pára-quedistas e elementos da polícia, em Luanda, de que resultou um morto e vários feridos, e que ficou conhecido como 'Incidente da Versalhes'


1961-09-16

Entrada das tropas portuguesas na Pedra Verde


1961-10-07

Discurso de Venâncio Deslandes, a dar por findas as operações militares no Norte de Angola, passando-se à fase das operações de polícia


1961-11-10

Desastre de aviação do Chitado, em que morreu o general Silva Freire, comandante da Região Militar de Angola, e mais 14 militares do Exército e da Força Aérea


1961-11-14

Partida do primeiro destacamento de fuzileiros especiais para Angola


1961-11-27

Anúncio, pelo governador-geral de Angola, de 'nova actividade terrorista' no Norte do território

1961-12-02

Expulsão de Portugal de quatro missionários norte-americanos, acusados de apoio aos movimentos angolanos

1961-12-31

No final do ano de 1961, havia cerca de 33 mil homens no território, enquanto se reforçavam também as guarnições militares da Guiné e de Moçambique.


Fonte: Excerto de  Guerra Colonial 1961-1974 > Cronologia, com a devida vénia...

Para mais detalhe e cronologia nacional, vd. Carlos Matos Gomes e Aniceto Afonso - Os Anos da Guerra Colonial, vol. 2 - 1961: o princípio do fim do império. Lisboa: Quidnovi, 2009.

_____________

Nota do editor:

(*) Vd. postes de:

8 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19381: In Memoriam: Os 47 oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar mortos na guerra do ultramar (1961-75) (cor art ref António Carlos Morais da Silva) - Parte II: Abílio Eurico Castelo da Silva, cap inf (Chaves, 1925 - Cólua, Angola, 1961)

7 comentários:

Antº Rosinha disse...

"1961-02-04

Revolta em Luanda, com ataques à Casa de Reclusão,..."

esta foi de facto uma revolta de angolanos, que pensariam numa nação de Cabinda ao Cunene, esta Angola que sobreviveu até hoje.

"1961-03-15

["O Dia do Terror".] Início de uma rebelião, planeada, dirigida pela UPA - União dos Povos de Angola, de Holden Roberto (1923-2007), no Norte de Angola, na região dos Dembos, contra os colonos portugueses e algumas populações negras,..."

Esta era uma guerra de gente do norte de Angola (Congo Português)que se identificava mais com os outros dois Congos do que com malanginos, bailundos, ganguelas e todo o sul de Angola.

Tudo acabou em 13 anos, com o fim do império, mas teria sido o "fim do mundo" se não dessemos a cara à luta.

Eu estava lá, antes, durante e após!

Anónimo disse...

António Rosinha, tudo isto em conluio com o Kenedy e capitais americanos entre eles a Fundação Ford.E para ajudar a festa lá esteve a ONU no congo com o famoso sueco, sempre os suecos com a sua falsa solidariedade e falsa pacificidade.Já na guiné foi o mesmo.Quem não os conhecer que os compre como dizia o povo.E para a conjutura ser melhor o "pacifista" Neru mandou as suas tropas ao serviço da ONU para o congo onde as os seus soldados violavam as mulheres à vontade.Como aliás o fazem ainda hoje na
India.
Abraço
Carlos Gaspar

J. Gabriel Sacôto M. Fernandes (Ex ALF. MIL. Guiné 64/66) disse...

Obrigado Rosinha. Comentários sempre a propósito e certeiros para reposição de muitas verdades, ainda muito nebulosas, no conhecimento de muitos portugueses.
Forte abraço a todos,
JS

Luís Graça disse...

"Tudo acabou em 13 anos, com o fim do império, mas teria sido o 'fim do mundo' se não dessemos a cara à luta.Eu estava lá, antes, durante e após!"...

Eu sei, Rosinha, e tu mereces todo o nosso respeito. Não tenho dúvidas que a maioria do pessoal da Tabanca Grande, estaria ao teu lado em 1961. Em 1961 estaríamos todos unidos, podíamos divergir a partir daí... Tenho uma imensa pena que a Angola, que eu também amo como tu, não tivesse podido seguir outros caminhos, como o da África do Sul do Mandela...

Luís Graça disse...

2 de abril de 1961... Uma data festiva. simbólica, Domingo de Páscoa....

O dia da emboscada, na sanzala de Cólua, Aldeia Vicosa, Uíge, a uma coluna militar portuguesa, em que foram massacrados mortos nove militares, dos quais os dois oficiais, o capitão de infantaria Abílio Eurico Castelo da Silva (1925-1961) e o tenente de infantaria Jofre Ferreira Prazeres (1932-1961), ambos naturais de Chaves.

Imagino o momento de horror que foi a morte destes bravos...Registe-se que o o ten inf Jofre Ferreira Peireira tinha já 2 anos de experiência de Angola...


Luís Graça disse...

Rosinha, tu que estavas lá nesta altura de grande provação, podes por certo testemunhar a perplexidade e a angústia das populações face à resposta tardia da metrópole: só um mês depois da "noite de terror" de 15 de março de 1961, é que partem para Angola os primeiros contingentes militares, formados por forças especiais, pára-quedistas, por via aérea: a 1ª CCP, seguindo-se em abril, a 2ª CCP, e em maio a 3ª CCP [futuro BCP nº 21, criado em 8 de maio]...

Portugal que tinha um "vasto império", não tinha uma força de "intervenção rápida", capaz de atuar em África ou na Ásia... A mesma tragédia vai repetir-se, meses depois, face à ocupação, pela União Indiana, do Estado Português da Índia... Foi tudo muito mau e deprimmente, Rosinha!... Acabámos por ser os "últimos soldados do império"... E ainda por cima, degraçadamente mal equipados e mal preparados...

Antº Rosinha disse...

Luís Graça. Nós não tinhamos tomates nem capacidade militar e diplomática e financeira (ouro a rodos), nem carácter para impôr respeitinho, quer no campo europeu ou africano, como tinham os carcamanos sul-africanos, para manter um qualquer "Mandela" em prisão ( Robben Island ) mais de 20 anos, à espera que o mundo tivesse juízo e acabasse com a guerra fria.

Nem Amílcar Cabral, nem Neto nem Machel (ou Holden Roberto ou Savimbi) tinham vocação para "Mandelas", pacifismo, nem nós tinhamos capacidade para os isolar e proteger de russos e americanos e chineses, como os boeres conseguiram por em prática e aguentar...vejam toda a cronologia da guerra dos sulafricanos antes e depois do nosso 25 de Abril até ao fim da guerra em Angola e a coincidência com a perestroica.

Luís Graça, para termos um ou três "Mandelas", tínhamos que ter uma guerra não de 1961 até 1974, mas de muitos mais anos, como os sul africans aguentaram.

Nós somos de guerras à nossa dimensão, não aguentamos guerras à dimensão dos ingleses (india, EUA...Quénia), dos franceses, (Argélia, Indochina), mas por muito pequenas que sejam, Guiné, Brasil, Goa, deixam grandes marcas.

Devemos o máximo respeito a todos os que ficaram em África, mas que custe a compreender para que foi esse sacrifício.

Respigo esta tua observação, Luís Graça: "Imagino o momento de horror que foi a morte destes bravos...Registe-se que o o ten inf Jofre Ferreira Peireira tinha já 2 anos de experiência de Angola..."

Luis Graça, ninguém tinha qualquer tipo de experiência de guerra em Angola, em 1961.

Nem tenentes, nem generais,tinham qualquer tipo de experiência, nem eu, ex-cabo miliciano, mas garanto que quanto mais baixo fosse o posto militar, mais experiência havia na África colonial.

O melhor comandante que tive em operações foi um primeiro cabo, precisamente em 1962, eu furriel, repito várias vezes esta afirmação, porque nem oficiais ou sargentos presentes solucionavam uma "embrulhada" e o cabo solucionou, porque sabia falar com o povo.

Fomos forçados a fazer uma guerra, e tinhamos que a fazer, desse o que desse, mas ninguém hoje nos pode acusar de abstencionismo e abandono.

Porque era errada a decisão daquele tipo de independências, foram e são hoje, gerações várias de africanos em fuga,a pagar as consequências de países totalmente ingovernáveis, só não via quem não queria ver, tinhamos ao lado de Angola o caso ainda hoje, o ex-Congo Belga e as suas chacinarias étnicas periodicas.

Jamais pretendo Luís Graça, que alguém concorde comigo, apenas pretendo contar aquilo que vivi, historicamente falando.

E que acho que era inevitável, com ou sem Salazar.