Rebelião da juventude
Quem decifra o porquê da rebelião?
A juventude hodierna veste fora da moda tradicional.
Vestes largas. Sem aprumo.
Cabeleiras fartas.
Com carrapito atrás ou no alto da cabeça.
Barbas abandonadas à sua sorte de crescer.
Martirizam a sua pele com tatuagens pardas.
Com matizes negros.
Não se misturam às mesas dos habituais.
Mas se apoiam no balcão, mastigando bolos e gulodices.
Fazem guetos. Onde só há lugar para eles.
Que quer dizer toda esta irreverência contra os pais,
Se, no real, não passam de uns dependentes?
Quem falhou? Nós ou eles?...
Bar Castelão, 12 de Março de 2019
9h41m
Jlmg
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Lisboa eterna
Com raízes milenares,
Desabrochou à beira-rio e beira-mar.
Fez-se jovem. Mulher de vida.
Atirou-se à luta com certeza de vencer.
Germinou. Deu muitos frutos.
Hoje é rica. Tem um reino.
Será rainha até morrer.
Encanta e prende quem a visita.
Como fada ou feiticeira.
Tem na alma um canto, dolente e terno.
Só a guitarra entende.
Ai de quem nela nasce,
Longe ou perto,
Fica preso até morrer.
Bar Caracol, arredores de Mafra, 13 de Março de 2019
8h30m
Dia frio de sol
Jlmg
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Separações...
Cortar laços, ligações.
Desunir o que estava preso.
Soltar maus enlaces.
Por erro ou infortúnio.
Repor no lugar o que ficou fora.
Trazer para si aquele espaço que um dia se perdeu de nós.
É um acto positivo.
Há que dá-lo. Sem ficar em dívida com ninguém.
É preciso élan.
Obtido em nós ou por ajuda.
Só assim se volta a ter a paz que, um dia, ficou perdida.
Berlim, 16 de Março de 2019
19h55m
Dia chuvoso
Jlmg
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Nota do editor
Último poste da série de 10 de Março de 2019 > Guiné 61/74 - P19569: Blogpoesia (611): "As maldições...", "Os cantos do mundo" e "E agora?...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728
2 comentários:
Joaquim, vejo que ficaste enamorado por Lisboa para sempre...Não sendo tu um alfacinha... Morou em Lisboa dois ou três anos... Fui para lá em 1975... Depois a família aumentou, tive que comprar casa mais longe, na Amadora, junto à linha de Sintra... Voltei a mudar 10 anos depois... Estou em Alfragide. junto ao Estado Maior da Força Aérea, a 200 7 3000 metros de Lisboa... Mas sempre trabalhei em Lisboa... que muito amo, como tu. Em prosa e em verso... Luís
Tem um fascínio irresistível. Aterrei nela depois que vim da Guiné. Emprego. Casamento. Filhos. Impossível esquecê-la. Onde quer que esteja...
Um abraço, Luís.
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