quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Guiné 61/74 - P21491: Os nossos capelães (11): Em busca dos sete franciscanos que estiveram no CTIG (João Crisóstomo, régulo da Tabanca da Diáspora LUsófona, Nova Iorque)


Braga > Convento e seminário de Montariol > 1959 > Esta foto foi a foto dos “finalistas" de Montariol de 1959 (5º ano), prontos a ir para o Varatojo, em Torres Vedras, “tomar o hábito de noviços". Sem desprimor para os outros, permito-me identificar o Padre capelão (falecido), José Sousa Brandão (*), que é o segundo na última fila, da direita para a esquerda [, assinalado a amarelo, com o nº 1].


No centro está o Padre, meu primo direito, António Alves Sabino (de Vale Martelo, Silveira, Torres Vedras). Era o prefeito do colégio nessa altura. [2].


A seu lado, estou eu, o único de braços cruzados [3] …A meu lado, a à minha esquerda, está o Padre Diamantino Maciel [4], fundador duma paróquia ( igreja St.Antónjo da Arancária, Vila Real ) onde ainda hoje é pároco. Em reconhecimento do seu trabalho social no seu 50º aniversário de presbitero homenagearam-no com uma estátua (, em tamanho natural, ) em frente dessa igreja!



Vila Real > Paróquia de Santo António > s/d > Foto, tirada no dia do 50º aniversário do Padre Diamantino Maciel, OFM: da direita para a esquerda: P. Melícias; depois está o capelão militar na Guiné, José Marques Henriques (*), que está em Faro. eu estou a seguir a ele.


~
Nova Iorque > 12 de dezembro de 2016 > No dia da entrada de António Guterres nas Nações Unidas, o P. Melícias passou por minha casa . Ele era convidado do António Guterres ; e eu e a Vilma , como convidados do Embaixador de Portugal na ON, fomos, atrelados a ele à cerimónia…



Braga > Convento Montariol > 2018 > Eu e o P. Melícias fomos a Montariol visitar dois amigos comuns: na foto ( tirada pelo P .Melícias, creio eu) estão, da esquerda para direita, o Padre António Alves Sabino (, meu primo e meu antigo prefeito), com 93 anos, eu, de pé, e o padre David Antunes, 102 na altura. Ambos faleceram no ano passado.


Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



1. Mensagem de João Crisóstomo, régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, Nova Iorque]:

[Mail, de que nos deu conhecimento e liberdade para publicar, sobre “capelães franciscanos na Guiné", enviado a dois desses sete capelães , da Ordem dos Frades Manores, que estiveram no TO da Guiné, "para ver se eles podiam ajudar com a informação pedida" (*)]:


Date: domingo, 25/10/2020 à(s) 03:32
Subject: capelaes.franciscanos na Guiné


Caros José Marques Pereira Gonçalves (**),


Sou o João Crisóstomo. de Nova Iorque. Espero que se lembrem de mim. Eu entrei em Montariol em 1954, (do curso do Luís Marques e do P. Diamantino Maciel que está em Vila Real, e a cujo aniversário dos seus 50 anos eu também tive ocasião de estar presente, graças ao Sr. Padre Vitor Melícias que me convidou a ir com ele e até me deu boleia !) .


Encantámo-nos lá, lembras-te?

Felizmente tive já a ocasião de estar várias vezes com o P. José Henriques; mas o mesmo não sucedeu como P, Pereira Gonçalves de quem me lembro apenas vagamente. Desculpa, P.Pereira!.. é a idade...


A razão deste é seguinte:

Eu estive na Guiné ( 1965/67) como alferes miliciano. Depois disso a pretexto de melhorar línguas, andei pela Inglaterra, França, Alemanha e de novo Inglaterra onde casei.


Daí parti para o Brasil, onde como subgerente de um hotel e quando se me ofereceu uma oportunidade de ir aos USA fazer o mestrado de hotelaria, não hesitei. Logo verifiquei que não tinha possibilidades financeiras e quando me preparava para voltar, ofereceram-me ficar a trabalhar como mordomo para a ex-primeira Dama Jacqueline Kennedy Onassis.


Uma vida bastante invulgar como devem imaginar.Aqui há dez anos tive conhecimento dum blogue de antigos camaradas da Guiné. Inscrevi-me e em boa hora o fiz: De alguma maneira todos fomos beneficiados — e alguns de nós em medida tão grande que só os próprios o podem sentir — criação deste salutar movimento de vivência de memórias nas diversas vertentes em que se apresenta.


Foi e é altamente benéfico o despertar de consciências que este movimento ocasionou e que continua a desafiar ainda cada dia os que dele têm conhecimento; deu um relevante contributo para a história de Portugal, da Guiné: vejam-se o número de livros escritos que nunca teriam visto a luz do dia…


Portugal e os portugueses, a cultura e história de Portugal tornaram-se e ficam ainda cada dia mais ricos graças a este blogue que o Luis Graça, em boa hora, criou. Ultrapassamos os 800 membros já e em visualizações/visitas na Internet ultrapassam 12 milhões.

Um dos assuntos que por vezes é mencionado, ao lembramos as nossas experiências, é/ foi a presença dos capelães militares e médicos, cujo papel, contributo e apoio a todos os camaradas foi tão importante mas que não está suficientemente representado neste blogue.


Há tempos, no dia 4 de Outubro, eu enviei um abraco de Paz e Bem aos meus irmãos em S. Francisco e aos meus camaradas da Guiné (**). E foi neste dia que o Luís Graça teve a feliz ideia de convidarmos os nossos camaradas capelães e médicos a entrarem e se sentarem à mesa redonda da nossa Tabanca.

O Luís Graça deu-me então a lista dos sete franciscanos que andaram em terras da Guiné (*). E o dr. P. Domingos Casal Martins fez-me o favor de me dar os endereços destes nossos camaradas, para mim, meus irmãos em S.Francisco.


De alguns tenho suficientes informações:

Nunca perdi o contacto com o Horácio [Fernandes], pois é da minha terra e por amizade sempre somos irmãos. O Luís Graca, (também conterrâneo, da Lourinhã) tinha perdido o contacto dele (, de resto, seu parente), mas o nosso reencontro onde compareceram mais uma dúzia de camaradas foi uma tarde cheia de recordações e emoções fortes que não esquecemos nunca.

José António Correia Pereira:

Já o encontramos . O nosso camarada Manuel Oliveira Pereira conhecia-o de Leça de Palmeira e respondeu : ele até fez parte da comissão de celebração do 50º aniversário da missa nova. Foi um grande regozijo e satisfação para todos. (**)


José Marques Henriques e Manuel Pereira Gonçalves:

Gostaria que vocês os dois nos dessem também o prazer da vossa presença como membros da nossa tabanca. A vossa participação será preciosa em ambos os sentidos: os camaradas já membros que os querem receber de braços abertos terão muito a ganhar ,mas creio que a vossa satisfação não será menor.

Se me quiserem facilitar podem-me dar em duas ou três linhas um resumo do vosso "curriculum", pão pão , queijo queijo, para não virmos a saber por outros aquilo que a natural modéstia por vezes pode esquecer de mencionar.

E não esqueçam a Guiné: em que anos, em que unidades ?Companhia, batalhão, navio em que foram, quartéis do mato onde estiveram… navio de regresso… e alguns detalhes mais que queiram partilhar connosco...

E se nos puderem ajudar com alguma informaçnao dos que seguem, se alguma tiverem, mesmo pouca, fico agradecido:

José de Sousa Brandão ( do meu curso de Montariol, Varatojo, Leiria) já falecido.

Manuel faria da Silva Estrela, também falecido.


Manuel Gonçalves….

Gostaríamos de saber quando estiveram na Guine e a que unidades pertenciam . E mais alguma info, se for o caso. E se não tiverem, eu vou ter de ter paciência ; e vocês terão de ter paciência e compreensão pela minhas perguntas…


Lembrando com saudades...

E notícias recentes:.

Nós estamos bem; a Vilma está óptima já e eu estou ainda a cuidar uma "ciática"; já deixei as muletas e agora já ando de simples bengala; mas... já está quase boa…

Quanto a notícias,...

1--Esta foi notícia que me encheu de alegria e, sem intuitos de falsa modéstia, muito e creio justificado orgulho, pelo papel que nela desempenhei [na reabilitação da memória de Aristides Sousa Mendes]


2— Esta não tem nada de especial; mas diz como passamos parte do nosso tempo, aqui em Queens, Nova Iorque; e como veio no jornal, aqui está a título de info.


Digam algo, sim?!


Um Grande abraço de Paz e Bem.

____________

Notas do editor:

(*) 6 de outubro de 2020 > Guiné 61/74 - P21425: Efemérides (337): O 4 de Outubro, dia do meu mentor espiritual, Francisco de Assis (1181-1226)... É uma ocasião também para lembrar os 7 capelães do Exército, no CTIG, que eram da Ordem dos Frades Menores (João Crisóstomo, Nova Iorque)

(...) Além do Horácio Neto Fernandes (nº 42) (, que esteve no CTIG de 1/11/1967 a 3/11/1969), cite-se mais os seguintes capelães, da Ordem dos Frades Menores (OFM), por ordem alfabética:

José António Correia Pereira (nº 84): de 26/3/1972 a 21/3/1974;
José de Sousa Brandão (nº 79): de 25/9/1871 a 22/12/1973;
José Marques Henriques (nº 97): de 28/4/1974 a 9/10/1974):
Manuel Gonçalves (nº 58): de 19/7/1969 a 30/6/1971;
Manuel Maria F. da Silva Estrela (nº 11): de 27/9/1963 a 14/8/1965;
Manuel Pereira Gonçalves (nº 91): de 28/5/1968 a 29/6/1974):

Pode ser que algum leitor nos ajude a localizar o batalhão a que pertenceram estes capelães franciscanos. (...)

6 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

João, 

admiro o teu voluntarismo, generosidade, empatia, proatividade, solidariedade, mas também humildade e simplicidade... Nâo paras quieto, nem mesmo com uma "ciática" a obrigar-te a repouso... 

Para além dos teus traços de personalidade, há aqui também a matriz cultural da tua formação: estudaste nos colégios da OFM, como muitas centenas de miúdos e jovens da nossa geração. E tens orgulho nisso.

Estudar, para além da "escolar primária" (que nos dava a mais elementar das ferramentas para um homem poder ir à sau vida: escrever, ler e contar...), era um luxo reservado a uma minoria dos portugueses do nosso tempo, nos anos 50/60.

Muito poucos jovens realizaram a sua "vocação", ou seja, chegaram à meta, foram ordenados sacerdotes, foram para as missões católicas em África, foram professores, foram pregadores, ou simplesmemte foram paroquiarfreguesias remotas, pobres e humildes do Portugal Produndo...

Sete, pelo menos, dos teus antigos confrades foram capelões... Centenas, milhares de ex-seminaristas, da OFM, de outras ordens e do clero secular, fizerm a tropa e a guerra, como capitães, alferes e sargentos milicianos...

Não há estudos sobre isto (, o que é lamentável!), mas tudo indica que foram alguns milhares, os ex-seminaristas, nos 3 teatros de operações...E foram militares de grande valor, com uma sólida e coerente formação, no plano físico, moral, espiritual, cívico, literário e cultural... Não havia companhia na Guiné que não tivesse um ex-seminarista!...

Não conheço, ou conheço muito mal, a história da OFM em Portugal, ordem que deu pelo menos 7 capelães militares para a Guiné. Estás a tentar "resgatar" a sua memória, num trabalho meritório que merece o nosso aplauso, e valendo-te da tua vastíssima rede de contactos...

Oxalá/enxalé/insh'Allá sejas bem sucedido... Mas vê te poupas um pouco que a Vilma e a Tabanca Grande precisam de ti. Não te esqueças que já não tens 20 anos... Nâo te esqueças sobretudo do provérnio do tempo dos nossos avós: "Muita saúde e pouco vida, que Deus não dá tudo!"...

Chicorações, para ti e Vilma. Luís  

Tabanca Grande Luís Graça disse...

João...

By the way: tenho ideia que o "nosso exército" tratou mal os capelães, que já de si eram poucos... se considerarmos que, no total, tivemos um milhão de homens em armas, de 1971 a 1975... Não só o exército como a própria a Igreja... E a sua formação dos capelães era deficiente... "Eram lançados à feras", veja-se o caso do nosso Horácio Fernandes, já aqui contado na primeira pessoa do singular...

O 1º curso para capelães foi em... 1967. Mas isso é outra história, material para outros postes...

antonio graça de abreu disse...

Aos treze, catorze anos, educado, formatado nos bons valores da doutrina cristã, com Jesus e Nossa Senhora a meu lado, também pensei em entrar num seminário, e depois, ordenado padre, me preparar para a difícil missão, partir pelo mundo como missionário, divulgando a extraordinária mensagem de Cristo, ajudando a levar gentes ao Céu. Não foi esse o meu percurso, desacreditei na bondade humana, falsa, envolta em quase todas as suas tintagens e cores. Ainda hoje é assim, até neste blogue, diante de um desfilar de vaidades, dia sim, dia não.
Abraço,

António Graça de Abreu

Joaquim Luís Fernandes disse...

Joaquim Luís Fernandes
Pouco assíduo na visita ao Blogue, deparei-me hoje com este interessante Post, a relembrar os capelães militares da OMF que o foram no CTIG.
A forma elevada como o assunto é tratado, a contrastar com alguns posts que aqui foram publicados sobre os capelães militares,que muito me desgostaram, encorajou-me a participar, comentando. Tanto mais que tive a oportunidade de conhecer em 2014 um dos capelães referidos, o P.José Marques Henriques, que em 1973, foi a Teixeira Pinto, hoje Canchungo, com o Perfeito Apostólico de Bissau, para ser apresentado ao pároco local que iria substituir. Essa visita viria a provocar um grave acidente com a avioneta pilotada pelo Perfeito Apostólico, ao embater com a ponta da asa na cabeça de um dos soldados do meu pelotão que faziam segurança na pista de aviação,provocando-lhe grave traumatismo craniano.

O P.José Marques Henriques ficou na Guiné após a independência. Anexo texto de um seu paroquiano de Cacheu, Lúcio Rodrigues, actual Régulo de Bachile, que nos apresenta uma resenha do modo como o P. Henriques é estimado e acarinhado pelos habitantes da região de Cacheu e que tive a oportunidade de testemunhar em dois encontros, da comunidade manjaca em Lisboa, com dois dos seus evangelizadores na Guiné, P. José Marques Henriques e P.José Casal Martins.

Lúcio Rodrigues
José Marques Henriques
5 de abril ·
COISAS DO DESTINO!
REENCONTRO DE PAI E FILHO
Oito anos passados, depois de, por motivos de doença que persistia no seu corpo, o Padre José MARQUES HENRIQUES, ter sido obrigado a voltar para Portugal em "definitivo", tive uma revelação durante a noite de hoje (sonho), de ter-mo-nos reencontrado aqui na GUINÉ, no meio de uma multidão, onde não teve dificuldades de me reconhecer de costas, e sem exitar, chamou me pelo nome. Reconheci-lhe a voz e foi um reencontro de facto, de Pai e filho.
Como se não bastasse a visão do sonho, não é que pela primeira vez, depois de sua ida para Portugal, hoje, por volta das 16:30mn, recebo uma chamada telefônica do Senhor meu TUTOR, Padre Zé Henrique como é nos habitual lhe chamar e a conversa durou mais de 15 minutos.
Que saudades dessa voz pedagoga.
Que Domingo de RAMOS e PRINCÍPIO de semana Pascal deslumbrante. O meu Espírito ENCHEU de alegria e satisfação. NESTA CONTENTI DIMÁS (uma das suas composições).
Sublinho que este senhor foi meu TUTOR DE MEMORIAS durante mais de uma década de vivências cotidianas.
Ensinou-me a Perdoar, Amar, Respeitar, Considerar, ouvir e escutar, Aprender e ensinar, em fim ensinou me a ser HOMEM e a respeitar os VALORES E PRINCÍPIOS QUE REGEM UM SER E A SOCIEDADE HUMANA. Um autêntico PEDAGOGO DA JUVENTUDE. MATEMÁTICO POR EXCELÊNCIA E MÚSICO QUE SÓ EU POSSO TESTEMUNHAR. MUITAS DELAS FORAM INSPIRADAS NO CARO ("PEYJOT" 504 caixa aberta), durante as viagens que fazíamos para a evangelização.
Acompanhei-o em quase todas as tabancas (aldeias) do chão manjaco, a levar a Boa Nova do Senhor e a semear a Igreja Católica.
O Pe. Henriques chegou à Guine-Bissau, nos primórdios dos anos 70, ainda muito jovem a cumprir a vida militar, como capelão na igreja de Cacheu e Canchungo, tendo como Pároco, o Padre Faustino, e mais tarde, no pós independencia da GUINÉ, como Pároco na mesma paróquia, nas companhias do Padre José Casal Martins e Frei Augusto.
Conheci-o entre 1977/78, com a revitalização da Igreja Católica na GUINÉ e o surgimento de GRUPOS DE JOVENS nas Paróquias.
O Padre Henriques fez me HOMEM e Muitos outros hoje espalhados por estes quatro cantos do mundo, também passaram pela sua orientação.
Em nome de todos os da minha geração, um muito obrigado tamanho de Mundo ao Padre Zé Henriques.
LBR

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Joaquim Luís Fernandes, é uma alegria saber de ti!...Gostei muito do teu comentário, que tomo a liberdade de transformar em poste. Mantenhas. Luís Graça

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O Joaquim Luís Fernandes (ex-Alf Mil da CCAÇ 3461/BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, 1973 e Depósito de Adidos, Brá, 1974) tem 14 referências no nosso blogue:


https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/Joaquim%20Lu%C3%ADs%20Fernandes