quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Guiné 61/74 - P21784: Álbum fotográfico de António Marreiros, ex-alf mil, CCaç 3544, "Os Roncos", Buruntuma, 1972, e CCaç 3, Bigene e Guidage, 1973/74 - Parte III: População de Buruntuma, 1972


Foto nº 1


Foto nº 2



Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 5

Guiné > Região de Gabu > Buruntuma  >    CCAÇ 3544, "Os Roncos de Buruntuma" > 1972 > População local.

Fotos (e legenda): © António Marreiros (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de camarada António Marreiros [ a viver há quase meio século no Canadá (Victoria, BC,  British Columbia), ex- alferes miliciano em rendição individual na Companhia CCaç 3544, "Os Roncos", Buruntuma, 1972, e, meses depois, transferido para Bigene, CCaç 3, até Agosto 1974]:
 
Date: segunda, 18/01/2021 à(s) 19:41
Subject: Álbum de fotografias
 

Olá a todos,

Festejei ontem is 70 anos e hoje envio mais um grupo de fotos de Buruntuma em 1972.

Desta vez são imagens da população que,  por vezes, gostava de ser fotografada. 

Dependia do momento, etenia, idade ou da religião. Para alguns a máquina fotográfica era tabu que os amedrontava. Fui aprendendo a respeitar os seus desejos e só capturar momentos quando me permitiam.

Um abraço,

Antonio Marreiros
(Canada)
Sent from my iPhone
___________

Nota do editor:

10 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Parabéns, António, pelos 70 aninhos... Deixes de ser SEXA, mudas de classe, a dos SEPTUA... Para o ano, se assim nos autorizares, passamos a publicar um "cartanito de parabéns" no teu dia...Se lá chegarmos, como eu espero.

Manda um email para o nosso coeditor Carlos Vinhal a dizer que dás o teu OK e tens muito gosto em dizer à Tabanca Grande que estás vivo e que para o ano vais fazer 71...

Vens cá á santa terrinha com alguma frequência ?

Saúde e longa vida que os amigos e camararadas da Guiné merecem tudo!,,,

Ah!, e obrigado pela partilha do teu álbum fotográfico.

Vºe aqui as fotos da população local que o veteraníssimo Jorge Ferreira (, alferes, 1961/63) tirou em Buruntuma uma dezena de anos antes de ti!

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/Jorge%20Ferreira

Tabanca Grande Luís Graça disse...

António:

Vê este vídeo do Jorge Ferreira no You Tube com música afromandinga doutro nosso tabanqueiro,
Mamadu Baio.

O vídeo é feito com uma seleção das belas fotos do livro "Buruntuma: 'algum dia serás grande', Guiné, Gabu, 1961-63". (Jorge Ferreira, Edição de autor, Oeiras, 2016).

Vais gostar, é uma prenda de anos!

https://www.youtube.com/watch?v=7DpDvzE4faY&t=32s

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Já mandei um mail ao Jorge Ferreira para ele conhecer o seu "periquito"... LG

Cherno Baldé disse...

Comentarios sobre as fotos de Antonio Marreiros (Ex-Alf. Miliciano da CCAC 3544_1972/74_Buruntuma...):

Foto 1_Lindas “Bajudas” de Buruntuma na idade dos 14/15 anos em desfile de moda dos anos 70, que chegou até a Guiné vindo da Europa apos a revoluçao social da juventude de 68.

Ha poucos anos atras, recebi fotos da parte de um amigo, ex-militar que pertencia a companhia 3549 (1972/74), com imagens de Bajudas de Fajonquito com este tipo de vestidos. Procurei uma das mulheres retratadas na foto pensando que gostaria de ver e lembrar da sua juventude, mas qual nao foi a minha surpresa, quando colocada perante o dilema dos contrastes do ontem e d’hoje disse as filhas que eu estava equivocado e que nao era ela de jeito nenhum.

Foto 2_Mulheres indo a cidade ou ao posto sanitario em dia de vacinas ou consulta para as crianças, tratar-se-a, muito provavelmente, de mulheres de soldados nativos ou da milicia estacionada em Buruntuma que tinham tempo e recursos para melhor se aprumar e mostrar-se na vila com sandalias a condizer com a sua classe.

Foto 3_Mulheres em repouso de amamentar os filhos/as. O penteado (pouco cuidado) da mulher em primeiro plano diz-nos que ela ja entrou ou esta prestes a entrar para a classe respeitada mas pouco desejada de mulher-grande entre os fulas, através dos rolos de cabelo acrescentados dos dois lados da cara.

Foto 4_Mulher-grande a preparar o linho de algodao para confecçao de vestuario. Esta arte multisecular que talvez existiu desde os tempos do Egipto antigo, foi o metodo usado pelos povos sudaneses (Sahelo-saharianos) para o fabrico artesanal de vestuario e que, com as migraçoes, teriam transmitido aos povos do litoral. Durante seculos, as mulheres fulas plantavam algodao junto as suas habitaçoes, preparavm o linho e os homens fabricavam vestuarios para si e os seus Susseranos mandingas e biafadas no territorio do antigo imperio de Kaabu (Gabu), existem registos. Mas, paradoxalmente, hoje em dia, sao os povos do litoral (Papel e Manjaco) que a reivindicam como cultura original. As mulheres preparavam o linho e os homens (tecelaos?) se encarregavam de confeccionar as bandas de tecido a que o viajante Veneziano, Cadamosto, ao serviço de D. Afonso Henriques, fala largamente nas suas cronicas de viagem a Senegambia. O comercio triangular e a colonizaçao que se seguiu no séc. XIX deu cabo desta arte em Africa privilegiando o comercio de tecidos fabricados na europa.

Foto 5_O vendedor de cabazes, na altura eram os utensilios domesticos mais usados que serviam para tudo em casa. Os cabazes sao fabricados de frutos de uma planta rastejante depois de secos e bem trabalhados. Historicamente, eles substituiram os utensilios de barro mais antigos. Ha quem acredite que faziam bem a saude, pois no decurso da sua utilizaçao iam se desgastando e as suas substancias (vitaminas ou antibioticos) eram consumidas junto com os alimentos sem dar por isso.

Obrigado Antonio Marreiros, as tuas fotos bem trabalhadas merecem uma exposiçao sobre arte e cultura dos povos da Guiné e d’Africa Ocidental.

Com um abraço amigo,

Cherno Baldé

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Digam-me lá, amigos e camaradas, guineenses, cabov-verdianos e portugueses... não é uma pequena que estas e muitas outras fotos dos álbuns dos "tugas" desapareçam para sempre, quando os seus "donos" morrerem ?...

A fotografia, desde que tenha um mínimo de qualidade técnica (e estetética) é sempre um documento para a Históra...E estas mulheres e crianças de Buruntuma não deverãoo ter, na sua posse, muitas fotos do ano de 1972...

Grande "ronco", António!

Valdemar Silva disse...

Parabéns caro António Marreiros e bem-vindo ao clube dos sptuas. É chato estar nos "se tentas", mas pelo menos vamos tentando.
Caro Cherno Balé.
Provavelmente houve confusão com D. Afonso Henriques e o Infante D. Henrique que foi pra quem Cadamosto descobriu as costas da Senegâmbia, no séc. XV.
Lembro-me de na nossa "Rádio Lacrau", em Paunca, que era ouvida nas telefonias da toda Tabanca, para haver uma aproximação com a população acordada durante o período de vigilância até às 22 horas, fazermos um Concurso. Nesse Concurso, aberto à população (havia um locutor fula), as perguntas eram sobre determinada época, acontecimento, objecto, etc. e houve um dia que foi saber a cor da flor do algodoeiro.
A "Rádio Lacrau" foi uma ideia do nosso fur.mil. trans. Silva que através dum Racal? punha no ar música dos discos do Abílio Duarte, concerto de acordeão do Cândido Cunha, estórias do Velho Lacrau do 2º. sarg. Almeida e eu organizava os Concursos que até davam direito a um prémio ao vencedor. Foi uma ideia muito interessante e julgo que inédita no interior da Guiné.
Quanto à questão do algodão e do linho, que são vegetais bem diferentes utilizados na confecção do vestuário sendo o algodão sacado da flor do arbusto e o linho que nasce junto de ribeiros sacado do próprio arbusto depois de ressequido. Julgo que na Guiné não havia o cultivo do linho.
Não havia dúvidas que as mulheres dos nossos soldados fulas davam nas vistas quando apareciam bem vestidas em Canquelifá e em Paunca. O dinheiro ganho na tropa, como que profissionais desarranchados mais o dinheiro de lavadeiras dava-lhes um "estatuto financeiro" para apresentar manga de ronco.

Abracelos e saúde da boa.
Valdemar Queiroz

Anónimo disse...

Caro Valdemar,

Obrigado pela ajuda nas explicações sobre algumas confusões na explanação dos conteúdos apresentados. Na verdade, são muitos D. Henriques para a minha pobre cabecinha, até parece que estou a entoar a "Portuguesa" de tanta confusão junta.Acho que o essencial está dito.

Agora, retomando o tema retróspectivamente e bem vistas as coisas, acho que o ano de 1972 foi o periodo áureo, o ponto mais alto a que a Guiné teria chegado, todos os aspectos considerados e paralelamente terá sido o inicio do fim do período Spinolista na Guiné. No Chão fula, nessa altura, todos os jovens queriam ser milícias e todos os milícias queriam ser soldados do exército como forma mais rápida de ascenção social e por outro lado todas as Bajudas sonhavam com um jovem fardado que a levasse para longe e proporcionasse os meios para exibir a sua classe junto dos seus. Houvesse vontade e meios, ainda ganhavam os aquela guerra (a petróleo?).

Caro Valdemar e qual é a cor, finalmente ?

Cherno AB

Valdemar Silva disse...

É verdade, Cherno Baldé.
A rapaziada da minha CART.11 quando estacionava uns dias numa Tabanca, ou até de passagem, os homens grandes (mauro gorco) apresentavam de imediato reclamações dos nossos soldados fulas manga de ronco com a bajudas.
Com certeza que a presença de milhares de europeus e grande parte da população masculina na tropa a receber patacão, toda a economia da Guiné se desenvolveu pese, embora, no terreno apenas se verificar a construção de estradas que atravessavam por zonas de antigas pequenas tabancas agora desertas por abandono da população devido à guerra.
A flor do algodoeiro é branca e foi a resposta que ganhou (chocolate?), mas também há a flor amarela e rosa que não sei, concretamente, a razão.

Valdemar Queiroz

Antonio Marreiros disse...

Mais uma vez obrigado Cherno pelo comentário sobre as fotos.

Ainda bem que as guardei e vieram comigo para o Canada. Agora ainda têm mais significado sabendo os promenores sobre os costumes das pessoas fotografadas e com mais gente a ver e a falar no assunto. Este tipo de documento é melhor ser partilhado do que apenas fechado num album de recordaçōes.Vou juntar esta informação com as fotos para tentar impedir que um dia sejam destruídas.
E rapaziada... os 70 ainda não pesam muito, vou tendo cuidado e continuo optimista.Ainda me poço dobrar para cortar as unhas dos pés...ah,ah !
Um abraço
Antonio Marreiros

Antonio Marreiros disse...

Luis Graça,
Sim gostei muito de ver o documento fotográfico em video do Jorge Ferreira. Imagens valiosas de um tempo que já se foi. Mesmo em 10 anos já se notam grandes diferenças em 1972.
O J.Crisostomo telefonou-me de N.York ontem mas por azar com tão má recepção que desistimos. Vamos tentar outro dia.
Quando os meus pais eram vivos ia à terra quase todos anos mas a partir de 2006 só vou de 2 em 2 porque quero conhecer outros países e o tempo vai escasseando...estive no Algarve pelo carnaval e finalmente visitei os Açores.Com o confinamento voltei ao Blog e tem sido uma boa viajem , diferente mas valiosa.
Fala-se em neve esta tarde mas por enquanto só chove.
Um abraço
Antonio Marreiros