sábado, 20 de fevereiro de 2021

Guiné 61/74 - P21924: (Ex)citações (382): O 1º Cabo RD "Estraga a Tábua" que eu conheci em 1962, no então BC 10, mais tarde, RI 19, Chaves (E. Esteves Oliveira)


1. Mensagem do nosso leitor e camarada Esteves de Oliveira, que foi E. Esteves de Oliveira Ex-oficial miliciano de Infantaria, Guiné 1963-65, Angola 1965-66, Moçambique 1966, nascido em Angola, autor do blogue "A Sopa dos Pobres"


Data: segunda, 15/02/2021 à(s) 19:38
Assunto: O Estraga a Tábua

Caro Luís,


Que fantástico ler no post do Joaquim Costa a história do Estraga a Tábua, que eu conheci no BC 10 (mais tarde RI 19) em 1962, era ele então 1º. cabo RD [Readmitido] mas já senhor da alcunha - o homem era o faz-tudo mais desajeitado do Exército português, mas ia-se safando das porradas e das mobilizações (estas graças aos chamados autos de amparo). (*)

Do Forte de São Francisco também tenho boas recordações: quando por lá passei albergava duas companhias de recruta e os respectivos graduados - apesar de curta, a distância entre o Forte e o quartel dava-nos uma relativa independência, além de as inúmeras divisões desocupadas proporcionarem "actividades não curriculares" com algum conforto, comparadas com a do Ferreira, camarada do Costa. (**)

Um alfa-bravo do
Esteves de Oliveira
http://asopadospobres.aboutlisboa.com/
___________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 13 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21893: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-fur mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte II: A minha passagem pela maravilhosa cidade de Chaves depois do martírio de Tavira

(...) Foi neste moderno e agradável quartel que tive o grato prazer de conhecer o pai do malogrado e excelente jogador de futebol do FCP, Pavão, que teve morte súbita em pleno estádio das Antas no fatídico dia 16 de dezembro de 1973. (...)

Era sargento, excelente pessoa, mas rezava a história, no quartel e na cidade, sem grande jeito para os trabalhos manuais. Contava-se que um cão rafeiro apareceu no quartel e logo foi adotado por todos, desde o comandante ao soldado raso. Dado que o canino não tinha sitio para dormir e abrigar-se dos dias mais agrestes, foi decidido construir-lhe uma casota. Logo o bom sargento se ofereceu para a tarefa, tendo sido feita uma coleta para comprar a madeira necessária para a obra.

O homem comprou a madeira e muniu-se das ferramentas necessárias, nas oficinas do quartel, e dum projeto de casota elaborado por um habilidoso em desenho. Mede e volta a medir, corta aqui, corta ali, corta acolá, e montadas as peças nenhuma bateu certo com o projeto. Volta a medir a cortar aqui, a cortar ali e acolá, voltou a montar e ainda pior.

O comandante, que também tinha contribuído para a casota, ao fim de uns dias, vendo que o cão continuava a dormir em todo o sítio manda chamar o sargento para saber da casa do cão. O sargento, muito constrangido, e à espera do pior, lá foi contando as peripécias da construção da dita casota acabando por confessar que nem tinha casota nem tinha tábuas. O bom comandante, dando uma grande gargalhada, virou-se para o velho Sargento e diz-lhe: 

 – Ah!, homem do diacho, fizeste-me à tábua o que o diabo fez à coisa: para além de não construires a casota ainda me estragaste a tábua!...

E assim nasce a alcunha do Sargento Neves – O Estraga a Tábua. (...)

1 comentário:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Parece que era uma figura flaviense popular na cidade, o pai do Pavão... Também não sabia que
Fernando Pascoal das Neves (, de alcunhão, Pavão) tinha sido "o melhor jogador de futebol flaviense de todos os tempos"...

https://chaves.blogs.sapo.pt/120733.html