terça-feira, 1 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22246: Agenda Cultural (772): Convite para a apresentação online do romance "Angoche - Os fantasmas do Império", por Carlos Vaz Ferraz; Porto Editora, 2021



1. Mensagem do nosso camarada Carlos Matos Gomes, Coronel Cavalaria Reformado (ex-2.º CMDT Batalhão de Comandos da Guiné, 1972/74), escritor e historiógrafo da guerra colonial, com data de 31 de Maio de 2021:

Minhas amigas e meus amigos,
Tenho o prazer de vos convidar para a apresentação do romance "Angoche - Os Fantasmas do Império", da Porto Editora.

Esta apresentação será feita online, através dos links que constam deste email. Terá lugar amanhã, dia 1 de Junho, das 21 às 22 horas. Será moderada pelo editor Vasco David, desenrolar-se-á sob a forma de uma conversa, com interrogações e dúvidas, entre mim e o comandante Carlos de Almada Contreiras, que fez parte de um dos navios portugueses envolvidos no bloqueio do Porto da Beira, em 1966. Será possível a intervenção dos assistentes.

Trata-se de um romance cujo enredo procura desvendar os interesses que estiveram na origem do que aconteceu ao navio mercante Angoche e à sua desaparecida tripulação, e, a partir dos interesses, chegar aos seus autores.
As personagens do romance são homens e mulheres envolvidos, como tantas vezes acontece, em situações que os ultrapassam.
As respostas a que cheguei são apenas deduções e premonições do que poderia ter acontecido.
A Porto Editora e eu estamos a procurar a melhor oportunidade para uma apresentação ao vivo, sujeita aos condicionalismos do tempo presente.

Aqui vos deixo os links para a apresentação do dia 1 de Junho:
Youtube - https://youtu.be/qXJkFzqA7Us
Facebook - https://www.facebook.com/PortoEditora/posts/4114022285301916
Facebook (evento) - https://www.facebook.com/events/2668635700093451/



Sinopse:

Nacala, 23 de abril de 1971. Um navio da Marinha mercante portuguesa parte desse porto moçambicano com destino a Porto Amélia (hoje, Pemba). A bordo leva a tripulação e um civil, num total de vinte e quatro almas, bem como um importante carregamento de material de guerra destinado ao Exército português no Ultramar. No dia seguinte, de madrugada, um petroleiro encontra esse mesmo navio, de seu nome Angoche, à deriva, incendiado e sem ninguém a bordo, como se de um navio-fantasma se tratasse. De imediato, a PIDE/DGS abre um inquérito. Os relatórios iniciais mencionam duas explosões, e as teorias para o que aconteceu surgem em catadupa. Não faltam presumíveis culpados a quem apontar o dedo, mas não há provas. Para adensar o mistério, na noite do desaparecimento do Angoche, uma portuguesa, que trabalhava num cabaré da cidade da Beira e é tida como amante de um oficial da Marinha, cai de um edifício. Suicídio ou assassinato, as circunstâncias da sua morte nunca são verdadeiramente esclarecidas, e a dúvida paira… Depois do 25 de Abril, os relatórios da PIDE/DGS desaparecem. A carcaça do navio, ancorado no porto de Lourenço Marques, acaba por ser afundada. Se testemunhas houve, não falam. Estes são os factos. A partir deles, Carlos Vale Ferraz constrói um romance puramente ficcional, embora essencial e certeiro, sobre moralidade e heroísmo; e onde se demonstra como a imagem de um país se pode construir, não de verdade e justiça, mas da glorificação dos seus mais vergonhosos feitos.


Com a devida vénia a Almedina
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Nota do editor

Último poste da série de 27 DE MAIO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22228: Agenda Cultural (771): Publicação do romance "Além do Bojador", de Manuel Fialho (nova edição reunida e revista), editado por Grupo Narrativa (Carlos Silva, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2548)

10 comentários:

Anónimo disse...

O antigo oficial da marinha Victor Crespo, que já não está vivo deve ter levado com ele alguns segredos acerca do angoche.
Carlos Gaspar

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Carlos, todos nós vamos levar para a cova segredos da "nossa guerra", que não quisemos ou não pudemos partilhar, por escrito, com os camaradas, os amigos, os filhos, o psiquiatra, o confessor... Temos direito ao silêncio... LG

Valdemar Silva disse...

Carlos Gaspar, não percebo o teu alinhamento com as tendências dos relatórios do "culto, bondoso e frágil" Casimiro Monteiro e do "limpa pistas" Óscar Cardoso, ambos rapazes de "finas e insuspeitas conjecturas". Mas tu lá sabes.
As aspas utilizadas não são, propriamente, para realçar a adjectivação.

Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Antº Rosinha disse...

É costume ouvir que pouco se fala e escreve sobre a guerra em África que as nossas gerações recentes testemunharam.

Carlos Matos Gomes é uma grande prova que isso não é verdade.

E ele próprio é de opinião, que de todas as guerras em que nos vimos metidos na nossa história, nenhuma foi tão descrita como esta.

E ele também é de opinião que são os portugueses que não gostam de ler, por isso essa conversa de que se fala pouco desta guerra.

Carlos Matos Gomes deve ser um militar que mais sabe de África, sou de opinião que ele ainda sabe mais do que aquilo que nos mostra, é pena, para mim, não romancear um pouco menos.

Talvez por ter direito "aos silêncios", como diz o nosso Luis Graça.

Carlos Matos Gomes escreve como um autentico africanista.

Anónimo disse...

Luis não ponho em causa o que dizes e é verdade.Mas a nossa democracia também não está isenta neste caso do Angoche, que quanto a mim tem tantas culpas como o estado anterior ao 25 de abril.Um porque manteve o caso em segredo.E o outro pós 25 que nunca falou nem investigou o que se passou, quanto mais não fosse para sossego e tranquilidade das famílias que nunca fizeram o luto.
Um abraço
Carlos Gaspar

Anónimo disse...

Valdemar eu é que não percebo o teu alinhamento, o que é que tem a ver o que eu disse com a pide o Oscar Cardoso ou o Casimiro?Eu sei tanto como tu, lê e investiga.
às vezes não há pachorra para as tuas conjecturas.Mas se tens algum sentido de justiça porque não te preocupas com os familiares do Angoche que ainda hoje não sabem nada deles inclusive o comandante do Angoche que era da Ericeira.
Abraço
Carlos Gaspar

Valdemar Silva disse...

Carlos Gaspar
O Casimiro fez a recepção em Moçambique e o Óscar fez o relatório por cá, tanto um como o outro construíram a história para ninguém saber ao certo o que realmente se passou.
Os familiares dos desaparecidos estão à espera desde o momento que o petroleiro estrangeiro encontrou o Angoche à deriva.
Pois, então, o que sabemos é o que está escrito sobre o caso e dá para se criar conjecturas a escolha é da vontade do freguês, só que nestes casos em que entra a pide dá para sobrar sempre para o mesmo lado de culpar o 25 de Abril.

Abraço
Valdemar Queiroz

Anónimo disse...

Valdemar tudo bem, mas o que é certo, continua tudo em segredo.O antigo regime foi o que sabemos, e os novos democratas que se seguiram (alguns travestiram-se) continuaram em segredo.Estranho não?Ou talvez não.
Carlos Gaspar

Hélder Valério disse...

Caros amigos

Eu, nestas coisas, sou um "crente" e pois isso até cheguei a perfilhar a ideia de que poderiam ter sido extra-terrestres a raptar aquelas pessoas do Angoche.
No entanto, agora ao relembrar, por estes poucos escritos, que os arquivos da "prestimosa" tinham desaparecido (milagrosamente ou prudentemente?) começo a inclinar-me que naquele caso deve ter havido "coisa". E cabeluda!

Uma coisa é certa. Sabe-se muita coisa mas, espremido, não se chega a saber a verdade.
Talvez um dia, quem sabe?

Hélder Sousa

Anónimo disse...

Hélder não se chega a saber a verdade, porque a verdade é inconveniente.Embora já tenham morrido alguns, bastantes intervenientes, outros sabem mas não lhes convém falar.Há comandantes da marinha mercante que souberam alguma coisa deste caso e no estrangeiro sabe-se mais do que se fala em Portugal.è o pais que temos.Aliás este pedaço de terra a que chamam de brandos costumes não é assim tão brando.Pois a nossa história está enlameada de sangue, sejam monárquicos ou republicanos.
Carlos Gaspar