Foto nº 2 > Mosteiro de Yuste, Estremadura, Espanha: leito de morte de Carlos V (1500-1558)
Foto nº 3 > Mosteiro de Yuste, Estremadura, Espanha: Isabel de Portugal (1503-1539), filha de D. Manuel, irmã do nosso D. João III, mãe de Filipe II
1. Continuação da série "Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo" (*), da autoria de António Graca de Abreu [, ex-alf mil, CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74.
Escritor e docente universitário, sinólogo (especialista em língua, literatura e história da China); natural do Porto, vive em Cascais; é autor de mais de 20 títulos, entre eles, "Diário da Guiné: Lama, Sangue e Água Pura" (Lisboa: Guerra & Paz Editores, 2007, 220 pp); "globetrotter", viajante compulsivo com duas voltas em mundo, em cruzeiros.
É casado com a médica chinesa Hai Yuan, natural de Xangai, e tem dois filhos dessa união, João e Pedro; é membro da nossa Tabanca Grande desde 2007, tem mais de 275 referências no blogue.
Último poste da série > 27 de maio de 2021 > Guiné 61/74 - P22227: Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo (António Graça de Abreu) - Parte VII: Peru, Lima, fevereiro de 2020
Escritor e docente universitário, sinólogo (especialista em língua, literatura e história da China); natural do Porto, vive em Cascais; é autor de mais de 20 títulos, entre eles, "Diário da Guiné: Lama, Sangue e Água Pura" (Lisboa: Guerra & Paz Editores, 2007, 220 pp); "globetrotter", viajante compulsivo com duas voltas em mundo, em cruzeiros.
É casado com a médica chinesa Hai Yuan, natural de Xangai, e tem dois filhos dessa união, João e Pedro; é membro da nossa Tabanca Grande desde 2007, tem mais de 275 referências no blogue.
Mosteiro de Yuste, Estremadura, Espanha, 2003
Primavera de 2003. Subo a encosta por antigos caminhos, entre carvalhos e castanheiros, bosques de zimbro e azinheiras. No jardim, uma velha nogueira deu sombra a Carlos V, amigo de Fernão de Magalhães, monarca das Espanhas, imperador do Sacro Império Romano-Germânico.
O mosteiro de São Jerónimo, do ano de 1415, jaz hoje alquebrado na Estremadura castelhana, rasgado, construído com pedra da montanha. Aposentos reais, a igreja, um claustro gótico, outro renascentista.
Venho ao encontro do rei-imperador Carlos V, envelhecido, decrépito, a doença, a gota, o bem e mal de viver e governar. O augusto soberano viu morrer a sua Isabel portuguesa, filha de D. Manuel, irmã do nosso D. João III, mãe de Filipe II, tão jovem, tão formosa, tão amada, tão cedo de partida. Ficou o sucessor, Filipe, príncipe para todos os poderes, para todos os reinos, para todas as virtudes.
Neste mosteiro de Yuste, o quarto de Carlos V. Desde há quinhentos anos, panos negros e dourados permanecem suspensos nas paredes frias. Ao fundo, a porta para a igreja e a cama do rei voltada para o altar de Deus, o monarca preparando-se para a última viagem, ao encontro da esposa, Isabel de Portugal.
Simplicidade solene nos espaços da vida e da morte.
Regresso ao jardim. Carlos e Isabel na brisa da tarde. Dois cisnes negros deslizam no lago.
António Graça de Abreu
Primavera de 2003. Subo a encosta por antigos caminhos, entre carvalhos e castanheiros, bosques de zimbro e azinheiras. No jardim, uma velha nogueira deu sombra a Carlos V, amigo de Fernão de Magalhães, monarca das Espanhas, imperador do Sacro Império Romano-Germânico.
O mosteiro de São Jerónimo, do ano de 1415, jaz hoje alquebrado na Estremadura castelhana, rasgado, construído com pedra da montanha. Aposentos reais, a igreja, um claustro gótico, outro renascentista.
Venho ao encontro do rei-imperador Carlos V, envelhecido, decrépito, a doença, a gota, o bem e mal de viver e governar. O augusto soberano viu morrer a sua Isabel portuguesa, filha de D. Manuel, irmã do nosso D. João III, mãe de Filipe II, tão jovem, tão formosa, tão amada, tão cedo de partida. Ficou o sucessor, Filipe, príncipe para todos os poderes, para todos os reinos, para todas as virtudes.
Neste mosteiro de Yuste, o quarto de Carlos V. Desde há quinhentos anos, panos negros e dourados permanecem suspensos nas paredes frias. Ao fundo, a porta para a igreja e a cama do rei voltada para o altar de Deus, o monarca preparando-se para a última viagem, ao encontro da esposa, Isabel de Portugal.
Simplicidade solene nos espaços da vida e da morte.
Regresso ao jardim. Carlos e Isabel na brisa da tarde. Dois cisnes negros deslizam no lago.
António Graça de Abreu
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Nota do editor:
Último poste da série > 27 de maio de 2021 > Guiné 61/74 - P22227: Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo (António Graça de Abreu) - Parte VII: Peru, Lima, fevereiro de 2020
7 comentários:
Ramiro Jesus (by email)
data - 5 jun 2021 19:22
assunto - uma constatação
Boa-tarde, companheiros e ex-camaradas d'armas.
Faz-me confusão por este meu contemporâneo em Teixeira Pinto, que é muito activo no Blogue, ter trocado o nome da terra onde fez parte da Comissão, pelo nome que lhe foi dado (talvez, reposto) depois da independência.
Haverá algum problema e não seria mais correcto, continuar a identificar a localidade pelo nome usado aquando da nossa estadia ali?
Sofrerá o nosso ex-alf. A. Abreu de algum complexo que o iniba de usar definições "colonialistas"? Só assim posso aceitar.
É que, tendo ele exercido funções no CAOP1, naquele tempo sediado em Teixeira Pinto (antes de transferido) e assim registado em todos os documentos oficiais, não consigo compreender como pode um repórter histórico - que até publicou as peripécias ali vividas em livro (repleto de "trapalhadas", que originaram há muito um "desaguisado" entre nós) - fazer verdadeira História com as definições alteradas depois dos acontecimentos. Quando ele e eu por ali estivemos, só o cinema se chamava Canchungo.
Era isto.
Resta-me desejar a continuação de muita saúde para todos e agradecer as informações que nos vão trazendo.
Um abraço!
Ramiro
Canchungo é o nome da terra em manjaco. Mas é verdade que Teixeira Pinto era a denominação usada por nós, quando por lá passámos. Aceito perfeitamente que se chame Teixeira Pinto à terra.
Não me lembro de "trapalhadas" a propósito do meu Diário da Guiné.Podes especificar, Ramiro?...
Abraço,
António Graça de Abreu
Graça Abreu
'....Carlos V, amigo de Fernão Magalhães,...'
Como podemos ter esta certeza, ou como podemos consultar, não havendo conhecimento de qualquer relacionamento entre Carlos V e Fernão de Magalhães antes deste se apresentar em Sevilha, com os planos da viagem às Molucas?
Quer dizer que ficaram amigos desde a chegada a Sevilha em 1517 e 1519 data da partida do português para viagem de circunavegação?
Ou já se teriam encontrado antes e seria mais um mistério/secretismo muito utilizado naquela época?
Abraço e boa saúde
Valdemar Queiroz
Creio que Magalhães se encontrou exactamente entre 1517 e 1519, com Carlos V em Valhadolid e depois em Madrid, ou Sevilha, que hesitou no apoio à viagem. Carlos V tinha chegado há pouco tempo a Espanha.
Abraço,
António Graça de Abreu
'Tá bem.
Mas onde está escrito que Carlos V e Fernão de Magalhães eram amigos, e que amigos para ser referido com destaque.
Em 1517 Carlos V teria 17-18 anos e Magalhães cerca de 40 e, naquele período de cerca de dois anos, não deveriam ter estado muitos vezes em conversações o que quer dizer que se tornaram amigos à primeira vista.
É pena os nossos cronistas não fazerem referência a essa amizade, talvez por haver a ideia de um tal secretismo de "espião de D. Manuel", mas afinal por mais secreto que seja tudo se vem a saber.
Abraço
Valdemar Queiroz
Esta distinção vem do tempo do Sarmento Rodrigues:
Canchungo, a povoação "indígena". e Teixeira Pinto, a vila
Vd.
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2017/10/guine-6174-p17825-historiografia-da.html
Vd., também a carta de Teixeira Pinto (1961), escala 1/50 mil
https://www.ensp.unl.pt/luis.graca/guine_guerracolonial43_mapa_Canchungo_TeixeiraPinto.html
D. Isabel de Portugal morre em 1539 e em 1556 Carlos V decide retirar-se para o Mosteiro de Yuste e adotar a vida monástica até morrer em 1558.
Só um poeta os imaginaria:
'Regresso ao jardim, Carlo e Isabel na brisa da tarde .... cisnes negros'
Valdemar Queiroz
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