domingo, 4 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22342: Blogpoesia (743): "Olá! Tudo bueno?..."; "As nuvens em bico dos pés"; "Planaltos e montanhas" e "Despedida", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728

1. Publicação semanal de poesia da autoria do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66):


Olá! Tudo bueno?...

Esta é a saudação dos catalães de Roses quando nos encontramos.
A mesma empregada da recepção.


Há uns vinte anos que para aqui vimos.
Somos clientes velhos.
Descobrimos Roses por um acaso.
Quando viemos em trabalho um ano em Perpignan.
Assombrados nunca mais a largamos.
Nunca mais falhamos um ano só.
O hotel Riseck é o nosso hotel.
O ano de espera é de cortar à faca.
Estava a ver que o covid 19 nos ia impedir...
Aqui estamos já com um banho de mar no papo.
Durante uns dias.


Roses, 21 de de Junho de 2021
15h37m
Jlmg


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As nuvens em bico dos pés

As nuvens puseram-se em bico dos pés,
batendo à porta do céu.
Pedem para entrar.
Afinal, vagueiam há séculos infinitos,
ninguém lhes liga nenhum.
Só servem para fertilizar a terra
Para que dê frutos para alimento da humanidade.
Onde está festa que anualmente, lhe deviam fazer?
Por isso, não se admirem por, de vez em quando, ela vos pregar uma partida.
Uma inundação a brincar ou, mesmo, um dilúvio.
Cuidadinho com ela!...


Roses, 27 de Junho de 2021
17h 29m
Jlmg


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Planaltos e montanhas

Planaltos e montanhas movem esta terra imensa e ronda.
Se vestem de verdura e fruto para o sustento da humanidade.
Se aloira colorida.
Com flores e videiras.
São de fogo suas folhas.
E de açúcar os seus cachos gordos.
De vinho rubro se enchem os lagares.
E de espigas se enchem as eiras no estio.
Tanta broa enche nossas cozinhas,
Penduradas desde os caibros.
Um bocado de presunto, fresco e bem curado,
Com uma fatia de pão de milho com uma caneca de vinho tinto.
É um belo lanche que consola e sacia.


Ouvindo Tanauser de Wagner

Berlim, 28 de Junho de 2021
17h45m
Jlmg


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Despedida

Quem chegou, um dia, há-de partir.
Como saltimbancos, aqui vamos, de terra em terra, rumo ao indefinido.
Só há um que sabe nosso destino.
Como borboletas, saltitamos daqui para ali.
Ao sabor de nossos desejos.
Vamos pintando nossos dias com as cores do arco-íris.
Carregando os tons, ora os diluindo ora os carregando.
Nossas sendas são os trilhos que vamos traçando.
Onde fica o termo da nossa carreira, ainda bem que nos foi ocultada.
Só assim poderíamos andar descontraídos.
O dia e hora chegará.
Mas só quando Deus quiser.
Mas não é o fim. Para crentes e não crentes...


Roses, 1 de Julho de 2021
18h00m
Jlmg

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Nota do editor

Último poste da série de 20 DE JUNHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22299: Blogpoesia (742): "Corre apressado o tempo..."; Curiosidade" e "A sirene", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728

1 comentário:

Valdemar Silva disse...

Olá, tudo bueno? deve ter sido um catalão mistura.
Ei, tot bo? teria ouvido Gomes Freire de Andrade quando andou por esses lados, na desastrosa Campanha do Roussillon, nos anos 90 do século XVIII. Provavelmente também teria ido molhar os pés a Roses e por lá ficaria a comer umas laranjas e mandar a abaixo algumas copadas em Perpinhã. Depois coitado.
Boas viagens e poemas é que é preciso, e o delta, o pi mais o diabo que o carregue que se lixe.

Abraço
Valdemar Queiroz