Ilustrações do cartunista Augusto José de Matos Sobral Cid (Horta, 1941 . Lisboa, 2019). Cromomensagens, Edição dos Estúdios Arte, s/d. É um dos grandes cartunistas portugueses.
"Durante a comissão militar prestada no leste de Angola entre 1966 e 1967 produziu uma série de caricaturas publicadas na Revista Militar de Luanda que, mais tarde, foram compiladas no livro Que se Passa na Frente?!! (editado pelo autor em fevereiro de 1974), onde Cid denuncia o nonsense que é a guerra." (Fonte: Infopédia >Augusto Cid)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Migueis da Silva (ex-Fur Mil Rec Inf, Bissau, Bambadinca e Saltinho, 1970/72), com data de 11 de Dezembro de 2021:
Caro Carlos Vinhal:
Para eventual publicação durante a presente quadra natalícia, junto oito postais de Boas-Festas, os quais me foram remetidos por familiares no Natal de 1970, e outras tantas fotografias alusivas ao Natal de 1971. E, já agora, meia dúzia de letras introdutórias, tal como segue:
O meu primeiro Natal na Guiné passei-o em Bambadinca, onde me encontrava a estagiar por conta do Serviço de Informações Militar. Era meu tutor do estágio o Major Barros e Basto, responsável pelo Serviço de Operações e Informações e 2.º comandante, em exercício, do BART2917.
25/12/71 - Almoço de Natal. Ao fundo, da esquerda para a direita: Sargento Calado (Logística), seguindo-se-lhe os furriéis milicianos Migueis da Silva, Faria e Bernardes; de perfil, à esquerda: Fur Mil Reis (Mecânica/Auto).
Fila da esquerda, os três primeiros: furriéis milicianos, Josué e Vale (Atiradores) e Pires (Professor), todos da CCAÇ 2701. Fila da direita, os três primeiros: furriéis milicianos, Freire (Enfermeiro da CCAÇ 2701), ……?…….. e Gomes, ambos do Pel Caç Nat 53.
Nota do editor
Último poste da série de 10 DE DEZEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22797: O meu sapatinho de Natal (8): os últimos cinco Natais (, de 2021 a 2017), pelo nosso "poeta todos os dias", o 1º srgt art ref Silvério Dias, também conhecido como radialista do Pifas ou "senhor Pifas"
Caro Carlos Vinhal:
Para eventual publicação durante a presente quadra natalícia, junto oito postais de Boas-Festas, os quais me foram remetidos por familiares no Natal de 1970, e outras tantas fotografias alusivas ao Natal de 1971. E, já agora, meia dúzia de letras introdutórias, tal como segue:
O meu primeiro Natal na Guiné passei-o em Bambadinca, onde me encontrava a estagiar por conta do Serviço de Informações Militar. Era meu tutor do estágio o Major Barros e Basto, responsável pelo Serviço de Operações e Informações e 2.º comandante, em exercício, do BART2917.
Ali encontrei o Luís Graça e os restantes elementos da CCAÇ 12, dois dos quais, o Roda e o Pina (furriéis milicianos), eram meus companheiros de quarto. Ali tinha lugar também, para além de outras unidades, o Pelotão de Reconhecimento Daimler (Cavalaria) do Alferes Jaime Machado, depois substituído, salvo erro, pelo Alferes Vacas de Carvalho, e do Sargento Paulino das bigodaças loiras e retorcidas à senhor morgado.
Muito haveria/haverá para contar destes três meses passados em Bambadinca, mas o facto de, infelizmente, não poder dizer maravilhas de algumas das personagens que lá conheci e com as quais tive uma relação de muita proximidade por força do “ofício” tem-me refreado os ímpetos que, de longe em longe, me levam ao teclado com vontade de “cortar a direito”.
E, assim sendo, aqui vai, em alternativa, uma simples mensagem de paz e amor para todos os nossos “tabanqueiros” e simpatizantes, com a reprodução de oito postais de Boas-Festas que, nesse Natal de 1970, me foram remetidos por familiares (é interessante verificar que os nossos familiares, para além de se preocuparem com o nosso bem-estar físico, não esqueciam a importância do nosso estado de espírito, procurando, a cada momento, animar-nos, levantar-nos a moral).
O Natal de 1971, esse, passei-o já no Saltinho, para onde fui destacado, em diligência, após o estágio referido e um mês de formação na Sala de Informações do Comando-Chefe (Fortaleza da Amura).
O Natal de 1971, esse, passei-o já no Saltinho, para onde fui destacado, em diligência, após o estágio referido e um mês de formação na Sala de Informações do Comando-Chefe (Fortaleza da Amura).
Tal como no ano anterior em Bambadinca, não houve ceia na noite de Natal, pois os aquartelamentos estavam de prevenção. Mas, no Saltinho, no dia 25, houve almoço melhorado para todas as praças, tendo os comensais da messe da oficiais e sargentos almoçado numas instalações improvisadas na ampla varanda de um abrigo, dado o elevado número de participantes reunido. É para esse almoço que vos remetem as fotografias que estou a anexar, as únicas, aliás, de que disponho alusivas ao Natal de 1971.
Boas Festas para todos,
Esposende, 10 de Dezembro de 2021
Mário Migueis
N.B. – Já que não fiquei mal de todo face à objetiva de não sei quem, anexo igualmente duas fotos minhas tipo passe, uma de farda nº 2 e crachá do Q.G. – o pipi do ar condicionado –, remontada ao tempo em que estive em Bambadinca, e outra, de camuflado, em que já sou um homem-feito, bigodes de respeito e ares de grande guerreiro, por alturas da minha estada no Saltinho.
25/12/71 - Almoço Natal 71 – Saltinho. Da esquerda para a direita:
Fur Mil Migueis da Silva (S.I.M. / Informações); Fur Mil Faria (Transmissões); Fur Mil Bernardes (Armas Pesadas); mais atrás,
o 1.º Cabo Lourenço (Messe de Oficiais e Sargentos)
Boas Festas para todos,
Esposende, 10 de Dezembro de 2021
Mário Migueis
N.B. – Já que não fiquei mal de todo face à objetiva de não sei quem, anexo igualmente duas fotos minhas tipo passe, uma de farda nº 2 e crachá do Q.G. – o pipi do ar condicionado –, remontada ao tempo em que estive em Bambadinca, e outra, de camuflado, em que já sou um homem-feito, bigodes de respeito e ares de grande guerreiro, por alturas da minha estada no Saltinho.
25/12/71 - Almoço de Natal. Ao fundo, da esquerda para a direita: Sargento Calado (Logística), seguindo-se-lhe os furriéis milicianos Migueis da Silva, Faria e Bernardes; de perfil, à esquerda: Fur Mil Reis (Mecânica/Auto).
Fila da esquerda, os três primeiros: furriéis milicianos, Josué e Vale (Atiradores) e Pires (Professor), todos da CCAÇ 2701. Fila da direita, os três primeiros: furriéis milicianos, Freire (Enfermeiro da CCAÇ 2701), ……?…….. e Gomes, ambos do Pel Caç Nat 53.
Sem legenda
1970 > Mário Migueis em Bambadinca
1971 > Mário Migueis no Saltinho
____________Nota do editor
Último poste da série de 10 DE DEZEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22797: O meu sapatinho de Natal (8): os últimos cinco Natais (, de 2021 a 2017), pelo nosso "poeta todos os dias", o 1º srgt art ref Silvério Dias, também conhecido como radialista do Pifas ou "senhor Pifas"
2 comentários:
Mário, obrigado pelas tuas "recordações" do Natal de 1970 em Bambadinca, que para mim ainda é marcado pelos trágicos acontecimentos do dia 26 de novembro passado (Op Abencerragem Candente, com 6 mortos e 9 feridos graves).
É interessante que, sendo tu o talentoso cartunista, não refiras explicitamente o nome do cartunista Augusto Cid, o autor dos "cartanitos" de Natal que os teus familiares te mandaram... Uma bela família, a tua, com sentido de humor...
Com certeza que reconheceste o autor dos "bonecos", eu não sabia é que é o Cid também tinha passado pelo TO de Angola...E era um gajo com talento, talvez um dos nossos maiores cartunistas, com o Vasco, o António, etc.
Um Natal em paz, e com saúde, para ti e família. Luís
Caro Luís:
Interessantíssimo foi seres tu a fazer a referência ao cartunista Cid, autor confesso dos "cartanitos", bem como ao Vasco e ao António (por aqui, ainda se vai vendo alguma coisa nas exposições patentes temporariamente no Aeroporto Sá Carneiro), que bem merecem os mais rasgados elogios pelo seu talento indiscutível, ao nível do que há de melhor por esse mundo fora. Pela parte que me toca (deixai-me rir), já me sinto muito honrado com a aceitação que alguns dos meus desenhitos têm vindo a merecer neste admirável espaço que, em boa hora (espero que para ti também), tiveste a ideia de conceber. Aliás, tenho na própria família "artistas"(dois irmãos, por exemplo), que, em matéria de "cartunismo",me deixam a léguas...
Quando recebi estes postais de Boas-Festas na Guiné, o nome "Cid" nada me dizia (nem sei se o Cid já era conhecido, enquanto cartunista, nessa altura). Só mais tarde pude apreciá-lo e admirar-lhe o talento, tal como aos outros autores que referiste. Haveria, talvez, outros mais a acrescentar, nomeadamente um que passou pela recruta nas Caldas da Rainha num dos turnos de 1969,cujos trabalhos me "enchiam a medida" (deixou alguns desenhos no jornal de caserna da 5ª Companhia, em cuja feitura eu colaborei a seguir). Esqueci o nome dele. Só me lembro de que, mais tarde, publicou em banda desenhada, em jornais e revistas, em postais ilustrados, etc. (alguém me surripiou, já lá vão uns anos, o que dele tinha nas minhas coleções), muitos dos seus belíssimos e inconfundíveis desenhos, especialmente de mulheres carregadas de sensualidade e elegância (imagina o efeito junto dos "taratas").
Se calhar, para comentário, já foi conversa a mais da minha parte. Que tenhas um Natal Feliz junto dos teus (há sempre aquele receio de que nem tudo esteja a correr tão bem quanto o desejável)e que o Novo Ano te sorria como bem mereces.
Um abraço muito amigo,
Mário Migueis
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