domingo, 17 de julho de 2022

Guiné 61/74 - P23437: Nota de leitura (1465): O padre António Vieira (1608-1697), expoente máximo da literatura portuguesa, traduzido em sueco (José Belo)


António Vieira : en högrest gestalt i 1600-talets Portugal, övriga Europa och Brasilien.Inbunden, Svenska, 2020. Författare: Marianne Sandels, António Vieira. 316 kr 

António Vieira: uma figura cimeira em Portugal do século XVII, bem como resto da Europa e Brasil. Capa dura, sueco, 2020. Autor: Marianne Sandels, António Vieira. 316 coroas suecas (c. 30,00 euros)

Infografia: José Belo (2022)


António Vieira ägnade en stor del av sitt liv åt att stödja de hårt exploaterade indianerna i Brasilien. Under långa perioder var han emellertid verksam i Europa. Under ett par år i Rom hade han flera olika uppdrag för drottning Christina av Sverige, som där befann sig i exil.

Både Portugal och Brasilien betraktar António Vieira som en av sina nationalförfattare. Poeten Fernando Pessoa har kallat honom för "kejsaren av det portugisiska språket".

(ii) Tradução, do Google e do editor LG:

António Vieira passou grande parte de sua vida apoiando os sobre-explorados índios  do Brasil. 

Por longos períodos, no entanto, ele esteve ativo na Europa. Com alguns anos em Roma, ele teve várias missões diferentes ao serviço da rainha Cristina da Suécia, que estava lá exilada. Tanto Portugal como o Brasil consideram António Vieira um dos seus grandes escritores nacionais. O poeta Fernando Pessoa apelidou-o de "o imperador da língua portuguesa".


1. Mensagem de José Belo:

Data - terça, 5/07/2022, 17:25

Assunto - Padre António Vieira na Suécia

Caro Luís

Espero que a saúde esteja bem controlada. Nas nossas idades fico-me pela “ bem controlada”.

Vou enviar um texto sobre o tão nosso António Vieira,  agora publicado na Suécia. 

Nunca é demais referir “os nossos“ quando publicados fora de portas. Serão poucos mas... importantes figuras de referência da cultura europeia!

Um abraço,
J. Belo


O Padre António Vieira (Lisboa, 1608 - São Salvador da Baía, 1697) tem agora uma coletânea dos seus textos publicados na Suécia.

“António Vieira-Expoente Intelectual do Século XVII em Portugal, Europa e Brasil “.
Tradução de Marianne Sandels que nela refere o interesse de Fernando Pessoa e José Saramago pela obra de António Vieira.

O primeiro ao considerá-lo o “Verdadeiro Imperador da língua portuguesa" foi  Fernado Pessoa. Saramago, prémio nobel da literatura (em 1998), reconheceu  em muito ter sido influenciado pela característica maneira de formular de António Vieira.

Depois de viajar pela Europa em diversas missões diplomáticas,  terá sido a estadia em Amsterdão que, após contactos com judeus e cristãos-novos expulsos de Portugal,  levou o Padre António Vieira a compreender a verdadeira extensão da perda intelectual, económica e comercial resultante da mesma.

Logo na primeira prédica,  após o regresso a Lisboa,  surge o “messianismo“ que a partir daí marcaria a sua obra.

Na “História do Futuro”, o Portugal de António Vieira tem um papel de vanguarda e utopia.
A restauração da grandeza nacional, com a esperança do “sebastianismo “ e de um “Quinto Império", passa a adquirir na obra de Vieira um…..lugar e tempo!

Uma tradição filosófica e literária que a partir daí tem vindo a adquirir as mais diversas formas, não menos as surgidas na obra de Fernando Pessoa.

Sobre o “Quinto Império “ é interessante o comentário de Eduardo Lourenço,  quando afirma terem sido as prédicas de António Vieira durante o período Barroco o verdadeiro, e único,
“Quinto Império”de Portugal.

Numa perspectiva sueca,  a estadia de António Vieira em Roma está ligada à amizade e admiração intelectual surgida entre este e a rainha sueca Kristina,  então a residir em Roma. (Nasceu em Estocolmo, em 1626, morreu em Roma em 1689; foi rainha da Suécia de 1632 até à sua abdicação em 1654, e à sua conversão ao catolicismo; exilada em Roma, a cidade papal, tornou-se mecenas de artistas e escritores.)

Figura muito controversa no norte europeu por ter abandonado a religião Luterana do Reino, abdicado do trono, convertido ao Catolicismo,e fixado ostentosa residência em Roma. Muito próxima do Papa Alexandre VII, Cardeais e Aristocracia romana, Kristina  passou a ter um muito importante papel na vida cultural, política e social, num período de mais de três décadas.

Nos seus contactos com António Vieira procurou que este se tornasse o seu confessor particular.

Este honroso convite foi ,de forma extremamente diplomática e elegante, recusado pelo mesmo, não interessado em ser arrastado para um ostentoso dia a dia, eivado de intrigas e conflitos palacianos, tanto entre os altos membros do Vaticano, aristocratas romanos, a somarem-se às ambições políticas europeias da Rainha.

Seria um cargo que o levaria a ter conhecimentos de tal modo “inconvenientes” que, a somarem-se à Santa Inquisição que o esperava em Lisboa, seriam…..demasiados!

A Rainha Kristina, que acabou por falecer em Roma, está sepultada (junto aos Papas!) na cripta da Basílica de São Pedro no Vaticano. (Creio ter sido a única mulher que, até hoje, recebeu tal honra).

Um abraço do J. Belo

José Belo, jurista, o nosso camarada luso-sueco, cidadão do mundo, membro da Tabanca Grande, (i) tem repartido a sua vida agora entre a Lapónia (sueca), Estocolmo e os EUA (Key West, Florida; (ii) foi nomeado por nós régulo (vitalício) da Tabanca da Lapónia, recusando-se a jubilar-se do cargo: afinal todos os anos pela primavera, corre o boato de que a Tabanca da Lapónia morre para logo a seguir ressuscitar, como a Fénix Renascida; (iii) na outra vida, foi alf mil inf, CCAÇ 2391, "Os Maiorais", Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70); (iv) é cap inf ref (mas poderia e deveria ser coronel) do exército português; (v) durante anos alimentou, no nosso blogue, a série "Da Suécia com Saudade"; (vi) tem 225 referências no nosso blogue.

____________

10 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Para saber mais:

(...) As ideias que defendeu e as causas que combateu fazem de Padre António Vieira uma espécie de revolucionário português do século XVII. Numa época marcada pelo absolutismo, o pregador jesuíta mais famoso de sempre não hesitou em defender os oprimidos, em denunciar injustiças e atacar poderes dominantes. Nem mesmo o Santo Ofício escapou às suas críticas. A coragem e a liberdade são marcas da longa vida deste homem invulgar, modelado pela formação na Companhia de Jesus e pela estética barroca. (...)

https://ensina.rtp.pt/artigo/padre-antonio-vieira-uma-licao-de-liberdade/

Valdemar Silva disse...

Há dias quando vi na RTP2 "As Inesquecíveis Viagens de Comboio", lembrei-me do nosso caríssimo camarada luso-sueco-usa J. Belo.
Lembrei-me por a "Viagens de Comboio" ser na Lapónia-Suécia. Aquilo deu para ver como o nosso
J. Belo aguenta viver naquele deserto branco, e como o comboio consegue chegar quase até ao Polo Norte, julgo que até meia dúzia de casas da localidade de Mujek (?).
Tratou-se do Episódio 7, 13.Julho.2022, que deve poder ser visto na RTP Play.

O Padre Vieira era um jesuíta muito diferente dos outros jesuítas, que gostavam de estar do lado do poder ou eles mesmo serem o poder.
O Padre Vieira não quis estar ao lado do poder da "menina rei" Cristina da Suécia.

Saúde da Boa
Valdemar Queiroz

Maria Alice Ferreira Carneiro disse...

Valdemar, sou pouco consumidor de televisão com exceção da RTP2 e pouco mais,vi o episódio a que te referes, era inevitável pensar no Zé Belo!

Ab,LG



Antº Rosinha disse...

Antonio Vieira em Portugal da nossa geração aqui, pelo menos no ensino secundário toda a gente conhecia o nome histórico e conhecia algum pormenor da vida do homem.

Eu digo em Portugal, mas em Angola os estudantes aprofundavam com mais afinco e não duvido que na Guiné Caboverde e Moçambique, igualmente.

No Brasil, não, em 1974/5, Vieira era escamoteado a essa mesma geração do ensino secundário.

Hoje não sei, acho que o Brasil mudou algo nestes 40 anos, já consomem bacalhau.

Claro que os estudiosos brasileiros, conhecem bem Vieira, e o sermão contra os holandeses está-lhes atravessado.

Na biografia vemos que Vieira tinha alguma ascendência ultramarina, estava no ADN o trópico.

Anónimo disse...



Obrigado amigo José Belo por relembrares o Padre António Vieira, quase das minhas aulas de Literatura , dadas pelo padre Freitas, grande professor, que deu grande ênfase às suas qualidades literárias, humanas e políticas na defesa dos índios . dos judeus e da nacionalidade. Ou é falha minha mas não recordo a sua defesa dos escravos africanos do Brasil. Eu que nunca acreditei em impossíveis ou utopias, sempre me pareceu que o messianismo dele. do Bandarra, de Fernando Pessoa e de outros ao sonhar com o Quinto Império, era fruto duma ambição nacionalista excessiva. Abraço
Francisco Baptista

Anónimo disse...



Obrigado amigo José Belo por relembrares o Padre António Vieira, quase esquecido das minhas aulas de Literatura , dadas pelo padre Freitas, grande professor, que deu grande ênfase às suas qualidades literárias, humanas e políticas na defesa dos índios . dos judeus e da nacionalidade. Ou é falha minha mas não recordo a sua defesa dos escravos africanos do Brasil. Eu que nunca acreditei em impossíveis ou utopias, sempre me pareceu que o messianismo dele. do Bandarra, de Fernando Pessoa e de outros ao sonhar com o Quinto Império, era fruto duma ambição nacionalista excessiva. Abraço
Francisco Baptista

Anónimo disse...

A renovada(!) leitura dos textos de António Vieira,agora com olhos e espírito moldados por sete décadas de intensa vida,surpreende pela actualidade dos mesmos.

Quanto aos estadistas do seu tempo escreveu:

“Para falar ao vento bastam palavras”

(E não se referia aos políticos de hoje,ontem,ou mesmo…..de antes de ontem!)

Um abraço do JBelo

Anónimo disse...

Apesar de alguns intelectuais do Estado Novo tudo terem feito para “moldar” as ideias de Fernando Pessoa aos seus princípios nacionalistas,uma leitura atenta ao “Messianismo Nacionalista” de Pessoa mostra que em nada este refletia a doutrina estatal.

Pessoa referia o mar,as grandes viagens de exploração,as epopeias portuguesas.
Mas estas epopeias não diziam respeito à colonização ou à exaltação do imperialismo.
É um messianismo nacional que se não lança em aventuras náuticas para conquistar reinos distantes e impor leis com mãos de ferro.
Fernando Pessoa mergulha na epopeia para criticar as grandes imposições ao mesmo tempo que dela extrai a busca de si,a reinvenção de si através da “travessia poética”.
É muito mais um “navegar-se interior” do que um enaltecimento do português conquistador.

JBelo

Anónimo disse...



José Belo, pelas tuas explicações, só consigo entender que o Quinto Império é um estado de alma colectivo que pode levar a Pátria a novos grandes feitos.
Sobre Fernando Pessoa escreveu-se muito e continua-se a escrever, como tu bem sabes.
Um amigo, que muito prezo, muito ilustrado, como tu, há longos anos a viver em Lisboa, disse-me há dias , que tem um grande amigo nos States , dava aulas de português e espanhol, numa Universidade, já jubilado chamado António Cirurgião. Como tu. grande leitor e admirador de Fernando Pessoa, escreveu recentemente o Livro " O Olhar Esfíngico da Mensagem de Pessoa". Segundo me informou saiu também recentemente uma grande biografia do poeta , primeiro em inglês e depois em português, da autoria de Richard Zimler. Vou comprar amanhã, a minha filha Joana, sendo de ciências, está a acabar medicina, foi sempre uma grande leitora de Fernando Pesoa.
Abraço

Francisco Baptista

Anónimo disse...

Caro Amigo e Camarada Francisco Baptista

Com um livro de Pessoa à cabeceira….”Ouve-se o tempo cair gota a gota”!

Um grande abraço do JBelo