1. O nosso
Camarigo Luís Gonçalves Vaz, membro da nossa Tabanca Grande e filho do Cor Cav
CEM Henrique Gonçalves Vaz
(último Chefe do Estado-Maior do CTIG - 1973/74), colocou em 18 de Fevereiro último,
no poste: "Guiné 63/74 - P1977: Em busca
de... (4): Camaradas do Hospital Militar nº 241, Bissau (1972/74) (Carlos
Américo Cardoso, o Cardoso RX)", o
seguinte comentário/apelo.
Finalmente
uma notícia do Armando do Hospital Militar de Bissau 1973/1974
Caro camarigo Carlos Cardoso:
É com muita satisfação que li este seu poste em que fala no Armando do Hospital
de Bissau, na altura a cuidado de todos vocês que trabalhavam no Hospital
Militar de Bissau. Como o conheci muito bem, pois durante um ano, entre 1973 e
1974, ia várias vezes durante a semana vê-lo e muitas vezes ia comigo e com os
meus dois irmãos para nossa casa em Sª Luzia, brincava muito connosco, comia e
dormia lá em casa.
No
início teria sido o meu próprio pai, o coronel Henrique Gonçalves Vaz,
CEM/CTIG, que o convidou para ir passar uns dias lá a casa para poder brincar
com miúdos como ele, eu tinha 13 anos e o meu irmão mais novo, o Paulo tinha
apenas dez anos. Lembro-me dele como um miúdo muito alegre, inteligente e bem
disposto. Ainda me lembro, quando no meu quarto, o Armando tirava a prótese (da
perna) e continuava a saltar, brincar e falar, sem constrangimentos nenhuns,
sim falava muito, demonstrando sempre vontade de saber, de apreender, pois
lembro-me muito bem que o Armando (para nós ficou sempre apelidado de Armandinho)
demonstrava uma grande curiosidade e uma grande alegria de viver, apesar de ter
perdido os pais numa explosão de uma mina, facto responsável pela sua evacuação
para o Hospital Militar, penso que em 1972.
Sempre
me disse que era MUITO BEM TRATADO PELOS MILITARES DO HOSPITAL MILITAR DE
BISSAU. Gostava muito de saber onde se encontra e contactar com ele, como tal
agradeço-lhe, eu caro Américo Cardoso, que me desses qualquer pista sobre o
nosso "Armandinho", pois o meu regresso à Metrópole foi um
"pouco abrupto", devido ao 25 de Abril, fiquei sempre com saudades
dele, e disseram-me que o Armando teria vindo em 74 com um médico militar para
Portugal , para frequentar uma instituição em Portugal!
Tenho
uma irmã (a Teresa) que há dias, quando lhe pedia fotografias do Armando na
Guiné, pensava que eu o tinha encontrado... ficou eufórica por breves momentos,
pois pensava que o tinha encontrado e eu... apenas lhe solicitava as fotos...
Como tal, tanto ela como eu gostaríamos muito de saber notícias dele, para o
contactar, pois ele, nunca foi esquecido por todos nós, até a minha mãe com 87
anos ainda fala nele, quando relembramos a nossa "estadia" na Guiné!
Se tu Armando, por acaso leres esta mensagem, liga-me para o meu telemóvel
936262912 ou manda-me notícias para o meu email: luisbelvaz@gmail.com
Grande Abraço
Luís Beleza Gonçalves Vaz
2. Curioso por saber mais
pormenores sobre o Armando, enviei uma mensagem ao Luís Vaz, solicitando-lhe
mais alguma informação, nomeadamente pormenores sobre
o acidente que matou os pais e mutilou o miúdo, se seria resultado da deflagração
de uma mina, em que região e em que circunstâncias.
A resposta não se fez
esperar e quase de imediato recebi a seguinte resposta:
Caro Camarigo Magalhães
Ribeiro:
Em tempos soube muito mais, com o passar dos anos ficou apenas parte...
a saber:
O Armando com cerca de 7/8 anos seguia com a sua família numa coluna das NT,
penso que seria apeada, e alguém da sua família, o pai ou a mãe pisou uma mina
anti-pessoal que matou imediatamente algumas pessoas, duas delas foram os seus
pais.
O Armando devia ir como é
tradição na região, nas costas da sua mãe, como tal, apesar de ter ficado muito
mal da perna esquerda (acabou por ficar sem ela, não sei se foi no local ou no
Hospital militar de Bissau!) e na cabeça, onde ficou muito ferido, foi evacuado
da zona do "acidente fatal para seus pais" e não sei se para
terceiros, e no Hospital salvaram-no e como era órfão e de uma zona do interior
da Guiné (já não me lembro a zona de onde era natural), acabou por ficar na
Instituição que lhe salvou a vida, sendo "uma espécie de mascote", no
melhor sentido, pois era uma criança muito bem tratada segundo me pareceu na
altura, e com base no que ele me dizia, quando nós o íamos buscar ao HMB, para
passar uns dias connosco para brincarmos, apesar de ele ser um pouco mais novo
do que eu, ele teria uns 9 anos no máximo e eu tinha 13 (mas o meu irmão mais
novo, o Paulo tinha 10 anos).
Ao longo de um ano, convivemos
bastante, pois algumas vezes ficava lá em casa. No final, já não me lembro a
última vez que o vi, foi tudo um pouco abrupto, vim com um irmão mais velho em
Julho de 1974 para Portugal, mas como o meu falecido Pai ficou até Outubro de
74, disse-nos que ele em princípio viria com um médico obstetra do Hospital, o
Dr. Fidalgo de Matos (penso que era este médico, pois era amigo do meu pai),
mas posteriormente vim a saber, que não teria vindo para Lisboa com ele, mas
acho que alguém o teria trazido para a Metrópole, não tenho a certeza! Só ele
poderá contar com rigor o seu percurso de vida pós 25 de Abril! Tanto eu como
toda a minha família teríamos muito gosto e alegria em saber dele, do
"Armandinho", foi assim que ele ficou na nossa memória! Se souberem dele,
agradecia muito as notícias e o seu contacto.
Grande Abraço
Luís Gonçalves Vaz
Guiné
> Bissau > Hospital Militar 241 > 1972 > O 1º Cabo Radiologista
Cardoso, com um miúdo, o Armandinho, a quem foi amputado parte do membro
inferior, e que era a mascote do Hospital. Hoje será médico,
segundo informações que o Cardoso terá recebido. A ser verdade, é uma estória
fabulosa, de luta contar o destino, de determinação, de coragem!
Foto minha, tirada na altura, não com o Armando, mas com o "Leôncio", um menino que era filho do Soldado Fernando, que servia lá em casa do CEM/CTIG, de etnia Manjaco. Com o Armando só uma irmã minha é que tirou várias, mas ainda não me as enviou.
Bissau > 1974 > Luís Beleza
Gonçalves
Bissau > 1974 > Luís Beleza
Gonçalves
___________
Nota de
MR:
Vd. também sobre o assunto tratado o poste:
Vd.
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