Revisto, mais uma e outra vez, para eu poder:
(i) dedicar às duas mulheres que eu amo, a Alice e a Joana (e elas sabem porquê);
mas também (ii) assinar o livro de ponto neste dia que, infelizmente, ainda continua a ser, perdido ou não o seu sentido original, o Dia Internacional da Mulher, 8 de março de 2012... LG
Que vivam os/as Poetas do Parque dos Poetas
Poeta é quem tem
Uma estátua do Simões
No Parque dos Poetas
Mas também
As contas em dia
Nos Serviços Municipalizados
De Águas e Saneamento
De Oeiras.
Em questões de género,
Aplique-se, entretanto,
O camartelo
Camarário,
Perdão, o regulamento municipal
Em forma de soneto,
Que manda atribuir quotas
Às senhoras:
- São cotas, senhoras, são cotas!
Para o caso são três, não mais,
Que foi a conta que Deus fez:
Natália, Sophia, Florbela.
- Mas que raio de país é este,
Em que a poesia é coisa de homens!
E onde estão elas, as garças,
Graciosas como as nossas caravelas ?!-
Grita o almoxarife dos SMAS.
As senhoras, meu Deus,
Ficam sempre bem é
Nas quermesses da cidade,
Nos jogos florais,
Nos bazares da caridade,
Nas feiras e mercados,
Na vida e na tela,
Ao télélé,
Nas telenovelas,
Nos lavadouros públicos,
Na vida-de-faz-de-conta,
No passeio das virtudes,
Na despedida dos soldados,
Na partida das naus da Índia,
Nos velórios, funerais e procissões.
Nos comícios.
Nas comixões.
Um século atrás
As nossas queridas poetas
Teriam ficado à porta do parque,
Com botinha de pé alto
E saias de entrefolhos,
Com cliché tirado pelo Joshua Benoliel,
Capa na Ilustração Portuguesa,
E legenda a condizer:
"Não ficam bem as senhoras
Que se metem a doutoras".
Ou: "Freiras e frieiras,
É coçá-las e deixá-las!".
Salvou-se a Natália,
E com ela a honra do gineceu,
Ao trocar a poesia por comida
Que sempre enche a barriga:
"Senhores autarcas, sois a cidade,
E eu a cereja no cimo do bolo serei,
Não há pólis sem o parque
Dos sonhos que vos roubei".
Dantes os poetas, os machos,
De bigode farfalhudo
Ou de pálidas cores andróginas,
Íam para o Olimpo,
Laureados,
Ou para o Aljube,
Agrilhoados,
Ou para o Manicómio
Do Rilhafolhes,
Ferrados e dopados,
Ou para o Tarrafal,
Exilados,
Ou para o Sanatório,
Tuberculizados.
Para a Ilha da Madeira,
Os mais afortunados.
Ou para a Morgue,
Congelados,
Ou até para o Panteão Nacional,
Nacionalizados.
Conforme as vagas que houvesse
E o equilíbrio dos quatro humores
Do Senhor Intendente Geral.
Só a Sophia pediu para voltar,
na inscrição que deixou no Livro Sexto:
"Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar"...
Hoje o poeta,
Ladies and Genlemen,
Não sonha nem dorme
Nos bancos de jardim,
Ocupados pelos sem abrigo,
Os desistentes,
Os repetentes,
Ou como se diz agora
Os infoexcluídos...
Hoje o poeta vai directamente
Para o Parque,
De preferência já morto,
E devidamente estatuado.
O Parque dos Poetas.
Das merendas.
Dos velhinhos
Que dão milho aos pombinhos.
Das criancinhas
Da escola, de bibe
Aos quadradinhos.
Dos desempregados
À espera do subsídio de
Desemprego
Ou do emprego virtual,
Do teletrabalho,
Da chamada do call centre,
E dos frutos da flexibilidade
Organizacional.
E a fazer contas
À puta da vida
Que está pela hora da morte.
Em vão, protestou
O Rosa,
O Ramos, o António,
Adjectivando a liberdade:
Mas que coisa horrorosa
Se ela não fosse liberdade... livre!
O Parque dos Poetas
E dos namorados,
Do arco e do balão
E das quadras
Ao Santo António,
Afrodisíaco,
Milagreiro,
Casamenteiro,
Brigão,
Brejeiro!
Porque a Poesia
Quando nasce não é
Para todos,
Terá já dito um estrangeirado,
O Conde de Oeiras
E futuro Marquês de Pombal
(Volta, Marquês, que estás perdoado!).
Homens de letras
Ou de cânones,
Os poetas lusitanos,
Míopes, nos seus fatos
Puídos e castanhos,
Cinzentões.
Só o Jorge Sena
Era engenheiro.
Naval. No papel.
Não consta que
Tivesse construido ou reparado
Embarcações.
O Torga, clínico.
O Régio, místico.
O O'Neil, publicitário,
E claro
O David Mourão-Ferreira,
Doutor de letras,
Universitário,
De capa e batina,
Mas que também escreveu fado.
E que fado!
E o Pessoa, esse, coitado,
Era escriturário comercial.
Marçanos,
Cabouqueiros,
Coveiros,
Limpa-chaminés,
Cantoneiros de limpeza,
Calafates,
Estivadores,
Mineiros,
Calceteiros,
Picheleiros
Almocreves,
Pescadores,
Barbeiros-sangradores,
Construtores civis
Ou outra gente
Dos ofícios mecânicos.
Não há nenhum,
Que se saiba,
Que conste da lista imortal.
Dos poetas imortais
Do Parque do Isaltino.
Minto: há o Alberto Caeiro,
Guardador de rebanhos.
Mas esse não vi lá,
Porque é proibido pisar a relva
E pastar. E sonhar.
E sobretudo apascentar.
Guardador de rebanhos,
Ruminador de pensamentos,
À porta da capital,
Parece mal,
Destoa.
Não dá,
Já não é para turista.
Não rima com coisa boa,
Não rima com Lisboa.
Não casa com a modernice
Da Oeiras futurista.
Quem não viu nada,
Nem assinaria o consentimento informado
Mas que riria
Até às lágrimas,
Se o pernil não tivesse já esticado,
Seria
O caixa d'óculos do O'Neil,
Agora príncipe
Do Reino da Dinamarca.
Imagino-o,
De Ombro na Ombreira,
Polidor de esquinas,
Desnalgando as gajas,
Mesmo não sendo trolha
Da construção
Nem nunca tendo ido
Para o trabalho
De lancheira na mão.
Ou de lancheira na mão
Para o trabalho,
Trocando a mão direita
E a esquerda,
A lancheira e a mão,
Baralhando e dando letras,
Subindo e descendo a Avenida
Da Liberdade
À espera talvez de uma outra vida,
Mais segura,
Ou da dita,
Que só era de nome,
Reza a história,
Por causa da Ditadura,
De má catadura,
De má memória.
Mas que pode a palavra, etérea,
De um poeta,
Surrealista, anarca,
Dizem que genial,
Mas mais que morto
E enterrado,
Contra a palavra, de pedra e cal,
De um senhor autarca,
No seu feudo, no seu horto, no seu olival?
Alguém roubou
Uma pérola do colar
Da Florbela,
Flor sofrida,
Tão excessiva em vida
Como na morte.
Alguma ninfomaníaca
Da tribo gótica,
Algum admirador secreto,
Coleccionador,
Adolescente,
Voyeurista,
Turista,
Visionário,
Cleptómano,
Antiquário,
Violador,
Sexista,
Misógino,
Detective,
Homem aranha.
Ou quiçá
Algum promotor
(I)mobiliário,
O próprio dono da obra,
O empreiteiro,
O engenheiro,
O trolha,
O arquitecto paisagista,
O ajudante do escultor,
O fiscal,
O fisco,
O contabilista,
A mulher da limpeza,
O guarda municipal,
Eu sei lá!,
O homem do lixo
Ou até o morto-vivo da guerra colonial.
Por mim, confesso,
Gostaria de ter sido
Um simples Conservador
Do Registo Predial
Como o Pessanha.
E de ter escrito,
Não a fria Clépsidra,
Mas o Caleidoscópio
Lusotropical
Em mangas de alpaca,
Na Foz do Rio das Pérolas.
Gostaria de ter sido poeta-funcionário,
Da autarquia local,
Ou do ministério da eternidade,
Com cama, mesa e roupa lavada,
Uma tença, mesada ou salário,
E ajudas de custo para poder sonhar
E ter tempo e vagar.
Gostaria de ter feito (e dito)
Um soneto,
Desenhado a letra gótica,
À mão,
À moda antiga,
Com punhos de renda,
Em papel azul, selado.
E de ter tido tempo
Para fumar ópio,
Na época das monções,
Em Macau.
E de imaginar
O eclipse total
Do Império Colonial,
Como um baralho de cartas monumental,
A desmoronar-se,
Do Minho a Timor.
Gostaria ainda de ter sido
Laureado
Pelo Prémio do SNI
Do António Ferro.
Gostaria sobretudo
De ter datilografado,
Em Courier, fonte 12,
Sem o mais pequeno erro
Nem rasura,
O Sentimento de um Ocidental
E de o ter posto no meu currículo
Existencial:
"Nas nossas ruas, ao anoitecer
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer".
Queridos/as poetas:
Em Lisboa
Nem poesia má nem prosa boa,
Dizem os críticos encartados,
Mas prefiro aquele verso,
Mais rasca,
Mais proleta,
Que evoca os construtores da cidade,
Tão bravos quanto boçais,
Às vezes até engraçados,
Vistosos nos seus fatos-macacos,
E que engrossavam as estatísticas
Dos acidentes de trabalho
Mortais:
"Semelham-se a gaiolas, com viveiros,
As edificações somente emadeiradas:
Como morcegos, ao cair das badaladas,
Saltam de viga em viga, os mestres carpinteiros".
Poeta maior da nossa modernidade menor,
Cesário, o Verde,
Não alcançou o Século
Da energia nuclear.
Da viagem à lua.
Do desastre de Cheche, no Corubal
Dos amanhãs que o outro galo cantaria.
Da Festa do Avante.
Do cimento armado.
Do motor de explosão.
Dos tsunamis revolucionários.
Das alegrias dos futebóis.
Do triunfo da ecologia
E da googlização.
Da bomba que brilhou
Mais do que mil sóis
Em Hiroshima, meu amor.
O Século dos chips
E do chispe de porco liofilizado.
Do Spínola, prussiano,
De monóculo e bengalim
Nas bolanhas da Guiné.
Da farsa da história.
Da caixinha que mudou o mundo.
E que mundo!,
Basta puxar o autoclismo
E fazer glu-glu,
Par ires parar aos buracos negros
Do admirável mundo novo virtual.
O Século, e que século!,
O dos vestidos de fru-fru.
Da aspirina e da farinha Amparo.
Da Lili e do Caneco.
Do Taylor e do Ford on the road.
Do terror de Tianannmen.
Da Nossa Senhora de Fátima de Felgueiras.
Do Luís Moita aos microfones da Emissora Nacional:
- Rapazes, não cantem o fado!
O século dos comícios da Fonte Luminosa
Ou do povão do garrafão
No Pontal do Portugal sacroprofano.
O século do Portugal de Salazar,
Prometendo eleições tão livres
Quanto a livre Inglaterra.
E do O'Neil e do Ruy Belo.
E do Millenium BCP.
O Portugal do maneta.
E o Portugal futuro.
Resta-me a Flor Bela,
Chorando a morte de Apeles,
Seu querido mano,
Oficial da Aviação Naval,
Quando os marinheiros tinham asas
E o Tejo das caravelas era um imenso porta-hidroaviões.
Cheguei a meio da vida já cansada
De tanto caminhar! Já me perdi!
Dum estranho país que nunca vi
Sou neste mundo imenso a exilada.
Tanto tenho aprendido e não sei nada.
E as torres de marfim que construí
Em trágica loucura as destruí
Por minhas próprias mãos de malfadada!
Se eu sempre fui assim este Mar Morto:
Mar sem marés, sem vagas e sem porto
Onde velas de sonhos se rasgaram!
Caravelas doiradas a bailar...
Ai quem me dera as que eu deitei ao Mar!
As que eu lancei à vida, e não voltaram!...
Cesário não conheceu a Amália,
Nem a Soror Saudade,
Nem a Mariza que canta a Florbela Espanca,
Nem as mulheres desta Lisboa que eu amo.
Não conheceu o Sá,
Talvez só o Mário,
Não o Soares, mas o Carneiro,
O Sá-Carneiro a fazer o pino.
Não figura por isso
No Parque do Isaltino.
[Há uma outra versão, de 6 de abril de 2008, aqui, em Luís Graça > Blogpoesia]
___________________
Nota do editor:
Último poste da série > 8 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9579: Blogpoesia (180): No Dia Internacional da Mulher, A um modelo de mulher (Felismina Costa)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
quinta-feira, 8 de março de 2012
Guiné 63/74 - P9582: Nós da memória (Torcato Mendonça) (13): Mansambo - Fotos falantes IV
1. Texto e Fotos Falantes (IV Série) do nosso camarada Torcato Mendonça (ex-Alf Mil da CART 2339 Mansambo, 1968/69) para integrar os seus "Nós da memória".
NÓS DA MEMÓRIA - 13
(…desatemos, aos poucos, alguns…)
9 – Mansambo
Foi local de partida para a nossa primeira Operação.
Estávamos em Fá Mandiga, como Companhia de intervenção ao BART 1904, sediado em Bambadinca. (Sector L1)
De Mansambo saímos então até ao acampamento IN do Galo Corubal, em dia de Carnaval. Destruído o acampamento, com aviação a actuar e o louvor colectivo a aparecer, ao ponto de partida voltamos. Depois, o regresso feito até Fá, por uma estrada (?) tão percorrida até ao final da comissão.
Mansambo, nesse tempo, eram meia dúzia de moranças e três ou quatro abrigos. A guarnição era constituída por uma Secção reforçada de um Pelotão de Milícias, o 103 da Moricanhe.
Hoje, na Carta 1/50.000 – Xime, podemos ver o nome e uma referência cartográfica como, mais a Norte, há um outro ponto fotogramétrico e um nome, Garfanhapa, no cruzamento da estrada com a picada para Candamã. Excelente esta Cartografia feita em finais dos anos cinquenta e já em sessenta. Ali, próximo deste cruzamento, esteve uma Tabanca que foi abandonada.
Pormenor da Carta Xime (1955)
Meses depois a nossa Companhia, no meio daquele nada, deu inicio à construção de aquartelamento. Um grupo, depois outro e um dia, meses depois, estávamos lá todos.
O IN (inimigo de então), atacou, barafustou, conseguiu fazer alguns estragos e nada conseguiu. Claro que a rádio em Conakry noticiou mortos e feridos, destruições tamanhas que, a serem verdade, davam para aniquilar um Batalhão. Propaganda. Era engraçado ouvir e vê-los a espreitar na orla da mata.
Eles sofreram mortos e feridos e, depois da chegada dos obuses 10.5 nunca mais atacaram de muito perto.
Confirmado por eles através de elementos capturados. Um, parece ter sido um cubano a quem foi apanhado meio cinturão e coldre e pistola Ceska (Jun/68). Outro cubano comandou a emboscada à fonte (Set/68). Sofremos dois mortos e alguns feridos. Baixas a mais, foi mau, demasiado mau.
Um dia, seis anos depois, a última Companhia saiu de lá. O ódio do IN veio ao de cima e a destruição foi total. Restam hoje, segundo fotos de camaradas que por lá passaram, pequenas recordações.
Certo é que se acredite ou não, os espíritos vagueiam por lá. Para eles o meu abraço de respeito a quem, de um lado ou de outro da contenda deu o máximo dele – a vida.
Ficam duas fotos de então.
Mansambo > Poço e balneários
Mansambo > Preparação e limpeza
Texto e fotos ©: Torcato Mendonça (Fotos Falantes IV) 2012. Direitos reservados
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 27 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9541: Nós da memória (Torcato Mendonça) (12): Cabeça Rapada - Fotos falantes IV
Guiné 63/74 – P9581: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte XI: Fim): pp. 67 a 74
Fim da publicação do relatório da 2ª Rep/CTIG, sobre a situação político-militar em 1974, documento esse que foi digitalizado pelo Luís Gonçalves Vaz, membro da nossa Tabanca Grande [, foto à esquerda], a partir de um exemplar pertencente ao arquivo pessoal de seu pai, Cor Cav CEM Henrique Gonçalves Vaz (1922-2001), último Chefe do Estado-Maior do CTIG (1973/74) [, foto à direita].
O relatório, datado de 28 de Fevereiro de 1975, é assinado pelo chefe da 2ª Rep do CC/FAG [, Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné, Comando Unificado criado em 17 de Agosto de 1974], o Maj Inf Tito José Barroso Capela.
Publicamos hoje a parte final (Situação interna) da segunda parte
do relatório (B. Período de 25Abr74 a 15Out74), pp. 66 a 74:
(2) Situação político-administrativa:
(c) Prisioneiros de guerra (pp. 66/68;
(d) Transferência dos serviços públicos sob administração
portuguesa para a administração da República da Guiné-Bissau
(pp. 68/70);
(e) Diversos (pp. 70/74)
Índice do relatório
A. Período até 25Abr74
1. Situação em 25Abr74
a. Generalidades (pp.1/2)
b. Situação política externa:
( 1 ) PAIGC e organizações internacionais (pp. 2/5)
( 2 ) Países limítrofes (pp. 5/8)
( 3 ) O reconhecimento internacional do “Estado da G/B em 25Abr74 (pp.8/9).
c. Situação interna:
1. Situação militar.
( a ) Actividade do PAIGC (pp. 10/12)
( b ) Síntese da atividade do PAIGC e suas consequências (pp.13/15)
( c ) Análise da actividade de guerrilha (pp. 16/18)
( d ) Dispositivo geral do PAIGC e objetivos (pp. 18/19)
( e ) Potencial de combate do PAIG (pp.19/20)
( f ) Possibilidades do PAIGC e evolução provável da situação (p. 21)
2. Situação político-administrativa (pp. 22/24).
A. Período de 25Abr74 a 15Out74
2. Evolução da situação após 25Abr74
a. Generalidades (pp. 25/26)
b. Situação política externa (pp. 26/28)
(1) PAIGC (pp. 29/32)
(2) Organizações internacionais (pp. 32/34)
(3) Países africanos (pp. 34/35)
(4) Outros países (pp. 35/36)
c. Situação interna
(1) Situação militar
(a) Aspetos gerais (pp.37/46)
b) Síntese da actividade de guerrilha
1. Ações de guerrilha realizadas pelo PAIGC após 25abr74 (pp. 47/52)
2. Ações de controlo às viaturas das NT (p. 52)
3. Ocupação dos aquartelamentos das NT e povoações pelo PAIG (pp. 52/54)
(2) Situação político-administrativa
(a) PAIGC- Contactos e conversações no TO (pp. 55/64)
(b) Outros partidos políticos ou associações cívicas (pp. 64/66)
(c) Prisioneiros de guerra (pp. 66/68;
(d) Transferência dos serviços públicos sob administração portuguesa para a administração da República da Guiné-Bissau (pp. 68/70);
(e) Diversos (pp. 70/74)
Reprodução das páginas 67 a 74 (de um total de 74) do relatório da 2ª Rep/CC/FAG, publicado em 28 de fevereiro de 1975, e na altura classificado como "Secreto".
Digitalização do documento: Luís Gonçalves Vaz (2012) / Edição das imagens: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2012)
____________
Notas dos editores:
(*) Vd. postes anteriores da série:
18 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9368: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte I)
19 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9372: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte II)
25 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9398: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte III)
31 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9424: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte IV): pp. 1/9
4 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9443: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte V): pp. 10/21
6 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 – P9450: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte VI): pp. 22/25
11 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9473: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte VII): pp. 25/36
15 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9486: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte VIII): pp. 37/46
17 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9499: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte IX): pp. 47/54
28 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 – P9544: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte X): pp. 55 a 66
O relatório, datado de 28 de Fevereiro de 1975, é assinado pelo chefe da 2ª Rep do CC/FAG [, Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné, Comando Unificado criado em 17 de Agosto de 1974], o Maj Inf Tito José Barroso Capela.
Publicamos hoje a parte final (Situação interna) da segunda parte
do relatório (B. Período de 25Abr74 a 15Out74), pp. 66 a 74:
(2) Situação político-administrativa:
(c) Prisioneiros de guerra (pp. 66/68;
(d) Transferência dos serviços públicos sob administração
portuguesa para a administração da República da Guiné-Bissau
(pp. 68/70);
(e) Diversos (pp. 70/74)
Índice do relatório
A. Período até 25Abr74
1. Situação em 25Abr74
a. Generalidades (pp.1/2)
b. Situação política externa:
( 1 ) PAIGC e organizações internacionais (pp. 2/5)
( 2 ) Países limítrofes (pp. 5/8)
( 3 ) O reconhecimento internacional do “Estado da G/B em 25Abr74 (pp.8/9).
c. Situação interna:
1. Situação militar.
( a ) Actividade do PAIGC (pp. 10/12)
( b ) Síntese da atividade do PAIGC e suas consequências (pp.13/15)
( c ) Análise da actividade de guerrilha (pp. 16/18)
( d ) Dispositivo geral do PAIGC e objetivos (pp. 18/19)
( e ) Potencial de combate do PAIG (pp.19/20)
( f ) Possibilidades do PAIGC e evolução provável da situação (p. 21)
2. Situação político-administrativa (pp. 22/24).
A. Período de 25Abr74 a 15Out74
2. Evolução da situação após 25Abr74
a. Generalidades (pp. 25/26)
b. Situação política externa (pp. 26/28)
(1) PAIGC (pp. 29/32)
(2) Organizações internacionais (pp. 32/34)
(3) Países africanos (pp. 34/35)
(4) Outros países (pp. 35/36)
c. Situação interna
(1) Situação militar
(a) Aspetos gerais (pp.37/46)
b) Síntese da actividade de guerrilha
1. Ações de guerrilha realizadas pelo PAIGC após 25abr74 (pp. 47/52)
2. Ações de controlo às viaturas das NT (p. 52)
3. Ocupação dos aquartelamentos das NT e povoações pelo PAIG (pp. 52/54)
(2) Situação político-administrativa
(a) PAIGC- Contactos e conversações no TO (pp. 55/64)
(b) Outros partidos políticos ou associações cívicas (pp. 64/66)
(c) Prisioneiros de guerra (pp. 66/68;
(d) Transferência dos serviços públicos sob administração portuguesa para a administração da República da Guiné-Bissau (pp. 68/70);
(e) Diversos (pp. 70/74)
Reprodução das páginas 67 a 74 (de um total de 74) do relatório da 2ª Rep/CC/FAG, publicado em 28 de fevereiro de 1975, e na altura classificado como "Secreto".
Digitalização do documento: Luís Gonçalves Vaz (2012) / Edição das imagens: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2012)
____________
Notas dos editores:
(*) Vd. postes anteriores da série:
18 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9368: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte I)
19 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9372: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte II)
25 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9398: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte III)
31 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9424: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte IV): pp. 1/9
4 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9443: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte V): pp. 10/21
6 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 – P9450: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte VI): pp. 22/25
11 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9473: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte VII): pp. 25/36
15 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9486: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte VIII): pp. 37/46
17 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9499: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte IX): pp. 47/54
28 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 – P9544: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte X): pp. 55 a 66
Guiné 63/74 - P9580: Blogues da nossa blogosfera (50): EcoCantanhez, sitío de ecoturismo dos nossos amigos (e parceiros) da AD - Acção para o Desenvolvimento (Bissau)
Página de rosto do sítio EcoCantanhez... Versão em cinco línguas (PT, EN, FR, IT, ES)...O que se propõe ? Entreabrir a janela e convidar-nos a descobrir...
"A MATA, OS ANIMAIS E OS RIOS, A BELEZA DA NATUREZA
Apoiado num sistema de alojamento disperso por toda a zona, baseado em bungalows frescos com capacidade individual para 2 ou 4 pessoas, alimentação tradicional e moderna de qualidade, miradouros e observação de animais selvagens, apreciação da cultura e história de 7 etnias, visita às tabancas (aldeias) e apreciação do dia a dia dos seus habitantes e oportunidade de percorrer 14 itinerários turísticos".
"A diversidade de espécies de fauna e de flora está patente durante toda a experiência do turista que se desloca até Cantanhez. Durante a viagem de Bissau até aos polos de ecoturismo e depois já na floresta de Cantantez é permanente o contacto com diferentes animais e espécies de árvores, arbustos e flores.
"Destacamos:
- Os macacos e chimpanzés;
- Os pelicanos e as aves migratórias;
- As paisagens fabulosas das bolanhas, palmares e mangais".
Alojamentos (em bungalows): Farusajuma e Iemberém
O sítio inclui ainda: Galeria, Preçário, Informações, Contactos, Localização (no mapa), Outros Destinos (Parque Nacional de Orango, Saltinho, Varela, Bijagós)...
EcoCantanhez: A principal entidade promotora são os nossos amigos (e parceiros) da AD - Acção para o Desenvolvimentos, com apoio financeiro, técnico e organizacional da União Europeia e parcerias italianas... (Onde anda a lusa gente ?)... Sítio muito amigável, simples, com um belo design, profissional, elevada qualidade estética, com uma boa galeria fotográfica... Também disponível no Facebook. Os nossos parabéns à direcção da AD e os melhores votos de sucesso (e de saúde) ao nosso amigo Abubacar Serra e à sua equipa. Espero/esparemos um dia poder voltar ao Cantanhez, que concentra toda a magia e encanto da Guiné, das suas gentes, do seu património material e imaterial... Recorde-se que temos no nosso blogue mais de uma centena de referências ao Cantanhez, incluindo o seu Parque Nacional... (LG)
1. Mensagem da ONG guineense AD - Acção para o Desenvolvimento:
De: AD Bissau [ adbissau.ad@gmail.com ]
Data: 6 de Março de 2012 10:09
Assunto: EcoCantanhez, site de ecoturismo da AD
Amigos
A partir de hoje podem consultar o site www.ecocantanhez.org onde terão informações sobre o ecoturismo no Parque Nacional de Cantanhez, os itinerários a escolher, os locais de alojamento e alimentação e todo um conjunto de informações que vos estimularão a vir pela primeira vez (ou a revisitar) as últimas florestas primárias da Guiné-Bissau. (**)
Saudações,
Data: 6 de Março de 2012 10:09
Assunto: EcoCantanhez, site de ecoturismo da AD
Amigos
A partir de hoje podem consultar o site www.ecocantanhez.org onde terão informações sobre o ecoturismo no Parque Nacional de Cantanhez, os itinerários a escolher, os locais de alojamento e alimentação e todo um conjunto de informações que vos estimularão a vir pela primeira vez (ou a revisitar) as últimas florestas primárias da Guiné-Bissau. (**)
Saudações,
A Direcção da AD
_________________
Notas do editor:
(*) Vd. último poste da série > 11 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9470: Blogues da nossa blogosfera (49): CCAÇ 4641 (Mansoa e Ilondé, 1973/74)
(**) A riqueza da biodiversidade da Guiné-Bissau:
Sabias que...
(...) Ao longo destes anos o IBAP [ Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas ] conseguiu constatar que a Guiné-Bissau é um país rico em termos da biodiversidade. Descobriu-se que a Ilha do Poilão é o sítio mais importante da reprodução de tartaruga marinha a nível da costa Atlântica, é o único país da África Ocidental com hipopótamos da água doce e recebe, anualmente, mais de um milhão de aves migratórias, no período invernal.
A Guiné-Bissau figura na lista de doze países do mundo com maior número de mangais e reserva a quantidade mais importante na África Ocidental do peixe-boi e é um dos países mais ricos em termos de recursos pesqueiros. (...)
(...) Há dez anos atrás eram facilmente vistos macacos, gazelas, cabra do mato e entre outras espécies a atravessaram as estradas, mas hoje são raros, devido a pressão do homem, através de caça. Há actualmente um mercado de exclusivo de macacos. Consequências disso hoje são visíveis, porque os camponeses queixam-se de estragos do cultivo por diferentes espécies que outrora não frequentavam os cultivos, porque eram amedrontadas por outras espécies. (...)
(...) Dantes a Guiné-Bissau enfrentava um défice em termos de leis que salvaguardem o meio ambiente, mas este ano foram aprovadas várias leis importantes no domínio da conservação ambiental, designadamente lei base do ambiente, da avaliação ambiental, da floresta, de pesca, regulamento de pesca artesanal e actualizada a lei-quadro das áreas protegidas, bem como a criação de Parque Nacional de Cantanhez que é o último maciço de floresta húmida, (Massa Eternal de África). Essa massa inicia na zona do Gabão, região da África Central, e termina na mata de Cantanhez, República da Guiné-Bissau. (...)
(...) Quinze porcento da superfície total da Guiné-Bissau é considerado como área protegida. Neste momento numericamente existem, oficialmente, seis áreas protegidas, nomeadamente Parque Nacional de Tarrafe de Cacheu, Parque Natural de Cufada, Parque Nacional de Cantanhez, Parque Nacional de João Vieira e Poilão, Parque Nacional de Orango e a Área Marinha Protegida Comunitária de Ilhas de Urock, que inclui as ilhas de Formosa, Nago e Tchedingha, bem como a reserva de biosfera do Arquipélago dos Bijagós.
Mas, há um plano de aumentar a faixa de cobertura das áreas protegidas para vinte e quatro porcentos até 2014, com o apoio do Fundo Mundial para o Ambiente, já está em curso a criação de mais dois parques, a saber, o Parque Nacional de Dulombi e o Parque Nacional de Boé, abrangendo o corredor de fauna de Cuntabane e de Salifo e de Tchetche. Estamos a trabalhar a nível da sub-região, sobretudo com países fronteiriços, nomeadamente Senegal e Guiné Conakri, com vista a criar áreas protegidas transfronteiriças. (...)
(...) Apesca contribui com quarenta porcento no Orçamento Geral do Estado, proveniente da venda de licenças de pesca, sendo que oitenta porcento dessas licenças destinam-se à pesca do camarão, ao largo do rio Cacheu. Dpois, todas as áreas protegidas marinhas do Arquipélago dos Bijagós são zonas de crescimento e de reprodução de espécies haliêuticas. (...)
Declarações de Alfredo Simão da Silva, diretor do IBAP. In: Entrevista: "Áreas protegidas são filosofia de desenvolvimento local”. [Em linha]. No Pintcha. 29 de novembro de 2011. [Consult em 8 de março de 2012]. Disponível em: http://www.jornalnopintcha.com/index.php/entrevista/item/88-areas-protegidas-sao-filosofia-de-desenvolvimento-local
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Notas do editor:
(*) Vd. último poste da série > 11 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9470: Blogues da nossa blogosfera (49): CCAÇ 4641 (Mansoa e Ilondé, 1973/74)
(**) A riqueza da biodiversidade da Guiné-Bissau:
Sabias que...
(...) Ao longo destes anos o IBAP [ Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas ] conseguiu constatar que a Guiné-Bissau é um país rico em termos da biodiversidade. Descobriu-se que a Ilha do Poilão é o sítio mais importante da reprodução de tartaruga marinha a nível da costa Atlântica, é o único país da África Ocidental com hipopótamos da água doce e recebe, anualmente, mais de um milhão de aves migratórias, no período invernal.
A Guiné-Bissau figura na lista de doze países do mundo com maior número de mangais e reserva a quantidade mais importante na África Ocidental do peixe-boi e é um dos países mais ricos em termos de recursos pesqueiros. (...)
(...) Há dez anos atrás eram facilmente vistos macacos, gazelas, cabra do mato e entre outras espécies a atravessaram as estradas, mas hoje são raros, devido a pressão do homem, através de caça. Há actualmente um mercado de exclusivo de macacos. Consequências disso hoje são visíveis, porque os camponeses queixam-se de estragos do cultivo por diferentes espécies que outrora não frequentavam os cultivos, porque eram amedrontadas por outras espécies. (...)
(...) Dantes a Guiné-Bissau enfrentava um défice em termos de leis que salvaguardem o meio ambiente, mas este ano foram aprovadas várias leis importantes no domínio da conservação ambiental, designadamente lei base do ambiente, da avaliação ambiental, da floresta, de pesca, regulamento de pesca artesanal e actualizada a lei-quadro das áreas protegidas, bem como a criação de Parque Nacional de Cantanhez que é o último maciço de floresta húmida, (Massa Eternal de África). Essa massa inicia na zona do Gabão, região da África Central, e termina na mata de Cantanhez, República da Guiné-Bissau. (...)
(...) Quinze porcento da superfície total da Guiné-Bissau é considerado como área protegida. Neste momento numericamente existem, oficialmente, seis áreas protegidas, nomeadamente Parque Nacional de Tarrafe de Cacheu, Parque Natural de Cufada, Parque Nacional de Cantanhez, Parque Nacional de João Vieira e Poilão, Parque Nacional de Orango e a Área Marinha Protegida Comunitária de Ilhas de Urock, que inclui as ilhas de Formosa, Nago e Tchedingha, bem como a reserva de biosfera do Arquipélago dos Bijagós.
Mas, há um plano de aumentar a faixa de cobertura das áreas protegidas para vinte e quatro porcentos até 2014, com o apoio do Fundo Mundial para o Ambiente, já está em curso a criação de mais dois parques, a saber, o Parque Nacional de Dulombi e o Parque Nacional de Boé, abrangendo o corredor de fauna de Cuntabane e de Salifo e de Tchetche. Estamos a trabalhar a nível da sub-região, sobretudo com países fronteiriços, nomeadamente Senegal e Guiné Conakri, com vista a criar áreas protegidas transfronteiriças. (...)
(...) Apesca contribui com quarenta porcento no Orçamento Geral do Estado, proveniente da venda de licenças de pesca, sendo que oitenta porcento dessas licenças destinam-se à pesca do camarão, ao largo do rio Cacheu. Dpois, todas as áreas protegidas marinhas do Arquipélago dos Bijagós são zonas de crescimento e de reprodução de espécies haliêuticas. (...)
Declarações de Alfredo Simão da Silva, diretor do IBAP. In: Entrevista: "Áreas protegidas são filosofia de desenvolvimento local”. [Em linha]. No Pintcha. 29 de novembro de 2011. [Consult em 8 de março de 2012]. Disponível em: http://www.jornalnopintcha.com/index.php/entrevista/item/88-areas-protegidas-sao-filosofia-de-desenvolvimento-local
Guiné 63/74 - P9579: Blogpoesia (180): No Dia Internacional da Mulher, A um modelo de mulher (Felismina Costa)
Um bonito poema da nossa amiga tertuliana Felismina Costa*, dedicado a sua mãe
A um modelo de mulher
Mãe,
Ofereço-te o dia que chega!
O sol que difunde os seus raios
Por entre os eucaliptos da “Ventosa”
E os faz chegar a nossa casa
Que cedo arrumaste, para o receber!
Sei, que ele gosta de se demorar no nosso corredor
Em cuja brancura das paredes se encanta
E na singeleza dos pequenos vasos, dependurados nelas
Onde tu semeias a alegria das plantas, que por elas descem,
regredindo à aproximação do solo,
em sorrisos que entendo e retribuo.
Ofereço-te a Paz do lugar amado
Onde me fizeste crescer, segura e feliz!
Onde nos fizeste crescer, seguros e felizes!
Ofereço-te, o espaço certo,
Onde se desenvolveu, a minha gratidão pela vida.
O largo rectângulo da rua, de seixos brancos, revestida aqui e ali,
De almofadas de “grama”
Que antecedia a entrada para a Paz da nossa vida,
Tão limpa e sossegada, tão gostosa…
Onde as preocupações se resumiam
Ao que a Providência determinasse.
Ali, à esquina do mundo,
Nem me apetecia espreitá-lo,
Com medo de perder aquela Paz,
Influenciada por possíveis ofertas do desconhecido.
Mas, tenho mais para te oferecer, mãe!
Tenho em frente, (nas terras da Tia Cristina)
Os bordões floridos, que brotavam da terra
A renascer, em tons doces de rosa e branco
Onde o nosso olhar parava e se deleitava,
No início da Primavera,
Que irrompiam dos bolbos
Que a terra guardava, durante os Invernos daquele tempo,
E o pequeno barranco, que delimitava, a nossa terra e a dela.
Nos seus combros, almofadados pela vegetação
curta e compacta, de tantos anos,
que fixava o curso das águas e protegia as terras
de possíveis enxurradas,
o precioso líquido corria límpido e calmo,
até desembocar na estrada que o cortava ali
e em cujo lugar, formava uma pequena bacia
onde víamos os pequenos girinos,
transformarem-se em pequenas rãs saltitantes.
Depois, o ribeiro continuava o seu curso, delimitando a sul,
o espaço onde cultivávamos os vegetais,
antes de se cruzar com o regato maior, que longitudinalmente
percorria a quinta, pouco antes de se precipitarem no aqueduto,
que existia ao fundo desse espaço real.
Ofereço-te mãe, as flores das romãzeiras, quais labaredas aquecendo corações,
E as flores das abóboras, que se estendiam na longitude dos combros do ribeiro,
Que a minha atenção infinita não deixava descansadas,
Contando e observando os pequenos frutos,
Que se desenvolviam a olhos vistos,
Oferecendo-nos as suas formas distintas, esculturais,
Para além da riqueza das suas propriedades químicas.
Ofereço-te, o som do canavial
Nas noites ventosas de Inverno,
Como que divertido em assustar-nos,
E o cantar inconfundível do cuco,
Que chegava sempre em dia certo,
E a alegria imensa dos bandos de andorinhas
Que chegavam felizes, por voltar à velha casa,
Que tem a característica de ser,
Maternidade e abrigo de sucessivas gerações,
Que em muitas horas, eram os únicos seres
que fruíam as nossas atenções,
por total ausência de outros.
Ofereço-te, os bandos de papa-figos
Pintados de preto, verde e amarelo, a caminho das figueiras,
Ligeiros e gulosos, que me extasiavam,
E as flores de todas as árvores, daquele espaço azul e verde
Dourado pelo astro-rei, que brotavam, numa imensidão
De rosa e branco, ao longo dos seus braços abertos, oferecidos!
Ofereço-te a minha alegria, mãe!
A tal alegria que plantaste, no mais profundo do meu ser,
E, que fazes renascer cada dia, na grata certeza de me teres mostrado
A beleza que existe no lugar onde vivemos,
Na constatação de que, nele germinam e proliferam,
Todas as espécies que nos encantam, e obstam à nossa sobrevivência,
Caminheiros de pouca fé, do único Planeta habitável!
Ali, à beira-estrada, à beira-vida, o Paraíso arriscou uma sucursal,
Que tinha alguns admiradores gratos!
Ofereço-te a luz Outonal, Divina,
E a doce calma que enchia aqueles caminhos!
A estrada aberta em terra batida, colorida naturalmente
De cores, vermelho e rosado, a caminho do Monte-Novo-de-Cima
Do Mal julgado, do Monte-Novo-da-Portela, e dos restantes Montes do lugar.
Ofereço-te, todo o orvalho de uma estupenda manhã Primaveril
Sobre o milho, do outro lado do ribeiro,
Brilhando como cristais,
E a presença de uma cegonha Divina, poisada ali, no meio das pedrarias
Qual quadro do mais dotado impressionista,
Decorando aquele espaço dos nossos dias de ontem!
Ofereço-te, as noites brilhantes de Agosto
E aquele céu total, decorado por milhões de estrelas e Planetas inacessíveis!
Tão grande foste, minha mãe “pequenina”!
Tão forte e doce, tão sabedora e mágica,
Que me atrevo a usar-te como modelo
Neste dia, que nos é dedicado,
Sem medo que ninguém ofusque o teu brilho!
Como vês, guardei tudo o que foi nosso, e revejo-o cada dia!
É tudo teu, e eu… continuo a ser… a tua menina!
Felismina Costa
____________
Notas de CV:
(*) Vd. último poste de 14 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9481: Blogpoesia (177): Dia de S. Valentim - E se de repente o comércio reinventasse o Amor? (Felismina Costa)
Vd. último poste da série de 19 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9506: Blogpoesia (179): Os Unidos de Mampatá: Do Zé Manel Lopes (Josema) para o seu camarigo António Carvalho, hoje com 62 anos
A um modelo de mulher
Mãe,
Ofereço-te o dia que chega!
O sol que difunde os seus raios
Por entre os eucaliptos da “Ventosa”
E os faz chegar a nossa casa
Que cedo arrumaste, para o receber!
Sei, que ele gosta de se demorar no nosso corredor
Em cuja brancura das paredes se encanta
E na singeleza dos pequenos vasos, dependurados nelas
Onde tu semeias a alegria das plantas, que por elas descem,
regredindo à aproximação do solo,
em sorrisos que entendo e retribuo.
Ofereço-te a Paz do lugar amado
Onde me fizeste crescer, segura e feliz!
Onde nos fizeste crescer, seguros e felizes!
Ofereço-te, o espaço certo,
Onde se desenvolveu, a minha gratidão pela vida.
O largo rectângulo da rua, de seixos brancos, revestida aqui e ali,
De almofadas de “grama”
Que antecedia a entrada para a Paz da nossa vida,
Tão limpa e sossegada, tão gostosa…
Onde as preocupações se resumiam
Ao que a Providência determinasse.
Ali, à esquina do mundo,
Nem me apetecia espreitá-lo,
Com medo de perder aquela Paz,
Influenciada por possíveis ofertas do desconhecido.
Mas, tenho mais para te oferecer, mãe!
Tenho em frente, (nas terras da Tia Cristina)
Os bordões floridos, que brotavam da terra
A renascer, em tons doces de rosa e branco
Onde o nosso olhar parava e se deleitava,
No início da Primavera,
Que irrompiam dos bolbos
Que a terra guardava, durante os Invernos daquele tempo,
E o pequeno barranco, que delimitava, a nossa terra e a dela.
Nos seus combros, almofadados pela vegetação
curta e compacta, de tantos anos,
que fixava o curso das águas e protegia as terras
de possíveis enxurradas,
o precioso líquido corria límpido e calmo,
até desembocar na estrada que o cortava ali
e em cujo lugar, formava uma pequena bacia
onde víamos os pequenos girinos,
transformarem-se em pequenas rãs saltitantes.
Depois, o ribeiro continuava o seu curso, delimitando a sul,
o espaço onde cultivávamos os vegetais,
antes de se cruzar com o regato maior, que longitudinalmente
percorria a quinta, pouco antes de se precipitarem no aqueduto,
que existia ao fundo desse espaço real.
Ofereço-te mãe, as flores das romãzeiras, quais labaredas aquecendo corações,
E as flores das abóboras, que se estendiam na longitude dos combros do ribeiro,
Que a minha atenção infinita não deixava descansadas,
Contando e observando os pequenos frutos,
Que se desenvolviam a olhos vistos,
Oferecendo-nos as suas formas distintas, esculturais,
Para além da riqueza das suas propriedades químicas.
Ofereço-te, o som do canavial
Nas noites ventosas de Inverno,
Como que divertido em assustar-nos,
E o cantar inconfundível do cuco,
Que chegava sempre em dia certo,
E a alegria imensa dos bandos de andorinhas
Que chegavam felizes, por voltar à velha casa,
Que tem a característica de ser,
Maternidade e abrigo de sucessivas gerações,
Que em muitas horas, eram os únicos seres
que fruíam as nossas atenções,
por total ausência de outros.
Ofereço-te, os bandos de papa-figos
Pintados de preto, verde e amarelo, a caminho das figueiras,
Ligeiros e gulosos, que me extasiavam,
E as flores de todas as árvores, daquele espaço azul e verde
Dourado pelo astro-rei, que brotavam, numa imensidão
De rosa e branco, ao longo dos seus braços abertos, oferecidos!
Ofereço-te a minha alegria, mãe!
A tal alegria que plantaste, no mais profundo do meu ser,
E, que fazes renascer cada dia, na grata certeza de me teres mostrado
A beleza que existe no lugar onde vivemos,
Na constatação de que, nele germinam e proliferam,
Todas as espécies que nos encantam, e obstam à nossa sobrevivência,
Caminheiros de pouca fé, do único Planeta habitável!
Ali, à beira-estrada, à beira-vida, o Paraíso arriscou uma sucursal,
Que tinha alguns admiradores gratos!
Ofereço-te a luz Outonal, Divina,
E a doce calma que enchia aqueles caminhos!
A estrada aberta em terra batida, colorida naturalmente
De cores, vermelho e rosado, a caminho do Monte-Novo-de-Cima
Do Mal julgado, do Monte-Novo-da-Portela, e dos restantes Montes do lugar.
Ofereço-te, todo o orvalho de uma estupenda manhã Primaveril
Sobre o milho, do outro lado do ribeiro,
Brilhando como cristais,
E a presença de uma cegonha Divina, poisada ali, no meio das pedrarias
Qual quadro do mais dotado impressionista,
Decorando aquele espaço dos nossos dias de ontem!
Ofereço-te, as noites brilhantes de Agosto
E aquele céu total, decorado por milhões de estrelas e Planetas inacessíveis!
Tão grande foste, minha mãe “pequenina”!
Tão forte e doce, tão sabedora e mágica,
Que me atrevo a usar-te como modelo
Neste dia, que nos é dedicado,
Sem medo que ninguém ofusque o teu brilho!
Como vês, guardei tudo o que foi nosso, e revejo-o cada dia!
É tudo teu, e eu… continuo a ser… a tua menina!
Felismina Costa
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Notas de CV:
(*) Vd. último poste de 14 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9481: Blogpoesia (177): Dia de S. Valentim - E se de repente o comércio reinventasse o Amor? (Felismina Costa)
Vd. último poste da série de 19 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9506: Blogpoesia (179): Os Unidos de Mampatá: Do Zé Manel Lopes (Josema) para o seu camarigo António Carvalho, hoje com 62 anos
Guiné 63/74 - P9578: Parabéns a você (390): António Marques Lopes, Coronel DFA Reformado, ex-Alf Mil da CART 1690 (Guiné, 1967/69)
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 27 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9538: Parabéns a você (389): Luís R. Moreira, ex-Alf Mil Sapador da CCS/BART 2917 e BENG 447 (Guiné, 1970/71)
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 27 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9538: Parabéns a você (389): Luís R. Moreira, ex-Alf Mil Sapador da CCS/BART 2917 e BENG 447 (Guiné, 1970/71)
quarta-feira, 7 de março de 2012
Guiné 63/74 - P9577: Memórias da CCAÇ 798 (Manuel Vaz) (7): Uma perspectiva a partir de Gadamael Porto - 65/67 - VII Parte - Evolução da situação militar
1. Em mensagem do dia 3 de Março de 2012, o nosso camarada Manuel Vaz (ex-Alf Mil da CCAÇ 798, Gadamael Porto, 1965/67), enviou-nos a VII Parte das Memórias da sua Companhia.
MEMÓRIAS DA CCAÇ 798 (7)
De 63 a 73, uma década de Guerra na Fronteira Sul da Guiné
Uma Perspectiva a Partir de Gadamael Porto - 65/67 (VII Parte)
A Evolução da Situação Militar
O título da minha intervenção “De 63 a 73, uma década de Guerra na Fronteira Sul da Guiné . . .” foi escolhido por considerar a “Batalha de Gadamael” como o corolário natural da evolução militar na Fronteira Sul, ou mesmo na Guiné. Retomo por isso, a análise feita nas Partes I e II, sem pôr de lado o princípio, que uma luta de guerrilhas não se resolve pela via militar.
Depois de um período em que reagiu à instalação das NT, ao longo da fronteira, o PAIGC considerou prioritário o reforço, noutras zonas, nomeadamente no Cantanhez e no Quitafine. Mas para intensificar a sua presença no interior, tinha de manter abertas as vias de reabastecimento com a República da Guiné, país amigo por onde passava a maior parte do apoio. Ora, na Fronteira Sul, a solução natural era o “Corredor de Guileje”, já que o Quitafine estava encostado à fronteira e era abastecido diretamente através dos rios Caraxe e Camexibo.
Apesar das evidências, a primeira força militar colocada no corredor, foi um pelotão da CART 495 de Aaldeia Formosa, (4/FEV/64) sem capacidade operacional para contrariar a actividade do PAIGC na zona. A primeira Companhia instalada no “Corredor” foi a CCAÇ 726, em 28/OUT/64, praticamente um ano depois de estabelecida a malha operacional em Gadamael/Sangonhá. A reação não se fez esperar e surgem confrontos violentos com o PAIGC, visto que “ . . .o IN estava habituado a utilizar o corredor sem ser incomodado, uma vez que os efetivos de Guileje até então, não tinham passado de um pelotão”. (16)
Em 30/MAR/65 a CCAÇ 726, instala o respectivo destacamento no Mejo e completa-se assim, nesta fase, a Quadrícula das NT, na Fronteira Sul.
Os elementos apresentados explicam, até certo ponto, a relativa acalmia que, a partir da ocupação do “corredor”, se começou a sentir nos setores mais a Sul (Gadamael e Sangonhá), enquanto a Norte, Guileje se vai transformando num “inferno”, apesar da intervenção das “forças especiais”. A situação vai manter-se até o PAIGC consolidar a presença no “Corredor de Guileje” e respectivos apoios, dentro e fora da fronteira.
Entretanto o ano de 1968, vai ser o ano de grandes mudanças. O Comando-Chefe, apercebe-se que a estratégia de Quadrícula se encontra esgotada, remetendo as forças no terreno, a uma atitude defensiva. Em JAN/68 resolve utilizar o Batalhão de Paraquedistas “numa operação arrojada, a fim de recuperar a iniciativa da guerra no Cantanhez. . . . Os Para-quedistas sofreram três feridos graves e dois ligeiros . . . capturaram todo o material de guerra . . . quarenta guerrilheiros foram mortos e 19 foram feitos prisioneiros”. (17)
Aspeto do interior de Ganturé que viria a ser abandonado em 13/MAI/70
Entretanto, em 08/ABR/68, três anos depois da ocupação do Mejo e demasiado tarde face à evolução militar da zona, a CCAÇ 2317 é colocada na zona de Gadembel, no coração do “Corredor da Morte” e instala um Destacamento a defender a ponte do rio Balana, de maneira a garantir a ligação com A. Formosa. O PAIGC reage, deslocando mais efetivos para a zona. O Aquartelamento é continuamente bombardeado e a situação sofre um agravamento a Norte e a Sul do rio Balana, com tendência a estender-se mais para Sul.
Em MAI/68 o general Arnaldo Schulz é substituído pelo brigadeiro António de Spínola que altera a política e a estratégia, tentando ganhar as populações e a iniciativa militar.
Em JUN/68 põe em marcha um plano de retração do dispositivo militar, de maneira a recuperar efetivos sem comprometer a defesa das populações. Em Cacine, fala com o Cap. Veiga da Fonseca e questiona-o quanto à possibilidade de abandonar posições na zona, para recuperar mais unidades de intervenção. A resposta foi: “ . . . para não perder o controle da estrada para Guileje, não deveria abandonar nenhuma posição, mas se a ideia era essa, então abandonasse Sangonhá e Cacoca”. (18) Estes aquartelamentos foram extintos nos finais de 1968. As populações deslocam-se, à sua escolha, para Ganturé Gadamael e surge neste, com o apoio das NT, “ . . .o primeiro reordenamento da população da Guiné . . .” (18) uma das bandeiras do General Spínola.
Em 28/JAN/69, são ainda abandonados os aquartelamentos de Mejo, Gadembel e Ponte Balana, entre outros.
O regresso de uma patrulha no rio Queruane com o médico Batalhão, em primeiro plano
Entretanto a situação continua a degradar-se. Em Gadamael, com um setor alargado para além de Sangonhá, os contactos com o IN são mais frequentes, bem como as flagelações dos aquartelamentos. O destacamento de Ganturé, a 6 Km da fronteira é agora o mais exposto e a 06/JAN/69 (um ano depois de Spínola ter informado a população do seu abandono e quase um ano ates deste se ter concretizado – 13/MAI/70), sofre um ataque com Mort/82 e Canhão S/R, a partir da pista de Sangonhá. O apoio aéreo pedido surpreende o IN, destruindo o armamento pesado e causando uma autêntica “chacina”.
A pressão do PAIGC estende-se a toda a Fronteira Sul. O Aquartelamento de Guileje, fortificado com abrigos de betão para resistir à artilharia inimiga, está isolado no “corredor da morte” e entregue aos apetites do PAIGC. (19)
Para causar instabilidade ao IN, nas “zonas problemáticas”, Spínola utiliza as “forças especiais”, fortemente apoiadas por meios aéreos, capazes de incursões rápidas e violentas. Foi assim em Cassebeche, no Quitafine, a 07/MAR/69, mas as NT são rechaçadas. Os intensos bombardeamentos, não conseguem eliminar a bateria de antiaéreas e assim não é possível apoiar a progressão dos Páras.
Todo o Sul da Guiné, cujo comandante da Guerrilha é Nino Vieira, é um quebra-cabeças para Spínola e a sua captura seria um golpe importante contra a guerrilha. A oportunidade chega com as informações que dão como certa a sua passagem, no “Corredor de Guileje” a 18/NOV69. Os PÁRAS montam uma emboscada e capturam um elemento importante, mas não é o Nino, é um Cap. Cubano de nome Peralta.
Na Fronteira Sul, as notícias não são Boas. “ A CCAÇ 2796 foi fustigada de forma brutal nos seus primeiros passos em Gadamael, numa primeira tentativa do PAIGC de, indirectamente, eliminar a posição de Guilege. Sofreu baixas, incluindo o Comandante de Companhia ( 24/JAN/71 ) . . .” (20) O Médico do Batatalhão diz mesmo que “no tempos da CCAÇ 2796, Gadamael era o pior buraco do sul .“ (21) As citações deixam perceber que o PAIGC pressiona mais a sul na tentativa de isolar Guiledje, o que vai continuar a fazer, dada a sua capacidade crescente.
A situação que, no cômputo geral, melhorou com a chegada de Spínola, começou entretanto a regredir e a principal preocupação é o Sul. O Comando-Chefe planeia uma grande ofensiva no “Corredor de Guileje”, em que os efectivos são deslocados de avião para A. Formosa e Gadamael Porto. A operação que durou 10 dias, teve início a 28/MAR/72, com fortes bombardeamentos, a norte e a sul do R. Balana. Foi considerada um êxito pelo material apreendido, as destruições e as baixas provocadas, num zona em que o PAIGC lançava estruturas de apoio.
Mas o Comandante-Chefe tem planos mais ambiciosos para o Sul: ”. . . fazer do rio Cacine a principal linha de defesa do Sul da Província. Para a concretização deste plano, era absolutamente necessário que as tropas portuguesas ocupassem a Península do Cantanhez ....” como “... apoio aos aquartelamentos de Cacine, Guilege e Gadamael . . .” (22)
A 12/DEZ/72 o plano é posto em marcha com o ataque à base de apoio à guerrilha no Cantanhez. Depois de violentos confrontos, os Páras conseguem entrar na base, enquanto Caboxanque, Cadique e Cafine são ocupados. A par desta acção militar, toda a fronteira, desde Aldeia Formosa a Cacine, é objecto da intervenção conjugada de forças especiais e outras, de maneira a desarticular e criar instabilidade ao IN. O conjunto de Acções que decorreu de DEZ/72 a JUN/73 permitiu a captura de diverso material do qual se destacam 2 rampas de foguetões. Foi ainda capturado o comandante do bi-grupo de Simbeli.
Aspeto do rio, na zona de descargas, onde posteriormente foi construído o cais
O PAIGC decide responder à ofensiva das NT. Desde o assassinato de A. Cabral a 20/JAN/73) que a cúpula dirigente prepara uma grande ofensiva a que dará o nome do seu fundador.
Na primeira semana de MAI/73, o IN cerca Guidage a poucos metros da fronteira com o Senegal e corta todos os acessos a sul do aquartelamento com um vasto campo de minas. Os PÁRAS não conseguem romper o cerco. Os Comandos Africanos atacam a norte a base de apoio do IN que enfrentam em luta corpo-a-corpo. Uma força de Fuzileiros consegue fazer chegar ao aquartelamento uma coluna de reabastecimentos, mas a artilharia IN não dá tréguas. A FA limitada na sua ação pelos mísseis terra-ar, não consegue apoiar as NT. Feridos e mortos não são evacuados.
Guidage resistiu, mas “ . . . a operação de cerco ... terminou quando já não tínhamos necessidade de desviar as Forças de Intervenção do nosso objetivo principal, que não era ali, mas no Sul da Guiné”. (23).
O Objetivo principal era Guileje e por isso, às 07H00 de 18/MAI/73, uma coluna que se dirige para Gadamael cai numa emboscada e sofre 1 morto, 7 feridos graves e vários ligeiros. O apoio aéreo pedido não é concedido e as evacuações só a partir de Cacine, o que gera mal-estar, agravado com a morte de um dos feridos. Conhecedor da situação, o Comandante do COP5 esforça-se por apresentar, junto do Comandante-Chefe, os seus pontos de vista e pedir reforços.
Apesar dos responsáveis militares considerarem que “ O IN está a preparar as necessárias condições para conquista e destruição de guarnições menos apoiadas. . .“ onde se incluíam Guileje e Gadamael, (24) o Comandante-Chefe não só não atendeu o pedido de reforços do Comandante do COP5, como o nomeia 2º Comandante, entregando o comando ao Coronel Rafael Durão. Regressado a Guileje, depois de três dias de ausência, pela ida a Bissau, Coutinho e Lima encontra o Aquartelamento parcialmente destruído pela Artilharia, sem víveres, sem água, sem comunicações, com escassez de medicamentos e munições alguns abrigos destruídos, um furriel morto e a presença confirmada do IN nas imediações. Perante a situação, depois de uma reunião com os oficiais, decide retirar para Gadamael, na madrugada seguinte com toda a guarnição e a população, depois de destruir ou inutilizar o armamento pesado, viaturas e documentos. A retirada para Gadamael colhe de surpresa o IN que continuou a bombardear Guileje, (atingida até então por mais de 700 impactos ), mas surpreende também o Comandante-Chefe que, através do Cor. Rafael Durão, lhe dá ordem de prisão à chegada.
Aparentemente, para as chefias militares, tudo se resolvia com o afastamento do Comandante do COP 5, esquecendo que “ . . . encontrarmo-nos na entrada de um novo patamar da guerra . . .” e na “ . . . passagem para acções de tipo convencional embora ainda isoladas . . .” (24) esquecendo também a aglomeração de efetivos e de população em Gadamael, bem como a impreparação das defesas do Aquartelamento para resistir a um ataque de Artilharia em que ninguém parecia acreditar.
A 31/MAI/73, o Cor. Rafael Durão é substituído pelo Cap. Comando Ferreira da Silva, que, após a chegada, promove uma reunião com os dois Comandantes de Companhia. Finda esta, começam a cair as primeiras granadas que, gradualmente se vão aproximando, nove dias depois da chegada da coluna vinda de Guileje
Quando em 1966, olhava o Aquartelamento, não imaginava que um dia iria ser arrasado pelo PAIGC
No dia seguinte, estando no exterior do Aquartelamento dois pelotões, em patrulhamento, o IN desencadeia um ataque (cerca de 800 granadas) com vários tipos de armas e granadas. As guarnições dos Obuses, são praticamente dizimadas, ficando a resposta limitada aos Canhões S/R 5,7 e Mort/81 que não tinham alcance para atingir a base de fogos do IN, bem como a tiros esporádicos de um dos Obuses.
No entanto o IN coloca as granadas onde quer, destruindo o Aquartelamento: - Os 2 Comandantes de Companhia, de uma só vez, são atingidos, no Posto de Transmissões que fica inoperacional. Segue-se o médico que é evacuado. O Comandante do COP5, bem como vários graduados multiplicam esforços para socorrer e evacuar mortos e feridos.
Até à chegada dos PÁRAS, na manhã de 03/JUN, a guarnição de Gadamael respondeu ao ataque constante da Artilharia, com os meios disponíveis numa “ . . .aparência de capacidade de reacção que dissuadisse um eventual reconhecimento em força por parte do inimigo . . .” (25), municiando as armas, assistindo os feridos e procedendo às evacuações pelo rio, até Cacine. Entretanto regressaram ao Aquartelamento os militares que se tinham refugiado no exterior, enquanto outros com a população (cerca de 300/400) eram socorridos pela Marinha e levados para Cacine, entre eles muitos feridos, de tal maneira que “ à noite, a coberta das praças estava completamente repleta de feridos . . . “(26)
Mas os guerrilheiros pressionam nas imediações do Aquartelamento, emboscando e atacando as NT. O Comando-Chefe, depois de recusar a proposta de retirada, (27) decide empenhar na defesa de Gadamael todo o Batalhão de Paraquedistas que se transferem do Cantanhez para o COP5. A partir daí, a situação vai progressivamente melhorando com o patrulhamento ofensivo e permanente, de maneira a afastar o IN para lá da fronteira.
A situação permitiu toda a reorganização defensiva do Aquartelamento, até que no dia 23/JUN os PÁRAS descobrem e atacam uma base fortificada, na linha da fronteira, a 2,5 Km a sul de Caur, capturando importante material de Guerra e provocando muitas baixas, trabalho que FA completou. A Batalha de Gadamael custou às NT 18 mortos e 76 feridos, mas a operação “Amilcar Cabral” veio revelar a capacidade do PAIGC e a incomodidade das NT, perante as limitações da FA, resultantes da ameaça dos mísseis terra-ar. Repor a capacidade operacional da Força Aérea estava fora de causa, pelo isolamento internacional do País e pelos custos financeiros do seu reequipamento. (24) Assim, o colapso das NT está a prazo, perante o arsenal anunciado do PAIGC, onde se incluíam aviões MIG, Carros de Combate, mísseis terra-ar de tubos múltiplos, etc. etc.
A situação encaminha-se para um fim que a recusa do Plano Spínola/Senghor deixava adivinhar. O Regime de Lisboa não soube resolver o problema da Guerra, vai ser a Guerra que vai ajudar a resolver o problema do Regime que cai em ABR/74.
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(16) – Virgínio Briote, Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, P 2360
(17) – Manuel Catarino, AS GRANDES OPERAÇÕES DA GUERRA COlONIAL ( 2º Vol. ) (18) – António Costa (Coronel na reserva ), Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, P 6614 e 3013
(19) – “Dizia Amílcar Cabral que, se Guileje caísse, tudo o mais se desmoronaria.”- Depoimento de Manuel dos Santos (Comandante do PAIGC), ANEXO de A ÚLTIMA MISSÃO de José M. Calheiros
(20) – Morais da Silva, (Coronel na reserva), Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, P 7825
(21) – Amaral Bernardo, EX. Alf, Mil. Médico, Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, P 7796
(22) – Manuel Catarino, AS GRANDES OPERAÇÕES DA GUERRA COlONIAL ( 8º Vol. ) (23) – Manuel dos Santos (Comandante do PAIGC), ANEXO de A ÚLTIMA MISSÃO de José M. Calheiros
(24) – Acta da Reunião de Comandos de 15/MAI/73, Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, P 5627
(25) – João Seabra, , Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, P 3801
(26) – Pedro Lauret, Com. Da Fragata ORION, Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, P 6217
(27) - “SITUAÇÃO CADAMAEL PORTO INSUSTENTÁVEL( . . . ) PESSOAL COM MORAL EM BAIXO POUCO TEMPO AGUENTARÁ NESTA SITUAÇÃO VIRTUDE NÃO DORMIR, NÃO COMER VÁRIOS DIAS . . . SOLICITO AUTORIZAÇÃO PARA SE EFECTUAR RETIRADA ORDENADA COM MEIOS NAVAIS EXISRENTES NESTE ( . . . )”, Msg 5/P de 032229JUN73 do COP5 para COMCHEFEOPER, in A ÚLTIMA MISSÃO de José M. Calheiros
ANEXOS:
I – Presença das NT na Fronteira Sul ( Diagrama );
II – Presença das NT em Gadamael Porto ( Cronograma );
III – Reforço de Pessoal e Armamento em Gadamael Porto ( Diagrama );
IV – As NT em Gadamael Porto ( Representações Várias )
FONTES:
- Vários, Blogue LUÍS GRAÇA & CAMARADAS DA CUINÉ
- Catarino, M, AS GRANDES OPERAÇÕES DA GUERRA COLONIAL, Presselivre, Imprensa Livre SA, 2010
- Calheiros, J. M, A ( Cor. Par. ) ÚLTIMA MISSÃO, Caminhos Romanos, Porto, 2010
- Lima, C, ( Cor. Art. ) A RETIRADA DE GUILEJE, DG Edições, Linda-a-Velha, 2010
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 2 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9435: Memórias da CCAÇ 798 (Manuel Vaz) (6): Uma perspectiva a partir de Gadamael Porto - 65/67 - VI Parte - Momentos de descompressão
Guiné 63/74 - P9576: O PIFAS, de saudosa memória (8): Homenagem aos atuais profissionais da rádio Armando Carvalhêda, João Paulo Diniz e Faride Magide, evocados aqui pelo nosso saudoso camarada Daniel Matos (1950-2011)
1. Outra referência ao PFA (Pograma das Forças Armadas) (*), fomos encontrá-la no nosso blogue, na notável série Os Marados de Gadamael, da autoria do nosso saudoso camarada Daniel Matos (1950-2011), ex-Fur Mil da CCaç 3518 (Gadamael, 1972/74) [, foto à esquerda, em Gadamael, 1973] ...
Por ele ficámos a saber (ou confirmámos a informação de) que entre os locutores, militares, do PFA figuravam o Armando Carvalhêda e o João Paulo Diniz, hoje grandes nomes da rádio... Aqui vão alguns excertos de um dos postes do Daniel Matos que, em 24 de maio de 1973, vive nas valas de Guidaje, dia e local em que toma conhecimento, através de um paraquedista da CCP 121, que Guileje tinha acabado de ser abandonada pela tropa e pela população... (LG).
2. Vozes da rádio... nas valas de Guidaje, 24 de maio de 1973 (**)
por Daniel Matos (1950-2011)
(...) O nosso cabo artilheiro vasculha dentro da mala que tem deitada debaixo da cama, saca de um transistor do meio da roupa e das cartas, confirma se já está tudo acordado e põe o rádio a tocar. Escutam-se sons de kora (espécie de harpa mandinga, mas cujo formato é mais parecido com uma viola), depois ngumbé, ritmo nacional guineense, mas não deve ser tocado pelo grupo Cobiana Djazz, impedido de actuar na UDIB de Bissau e cujo vocalista, – José Carlos Schwarz [, 1949-1977,], o Zeca Afonso da Guiné – estará ainda na prisão de Djiu di Galinha – a Ilha das Galinhas, onde se situa a espécie de Tarrafal guineense, o Campo de Trabalho no arquipélago dos Bijagós (...).
Não sei que raio de língua ou dialecto fala o locutor que entre os temas musicais pronuncia uma algaraviada de coisas esquisitas para os nossos ouvidos. O que escuto na telefonia do artilheiro virá da Emissora Nacional (**) ou de postos de rádio dos países mais próximos (ouvimos com maior ou menor dificuldades emissões de onda média do Senegal, Gâmbia, Mali, Guiné/Conacry, Serra Leoa).
Quanto a música africana, as emissões nacionais transmitem sons guineenses, de preferência instrumentais. Vocalmente, um ou outro tema do grupo Voz da Guiné. De Cabo Verde, sobretudo Bana e Luís de Morais, e também os angolanos Duo Ouro Negro e Lili Tchiumba.
A Rádio Libertação − A Voz do PAIGC, Força, Luz e Guia do Nosso Povo, tem os seus noticiários e passa músicas muito variadas (cheguei a ouvir música portuguesa que é proibida em Portugal).
O popularíssimo PIFAS, a mascote do PFA, o programa de rádio das Forças Armadas, aqui completo, de microfone em punho e gravador na mão... O PFA era da responsabilidade do Serviço de Radiodifusão e Imprensa da Repacap (Repartição de Assuntos Civis e Acção Psicológico) do Com-Chefe, a que estiveram ligados militares como Otelo Saraiva de Carvalho e Ramalho Eanes. (A Repacaq é uma das repartições inovadoras do QG, juntamente com a RepOp - Repartição das Populações, criadas por Spínola).
Imagem enviada, no Natal de 2010, pelo nosso camarada José Romão (ex-Fur Mil At Inf, CCAÇ 3461/BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, e CCAÇ 16, Bachile, 1971/73).
E há o PFA [, Programa das Forças Armadas], umas quantas horas por dia, com espaços que procuram distrair a tropa, mas muito distintos entre si. (****)
Por vezes chega a ser imbecilizante um programa produzido pelo “casal Primeiro Dias e Senhora Tenente”. Havia de tudo, desde espaços de entretenimento inteligente, com o Armando Carvalheda (nosso artilheiro em Gadamael que, felizmente para ele, viria a mudar de ramo e a trocar o obus pelo microfone) – ainda hoje um profissionalão de rádio e uma das vozes mais influentes da RDP/Antena 1, onde é o principal divulgador da música popular portuguesa no seu palco da rádio, ao vivo, todas as semanas.
Também João Paulo Diniz (que regressado à metrópole passou, penso que a pedido de Otelo, que o conheceria de Bissau, o tema E Depois do Adeus, primeiro sinal radiofónico antes da senha Grândola Vila Morena).
E outros nomes que, de tanto os ouvirmos, ficaram na nossa memória: Faride Magide, julgo que técnico de som que terá estado anos depois em Coimbra, na RDP; e também censores políticos que eram militares, e que faziam os cortes mais absurdos em programas enviados pelas unidades que estavam no mato. Ainda se os cortes fossem originados pela má qualidade do som (eram gravações geralmente efectuadas em cassettes domésticas) compreender-se-ia! Mas não, era censura política pura e dura, às locuções e à música que se incluía nesses programas.
Isso sucedeu connosco, gravámos um belo dum programa no meu quarto em Bafatá (meu, e dos furriéis José Alberto Ferreira Durão, mecânico-auto, e Hélder Pereira Calvão, – o nosso ranger, isto é, de operações especiais). Quando ouvimos a transmissão do nosso programa Frequência 3-5-1-8 (participaram também o fur mil de transmissões Domingos Gomes Pinto, o fur mil de minas e armadilhas Ângelo Silva e o fur mil atirador António Guerreiro), no lugar do fado de Coimbra cantado por José Bernardino apareceu uma doce canção dos Beatles, o poema O Rico e o Pobre (altamente subversivo, declamado entusiasticamente pelo homem de transmissões José Elias Gomes de Oliveira), também foi à vida!, saiu tudo alterado, segundo apurámos, por um zeloso guardador do regime, um tal Madeira.
E pensar que à testa do PFA estava o capitão miliciano José Manuel Barroso, ligado ao Comércio do Funchal, jornal que, apesar de dar vivas ao marxismo-leninismo-maoísmo (para achincalhar a CDE - Comissão Democrática Eleitoral - em período dito pré-eleitoral), aparecia nas bancas como sendo de oposição ao regime (o capitão Manuel de Sousa recebia-o algumas vezes e eu permutava com ele o 'meu' Notícias da Amadora, O Mundo da Canção e, às vezes, outros recortes de notícias que os meus amigos Acácio Vicente e Fernando Simões me mandavam).
Embora nesta altura não se registe a presença incómoda de muitos mosquitos, nem as noites se carreguem de frígido cacimbo, pernoitar ao relento não é pêra doce nenhuma. Todavia, o sono só nos verga pelo cansaço. Fumar no escuro é arriscadíssimo (só com mil cuidados para evitar que o morrão do cigarro se veja de longe) e nem uma gota de álcool temos para nos aquecer o corpo e a alma. Resultado: tagarela-se, de preferência baixíssimo, para que ninguém nos oiça para lá do cotovelo seguinte da vala. (...)
Como se sabia que o nosso poiso de origem tinha sido Gadamael, um pára-quedista quis saber se já tínhamos notícias de Guileje. Não tínhamos, claro. Novidades só trazidas de fora! Sem se aperceber que a história ainda desmoralizaria mais qualquer Marado, informou que quartel e aldeia de Guileje tinham sido abandonados e que toda a gente (cerca de duzentos militares e mais de meio milhar de civis) estava agora refugiada em Gadamael, que terá ficado a rebentar pelas costuras!
O pessoal ouve com incredulidade. Será também esta a nossa sorte ? (...)
Daniel Matos †
_________________
Notas do editor:
(*) Vd. último poste da série > 7 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9574: O PIFAS, de saudosa memória (7): Quando a malta do SPM dava música... e o Armando Carvalheda e o Carlos Fernandes eram locutores... (Hélder Sousa, Armando Pires, António Carvalho)
(**) Excerto (com título do editor), retirado do poste de 14 de abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6154: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (8): Os dias da batalha de Guidaje, 24, 25 e 26 de Maio de 1973
(***) O PFA era emitido a partir de Nhacra, a 25 Km de Bissau, onde se situava o emissor regional da Guiné, que integrava a rede da Emissora Nacional de Radiodifusão.
Recorde-se que em 1969, no governo do Marcelo Caetano, e sendo ministro do Ultramar, Silva Cunha, foi integrada, na Emissora Nacional de Radiodifusão, a até então chamada Emissora Oficial da Guiné Portuguesa, pelo Decreto-Lei nº 49084, de 16 de junho de 1969. Segundo o art. 2º daquele diploma legal, passava a competir " à Emissora Nacional de Radiodifusão, através do Emissor Regional da Guiné, assegurar todo o serviço de radiodifusão indispensável à satisfação das necessidades da província e à salvaguarda e defesa dos interesses nacionais, substituindo, em matéria de radiodifusão, a actividade até agora exercida pela Emissora Oficial da Guiné Portuguesa, anteriormente designada por Emissora Provincial da Guiné Portuguesa" (art. 2º).
Em Abril de 1972, aquando da visita do ministro do Ultramar, Silva Cunha, foi inaugurado o novo centro emissor de Nhacra, capaz de fazer frente às "potentes emissoras de Dakar e Conakry, onde a propaganda do PAIGC ocupa lugar proeminente - em tempo de emissão" (...).
Nesse ano de 72, e segundo informação do nosso camarada Eduardo Campos (, ex-1º Cabo Trms da CCAÇ 4540, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar e Nhacra, 1972/74), Nhacra e o centro emissor terão sido flagelados duas vezes: "(...) fomos informados que Nhacra e o Centro Emissor foram flagelados pelo IN duas vezes: a primeira ao tempo da CCAÇ 3326, em Maio de 1972, por um grupo equipado com armas automáticas e RPG-2 e 7, e a segunda em Agosto de 1972, utilizando também um canhão s/r. Em ambos os casos sem qualquer consequência material ou pessoal para as NT".
(****) A Repacap (Repartição de Assuntos Civis e Acção Psicológica), em 1971, emitiu um total de 2372 horas de emissão, utilizando os emissores de ondas curtas e médias da Emissora Oficial da Guiné Portuguesa. Mais de 46% desse tempo foi destinado ao PFA (Programa das Forças Armadas). Os restantes foram destinados aos chamados PNL (programas em línguas nativas: crioulo, balanta, fula, mandinga, manjaco, sosso...), além dos progrmas para o exterior, em francês, destinado às populações do Senegal e da Guiné-Conacri.
O PFA fazia, nesse ano, uma emissão diária de 3 horas (1095h no total anual). Presumimos que o tempo de emissão tenha aumentado depois da entrada em funcionamento do novo emissor, mais potente, de Nhacra, em Abril de 1972.
Fonte:
Comando-Chefe das Forças Armadas da Guiné, Relatório de Comando, Secreto, 1971. Citado por Francisco Proença de Garcia - Os movimentos independentistas, o Islão e o Poder Português (Guiné 1963-1974). [ Em linha] Capítulo IV - O independentismo e o poder português em confronto. [Consultado em 6 de março de 2012] Disponível em: http://triplov.com/miguel_garcia/guine/cap4_autoridades_portug.htm .
Por ele ficámos a saber (ou confirmámos a informação de) que entre os locutores, militares, do PFA figuravam o Armando Carvalhêda e o João Paulo Diniz, hoje grandes nomes da rádio... Aqui vão alguns excertos de um dos postes do Daniel Matos que, em 24 de maio de 1973, vive nas valas de Guidaje, dia e local em que toma conhecimento, através de um paraquedista da CCP 121, que Guileje tinha acabado de ser abandonada pela tropa e pela população... (LG).
2. Vozes da rádio... nas valas de Guidaje, 24 de maio de 1973 (**)
por Daniel Matos (1950-2011)
(...) O nosso cabo artilheiro vasculha dentro da mala que tem deitada debaixo da cama, saca de um transistor do meio da roupa e das cartas, confirma se já está tudo acordado e põe o rádio a tocar. Escutam-se sons de kora (espécie de harpa mandinga, mas cujo formato é mais parecido com uma viola), depois ngumbé, ritmo nacional guineense, mas não deve ser tocado pelo grupo Cobiana Djazz, impedido de actuar na UDIB de Bissau e cujo vocalista, – José Carlos Schwarz [, 1949-1977,], o Zeca Afonso da Guiné – estará ainda na prisão de Djiu di Galinha – a Ilha das Galinhas, onde se situa a espécie de Tarrafal guineense, o Campo de Trabalho no arquipélago dos Bijagós (...).
Não sei que raio de língua ou dialecto fala o locutor que entre os temas musicais pronuncia uma algaraviada de coisas esquisitas para os nossos ouvidos. O que escuto na telefonia do artilheiro virá da Emissora Nacional (**) ou de postos de rádio dos países mais próximos (ouvimos com maior ou menor dificuldades emissões de onda média do Senegal, Gâmbia, Mali, Guiné/Conacry, Serra Leoa).
Quanto a música africana, as emissões nacionais transmitem sons guineenses, de preferência instrumentais. Vocalmente, um ou outro tema do grupo Voz da Guiné. De Cabo Verde, sobretudo Bana e Luís de Morais, e também os angolanos Duo Ouro Negro e Lili Tchiumba.
A Rádio Libertação − A Voz do PAIGC, Força, Luz e Guia do Nosso Povo, tem os seus noticiários e passa músicas muito variadas (cheguei a ouvir música portuguesa que é proibida em Portugal).
Imagem enviada, no Natal de 2010, pelo nosso camarada José Romão (ex-Fur Mil At Inf, CCAÇ 3461/BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, e CCAÇ 16, Bachile, 1971/73).
E há o PFA [, Programa das Forças Armadas], umas quantas horas por dia, com espaços que procuram distrair a tropa, mas muito distintos entre si. (****)
Por vezes chega a ser imbecilizante um programa produzido pelo “casal Primeiro Dias e Senhora Tenente”. Havia de tudo, desde espaços de entretenimento inteligente, com o Armando Carvalheda (nosso artilheiro em Gadamael que, felizmente para ele, viria a mudar de ramo e a trocar o obus pelo microfone) – ainda hoje um profissionalão de rádio e uma das vozes mais influentes da RDP/Antena 1, onde é o principal divulgador da música popular portuguesa no seu palco da rádio, ao vivo, todas as semanas.
Também João Paulo Diniz (que regressado à metrópole passou, penso que a pedido de Otelo, que o conheceria de Bissau, o tema E Depois do Adeus, primeiro sinal radiofónico antes da senha Grândola Vila Morena).
E outros nomes que, de tanto os ouvirmos, ficaram na nossa memória: Faride Magide, julgo que técnico de som que terá estado anos depois em Coimbra, na RDP; e também censores políticos que eram militares, e que faziam os cortes mais absurdos em programas enviados pelas unidades que estavam no mato. Ainda se os cortes fossem originados pela má qualidade do som (eram gravações geralmente efectuadas em cassettes domésticas) compreender-se-ia! Mas não, era censura política pura e dura, às locuções e à música que se incluía nesses programas.
Isso sucedeu connosco, gravámos um belo dum programa no meu quarto em Bafatá (meu, e dos furriéis José Alberto Ferreira Durão, mecânico-auto, e Hélder Pereira Calvão, – o nosso ranger, isto é, de operações especiais). Quando ouvimos a transmissão do nosso programa Frequência 3-5-1-8 (participaram também o fur mil de transmissões Domingos Gomes Pinto, o fur mil de minas e armadilhas Ângelo Silva e o fur mil atirador António Guerreiro), no lugar do fado de Coimbra cantado por José Bernardino apareceu uma doce canção dos Beatles, o poema O Rico e o Pobre (altamente subversivo, declamado entusiasticamente pelo homem de transmissões José Elias Gomes de Oliveira), também foi à vida!, saiu tudo alterado, segundo apurámos, por um zeloso guardador do regime, um tal Madeira.
E pensar que à testa do PFA estava o capitão miliciano José Manuel Barroso, ligado ao Comércio do Funchal, jornal que, apesar de dar vivas ao marxismo-leninismo-maoísmo (para achincalhar a CDE - Comissão Democrática Eleitoral - em período dito pré-eleitoral), aparecia nas bancas como sendo de oposição ao regime (o capitão Manuel de Sousa recebia-o algumas vezes e eu permutava com ele o 'meu' Notícias da Amadora, O Mundo da Canção e, às vezes, outros recortes de notícias que os meus amigos Acácio Vicente e Fernando Simões me mandavam).
Embora nesta altura não se registe a presença incómoda de muitos mosquitos, nem as noites se carreguem de frígido cacimbo, pernoitar ao relento não é pêra doce nenhuma. Todavia, o sono só nos verga pelo cansaço. Fumar no escuro é arriscadíssimo (só com mil cuidados para evitar que o morrão do cigarro se veja de longe) e nem uma gota de álcool temos para nos aquecer o corpo e a alma. Resultado: tagarela-se, de preferência baixíssimo, para que ninguém nos oiça para lá do cotovelo seguinte da vala. (...)
Como se sabia que o nosso poiso de origem tinha sido Gadamael, um pára-quedista quis saber se já tínhamos notícias de Guileje. Não tínhamos, claro. Novidades só trazidas de fora! Sem se aperceber que a história ainda desmoralizaria mais qualquer Marado, informou que quartel e aldeia de Guileje tinham sido abandonados e que toda a gente (cerca de duzentos militares e mais de meio milhar de civis) estava agora refugiada em Gadamael, que terá ficado a rebentar pelas costuras!
O pessoal ouve com incredulidade. Será também esta a nossa sorte ? (...)
Daniel Matos †
_________________
Notas do editor:
(*) Vd. último poste da série > 7 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9574: O PIFAS, de saudosa memória (7): Quando a malta do SPM dava música... e o Armando Carvalheda e o Carlos Fernandes eram locutores... (Hélder Sousa, Armando Pires, António Carvalho)
(**) Excerto (com título do editor), retirado do poste de 14 de abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6154: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (8): Os dias da batalha de Guidaje, 24, 25 e 26 de Maio de 1973
(***) O PFA era emitido a partir de Nhacra, a 25 Km de Bissau, onde se situava o emissor regional da Guiné, que integrava a rede da Emissora Nacional de Radiodifusão.
Recorde-se que em 1969, no governo do Marcelo Caetano, e sendo ministro do Ultramar, Silva Cunha, foi integrada, na Emissora Nacional de Radiodifusão, a até então chamada Emissora Oficial da Guiné Portuguesa, pelo Decreto-Lei nº 49084, de 16 de junho de 1969. Segundo o art. 2º daquele diploma legal, passava a competir " à Emissora Nacional de Radiodifusão, através do Emissor Regional da Guiné, assegurar todo o serviço de radiodifusão indispensável à satisfação das necessidades da província e à salvaguarda e defesa dos interesses nacionais, substituindo, em matéria de radiodifusão, a actividade até agora exercida pela Emissora Oficial da Guiné Portuguesa, anteriormente designada por Emissora Provincial da Guiné Portuguesa" (art. 2º).
Em Abril de 1972, aquando da visita do ministro do Ultramar, Silva Cunha, foi inaugurado o novo centro emissor de Nhacra, capaz de fazer frente às "potentes emissoras de Dakar e Conakry, onde a propaganda do PAIGC ocupa lugar proeminente - em tempo de emissão" (...).
Nesse ano de 72, e segundo informação do nosso camarada Eduardo Campos (, ex-1º Cabo Trms da CCAÇ 4540, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar e Nhacra, 1972/74), Nhacra e o centro emissor terão sido flagelados duas vezes: "(...) fomos informados que Nhacra e o Centro Emissor foram flagelados pelo IN duas vezes: a primeira ao tempo da CCAÇ 3326, em Maio de 1972, por um grupo equipado com armas automáticas e RPG-2 e 7, e a segunda em Agosto de 1972, utilizando também um canhão s/r. Em ambos os casos sem qualquer consequência material ou pessoal para as NT".
(****) A Repacap (Repartição de Assuntos Civis e Acção Psicológica), em 1971, emitiu um total de 2372 horas de emissão, utilizando os emissores de ondas curtas e médias da Emissora Oficial da Guiné Portuguesa. Mais de 46% desse tempo foi destinado ao PFA (Programa das Forças Armadas). Os restantes foram destinados aos chamados PNL (programas em línguas nativas: crioulo, balanta, fula, mandinga, manjaco, sosso...), além dos progrmas para o exterior, em francês, destinado às populações do Senegal e da Guiné-Conacri.
O PFA fazia, nesse ano, uma emissão diária de 3 horas (1095h no total anual). Presumimos que o tempo de emissão tenha aumentado depois da entrada em funcionamento do novo emissor, mais potente, de Nhacra, em Abril de 1972.
Fonte:
Comando-Chefe das Forças Armadas da Guiné, Relatório de Comando, Secreto, 1971. Citado por Francisco Proença de Garcia - Os movimentos independentistas, o Islão e o Poder Português (Guiné 1963-1974). [ Em linha] Capítulo IV - O independentismo e o poder português em confronto. [Consultado em 6 de março de 2012] Disponível em: http://triplov.com/miguel_garcia/guine/cap4_autoridades_portug.htm .
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