quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Guiné 63/74 - P2247: Como a 2ª REP/CTIG via os acontecimentos em 1967 (III): Período de 1964 a 1967

Terceira e última parte da transcrição do documento Uma síntese cronológica dos movimentos independentistas na Guiné, elaborado em 31 de Outubro de 1967 pela 2ª Rep /CTIG (1).

Fixação do texto: vb

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CTIG > 2ª Rep > Uma síntese cronológica dos movimentos independentistas da Guiné (1967) (continuação)


1964

Em Janeiro agrava-se a situação no Sector de Bissau verificando-se a fuga, de Bissau, de elementos do PAIGC considerados recuperados, e a apreensão de material na região de Nhacra.

Por outro lado, o IN começou a desenvolver actividade no sector Oeste (Umpabá) com vista ao alastramento da subversão à área dos Manjacos.

Guiné > Cassacá > 1964. Encerramento do Congresso do PAIGC.

Foto do Arquivo Amílcar Cabral. À Fundação Mário Soares, os nossos agradecimentos e a devida vénia.


Em Fevereiro, realiza-se em Cassacá (Quitafine) uma reunião de quadros do PAIGC onde são tratados problemas de ordem militar, política, administrativa e social tendo merecido atenção especial o problema do analfabetismo.

O IN aumenta a sua actividade nos Sectores Oeste e Sul havendo a assinalar a utilização, pela primeira vez, de morteiro 82 m/m (na Ilha do Como e em Buba).

Em Março, exerce um grande esforço no aliciamento das populações da área de Bula e Geba. É referenciada pela primeira vez o emprego de Metralhadora Pesada 12,7 m/m (Cabedú e Campeane).

Em Abril, com o fim de isolar a região de Bafatá, há uma tentativa de alastramento da subversão para Leste (regulado de Sancorlá), a partir do Sector Oeste, o que provocou a fuga da população. Por outro lado são desencadeadas as primeiras acções a Norte do Rio Cacheu.

Em Julho, é levada a cabo a primeira acção de fogo na região dos Manjacos (estrada Jolmete-Pelundo).

[… Parte do texto ilegível]


1965
(…)

Em Julho, um grupo de elementos do PAIGC começou a actuar na área de S. Domingos, onde do antecedente, apenas havia acções da FLING.

Em Novembro, tornou a revelar-se na Ilha de Bissau, desta vez com um assalto a uma casa comercial e o assassínio de um Chefe de tabanca, Alferes de 2ª linha, colaborador das NT.

Paralelamente, teve particular interesse o facto de elementos IN lançarem um engenho explosivo entre a população que assistia a um batuque na tabanca de Morocunda, em Farim, causando 19 mortos e 70 feridos entre a população civil. Este acto levou à detecção de uma importante rede terrorista.

Em Dezembro, destaca-se um grande número de acções contra os aquartelamentos, com sistemático emprego de morteiros e elevado consumo de munições.

Durante este ano foi assinalado o emprego de 242 engenhos explosivos, dos quais foram levantados 153.

1966

Em princípios deste ano, a FLING encontra-se dividida em duas facções: a chamada “FLING de salão”, apoiada pelo Governo Senegalês, e a “FLING combatente”, sem esse apoio, enquadrando a maioria dos militantes e tendo como Secretário-Geral François Mendy.

Em Janeiro, o IN leva a efeito a primeira acção na região de Bassi (Sector Leste).
Em meados deste ano verifica-se um recrudescimento de acções em todos os Sectores, a maioria visando as populações.

De salientar a execução da primeira emboscada na estrada Bissau-Mansoa.

Em Julho é referenciado o emprego, pela primeira vez, de Canhões s/r 8,2 (Beli).

Mais tarde, em Novembro, é referenciado o uso de Canhões s/r 7,5 (Canquelifá).

Em Agosto, é reportada a presença de mercenários cubanos entre os grupos.


Em data que não se pode precisar, François Mendy é expulso da FLING, sendo a chefia do Movimento entregue a Benjamim Pinto Bull (na foto, à esquerda), que dissolvera o seu UNGP e, entretanto, já havia aderido à FLING na qualidade de Secretário da Informação e Imprensa.

Uma das suas primeiras preocupações foi a criação do Serviço de Assistência aos Refugiados da Guiné-Bissau (SARG).

Em Dezembro são interceptadas grande número de comunicações rádio, a maioria em língua espanhola, confirmando-se assim a utilização pelo IN de meios rádio para controlar os movimentos das nossas tropas.

Durante este ano, o “Ano da Informação”, o PAIGC realizou mais dois filmes de propaganda Labanta Negro e Nossa Terra, que foram projectados em vários países.

Neste ano, foi assinalado o emprego de 359 engenhos explosivos, dos quais 242 foram levantados.

1967

No início deste ano, o IN revelou-se da seguinte forma:

(i) Sector de Bissau: prosseguiu o trabalho de aliciamento das populações tanto em Bissau como nas zonas rurais.

(ii) Sector Oeste: mantém-se em Bases ao longo da fronteira com o Senegal, com efectivos retirados do Oio. Alastrou a actividade de guerrilha à região de Teixeira Pinto.

(iii) Sector Leste: concentrou elevados efectivos ao longo da fronteira com o Senegal. ontinuou a actuar com persistência contra os aquartelamentos das NT no Boé. Manteve o controlo de toda a área do Xime e Porto Gole.

(iv) Sector Sul: Manteve o controlo de todo o sector com a excepção das regiões do Forreá, Ilha de Bolama e Arquipélago dos Bijagós.

Utilizou grande número de engenhos explosivos.

Entretanto os laços entre a Frente Patriótica de Libertação Nacional (FPLN) e o PAIGC são concretizados através da propaganda panfletária e de emissões radiodifundidas pela “Voz da Liberdade” (Argel).

Em Junho é referenciado um movimento de revolta no seio do PAIGC que culminou com uma tentativa de assassinato de Amílcar Cabral. Os chefes dissidentes pretenderam substituí-lo por um “preto da Guiné”. Parte deles teriam sido executados.

Em Julho, no decurso de uma reunião efectuada em Dacar, um certo número de antigos militantes expulsos do PAIGC e da FLING anunciou a criação de um movimento progressista da FLING “FLING progressista”, chefiado por Pablo Gomes Diaz que se proclama pró-cubano e pró-chinês.

No receio de ver prosperar esta organização, Benjamim Pinto Bull, já na qualidade de Secretário-Geral da FLING, intensificou as diligências junto dos países membros da OUA com o fim de obter o reconhecimento oficial da sua organização.

Por esta altura é referida a existência de um novo movimento, Juventude do Movimento dos Resistentes da Guiné-Bissau (JMRGB) de que se desconhecem os objectivos políticos e filiações.

Em Julho, a Rádio “Libertação”, emissora do PAIGC, transmitiu o seu primeiro programa e a partir de 27 Agosto passa a difundir os “Comunicados de Guerra” do PAIGC.

Em Outubro, delegados do PAIGC foram ouvidos num dos Comités da ONU.

Durante este ano, foi assinalado o emprego de 314 engenhos explosivos, dos quais 220 foram levantados.
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Nota do co-editor vb:

(1) Vd. posts de:

5 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2243: Como a 2ª REP/CTIG via os acontecimentos em 1967 (II): Período de 1961 a 1963

4 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2240: Como a 2ª REP/CTIG via os acontecimentos em 1967 (I): Período de 1947 a 1960

22 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DLXXV: Simbologia de Pindjiguiti na óptica libertária da Guiné-Bissau (Leopoldo Amado) - I Parte

25 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DLXXXVII: Simbologia de Pindjiguiti na óptica libertária da Guiné-Bissau (Leopoldo Amado) - II Parte

26 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DLXXXVIII: Simbologia de Pindjiguiti na óptica libertária da Guiné-Bissau (Leopoldo Amado) - III (e última) Parte

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