quinta-feira, 22 de julho de 2010

Guiné 63/74 - P6774: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (1): Pedido de colaboração da doutoranda alemã Tina Kramer

1.  Mensagem de Tina Kramer, jovem alemã, aluna de um programa de doutoramento por uma universidade alemã (Frankfurt, se não erro), com  data de 21 do corrente, e com quem já tive uma primeira entrevista exploratória:





Caro Luís, como está?


Escrevi um texto com o intento de explicar o meu tema. Peço a ajuda dos camaradas e amigos da Guiné. Você pode corrigir e, se necessário,  abreviar e modificar, e depois publicar o texto?


Mais além, eu falei com Eduardo Costa Dias [ do CEA / ISCTE]  e ele disse-me que talvez você possa dar-me os dados de contacto das pessoas seguintes:


Pedro Lauret
Carlos Matos Gomes
Mário Beja Santos


Muito obrigada de antemão!


Um abraço
Tina

2. Texto, dirigido ao pessoal do nosso blogue, e assinado por Tina Kramer:

Olá à todos!

Chamo-me Tina Kramer, sou uma dotouranda alemã e vou ficar em Lisboa por 3 meses.

Estou a elaborar a minha tese de doutoramento [, III Ciclo do Ensino Superior,] sobre a Guerra na Guiné-Bissau e como esta está na memória do povo em Portugal e na Guiné-Bissau. Tal significa que eu quero saber quais são os conteúdos da memória, de que maneira e através de que meios as pessoas se recordam dessa guerra. Este seu blogue  já é uma fonte rica de memórias e de história.

Além disso,  quero fazer entrevistas com pessoas que tenha participado na Guerra ou, mesmo que não tenham participado, desde que tenham ligações com este tema ou com a Guiné-Bissau em geral.

Ficaraia  muito contente se vocês conseguirem ter tempo para um encontro comigo.
O meu número de telefone é 917 091 484 e o meu e-mail é Tina-Kramer@gmx.de

Um abraço
Tina

[ Revisão / fixação de texto / título: L.G.]


2. Comentário de L.G.:


Foi agradável o nosso primeiro encontro. Esta altura do ano não é a melhor, em Portugal, para encontrar pessoas, marcar encontros, fazer entrevistas. Meio mundo está de férias. O nosso próprio blogue ressente-se disso, reduzindo-se em um terço as visitas diárias... De qualquer modo, dar-lhe-emos toda a colaboração possível. Estou-lhe grato pelas elogiosas referências ao nosso blogue e ao interesse académico e científico que você lhe dedica. Convido os 430 membros do nosso blogue a colaborar consigo, no caso de virem a ser contactados. Poderão igualmente tomar a iniciativa de a contactar. Desejo-lhe boa sorte. Este fim de semana mando-lhe os contactos pedidos. Saudações académicas e bloguísticas. Luís Graça.

35 comentários:

Anónimo disse...

Ainda bem que a encaminhei para ti.

Comigo não aprendia nada...Só lhe

falei de Bajudas...

Abraço.

Jorge Cabral

Anónimo disse...

...e
não podia ser 'um pedido de colaboração' da Sra D Tina Kramer ou da Tina Kramer?
Tem que ser 'da doutoranda Tina Kramer', num espaço onde se propõe que tod'a gente se trate por tu e onde se proclama a diluiçãodas distinções de raça, espécie, origem ou classe ?

Pois é, a mania dos títulos, cá na santa terrinha...
É um atavismo, quiçá uma emanação da costumeira disfuncionalidade social e política.

SNogueira

Anónimo disse...

(sem que doutoranda seja título, claro! Mas promove, apesar de os doutoramentos estarem cada vez mais a tomar a feição dos meestrados -quiçá a consistência-)


SNogueira

Anónimo disse...

Parece-me que "doutoranda" aqui está correctíssimo. Não se trata de atribuir um título (que não é) a uma pessoa que escreve sobre um assunto qualquer (aí seria discutível a utilização da palavra), mas de se salientar que se trata de uma doutoranda que pede apoio para a sua investigação com vista à tese de doutoramento sobre a guerra na Guiné. Se fosse para um mestrado, seria "mestranda" e para pós-doc, pós-doutoranda. Parece-me que o título do poste assim fica mais claro.
Abraço,
Carlos Cordeiro

Anónimo disse...

Estou de pleno acordo com Carlos Cordeiro.
Amigo Jorge Cabral, penso, (não tenho a certeza) que leio quase tudo quanto escreve e garanto-lhe que apenas três ou quatro vezes não me fez rir.
Abraço amigo
Filomena

Anónimo disse...

Caros Senhores. O sexo dos anjos!O sexo dos anjos! E,para mais,em tempos tao confusos a tal respeito. De qualquer modo,talvez por já completamente "disfuncional" no meu "assuecamento" de muitas décadas,DOKTORAND em Alemao,acompanhado por enérgica vénia com a cabeca(com cedilha!),e um nao menos enérgico bater de calcanhares....nao ficaria mal a ninguém. Em simplória curiosidade de um Lusitano-Lapao pergunto-me: qual teria sido o critério que levou Eduardo Costa Dias a sugerir,entre tantos outros,a lista dos nomes apresentados à MRS.DOKTORANDEN?

Anónimo disse...

Só por isso!

Pela oportunissima visão do JBelo, quanto aos nomes.

Pois eu entrei em contacto com a senhora, e se tudo der certo, vou ajudá-la no que for preciso. Mas contando a verdade e não estórias mas fazendo História.

Todos necessitamos uns dos outros. Quem viveu aquele povo, não lhe será dificil dar uma pequena ajuda.

Se ela o desejar, porei a boca no micro e sairá todo o meu ponto de vista.

Vamos ver se ela prefer as Academias ou quem pisou a bolanha e comeu com fulas, e dormiu com mulheres sem cabaço.

Ao exito da Tina Kramer, ao exito do Soldado Português.

Do tamanho do Cumbijã como é costume no velho abraço.

Mário Fitas

Anónimo disse...

No seu filme, seria Frau Doktorandin, caro Belo!

(mas não tem importância nenhuma - fica a pertinente interrogação)


SNogueira

Luís Graça disse...

Só trato por tu os/as "camaradas" e os/as amigos/as da Guiné que aceitam as regras do jogo do nosso blogue...

A Tina Kramer é apenas uma aluna universitária, de um país da União Europeia, que fala ainda com alguma dificuldade a língua portuguesa, que está a frequentar o III Ciclo do Ensino Superior (de acordo com a designação que decorre do processo de Bolonha) e que me veio pedir a colaboração dos "camaradas da Guiné" como sujeitos produtores e reprodutores de memória(s) da guerra da Guiné (1963/74)...

DEVO ESCLARECER QUE NÃO HÁ AQUI NENHUM CONFLITO DE INTERESSES: não a conhecia de lado nenhum, até muito recentemente; falei com ela um hora e meia; não é aluna da Universidade Nova de Lisboa (a que eu pertenço); não sou seu orientador ou co-orientador, nem pertenço à sua comissão tutorial...

É ela que se apresenta como "doutoranda", o que em Portugal designa uma aluna de um programa doutoral, frequentando portanto o III Ciclo do Ensino Superior... Estas designações (doutorando, doutoramento) ainda não caíram em desuso, tal como mestrando e mestrado (II Ciclo)... Nem sei se cairão tão cedo... As questões sócio-linguísticas não se resolvem facilmente por decreto...

Quanto à cultura académica ainda em vigor em Portugal, haveria muito a dizer, mas este não é seguramente o lugar mais apropriado da blogosfera para o fazer...

Permitam-me lembrar que este já não é primeiro caso de alunos de doutoramento, nacionais ou estrangeiros, que se dirigem ao nosso blogue, com pedidos de ajuda e colaboração.

Estou-me a lembrar nomeadamente de Matt Hurley, Ten Cor da Força Aérea Norte-Americana, que está a elaborar a sua "tese de doutoramento" sobre o papel e o peso da nossa FAP no CTIG... (A

Vd. os descritores Doutoramento e Matt Hurley

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/doutoramento

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/Matt%20Hurley

Por fim e não menos importante, nas "nossas regras do jogo" não vislumbro nenhuma asserção em que se proclame "a diluição das distinções de raça, espécie, origem ou classe"...

O se diz é outra coisa distinta:
~
"Os amigos e camaradas da Guiné têm como maior denominador comum a experiência de (ou a relação com) a guerra colonial, a guerra do ultramar ou a luta de lilbertação na Guiné, entre 1963 e 1974.

"Muitas outras coisas os podem separar (a ideologia política, a religião, a nacionalidade, a origem social, a etnia, a cor da pele, as antigas patentes e armas, etc.), mas essas não são decisivas"...

Anónimo disse...

Muito bem!
Falou, "seu Luis"!
Só falta esclerecer a questão final colocada (muito oportunamente) pelo José Belo, mas isso não é da tua conta (nem de qualquer um de nós).
Alberto Branquinho

Luís Graça disse...

António: Doutores neste tópico (produtores e reprodutores de memórias da guerra da Guiné 1963/74) temos pelo menos 430 no nosso blogue (até hoje)... Mais logo poderão aparecer mais. Fora os "estrangeiros", os que não pertencem (nmem querem pertencer) à nossa Tabanca Grande, mas que de vez em quando nos vêm cá visitar e cumprimentar...

De Candoz, cpom vista para a serra de Montemuro e Douro, em Porto Antigo... Luís

Luís Graça disse...

Alberto, e não António, pois claro...A Net aqui é lenta, e o raciocínio também... É um ponto de cambança.

Anónimo disse...

A propósito de....listas de nomes: "A chamada,provocacao,é,para alem de prazer muito primário,toda uma comprovada técnica de agitacao". Quase,quase,Uljanov...mas,encontra-se em Mein Kampf/Vol.1. Um abraco luso-lapao.

Joaquim Mexia Alves disse...

A propósito deste "magno" problema dos "titalos académicos" conto-vos uma história sem qualquer maldade nem segundos sentidos.

Qunado cheguei a Angola para trabalhar no dia 8 de Março de 1974 fiquei hospedado no Hotel Trópico em Luanda.
Cheguei de madrugada e deveria esperar que ao fim da manhã me fossem buscar para ir às fábricas em Viana.

Claro que dormi pouco e acordei cedo e para não estar à espera decidi sair do Hotel e dar um passeio nas imediações.

Passei pela recepção e disse ao funcionário que ia sair e se chegasse alguém para me ir buscar que esperasse um pouco.

O homeme tomou nota do recado e depois disse-me com um ar sério:
O Sr. Mexia Alves quer ser tratado por doutor ou engenheiro?

Olhei para o homem, ri-me e disse em tom de gozo:
Olhe trate-me por arquitecto!

Quando regressei do passeio dirije-me à recepção e perguntei se estava alguém à minha espera e recebi como resposta:
Não, senhor arquitecto!

Claro que estive ali um bocado a explicar a coisa, mas sei que ficaram muito admirados por eu querer ser apenas "senhor"!!!

Repito que esta é uma história verdadeira e que não pretende ofender ninguém.

Quanto à lista dos "nomeados" também me aptece fazer a mesma pergunta que faz o nosso luso- sueco!

Pretende-se saber da "coisa", ou ou que "se diz para aí"?

Um abraço camarigo para todos

Anónimo disse...

Senhores editores,
da LaPalissada toda pode então depreender-se que neste espaço, salvo intenção objectiva e perceptível de cada autor/colaborador, as pessoas passam a ser designadas pelo nome, com ou sem apelido mas sem título a preceder, uma vez que não estamos em ambiente profissional onde a indicação do título, académico, nobiliárquico ou honorífico, tenha pertinência ou resulte de formalidade ou cortesia consagrada?

SNogueira

Anónimo disse...

Em pausa de mugir as renas, aproveito para recordar que a chamada "Du-Reformen",a reforma do "tu",estabeleceu-se na Suécia em duas etapas nos fins dos anos sessenta e princípios de setenta.Foi recebida como uma reforma de sentido democrático.Títulos profissionais,assim como "senhor","senhora" e mesmo o "você" tudo passou ao tratamento de um simples...tu!Isto numa sociedade até entao muito estratificada quanto ás "posicoes-relativas" bem demarcadas pelos seus respectivos títulos.Para este vulgar Lusitano educado entre "Excelentíssimos Senhores","Vossas Excelências","Professores- Doutores","Vossas Senhorias",e até o mais simples..."BÓCÊ",ir a uma consulta médica e tratar o clínico por tu?Conversar com um professor de advocacia e tratá-lo por tu?Ser convidado para jantar de cerimónia e tratar todos por tu?Tratar o polícia de transito(da multa)em vez do respeitável..."Senhor Guarda"...por, tu? Os próprios Rei e Rainha,quando entrevistados,sao tratados por,"O REI","A Rainha",em vez dos tradicionais...majestades. Nao é de sentir saudades dos tempos em que alguns dos nossos jornais e jornalistas tratavam o Sr.Almirante Américo Tomás por....."REVERENDO CHEFE DO ESTADO"? Um abraco.

Anónimo disse...

Oh malta!
Já que estamos numa de titulagem, de grande importância neste pequenino quintal, deixai-me contar uma em que fui interveniente.
Julgo que toda a Tabanca sabe, que a única desgraça em que me licenciei, foi no CIOE em Lamego o resto foi bela vida.
Mas vamos então à estória:
Na empresa onde trabalhava e que era pródiga em reuniões, de vez enquando lá tinha eu de ir a essas reuniões, derivado do sector de que era responsável. A determinada altura, a malta começou a reformarse e a aparecerem aos molhos, Doutores, Engenheiros, Arquitectos, tudo titulado, menos cá o rapaz.
Como na apresentação antes do nome era referenciado o respectivo titulo, um dia resolvi também ser titular e apresentei-me como Dr. Fitas.
Notei admiração em algumas pessoas, mas não me desmanchei.
Só que nestas coisas, há sempre um mais curioso e atrevido, e perguntou-me:
-Desculpe colega, qual é a sua licenciatura?
Como já tinha tudo maquinado respondi: Ornitofilia! Autodidata no mestrado sobre Agapornis, (Love Birds Personatas e Fichers).
Passados uns tempos acabou-se a titulagem.

Desculpem o tempo perdido.

Um abraço,

Mário Fitas

Carlos Vinhal disse...

Eu também tenho que contar.

Por inerência das minhas funções, fazia parte de muitas comissões de recepção, fiscalização, etc, etc. Lá saía em OS (Ordem de Serviço): São nomeados para o efeito os senhores Eng.º A, Eng.º B e Eng.º Carlos Vinhal.
Entretanto alguém avisou o Administrador do pelouro ou respectivo Apoio de que eu não era licenciado.
Então começou a vir: Eng.º A, Eng.º B e sr. Carlos Vinhal, Chefia V (cinco).
O respeitinho era (é) muito lindo.

Não podemos esquecer que a Função Pública era (ainda será?) a tropa à civil.

Um abraço
Carlos Vinhal

Anónimo disse...

Caros amigos,

José Belo é mesmo um provocador. Diverte-se (e diverte-nos) com as suas farpas sempre inteligentes. Mas, permita-me Vossa Senhoria e meu Alferes que (também provocando) lhe lembre que Sua Excelência o Presidente da República não era (ou não chegou a ser) "reverendo", mas "venerando" chefe de Estado.
Quanto à utilização do "tu", nem só a avançadíssima e democrática Suécia impos este tratamento. Na Itália, no âmbito da "revolução cultural" fascista, uma lei de 1938 instituía a utilização do "tu" e "voi" em vez do "lei", fórmula de cortesia considerada como "burguesa e simbólica de um povo de lacaios"!!!

Pois é, Carlos: também aprendi com um chefe, ainda nos anos 60 (antes de ir para a tropa), que nos ofícios se "informava" os superiores e de "comunicava" aos inferiores hierárquicos; que se "remetia" aos inferiores e se "enviava" aos superiores!!!

E se foram abolidas as fórmulas de despedida respeitosas conforme o posto e qualidade do destinatário("com respeitosos cumprimentos da mais elevada consideração", por exemplo) e instituída a fórmula "com os melhores cumprimentos" (e nem a "bem da Nação" temos o gosto de escrever), o facto é que o remetente não deixa de, com caneta de tinta permanente, escrever mais umas palavrinhas simpáticas.
E se tanto defendemos o nosso património material e imaterial, há necessidade de pôr estas deferências em causa?

Um abraço (respeitoso)
Carlos Cordeiro

Anónimo disse...

Ora, pois!

Então, digam-me lá vós (plural de "tu") se devemos tutear também os "estrangeiros" que venham a "cair" neste blogue, sejam eles nacionais ou estrangeiros.
A "lei"da tuteação só è aplicável, por enquanto, entre os membros do blogue...
No entanto, apesar de haver e continuar a haver licenciados, doutorandos, doutorados, post-doutorados... nada obsta(rá) a que todos os cidadãos se possam tratar por "tu".

A bem do TU
Alberto Branquinho

Anónimo disse...

Desculpa, caro José Belo. Precipitei-me no comentário. Dizes "alguns" jornalistas e jornais tratavam Américo Tomás por reverendo chefe do Estado. Faz toda a diferença, pois, como disseste num post anterior, em Portugal não havia presidente da República, mas "venerando chefe do estado".
Abraço
Carlos Cordeiro

Luís Graça disse...

A sério, estou com pena da "fraulein" Tina Kramer: depois desta recepção (algo bipolar) da Tabanca Grande, ela deve estar confusa, quiçá perturbada e até intimidada, ao pensar que somos todos uns velhos malucos a quem saltou a tampa...

"Portugueses, pocos, pero locos" (diria ela se fosse uma altiva castelhana)...

Confesso: eu próprio detesto a palavra "fraulein", nunca tratei nenhuma colega ou amiga alemã por "fraulein"... Posso a estar a ser injusto, mas tem, para mim, uma conotação pejorativa (será das velhas fitas do cinema dos anos 30/40 ?)...

Como teria se eu tratasse por "menina" Tina Kramer, como nos "bons velhos tempos" do Portugal dos nossos pais e avós (o tal Portugal que não era melhor nem pior do que o do nosso tempo, era diferente)...

Zé Belo, não foi preciso fazermos uma revolução à moda dos Sovietes, nem do Grande Irmão sueco, nem dos Camaradas do PAIGC, do MPLA ou da FRELIMO... (Lembram-se das milhares de anedotas que se contavam do camarada Machel e da sua mania de reeducar e recuperar o branco colonialista com o trabalho manual na machamba?)...

Com o 25 de Abril, a distância social e afectiva, a começar na família, entre pais e filhos, foi encurtada, e o tratamenmto por tu impôs-se sem ser por decreto... Com "tanta naturalidade", que a gente nem sequer se questiona hoje sobre o porquê... Em contrapartida, foi retomado (ou nem sequer foi interrompido) o tratamento, tradicional, aparentemenmte mais distante, de "você" em certas famílias, de certos meios sociais (que eu não vou adjectivar, porque respeito todas as "diferenças").

Os nossos filhos tratam-nos por tu, mas eu trato os meus pais à moda antiga... Há algum mal nisso ? São apenas "mudanças de paradigma" na convivialidade sócio-familiar... Daqui a uns anos (espero bem que não, cruzes canhoto!...) voltaremos a tratar-nos por "Vossa Senhoria, meu pai e meu amo"...

(Continua)

Anónimo disse...

Caros Camaradas. Até mesmo um empedernido revolucionário como eu (!),espera que nesta "corrida para a frente" quanto ao sério caso do TU,a fronteira do...."Gajáda" nao seja ultrapassada. Há,como já foi referido,o perigo real de ,a Excelentíssima Senhora Doutoranda Tina Kramer,comecar a repetir o que a minha querida amiga "Mamuxa" do Monte Estoril escreveu em conhecido blogue:---"O que é insustentável é um País ser independente com um povo assim!". Sempre "às ordes".

Luís Graça disse...

(Continuação)

Eu sei que o tratamento por tu, o tratamento "à romana" na Tabanca Grande, nem sempre foi fácil nem natural, para mais num país, ainda muito estratificado e em que se continua a usar e a abusar dos "títulos", nomedamente nas empresas e demais organizações (senhor presidente, senhor doutor, senhor engenheiro...).

Nem o é ainda hoje: tive a prova disso, na 4ª feira passada, quando cumprimentei um a um a meia centena de convivas da Tabanca de Matosinhos... Boa parte já meus velhos amigos... Mas ainda há gente que se retrai, invocando a "educação" que tiveram, o desconhecimento do outro, a falta de intimidade e de convívio, a distância física... (Para mais, o Álvaro cometeu a maldade - eu diria, crueldade - de tratar-me por régulo da Tabanca Grande, papel para o qual eu não tenho o mais pequeno jeito, vocação ou apetência... Mas eu sei, e isso é que me consola, que ele é tão ou mais irónico, brincalhão, bem humorado e sobretudo puro, são, e leal amigo e camarada do que eu... Régulo é mesmo título honorífico, não enche barriga nem dá direito a pensão vitalícia).

Quando "impus" (passe o termo...) o tratamento por tu no blogue, entre camaradas da Guiné, quis deliberadamente fazer o "curto circuito" entre as distâncias militares do passado e as distâncias sociais do presente...

Hoje considero uma honra poder ser tratado por tu por um camarada da Guiné, independentemente do antigo posto, da idade, da naturalidade, da nacionaldidade e da actual posição na sociedade (portuguesa ou outra)... E vice versa: considero um privégio poder tratar por tu um homem ou uma mulher que aceitam os valores e as regras do jogo do nosso blogue...

Há sobretudo uma "cumplicidade" (saudável) entre nós, que não seria possível se aqui, no blogue e nos convívios da Tabanca Grande e das demais tabancas que entretanto foram crescendo como cogumelos, a gente continuasse a tratar-se como na tropa: Dá-me licença, meu capitão ? Como vai, senhor Doutor ? Vossa Excelência permite-me que eu discorde da sua douta opinião ? O meu furriel é que sabe, mas eu é que dormia com a mulher do Baldé quando ele ia para a Ponte do Rio Udunduma...

Da Tabanca de Candoz (em festa...), com humor, amor, amizade, camaradagem, cumplicidade... LG

Anónimo disse...

Se queres a minha opinião, Luís, acho que Tina Kramer vai divertir-se imenso com a leitura. O pior é se ela faz disto uma alínea da tese. Por exemplo: "um debate nos interstícios do blogue: as formas de tratamento como tema fracturante", ou, mais criativo: "entre camaradas, senhorias e excelências venha o venerando e escolha" ou então: "um blogue democrático: doidos, malucos e cacimbados ou a igualdade dos SEXA".

Um abraço,
Carlos

Anónimo disse...

...Cordeiro

Anónimo disse...

Meu caro "Alfero" Cabral: Vossa Senhoria já viu a porra que me arrranjou ao despachar-me a doutoranda Kramer, com o argumento de que a sua "especialidade" são as bajudas de mama firme ? Espero que a Tina não decifre o português de caserna... L.G.

Anónimo disse...

Caros "TUS". Demorou 27 comentários,mas,finalmente...a resposta!(E esta sempre tinha estado,bem evidente,no comentário n-1 de Jorge Cabral.) O profundo critério que levou Eduardo Costa Dias a indicar aqueles 3 nomes de entre tantos possíveis,nada teve "D'isso" que muitos, de imediato,procuraram encontrar.E ainda bem. Foi antes uma escolha Académica baseada nos profundos conhecimentos teóricos,teóricos,teóricos,atribuídos por quem deveria saber(!),aos indicados,no respeitante ás contribuicoes sócio-políticas das bajudas de mama firmada para o bem estar das tropas em campanha. (Ui!Se a SRa.Doutoranda tiver suficiente imaginacao germänica!). Agora sim,meus caros TUS,vamos poder dormir descansados. Um abraco d'abalada para oito semanas de férias.

Anónimo disse...

É divertido!.. Como é que um tema tão periérico, ou aparentemente tão periférico (em relação ao nosso 'core business' do nosso blogue, um palavrão que os gestores, ou aprendizes de gestores, gostam de usar e abusar, e que se pode traduzir por 'núcleo duro do nosso negócio', o tutano, o 'crème de la crème', a chichan ...) dá origem, ao longo do dia, a três dezenas de comentários, geniais, jocosos, absurdO, cada um dos quais poderia dar a origem a tese de doutoramento daquelas de 500 páginas e mil referências bibliográficas que ninguém lê..

E, a propósito, qual é (ou deve ser) o nosso 'core business' ? sobre o que devemos escrever ? o que não devemos escrever ? onde e quando acaba a Guiné ? e a guerra de 63/74 ?

Será que também podemos opinar sobre o sexo dos anjos ? A meio da guerra (e eu prometo que o blogue acaba ao 11º ano, ou seja, em 2015, que 11 anos de guerra é guerra a mais), estão a falhar as canetas, as pernetas, as carretas... E, já agora, por que não fechar a guerram isto é, o blogue, por motivo (imperioso) de férias ?!... Bolas, até na Guiné, eu tive direito a férias, nós todos... As minhas foram as primeiras que tive em toda a minha vida de trabalhador por conta de outrém... A Pátria deu-me e pagou-me um mês de férias em 1970... E estou eternamente grato à Pátria!

... Da Tabanca de Candoz (em festa), com um chicoração. A noite está esplendorosa. A Tina provocou-me insónias...

PS 1 - Oito semanas de férias = 2 meses, em 2010, no Estado Social da Suécia... Ainda dizem que há crise, chiça, patraozinho... A cabeleireira que hoje me cortou o cabelo e apurou a barba, nunca tirou férias na vida... E tem menos de 30 anos... Troco contigo, Zé Belo... Dou-te a parte que me está reservada no céu... o meu quinhão de eternidade... Sei que não aceitas... Ai vigora a ética protestante do trabalho... O Max Weber é que tem razão... No sul, somso todos feios, porcos e maus... Mas no derreiro minuto, damos o golpe do baú... Vade retro, Satanás!

Afinal,como diz o nosso Zé Povinho, "mais vale andar neste mundo em muletas que no outro em carretas"...

Luís Graça

Anónimo disse...

"A noite está esplendorosa. A Tina provocou-me insónias..."

Não era motivo para tanto, Luís. Aliás, bem vistas as coisas até a temos ajudado bastante: tem já um documento para colocar nos anexos da tese: 30 comentários escorreitamente escritos em Português!!!

Abraço,
Carlos Cordeiro

Anónimo disse...

Agora a sério, Luís. Vocês têm direito a férias. E não tem que ser como no trabalho - férias por escala: devem ter férias todos ao mesmo tempo - em Agosto e inícios de Setembro. O blogue não vai de férias. É todo um mundo para explorar. A primeira série deve ser revisitada, por exemplo. E não havendo novidades talvez os amigos e camaradas da Guiné tivessem tempo e disponibilidade para "ler" o blogue como um livro, saltando o que não lhes interessasse, aprofundando a leitura do que mais lhes dissesse, explorando os postes relacionados, indo aos marcadores, etc. Os comentários ficariam também encerrados. Não será de pensar seriamente nesta hipótese? Eu seria a favor.

Um abraço,
Carlos Cordeiro

Anónimo disse...

Olá à todos,

primeiro obrigadinha ao Luís para editar o meu pedido e aos todos quantos já me ofereceram ajuda.

Depois eu estou muito surpresa sobre os numerosos comentários que o meu pequeno texto causou. Eu peco desculpe se eu desconsiderei as regras do blogue. Só quis descrever um pouco o meu trabalho e explicar o meu interesse para falar com alguns camaradas. Na tradução alemão a designação „doutoranda“ só quer dizer que sou uma aluna de um programa/projecto cientista na universidade.

Além disso, não tinha a certeza se eu posso tatar todos por tu, porque eu não assistiu na Guerra e mesma sou mais jovem do que os camaradas. Na minha região não é permitido para uma pessoa tutear uma outra pessoa mais velha quando não se conhecerem, e a minha professora de português não acaba indicar a importância desta regra na sociedade portuguesa. São as regras de cortesia e de respeito que são discutível, e felizmente há línguas naquelas esta diferencia entre “tu” e “você” não existe.

Então, se eu ofendi alguem, não era a minha intenção, e se eu também puder tratar todos por tu, naturalmente seria contente.

Um abraço
Tina Kramer

Joaquim Mexia Alves disse...

Ora vejam lá vocemecês o sarilho que arranjámos à "pobre" da estudante!!!

A "coitadinha", salvo seja, já está preocupada a pensar que nos ofendeu!!!

Oh Tina, (assim familiarmente que deves ser bem mais nova do que a "gente"), não te preocupes que isto é tudo um "bando de velhos" camaradas a dizerem coisas e a contarem histórias.

Nós somos assim mesmo, gostamos de "dizer coisas", como dizia um celebre humorista português, já falecido.

Pergunta, que a gente responde, se só soubermos!!!

Vá lá então um abraço camarigo para ti.

Aviso: Não procures a palavra "camarigo" no dicionário porque nunca vais encontrar!!!
É uma palavra que eu inventei e é a soma da camarada mais amigo!!!

Luís Graça disse...

Em face da "onda de comentários" suscitados pelo pedido de ajuda da Tina Kramer, e uma vez que ela vai sentar-se connosco à sombra do poilão da Tabanca Grande, durante uns mesitos, eu sugiro que:

(a) ela se submeta às regras do nosso blogue e faça o seu pedido de adesão à Tabanca Grande;

(b) nos mande um foto actual, tipo passe, em suporte digital, pois claro, que é para a gente ficar a conhecer a sua carinha larocas, de menina e moça;

(c) nos diga, com mais detalhes, quem é, donde vem, o que faz na vida, ao que vem, re-béu-béu, etc. etc...

(d) passemos a tratar a Tina como "camariga", ou seja, por tu e ela faz o mesmo (se os "kotas" ou os "manos velhos" não se opuserem)...

Recorde-se que na Guiné, no nosso tempo, era tudo corrido a "tu", desde o jubi à bajuda, do Homem Grande ao Régulo... Os guineenses tratavam-nos da mesma maneira: do médico ao capitão, do furriel ao alferes era tudo corrido a "tu"... Até o Caco Baldé (o Spínola) tratado por tu pelos "guinéus"... Sociedade mais horizontal não podia haver do que essa estranha Guiné, crioula, que conhecemos...

Não, não era o "tu" do ocupante militar! Era a nossa maneira, muito própria, de lidar com o "outro"...

Luís Graça disse...

Tina; Ah!, e a entrares na Tabanca Grande, que seja pela ala principal, levada pela mão de um dos teus "padrinhos"... Ou sugiro que seja o Cabral, o mais afável de todos nós... O Cabral, o tal, que em 1970 dizia: "Cabral só há um, o de Missirá e mais nenhum"... Não tem qualquer parentesco com o malogrado Amílcar... Estou a falar do Jorge.