terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Guiné 63/74 - P7635: Memória dos lugares (121): Bambadinca, ao tempo da Dona Violete da Silva Aires, a professora primária cabo-verdiana (Mário Beja Santos / Jaime Machado)




1. O nosso Camarada Mário Beja Santos* (ex-Alf Mil At Inf, Comandante do Pel Caç Nat 52,
Missirá e Bambadinca, 1968/70), enviou-nos  em 17 e 18 de Janeiro de 2011, as seguinte fotografias de autoria de Jaime Machado, ex-Alf Mil Cav, Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70), às quais juntou os respectivos comentários:






O Jaime Machado fez uma exposição de fotografia na freguesia da Senhora da Hora (Matosinhos), de colaboração com o Lions Clube, e, claro está, com intuitos de angariar fundos para projectos filantrópicos. Pois ele oferece ao blogue, tal como a fotografia onde podemos ver a fachada do mercado de Bafatá na actualidade, esta imagem da escola de Bambadinca, tendo diante as insígnias dos batalhões que por ali tinham passado (vê-se nitidamente que havia referência a três unidades militares, creio que atrás está a insígnia do BART 1904) e, no centro, a bandeira hasteada. Não me admiraria que a professora, D. Violeta, estivesse embevecida a assistir a tudo de casa, ali ao lado...


Bambadinca, mesmo quando o porto do Xime ganhou projecção, a partir de finais de 1969, era o escoadouro de mercadorias do Leste, manteve durante a guerra um papel de primeira grandeza no aprovisionamento de todos os aquartelamentos. Consigo distinguir o Ismael Augusto, respondia por tudo quanto fossem viaturas e peças. É o primeiro à esquerda. Hoje tudo desapareceu, restam umas estacas.


Um outro ângulo do porto de Bambadinca, em tempo de azáfama. Tanto era possível aqui chegar um batelão que levava mancarra, como embarcações com passageiros e carga (foi o que me coube, numa viagem de 10 horas, de Bissau até aqui, passando meteoricamente por Porto Gole, em 2 de Agosto de 1968), como vários comboios de carga ou LDP ou LDM com equipamento militar. A partir de Outubro de 1969, a situação mudou com as obras do porto do Xime que o tornaram mais atractivo para o transporte de material militar e tropas. E com o alcatroamento e a capinação abundante das bermas, entre o Xime e Amedalai, reduziram-se substancialmente os riscos de emboscadas e minas.


Esta Bambadinca a caminhar para o rio Geba já não existe. Esta estrada graciosa transformou-se num caminho cheio de capim, nas bermas agonizam edifícios que há 40 anos fervilhavam de vida, com comércios de todo o tipo. São verdes com que hoje não se captam imagens, era o verde da Fuji. Ao fundo, do lado direito, o Bairro Joli e Santa Helena; no fundo, do lado esquerdo, sente-se o porto de Bambadinca e, mais adiante ,a bolanha de Finete. Vivi este ambiente que o Jaime Machado captou do extremo do quartel, num amplo balcão. Como gosto desta minha Bambadinca!


Bafatá > Fotografia tirada pelo Jaime Machado, nosso confrade que comandou, entre 1968 e 1970, um pelotão Daimler, em Bambadinca, que visitou a Guiné em Abril passado. Ficamos a dever-lhe esta bela fachada do mercado de Bafatá, com cores bem diferentes daquelas que existiam no nosso tempo, então era um verde descorado, a dificultar a contemplação, pois merece atenção, naquele tempo não havia sugestão arábica tão imponente como aquela. Hoje o mercado é no exterior, naquela época tinha um ambiente fascinante e buliçoso. Ali se comprava ourivesaria ao único ourives da região. Assisti a esta porta ao desfile de cavaleiros fulas, vinham garbosos nos seus cavalos brancos, estavam cientes que tinham uma plateia embasbacada. Aqueles tempos em que se conseguiam gravações sublimes de Wagner, Verdi ou Strauss em casa comerciais onde se vendia (em aparente confusão) fita de nastro, candeeiros a petróleo e loiça de esmalte...
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série de15 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7619: Memória dos lugares (120): Bambadinca, ao tempo do Manuel Bastos Soares, ex-Fur Mil, CCAV 678 (1964/66), e da Dona Violete da Silva Aires, a professora primária cabo-verdiana

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