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Foto : © Jorge Cabral (2006). Direitos reservados.
Texto do A. Marques Lopes:
Eis a minha opinião sobre turras, nharros, tugas e guerra colonial. E começo por aqui: Portugal tinha, de facto, colónias, embora as conveniências tivessem levado a que essa palavra tivesse sido mais de uma vez embrulhada em papel bonito para o mundo externo ver. Só que o papel era transparente, e nunca nos livrámos internacionalmente de ser um país que travava uma guerra contra os movimentos de libertação das colónias. E eu senti que estive nessa guerra, não em guerra do Ultramar, nem em guerra nas Províncias Ultramarinas, nem em luta contra terroristas. Foi guerra colonial, não duvido, e assim tem de ser para que o efeito não venha a desmentir a causa.
Quanto a nharro e turra, não penso que alguém, agora, use essas expressões com intuitos pejorativos para com os nossos amigos da Guiné. Usamo-los para expressar as nossas vivências e o nosso linguajar do mato e da guerra. Esta foi um fenómeno histórico que nos orientou a linguagem e, até, muitas vezes, o pensamento. Já estamos noutra e não vamos voltar a chamar-lhes isso. Mas fez parte daquilo que vivemos e não vejo mal que recordemos isso como tal.
Quanto a tuga, até acho piada e não me importo que me chamem. Já agora: quando fui recentemente à Guiné, muitas vezes, no mato ou em Bissau, se dirigiam a mim chamando Ó branco!. Também lhes dizia O que é que tu queres, ó preto?. Em certas conversas ouvi guineenses referirem-se a nós como tugas. Tudo bem, sem qualquer tipo de intenção malévola, em conversa natural de pessoas que se respeitam.
Não vejo, pois, mal no uso destas palavras, desde que contextualizadas no tempo. Era assim.
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