Guiné-Bissau > Região Leste > Sector L1 > Bambadinca > Missirá : Pelotão de Caçadores Nativos nº 54, em 1970. Uma unidade constituída por nharros, tugas e até turras!... A legenda é do açoriano Mário Armas de Sousa: " 1ª fila da direita para esquerda: do pessoal metropolitano, o primeiro sou eu, furriel miliciano Mário Armas; o terceiro é o 1º cabo Capitão; 2ª fila da direita para a esquerda: o primeiro é o soldado Amarante; o segundo é o soldado Bulo; o quinto é o furriel miliciano Inácio; o sexto é o 1º cabo Tomé; o nono é o soldado Samba; 3ª fila da direita para a esquerda: do pessoal metropolitano, o primeiro é o furriel miliciano Sousa Pereira; o quinto é o alferes miliciano Correia (comandante de pelotão); o sétimo é o 1º cabo Monteiro; o oitavo, africano, é o soldado Pucha (era guerrilheiro do PAIGC, foi capturado e ficou no nosso exército)"
Foto: © Mário Armas de Sousa (2005). Direitos reservados.
Texto do Carlos Vinhal, com data de 23 de Outuibro de 2006:
Caros Camaradas:
Vou dar a minha opinião sobre os termos utilizados no nosso blogue, postos à discussão.
- Tuga, julgo ser o diminutivo de Portuga ou Português, ou alguém de pele branca, o que torna o termo pacífico (1).
- Nharro, utilizávamos nós quando queríamos ofender ou pelo menos provocar um preto. Acho que devemos abandonar este termo, mesmo acompanhado de querido. Acho que é dar uma no cravo e outra na ferradura (2).
- Há outro termo que devíamos abolir, uma vez que falamos de um passado de guerra com povos que hoje admitimos serem nossos irmãos. Terroriasta (ou Turra) é para o caso da Guiné em particular exagerado, porque não houve casos de terrorismo propriamente dito, mas uma guerra subversiva, local, em que valia tudo de parte a parte e, de onde nós, portugueses, não saímos de consciência limpa (3).
Todos nos lembramos da guerra que a França travou com os Argelinos, esses sim terroristas, porque executaram acções terroristas em plena França, quando a guerra se travava em Argel.
Sempre que nos meus trabalhos me quero referir aos nossos antagonistas do PAIGC, digo IN [Inimigo]. Acho mais próprio e não ofende quem estava de um ou outro lado da espingarda.
- A Guerra que travámos foi sem dúvida uma Guerra Colonial, já que para todos os efeitos práticos as nossas Províncias Ultramarinas mais não eram que Colónias, com estatuto alterado por Decreto. Nós combatentes não nos temos de envergonhar por isso.
É tempo de nos pacificarmos com nós próprios e de irmos aos poucos suavizando o nosso azedume, por um tempo que foi tão difícil de suportar quão difícil é de esquecer.
O nosso Blogue está bem e recomenda-se, ainda por cima tendo como timoneiro o Luís. Sou de opinião que o Luís deve gerir o blogue de acordo com o seu critério que até agora tem dado tão bons resultados e a disponibilidade técnica do senhorio para dar oportunidade a toda a gente se poder exprimir.
Qualquer dia, sem darmos por isso, estaremos a inaugurar o... blogueforanadaevaocem.
É tudo, um abraço do
Vinhal
Carlos Esteves Vinhal
Ex-Fur MilArt MA
CART 2732
Mansabá/Guiné 70/72
Leça da Palmeira
Telemóvel> 916032220
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Notas de L.G.:
(1) Vd. por exemplo post de 8 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXLVIII: Cartas que nunca foram postas no correio (1): Em Bissau, longe do Vietname (Luís Graça)
(...) "Tenho algumas cartas que fui escrevendo, no meu Diário de um Tuga, dirigidas a amigos, mas que nunca cheguei a pôr no correio. Por lassidão. Por cansaço. Mas também por receio de correr riscos, desnecessários. Nunca soube até que ponto a PIDE/DGS me vigiava, nos vigiava" (...)
(2) Vd por exemplo post de 11 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXLIII: Aos nossos queridos nharros (Zé Teixeira)
(...) "Aos nossos queridos nharros... Tropa africana que connosco deram o seu sangue, suor e lágrimas, por Portugal, com toda a carga emotiva, de carinho e afecto que a palavra nharro possa conter" (...).
(3) Vd. por exemplo post de 28 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DXCIV: Nhabijões: quando um balanta a menos era um turra a menos (Luís Graça)
(...) "Há uns anos atrás, nos anos do terror, ser encontrado fora da sua tabanca ou do seu perímetro, de catana na mão ou faca de mato à cintura - que é ronco ou adorno para um balanta que se preze - , eis um belo pretexto para um balanta ser preso, levado para o posto administrativo de Bambadinca, sumarianente interrogado e às vezes, hélàs!, mais sumariamente ainda liquidado.
"A justificação era simples, segundo os meus nharros: um balanta a menos, era um turra era menos (sic)… Admito que haja aqui alguma dose de fanfarronice e de exagero, por parte dos fulas, históricos inimigos e vizinhos dos balantas… Mas não há fumo sem fogo: estas histórias parecem-me ter consistência" (…).
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