quinta-feira, 2 de novembro de 2006

Guiné 63/74 - P1240: Questões politicamente (in)correctas (5): terrorismo, terrorista (Carlos Vinhal)

Mensagem do Carlos Vinhal, com data de 24 de Outubro de 2006:

Caríssimo camarada bloguista Dr. Beja Santos (1):

Voltando ao termo terrorista que eu pessoalmente não gosto de utilizar, venho rebater/clarificar o meu ponto de vista.

Para mim, acto terrorista é uma reacção violenta contra pessoas e/ou bens, sem ter em conta se essas pessoas foram agentes activos nas acções que motivaram o terrorismo. Lembremo-nos do 11 de Setembro e do 11 de Março, por exemplo. Tratou-se de actos violentos de um inimigo sem rosto e nome duvidoso que originou a morte a milhares de pessoas inocentes e a destruição de bens, com o fim de atingir a economia dos países respectivos, confundindo regimes políticos com cidadãos indefesos. Foram ataques indiscriminados, visando o caos.

No nosso caso, estivemos numa guerra subversiva em território mais ou menos conhecido e delimitado, onde os contendores tinham nome e rosto. O objectivo era conhecido e a missão era o controle da população e o reconhecimento político, deixando para segundo plano a conquista de terreno.

Diga-se em abono da verdade que as populações controladas, por nós e por eles, foram muitas vezes apanhadas pelo fogo cruzado, mas as batalhas mais importantes foram travadas entre forças militares ou militarizadas. Cometeram-se exageros quando se mataram civis desarmados e crianças. Estes, os tais casos de consciência a que me referi anteriormente. As minas e as armadilhas que fizeram e ainda fazem vítimas inocentes, infelizmente fazem parte de uma sub-guerra onde todos temos culpas. Como a utilização do napalm.

Os termos Ultramar ou Colónia para mim são pacíficos. O primeiro designa que a posição geográfica dessa parcela territorial está além-mar. O segundo designa um conceito de soberania sobre um terrritório afastado duma Metrópole politicamente dominante. O doutor(2) sabe isto bem melhor do que eu, mas refiro-o para alicerçar o meu ponto de vista.

Quanto aos republicanos terem entrado na 1.ª Guerra Grande para defender o Ultramar, aqui tratava-se de defender o território da cobiça internacional, nomeadamente por parte da Alemanha e Inglaterra, como sabe. A nossa guerra, contra o PAIGC, foi contra o direito à soberania.

Os melhores cumprimentos e um abraço do camarada e admirador

Carlos Vinhal

Carlos Esteves Vinhal
Ex-Fur Mil Art MA
CART 2732
Mansabá (1970/72)
Leça da Palmeira
Telem 916032220

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Notas de L.G.:

(1) Vd. post de 31 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1228: Questões politicamente (in)correctas (4): Terror e contra-terror na guerra colonial ou do Ultramar (Beja Santos)

(2) O tratamento por tu é a regra básica da nossa tertúlia. O uso de títulos (académicos, militares ou outros) também não é incentivado. Razão: não melhora a nossa comunicação, é ruído. Respeita-se, em todo o caso, as outras formas de tratamento que, excepcionalmente, um ou outro dos nossos tertulianos queiram usar em público. O Carlos Vinhal não gosta de tratar ninguém por tu, fora das suas relações íntimas. O Beja Santos respondeu na mesma moeda: tratou o Carlos por você. Aliás, recordo-me de ele tratar por você os seus soldados do Pel Caç Nat 52. Eu e os meus soldados da CCAÇ 12 tratávamo-nos por tu. Sem complexos de inferioridade ou de superioridade. A nossa caserna é plural, pelo que deve respeitar as diferentes idiossincrasias, sensibilidades, particularidades...O mais importante é que todos e cada um se sintam confortáveis na tertúlia dos amigos e camaradas da Guiné.

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