1. Mensagem do Beja Santos, de 30 de Outubro de 2006:
Caro Luís, gostei muitíssimo das recordações do Torcato Mendonça sobre o Payne. Como sabes, conheci o Payne nas manifestações estudantis de 62, depois a vida separou-nos e reencontramo-nos no Uíge, em Julho de 68. Fiquei-lhe a dever inúmeras atenções, sobretudo com a forma tão disponível como ele recebia regularmente as populações civis de Missirá e Finete. Só faz sentido eu atrelar-me a esta saudação se tu tiveres espaço. Prefiro escrever quando tu me disseres que é oportuno. Recebe um abraço do Mário.
2. Resposta de L.G.:
Mário: A nossa conversa é como às cerejas… Seria justo evocar aqui os médicos (mas também os enfermeiros) que estiveram connosco. Dentro das tuas prioridades, escreve sobre o Payne, quando quiseres. Prometo publicar o teu texto logo a seguir.
3.Mensagem, a seguir, do Torcato Mendonça, de 30 de Outubro de 2006
Caro Luís Graça:
Foi, através de uma das estórias do Beja Santos, que soube do desaparecimento do Payne. Fiquei triste. Se há pessoas que gostava de voltar a ver, ele era uma era uma delas. Tive conversas com o Payne sobre os mais variados assuntos. A saúde física e mental das NT, das populações e... muito mais, muito mais.
Ele estava em Bambadinca com a mulher. O conhecimento do Beja Santos é mais forte, quer pelas razões por ele aduzidas no mail quer pela convivência em Bambadinca. È bom saber que alguém vai escrever, vai relembrar um amigo. Os afectos vindos de lá são diferentes. Mesmo divergindo nalguns pontos, a nossa união, chamemos-lhe assim, é superior ou transcende mesmo o normal. É, ou foi a vivência das situações de perigo. Creio que sim.
Posso não concordar com algumas coisas que escreves, Beja Santos. Além de gostar de ler, respeito a tua forma de sentir e relatar o passado. Fala do Payne. Merece ser relembrado quem ajudou tantos, discordando da guerra.
Luís Graça: o primeiro morto da CART 2339 foi um enfermeiro. Foi ferido na Moricanhe (1). O desempenho deles era fundamental para as NT. Em operações e nos aquartelamentos.
Parece que [ainda] ninguém falou das Enfermeiras Paraquedistas. Fui evacuado e tratado por uma, em Nova Lamego. Contactei várias vezes com elas nas evacuações. Vezes demais. Era interessante alguém, que as tenha conhecido bem ou, alguma delas, escrever sobre a Guiné.
Um abraço aos dois do
Torcato Mendonça
_________
Nota de L.G.:
(1)Moricanhe: destacamento de milícias e tabanca em autodefesa, entre o Xime e Mansambo, na ZA da CART 2339, Mansambo,1968/69, mais tarde abandonado pelas NT, no decurso da reacção do PAIGC à Op Lança Afiada (8 a 18 de Março de 1969): vd. post de 30 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CDI: Mansambo, um sítio que não vinha no mapa (3): Memórias da CART 2339 (Carlos Marques dos Santos)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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