Texto e foto: © José Paracana (2008). Direitos reservados
1. Mensagem de 19 de Novembro de 2008, do nosso camarada José Paracana (*)
Assunto - Contributo
Queridos camaradas do glorioso blogue em que perpassa a história dos combatentes no TO da Guiné-Bissau, nos idos de 60 a 74!
Tenho alguns documentos originais, referentes à guerrilha que assolou o pequeno território africano. Para já, tenho que os descobrir, mas hei-de os descobrir quando menos os procurar, como é costume!
Dado que fui oficial de segurança das transmissões (Cheret) (**), no QG, em Bissau, são do âmbito aqui citado, e têm o seu interesse realtivo!
Hoje, porém, vou narrar o que a fotos inclusa me suscitou. Nomeadamente as bajudas que nelas figuram.
Passeando pelas ruas da cidade, depois de acabado o serviço, à paisana, era frequente vir até à baixa, à zona dos cafés e bares. Não raro topava com a africana oferta, expressada por homens meio andrajosos e, por certo, sem contemplações pelas desgarçadas filhas ou familiares
que dominariam. O palavreado era simples e conciso:
- Alfero!? Quer parte cabaço? Tem bajuda novinha...! - E depois aventava os pesos que queria em paga!
Sabe-se que a cultura africana é bem diversa, nestas questões de arranjar algum dinheiro com base no proxenetismo praticado. Para ter mulher o pessoal compra, se tiver meios... Para nós europeus, a transacção é repugnante e abjecta. Mas não é momento já para reprovações, numa terra onde há e havia tantas... provações! O estômago ou o vício falavam mais alto, e no masculino! Era assim. Oxalá possa ter mudado... Por cá, infelizmente, é a escravatura ou a pedofilia!!!
Pronto. No futuro continuarei a propor mais textos que descrevam e iluminem a minha guerra, passada à volta da escuta-rádio, com cerca de vinte camaradas (cabos) a gravar o que mais adiante contarei!
Saúde e boas memórias!
José Paracana (*)
ex-alferes miliciano,
QG, Bissau,
CTIG, 1971/73
1. Mensagem de 19 de Novembro de 2008, do nosso camarada José Paracana (*)
Assunto - Contributo
Queridos camaradas do glorioso blogue em que perpassa a história dos combatentes no TO da Guiné-Bissau, nos idos de 60 a 74!
Tenho alguns documentos originais, referentes à guerrilha que assolou o pequeno território africano. Para já, tenho que os descobrir, mas hei-de os descobrir quando menos os procurar, como é costume!
Dado que fui oficial de segurança das transmissões (Cheret) (**), no QG, em Bissau, são do âmbito aqui citado, e têm o seu interesse realtivo!
Hoje, porém, vou narrar o que a fotos inclusa me suscitou. Nomeadamente as bajudas que nelas figuram.
Passeando pelas ruas da cidade, depois de acabado o serviço, à paisana, era frequente vir até à baixa, à zona dos cafés e bares. Não raro topava com a africana oferta, expressada por homens meio andrajosos e, por certo, sem contemplações pelas desgarçadas filhas ou familiares
que dominariam. O palavreado era simples e conciso:
- Alfero!? Quer parte cabaço? Tem bajuda novinha...! - E depois aventava os pesos que queria em paga!
Sabe-se que a cultura africana é bem diversa, nestas questões de arranjar algum dinheiro com base no proxenetismo praticado. Para ter mulher o pessoal compra, se tiver meios... Para nós europeus, a transacção é repugnante e abjecta. Mas não é momento já para reprovações, numa terra onde há e havia tantas... provações! O estômago ou o vício falavam mais alto, e no masculino! Era assim. Oxalá possa ter mudado... Por cá, infelizmente, é a escravatura ou a pedofilia!!!
Pronto. No futuro continuarei a propor mais textos que descrevam e iluminem a minha guerra, passada à volta da escuta-rádio, com cerca de vinte camaradas (cabos) a gravar o que mais adiante contarei!
Saúde e boas memórias!
José Paracana (*)
ex-alferes miliciano,
QG, Bissau,
CTIG, 1971/73
________
Notas de L. G.:
(*) Vd. postes de
23 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3230: Tabanca Grande (89): José Paracana, ex-Alf Mil, Analista de Segurança das Transmissões, QG do CTIG, 1971/73
13 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3201: O Nosso Livro de Visitas (26): José Paracana, ex-Alf Mil, QG do CTIG, 1971/73
(**) CHERET: Chefia do Serviço de Reconhecimento das Transmissões, criada em 1959, em substituição da CHECIE (Chefia de Cifra do Exército), cuja criação data de 1952.
Hoje há o Centro de Informações e Segurança Militar (CISM), enquanto unidade da Estrutura Base do Exército, directamente dependente do Comando Operacional do Exército Português, instalada na Ajuda, em Lisboa. Tem a responsabilidades pelas actividades de criptologia, informações, contra-informação e segurança militar do Exército.
Notas de L. G.:
(*) Vd. postes de
23 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3230: Tabanca Grande (89): José Paracana, ex-Alf Mil, Analista de Segurança das Transmissões, QG do CTIG, 1971/73
13 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3201: O Nosso Livro de Visitas (26): José Paracana, ex-Alf Mil, QG do CTIG, 1971/73
(**) CHERET: Chefia do Serviço de Reconhecimento das Transmissões, criada em 1959, em substituição da CHECIE (Chefia de Cifra do Exército), cuja criação data de 1952.
Hoje há o Centro de Informações e Segurança Militar (CISM), enquanto unidade da Estrutura Base do Exército, directamente dependente do Comando Operacional do Exército Português, instalada na Ajuda, em Lisboa. Tem a responsabilidades pelas actividades de criptologia, informações, contra-informação e segurança militar do Exército.
7 comentários:
Camarada:
Não te sintas mal por teres estado na "guerra do ar condicionado", em Bissau... No nosso tempo brincávamos com isso...
Hoje, aqui e agora, já não há distinções entre operacionais e não operacionais, malta do "front office" e do "back office"... Todos temos direito a uma medalha, só por ter estado naquela terra quente e vermelha...
De qualquer modo, podes explicar em termos simples à malta da Tabanca Grande o que fazias, como oficial, analista de segurança de transmissões... E tendo estado no QG, deves ter mais histórias, do dia a dia de Bissau e do QG, que eu e o resto da malta vamos ter o privilégio de ler... Fico a aguardar as histórias prometidas... O título pode ser mudado: achei piada fazer uma referência à CHERET, que está no ouvido, mas ninguém sabe o que é (ou era).
De Blog em Blog acabo por descobrir que o José Pracana desembarcou em Bissau no mesmo dia que eu e nos cruzamos concerteza por ali.
Mário Trindade
Operador Cripto
CMI Cumeré Guiné 1971/1973
E já agora, isto são coisas de principiante, leia-se Paracana e
Cumprimentos
Luís
Nas TRMS, todos os criptos e Op. de msg sabiam o que era a CHERET.
Eu além de saber da sua existência também fui apanhado nas suas malhas, No início de 1973, numa msg em claro não codifiquei a palavra oficial por "pato", e fui agarrado.
Vindo dessa mesma CHERET, chegou ao cmd do Bat. uma msg para punir o malandro que praticou aquele crime, após verificarem os registos de svc, detectaram que tinha sido eu, nada difícil, fui chamado ao mauzão do "Hitler" e o bom do major deu-me como castigo uma carecada o que lá até era bom.
Mas a CHERET tinha que existir porque se não as TRMS eram uma rebaldaria.
AS
SPM 2558
No meu caso não teria sido só uma "carecada" caso o Coronel que mandava lá naquilo tivesse levado a sua por diante.
Não tivesse eu as coisas direitinhas bem estava "foxtrot", safei-me graças ao pessoal lá da CHERET.
E a partir desse dia, mesmo msgs "R" passaram a ter a classificação de "I" para não dizer "Z".
Ainda me lembro do homem em pijama madrugada dentro ou manhã cedo como queiram a receber msgs de nada.
Vou fazer um comentário 10 anos depois!
Tenho um amigo de infância que encontrei hoje, dia 1 de agosto de 2018, ele era alferes miliciano no CHERET, fazia parte da segurança máxima das transmissões.
Esteve lá comigo entre 67/69. Depois veio evacuado em Maio de 69, juntamente com outro amigo nosso do Porto, e estivemos todos no HMP241 nesse período, eu também estava internado na Psiquiatria, eles vieram evacuados e eu fiquei até 4 de agosto de 69, vai fazer agora 49 anos.
Se houver alguém que queira comentar algo sobre este serviço que desconhecia, andei aqui no Blogue à procura do significado e deparei aqui com histórias interessantes, e deste amigo tenho algumas.
Um Ab,
Virgilio Teixeira
Boa noite. O meu nome e Amaral e prestei serviço na cheret na secção de producao como cabo de material segurança cripto de 70/72 e conheci o Sr alferes paracana
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