Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cantanhez > Cadique > Destacamento da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610 (1972/74) > O novo cais de Cadique... Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cantanhez > Cafal Balanta > Destacamento da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610 (1972/74) > "Foto tirada à partida de Sintex para Cufar ou Cadique em busac de correio e uns frescos... Estava vestido com a minha farda mais usual (fora do regulamento) e, para não destoar, as botas eram dos Fuzas (trpa extraordinariamente especial) a quem troquei (um sargento) por um par meu".
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cantanhez > Cafal Balanta > Destacamento da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610 (1972/74) > "Parte da frota da Marinha de Guerra do PAIGC, algures no Cantanhez"...
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cantanhez > Cafal Balanta > Destacamento da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610 (1972/74) > "Eis-me aqui devidamente uniformizado com fardamento do Exército Português, ams pago por mim, e onde até as divisas de bico para baixo lá estavam... Mais tarde, já depois do 25, haveriam de fazer com fizeram com tudo, virando-as do avesso, de bico para cima, ainda a propósito das ditas...
"Felizmente não sou desse tempo embora tivesse apanho um episódio cariacto que relatarei depois noutro local...
"E digo-as que as coloquei para não ser confundido com algum major general. Eram modestinhas mas merecidas"...
Fotos (e legendas): © Manuel Maia (2009). Direitos reservados.
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VI parte da História de Portugal em Sextilhas, escritas pelo Manuel Maia, licenciado em História (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74) (*).
QUARTA DINASTIA ("BRIGANTINA")
168-A nova Brigantina dinastia
qu´el rei D.João IV inicia,
de todos mereceu a confiança.
Em Cortes de Leiria se reitera
o apoio que o bom povo já lhe dera
por ser oitavo duque de Bragança...
169-Espanha instiga a lusa fidalguia,
usando o suborno como via
p´ra torpe e vil real conspiração.
Tramóia detectada, a forma achada
foi cepo e gume frio de uma espada,
salvou-se,apenas, bispo, com prisão...
170-É urgente defender a lusa terra,
daí preparativos para a guerra
que el-rei D.João IV impõe agora.
Matias de Albuquerque, indigitado
fronteiro-mor do reino restaurado,
arranca muito firme,sem demora...
171-Em Campo Maior cria um baluarte,
muralhas d´Olivença faz com arte,
prepara armada com mais caravelas.
Dez naus,quatro navetas,três fragatas,
com pinhos,cedros,destas lusas matas,
vilacondense é o pano cré das velas...
172-Empreender depressa a ofensiva,
ficar na rectaguarda à defensiva,
opiniões divergem, cada dia...
Fronteiro-mor avança,peito rijo,
bem junto a Badajoz,até Montijo
que cede ante a surpresa da ousadia.
173-Optou então Matias p´lo regresso
-garante não havia p´ro sucesso-
do ataque a Badajoz, com poucas gentes...
Molligen emboscou seus batalhões
que atacam furiosos,quais leões,
armados totalmente, até aos dentes...
174-Foi grande o dizimar no corpo luso,
deixando em euforia,mas confuso,
o imprudente Paco, distraído...
Reservas que esquecera, o luso tinha,
p´ra usar no seu avanço em toda a linha,
vencendo o que parecia estar perdido...
175-Urgia agora pois recuperar
perdidos territórios d´além-mar
que gentes holandesas usurparam.
D´Angola e S.Tomé se expulsou
piratas que o Brasil também expurgou,
e as terras ao pendão luso voltaram...
176-Colonos não respeitam liberdade
dos índios do Brasil,valha a verdade,
é urgente informar rei do incumprimento.
Do alto do seu púlpito, Vieira,
o padre Jesuíta, vê maneira
de criticar colonos no momento...
177-Com peixes vai fazer analogia
p´ra crítica mordaz que se pedia,
difícil e perigosa, impõe coragem...
Modelo de oratória foi então
de S.tº António aos peixes,um sermão,
colonos entenderam a mensagem...
178-Na teia das palavras a excelência,
é urdida com rigor e minudência,
Vieira quer sedosa e viva a escrita...
Estudo jesuítico é bagagem
do brilhantismo ímpar na linguagem
que o padre em seus sermões sempre exercita...
179-Passavam quatro anos sobre a data
do sacudir do jugo e malapata
do filipino mando em Portugal...
Marquês de Torrecusa vai cercar
a praça d´Elvas,p´ra fazer vergar,
mas lusos resistiram no local...
180-E quando D.João enfrenta a morte,
já o filho Teodósio, mesma sorte
tivera anos antes tão maldita.
Sucede-lhe Afonso, algo incapaz,
feitio airado,um jeito contumaz,
a ter por fado vida de desdita...
181-Catorze anos volvidos e de novo
a ideia de domarem este povo,
assalta os maus vizinhos cá da Ibéria...
Luis de Haro agora é o comandante
da numerosa força sitiante,
disposta a levar Elvas à miséria...
182-Cidade vê colinas ocupadas,
nascerem linhas bem fortificadas,
cercando o velho burgo, totalmente...
Durante o dia bombardeios vários,
co´a peste engrossam óbitos diários,
espectro do desaire é eminente...
183-Seria D.António de Meneses
a agrupar milhares de portugueses
p´ra ajuda aos elvenses, sitiados.
Vitória esmagadora lusitana
obriga Haro a fuga algo temprana,
total a humilhação dos derrotados...
184-Estrondosa esta vitória ganha asinha,
(marquês o fez depois, sua rainha...)
de Cantanhede é conde este Meneses.
D.Sancho Manuel é agraciado
de conde Vila Flor foi titulado
por infligir à Espanha tais revezes...
185-Castela, com João de Áustria, agora,
reverte a seu favor, e sem demora,
vitórias no contexto desta guerra...
Tomando Juromenha,Alter do Chão,
Monforte,Crato,Évora,acha então,
que é tempo de ocupar toda esta terra...
186-Do lado luso surge uma mudança,
pois Marialva deixa a liderança,
ignoram-se as razões do afastamento.
O conde Vila Flor vai p´ro comando
com Jacques Magalhães acolitando
ao lado de Schomberg e seu talento...
187-Caíram eborenses sitiados,
vem tarde Magalhães com seus soldados
bem como Vila Flor,Sancho Manuel.
Ameixial sorriu às lusa gentes,
fazendo os castelhanos mais descrentes
que largam cerco e fogem em tropel...
188-Bem junto a Borba,lá p´ra serra d´Ossa,
Castela,em Montes Claros, sofreu mossa,
pesada e decisiva,a derradeira.
Sete horas foi o tempo da peleja
que mostra um Marialva que deseja
provar supremacia da bandeira...
189-Marquês de Caracena,derrotado,
fugiu p´ra Badajoz, bem humilhado,
largando os presos feitos na jornada.
Os mortos que abandona, são milhares,
cavalos,asnos,centos de muares,
derrota fez ditar a paz selada...
190-Castelo Melhor logo se insinua
na vida do monarca que actua
de forma ao seu cognome fazer juz.
Nas linhas d´Elvas ou Ameixial,
em Montes Claros com vitória tal
que à paz definitiva,isso conduz.
191-El-rei Vitorioso ora retoma
a anglo aliança e paga soma
doando Tanger,também Mombaím.
Pesado dote p´ra irmã Catarina
a quem rumo da Albion determina,
casar-se com rei Carlos foi seu fim...
192-Afonso da cabeça era doente,
não tendo sucessor,por impotente (?),
daí medida imposta p´lo conselho.
O trono lhe é cassado e passa então
p´ras mãos de Pedro que era seu irmão,
p´ra este o conservar até ser velho...
193-A Pedro a força inglesa impõe tratado,
que obriga o reino luso a ser mercado
como absorsor da lã e seus tecidos...
E p´ro vinho do Porto há no momento,
promessa de um mesmo tratamento,
consumidores ingleses garantidos...
194-A Espanha luta pela sucessão,
inglese usam Pedro a peão
no jogo de xadrez que põe a nú,
que apoio ao austríaco intento,
apenas foi manobra de momento
pois ...já lhes serve mais Filipe Anjou...
195-Perdura impasse até surgir o dia
das partes requererem acalmia,
que UTRECHT desenhou em boa hora...
Mudança aconteceu em Portugal,
D. Pedro teve morte natural,
p´ro seu lugar o filho vem agora.
196-Seu nome era João,Quinto na História,
ufano peito tão prenhe de glória
que quer cumprir missão de Portugal.
Combate ao Otomano se sucede,
e entrando em Matapã, ao Papa acede,
destroça turcos em luta naval...
197-Magnânimo explora os diamantes
seguindo o pai que usara os bandeirantes
no avanço do Brasil, por terra adentro.
De Vera Cruz virá grande riqueza
p´ra dar à capital rara beleza
que a impõe na velha Europa,como centro...
198-Partiu então o rei p´ro eterno sono,
ficando D.José,filho, no trono,
sujeito à pombalina influência.
Impõe governação,dura,absoluta,
imprime a violência na conduta,
que aos Távoras tirou a existência.
199-Foi obra de Pombal a atrocdade
révanche ineludível,vil maldade,
manchando obra importante que deixou.
Sentida rejeição de amor sem sorte
gerou,para a família,ódio de morte,
que a História,horripilada, registou ...
200-Um forte abalo arrasaa capital
Lisboa vê ruir,para se mal,
as casas que se esvaem,por sumiço...
Desgraça vai mostrar à evidência
capacidade,engenho,inteligência,
do homem que o rei tinha ao seu serviço...
© Manuel Maia (2009)
[Fixação / revisão de texto: L.G.]
_________
Nota de L.G.
(*) Vd. postes anteriores desta série:
2 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4274: Blogpoesia (43): A história de Portugal em sextilhas (Manuel Maia)
3 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4278: Blogpoesia (44): A história de Portugal em sextilhas (II Parte) (Manuel Maia)
6 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4290: Blogpoesia (45): História de Portugal em Sextilhas (Manuel Maia) (III Parte): II Dinastia, até ao reinado de D. João II
15 de Maio de 2009 >Guiné 63/74 - P4351: Blogpoesia (47): História de Portugal em sextilhas (Manuel Maia) (IV Parte): II Dinastia (De D.Manuel, O Venturoso, até ao fim)
3 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4456: Blogpoesia (48): História de Portugal em sextilhas (Manuel Maia) (V Parte): III Dinastia (Filipina)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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9 comentários:
Poeta-Mor, Manuel.
Até mereces um "dom" antes do nome, para acentuar a nobreza dos versos que praticas.
No final, depois da necessária revisão dos textos, quero uma cópis com dedicatória, desde que não me leves os olhinhos da cara.
Um abraço
J.Dinis
Eu pensava fazer umas impressões das sextilhas, mas com dedicatória adorava.
Um abraço Colaço.
Amigo M.M.
O interesse que a grande maioria dos nossos Camaradas e Amigos manifesta relativamente à tua poesia,interesse esse que eu comungo, como por diversas vezes te manifestei,leva-me a ir um pouco mais longe e fazer um desafio, a ti e ao Blogue: Será que, em conjunto, não temos capacidade de editar a História de Portugal do Manuel? Conta comigo para o que entenderes...
Tenho mostrado os teus poemas a pessoas ligadas ao ensino de história de Portugal e todas elas se mostram surpreendidas pela qualidade, mas não passam dessa apreciação altamente positiva.O que "falha" é o passo seguinte:não conhecem ninguém que possa ajudar à sua publicação ou no colaborar no dar a conhecer a mais gente...; dá trabalho, digo eu, e tem pouco interesse para eles. Enfim, o retrato fiel da sociedade que temos ou que criamos.
Se esta sugestão extravasa os objectivos do nosso Blogue, calo-me já, mas em termos pessoais conta comigo, esperando que outras vozes se juntem à minha,à tua.
Temos tanta coisa no Blogue para parir...Não falo em nomes,posso esquecer alguém...Estamos à espera de quê?
Um abraço para todos do
Vasco A.R.da Gama
Com os meus respeitosos cumprimentos aos editores e colaboradores do blogue, venho expressar a minha admiração pela poesia de Manuel Maia, e felicitá-lo pelo excelente contributo que está a prestar na divulgação da História de Portugal. Pelo que tenho lido, julgo que deverá ser considerado um Grande Poeta Português.
Sem querer parecer exagerada, digo-o com toda a franqueza que há sextilhas que me fazem lembrar Camões.
Sou visitante assídua e admiradora do blogue.
Apesar de já conhecer muitos episódios da Guerra Colonial que me foram narrados pelo meu marido, ex-furriel, que prestou Serviço Militar Obrigatório na Guiné, em Bachile e S. Domingos,e com ele ter aprendido a amar aquela terra e aquelas gentes, são estes testemunhos escritos que ficam para as gerações vindouras.
Bem hajam!
Maria Teresa Parreira
Caro Manuel Maia
Alguém disse, há pouco tempo, que tinha investido pouco em cultura!
Redondamente enganada. Nunca se investiu. Em cultura só se "investem" ministros.
Espero em breve ver a tua obra, não nos escaparates das livrarias, mas na mão e no pensamento dos jovens, que bem precisam que lhes mostrem os NOSSOS MAIORES.
José Martins
Em aditamento ao meu anterior comentário, ainda refiro que já ansiava ver publicadas estas sextilhas desde que o comentador, e ex-militar, José Colaço solicitou a Manuel Maia a sua publicação.
A poesia corre no sangue dos alentejanos e, como alentejana que sou, julgo que do mesmo concelho de naturalidade de José Colaço, Castro Verde, desde o início que visito o "Blogue de Luís Graça" me delicio com a obra de Manuel Maia.
Ainda realço, que ninguém soube como ele responder tão vigorosamente a "A.B."
Cumprimentos,
Maria Teresa Parreira
CARÍSSIMOS,
QUERO AGRADECER-VOS A TODOS,GENTE BOA,AS PALAVRAS DE APREÇO QUE MAIS NÃO REFLECTEM SENÃO A BONDADE DA ÓPTICA DA VOSSA APRECIAÇÃO...
ESCREVO EM MAIUSCULAS POR ALGUMA DIFICULDADE DE VISÃO.
UM ENORME BEM HAJA À TABANCA.
Caríssima conterrânea Teresa Responder tão vigorosamente ao "A.B" como o Manuel Maia?
Vontade não nos falta.
Não temos é a capacidade em transpor para o papel com a precisão, facilidade, é um privilégio direi de inteligência que o nosso Camões do Cantanhês tem.
Cumprimentos Colaço.
Caro conterrâneo Colaço,
Este mundo é pequeno mas esta Tabanca é Grande!
Graças ao Luis Graça e Camaradas...!
Venho, deste modo, saudá-lo e dizer-lhe que tenho apreciado imenso as suas crónicas.
Reparei na crónica do seu regresso, que mencionava a sua chegada à Estação de Castro Verde, e deduzi que eramos conterrâneos do mesmo concelho.
Logo, regressei à minha infância, e reconstruí o puzzle das minhas memórias.
Como nasci em 1957 e a guerra começou por volta de 1961, lembro-me que todos os militares que partiam e chegavam do Ultramar passavam à minha rua.
Nessa altura, naquela terra havia muitos jovens e quase todas as semanas havia partidas e chegadas.
Naquele tempo, o comboio era o único meio de transporte, naquela zona do Alentejo. Só as pessoas abastadas tinham automóvel.
A Estação CP dista cerca de 3Km da vila, e a minha rua fica direccionada para a estação, e serve de "caminho" para a mesma.
O comboio que levava os militares passava na estação, que é a anterior à sua, cerca das 06h00 da manhã, e eu era acordada pelos passos e coros da população que acompanhava o militar até à estação, para se despedir.
Como sabe o alentejano canta de alegria e de tristeza, e ainda me lembro de ouvir aquelas vozes passarem pela minha rua a cantar, em coro afinado:
Lá vai mais um barco
para o Ultramar,
levam nossos filhos
p'ra irem lutar.
P´ra irem lutar
deixam cá cadilhos,
Para o Ultramar
levam nossos filhos.
Desde essa altura, e quando comecei a crescer, com todas estas memórias, comecei a fazer perguntas sobre aquela Guerra, e a tomar consciência do país em que vivia.
Acrescento que emigrei, com 14 anos,com os meus pais, para um lugar mais a sul, para o Algarve, à procura de uma vida melhor.
Confesso que não me dei mal, considero Faro a minha terra de adopção e de coração, casei há 31 anos com um algarvio, que, como já disse em anterores comentários, também passou pela Guiné, e temos uma filha.
Mas mantenho a minha casinha no Alentejo, na rua "da estação".
E por aqui me fico, expressando os meus desejos que continue a publicar as suas crónicas, porque escreve muito bem, e recordar é viver...
Com os melhores cumprimentos,
Maria Teresa Parreira
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