1. Mensagem de Mário Beja Santos* (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Novembro de 2009:
Malta,
Este álbum é uma preciosidade, a ver se o autor o reedita pois compradores não faltam.
Estejam descansados, vão aparecer os postais do nosso tempo.
Um abraço do
Mário
Uma relíquia: Postais antigos da Guiné (1)
Por Beja Santos
Quem se dedica ao coleccionismo de postais sabe que João Loureiro** é um nome maior na arregimentação de postais fotográficos em Portugal. Só assim se explica a sua colecção invulgar (na quantidade e qualidade) e no conjunto de obras publicadas envolvendo postais de Macau, Cabo Verde, Guiné, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Estado da Índia, Timor. A linda edição de “Postais antigos da Guiné”, datada de 2000, está completamente esgotada, o que priva todos aqueles que amam a Guiné a ter acesso a preciosas fontes da história da presença portuguesa na Guiné, e a conhecer o seu povo e costumes, ao longo do século XX. João Loureiro seleccionou 248 exemplares dividiu-os em quatro períodos (Bissau no primeiro quartel do século XX, Bissau dos anos 40 aos inícios da década de 70, aspectos do interior, e o povo e os costumes).
Os primeiros postais guineenses aparecem associados a casas francesas. Os clichés referentes a 1908 têm um autor conhecido e a que aqui já se fez referência: José Henriques de Mello, ele veio de Cabo Verde, qual repórter, para acompanhar as campanhas de pacificação. Para um território que só viu as suas fronteiras definidas a partir de 1886, e atendendo à fraca presença portuguesa até ao século XX, pouco mais havia a esperar que exibir Bissau (quem é que se atrevia a ir fotografar locais hostis ao branco?), entreposto frequentado por comerciantes de várias nacionalidades, até chegar a 1908, o ano em que José Henriques de Mello captou importantes imagens da Península de Bissau. Todo este período é marcado pela sépia e a partir de 1925 assiste-se à chegada do postal colorido, o tema privilegiado são as artérias mais povoadas de Bissau, os seus edifícios oficiais e armazéns das empresas, vemos depois imagens das propriedades e até o automóvel entra em cena fora da capital. O prato de substância virá a seguir, com o florescimento e a expansão de Bissau e depois todos aqueles postais que mandámos às nossas famílias, ao longo dos anos 60 e 70, quando os editores se chamavam Foto Serra, Cómer, Casa Mendes, Foto Iris e Centro de Informação e Turismo de Bissau.
Como nota final, devo dizer com orgulho que foi João Loureiro que me ofereceu este exemplar, em Dezembro de 2008, felicitando-me pelos meus livros guineenses.
Capa de “Postais antigos da Guiné”, Edição de João Loureiro e Associados
Era assim o Palácio do Governo, em 1910. O Governador vivia em Bolama, Bissau era rota obrigatória não só pelos assuntos do comércio mas por razões da ligação à Metrópole e acompanhamento das questões militares, que nesta época eram cruciais para a pacificação.
O Pidjiquiti em 1908, estão a chegar tropas da Metrópole, não sabemos se vão para o Cuor ou combater as rebeliões de Intim e Antula.
Era assim a Alfândega em 1925. Chegara o postal colorido. Tudo se irá transformar ao tempo do Governador Sarmento Rodrigues. A Alfândega do nosso tempo, bem sólida, ainda lá
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 28 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5364: Notas de leitura (40): De Conakri ao M.D.L.P., de Apoim Calvão (Beja Santos)
(**) Vd. poste de 21 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3658: Historiografia da presença portuguesa (15): Postais antigos, um relicário de João Loureiro (Beja Santos)
Vd. último poste da série de 3 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3693: Postais Ilustrados (14): Tocador de kora (Beja Santos)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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1 comentário:
Num mail há poucos dias atrás, aqui entre nós os dois,Beja Santos e António Graça de Abreu,na tua opinião zangados e desavindos, acusaste-me de eu procurar o protagonismo no Blogue do Luís do Graça. Com todo o respeito, como pessoa e sobretudo como camarada da Guiné, recordo-te que em cada cinco postes publicados no último mês, um deles é teu.
Eu vou com as aves, mais uns tantos comentários ao correr da pena.
Pela diurese necessária,
um abraço a todos,
António Graça de Abreu
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