quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5432: FAP (39): Guileje, outra vez?!... (António Martins de Matos)


1. Mensagem de António Martins Matos (ex-Ten Pilav, BA12, 1972/74)  com data de 7 do corrente:
Assunto - Poste 5417

Amigo  Luís Graça


 Confesso ter ficado surpreendido e desagradado com a leitura do poste 5417 do Victor Alfaiate [VA] (*). Surpreendido porque julgava que já tudo tinha sido dito acerca do Guileje e que a nova edição de comentários apenas se iria dar quando o documentário "A Guerra" do Joaquim Furtado abordasse o tema.


Surpreendido pelo ataque directo que o VA me dirige. Surpreendido porque, quando em Setembro de 1974 o encontrei fortuitamente no Restaurante das Marés onde trabalhava, me contou uma outra visão dos acontecimentos.


Surpreendido finalmente pelo facto dos editores do blogue não me terem dado conhecimento de um texto a todos os títulos ofensivo e que me era especialmente dirigido, procedimento contrário ao que têm feito habitualmente.


Desagradado pelo chorrilho de considerações que o seu autor faz, confirmando o ditado: "Quem te manda a ti,  sapateiro,  tocar rabecão".


Podia rebater o seu post ponto por ponto mas, porque a paciência também tem limites, vou apenas pegar nos que me parecem mais evidentes. Assim:


Artilharia: Substituição e regulação


Não foram "os senhores de Bissau" que ordenaram a substituição da artilharia de 11,4 [pela de]  14, foi o próprio Maj Coutinho e Lima [CL], conforme ele o descreve no seu livro "A Retirada  de Guileje",  a páginas 25.
Ao ler-se o livro com atenção chega-se à conclusão que, primeiro deixou ir para Gadamael as peças de 11,4, ficando completamente indefeso, só depois recebeu as de 14.


Se a troca foi mal concebida, mal planeada e pior executada, (uma das peças até vinha inoperativa) não foi certamente por culpa da Força Aérea [FAP].


E a regulação? No seu livro CL escreve várias vezes que a regulação não foi feita por culpa da FAP
Para a regulação do tiro a observação aérea é uma mais valia mas não é imprescindível (as guerras não param para se regular a artilharia,... ou param?).


Ainda assim podia ter sido feita, os aviões da FAP só tinham a limitação de aterrar em Guileje, podiam voar sobre o quartel, como sempre o fizeram (dizer o contrário é uma mentira baixa, mesquinha).


As peças chegaram a 18 de Maio [de 1973], o Comandante ausentou-se entre 19 e 21Maio, abandonou o quartel em 22 (pag 71 do livro do CL).


Quando é que pediu a regulação de tiro?


A regulação não foi feita mas também não foi pedida. (O livro do CL que é tão exaustivo no escalonamento de mensagens,  não mostra qualquer pedido)


 FAP: Apoio de fogos


No que respeita aos apoios de fogo, quando os Fiats chegavam a um quartel em dificuldades e ao ser estabelecido o contacto rádio, o que o piloto precisava saber era:


- de onde vinha a direcção do ataque,
- com que tipo de arma,
- há quanto tempo tinha ocorrido.
- se havia tropa fora, no mato.


Este cheklist sempre foi usado com sucesso em toda a Guiné, por todos os aquartelamentos (Guileje incluído) e, inclusive muitos dos nossos tertulianos que estiveram directamente envolvidos em acções semelhantes, sabem do que me refiro.


A história de os aviões voarem alto ou baixo não tem a ver com o medo dos pilotos como é insinuado pelo VA e, volta não volta, por outros  TEPONs (Técnicos de Porra Nenhuma), mas sim por causa do armamento que levam.


E não venham com a estafada de que não foram apoiados, pois entre 19 e 21 de Maio a FAP (com seis pilotos) efectuou 16 missões no Guidaje e 14 em Guileje, 8 das quais no dia 21.


Dizer "bombardeiem todas as matas à volta do quartel" revelou no mínimo a incompetência de quem deu essa informação pois é por demais evidente que os aviões levando 4 bombas não podiam satisfazer um pedido semelhante.


Tal como as cerejas nos bolos, este disparate é inclusive confirmado pelo próprio Major CL no seu livro (página 177) quando afirma que "quem tenha feito este pedido demonstrou não fazer a mínima ideia do que estava a solicitar". (Obrigado, CL, a verdade a vir ao de ciima).


É no mínimo aberrante (para não dizer estúpido) dizer a um piloto que voa a 700 km/h e que tem por baixo, 360 graus à sua volta, uma mata verde de quilómetros de extensão, para que "descubra de onde sai o ataque".


Memória (ou falta dela)


E não, em 18 Maio o Guileje não estava "quente" como insinua o VA,  havia nuvens que tapavam toda a região.


Não me lembro que o diálogo do "largos e estreitos" e por aí fora tenha existido, penso fazer parte da imaginação do VA, a qual, já constatei, tem evoluído ao longo do tempo.


Aliás, quando diz que até hoje estava convencido de ter falado com um Tenente Coronel, está-se a esquecer do nosso encontro em Setembro 74.


A talhe de foice acrescento que, para mim e na área da guerra, Coronéis, Majores, Furriéis ou Soldados, eram apenas combatentes, todos tratados da mesma maneira e com a mesma consideração.


Guileje, Gadamael e Guidaje


Quanto à raiva por ter deixado as loirinhas geladas e o ar condicionado de Bissau, o VA está enganado, não foi por isso, que em Bissau nem havia ar condicionado, foi por saber que naquele mesmo momento em que dizia disparates via rádio, havia militares portugueses a morrer em Guidaje, sem abrigos, sem munições, ...sem apoio.


E, para que se respeitem os mortos, registe-se que no cerco de Guidaje morreram 22 militares e em Gadamael, como resultado posterior à fuga de Guileje, outros 24 ("Os anos da Guerra Colonial",  Carlos Matos Gomes e Aniceto Afonso).


Eu sei que usar vidas para efeitos estatísticos não é muito apropriado, mas, ...., quantas baixas houve em Guileje?


Quanto ao famoso "cerco" das centenas/ milhares de guerrilheiros em volta de Guileje, basta ver as fotos da "retirada",  que o CL, ingenuamente, inseriu no livro.


Se o apoio da FAP ao Guileje não foi conseguido,  isso deve-se única e exclusivamente aos que, "metendo a cabeça na areia", não souberam encaminhar os aviões para os objectivos.


 Por último e conforme o livro do CL, páginas 31 e 32, para além das colunas de reabastecimento, é um facto comprovado que a actividade operacional do quartel do Guileje era ZERO.


Só para os que querem compreender, os aviões não defendem os quartéis, a defesa dos mesmos tem de ser feita pelos seus próprios militares, à distância, uma guarda avançada. Os aviões podem dar apoio essa defesa mas precisam de Informação.


O efeito Durão


A chegada do Cor Durão iria mudar tudo.


Faço a pergunta, terá sido por isso que resolveram sair a correr, antes que o homem chegasse?


De uma coisa tenho a certeza, no dia seguinte à chegada do Cor Durão os Grupos de Combate estariam todos no mato. (Eu disse no mato, não disse ao fim da pista...)


Uma última ressalva, esta em abono do VA; não era com ele que os pilotos deviam trocar informações mas sim com quem estaria a comandar o quartel.


Uma pergunta que pode ferir susceptibilidades, mas como disse o VA, os toiros pegam-se pelos cornos, quem comandava "de facto" o Guileje?  O Major? O Capitão? Algum dos Alferes? O Furriel Alfaiate?  Ninguém?


Histórias de Guileje


Ainda um derradeiro tópico dirigido ao Victor Alfaiate:


Em vez de querer assumir o comando do Guileje, falando do que não sabe, porque não conta antes para o blogue as histórias que me contou, a fuga, os recuerdos que trouxe e que acabou por deixar na mata, o encontro com as abelhas, o pisteiro da cadeira de rodas deixado a morrer no meio do mato...


Estou certo que todos os tertulianos iriam gostar de ler.


Com a surpresa do que acabei de ler no post 5417  é isto que se me oferece dizer.


António Martins de Matos


[Fixação / revisão de texto / título / subtítulos / bold: L.G.]
  
______________


Nota de L.G.:


(*) Vd. poste de 7 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5417: Dossiê Guileje / Gadamael 1973 (15): Ainda e Sempre Guileje (Victor Alfaiate, ex-Fur Mil Trms, CCAV 8350, 1972/74)


(...) Comentário do António Martins de Matos, do memso dia:


Caros amigos



Acabei de ter conhecimento deste post.


Confesso desde já ter ficado surpreendido pelo conteúdo, mais pelo facto de alguém me querer ofender e à organização a que pertenço, mais ainda por não ter sido alertado pelos editores do que se estava a preparar.


Penso ter o direito a uma resposta, a qual espero enviar até ao final da tarde.


um abraço


António Martins de Matos (...)

12 comentários:

Anónimo disse...

Comentários frontais e perguntas pertinentes. Clarinho,clarinho,para militar enterder! José Belo

Anónimo disse...

Nem mais.



S.Nogueira

Anónimo disse...

Tenho acompanhado nos ultimos tempos o vosso blogue e como participante ainda que de raspão,desta retirada ( era o comandante da C.Caç 3520 em Cacine )tendo dois grupos de combate envolvidos na retirada de Guileje, parece-me que as questões aqui levantadas, talvez façam alguma luz sobre este episódio tão marcante para as nossas tropas.Alexandre Margarido ex-capitão miliciano

Carvalho disse...

Caros Combatentes:
Não acho que as coisas sejam assim...claras. Visto do ar ou visto no sítio é diferente. Visto por quem estava na Guiné em 1973 ou por quem já estava ao fresco é diferente.Comparar Guileje com Guidage porquê? Desde a distância à fronteira ao tipo de coberto vegetal e morfologia da àrea. Desde o número de efectivos à forma de reabastecimento de àgua, alimentos e munições.Desde a estratégia do IN aos seus meios materiais e humanos . E...que diabo, já agora... posso perguntar se os mártires de Guidage não teriam fugido caso não fosse altamente provável terem, neste caso, ainda mais mortes?
Eu não quero, de modo nenhum, apimentar este assunto.Cada um deve pensar e expressar o seu pensamento mas, custa-me aceitar afirmações muito vincadas e que, nalguns casos parece que estamos a falar de números e não de jovens muito jovens que não fizeram mal a ninguém para sofrerem aquele inferno.
Um abraço- Carvalho de Mampatá

Anónimo disse...

Amigos

Não vou pronunciar-me sobre a retirada de Guileje, nem sequer fazer apreciações sobre a mesma, porquanto, não estive lá e felizmente não passei por esse pesadelo e nem sequer vou pronunciar-me sobre a tomada da decisão da retirada ou sobre a visão que cada um tem sobre esses momentos que viveu, deveras difíceis.
Pois cada um tem a sua própria visão dos factos.
Compreendo as diferentes reacções que cada camarada possa ter tido naquelas situações vividas, na medida em que, eu próprio passei por diferentes situações complicadas e tive reacções diferentes nesses momentos.
Dito isto, apenas quero salientar que não concordo com a expressão que se vem referindo “cerco de Guileje” porquanto, das provas documentais, documento escritos, fotografias, etc. resulta claro que não houve cerco ao aquartelamento de Guileje, tanto que, em lado algum li ou ouvi referências onde o IN estivesse posicionado durante o hipotético cerco.
Aliás, na audiência que um grupo de camaradas teve com o falecido Presidente Nino em 5 ou 6-3-2008 que se deslocaram à Guiné para participar no Simpósio de Guileje, onde estive presente, bem como, o Sr Cor Coutinho Lima, Luís Graça e outros, como não poderia deixar de ser, foi abordada a questão da retirada de Guilege.
Nessa audiência recordo que o Presidente Nino falou sobre os constantes bombardeamentos de artilharia do PAIGC ao aquartelamento de Guileje e disse também que tiveram conhecimento da retirada das NT do local posteriormente e que passados 3 dias foram lá com todas as cautelas possíveis, pois as NT poderiam ter deixado o local armadilhado.
Feito o reconhecimento da zona, retiraram sem efectuarem qualquer ocupação efectiva.
Em Março passado, estive novamente em Guilege, Gandembel, Candembe [corredor da morte] onde falei com um ex-Comandante que actuava na zona, o qual também acompanhou-nos durante o Simpósio ano passado e falámos sobre o tema.
Claramente lhe disse, argumentando com os testemunhos atrás invocados, que não tinha havido “cerco a Guileje” e ele concordou comigo.
Face aos testemunhos atrás mencionados, tenho para mim, que não existiu qualquer cerco a Guileje, salvo o devido respeito que é muito, por opiniões contrárias.

Com um abraço amigo, formulando desde já votos de um Santo Natal e um Feliz Ano Novo para todos os Bloguistas, seus familiares e amigos.

Carlos Silva
Ex-Fur Mil CCaç 2548/Bat Caç 2879

Anónimo disse...

Sr. Tenente General Pilav.

Não invente.

1º. - Não conheço qualquer Restaurante "Das marés". Nunca lá estive, não sei onde fica nem quando lá esteve.

2º. - Nunca trabalhei em qualquer Restaurante.

Como é sabido por todos, uma das normas no antigo regime era o de que quem fosse cumprir serviço militar OBRIGATÓRIO, quando regressasse teria de volta o seu posto de trabalho.

Ora eu era funcionário administrativo (3º. escriturário) numa empresa do sector vinícola, pelo que quando regressei da Guiné em finais de Agosto, me mantive num período de descanso e de tentativa de pôr as ideias em dia (o que com alguma dificuldade consegui), retomei o meu emprego no início do mês de Outubro (época das vindimas)

Como vê tal encontro a ter-se realizado, não ponho em causa, não foi certamente comigo, podendo eventualmente ter sido com outro camarada meu. O senhor saberá, eu não.

Aliás também me causa alguma estranheza o facto de um cliente chegar a um Restaurante e passados alguns momentos estar a falar de Guerra na Guiné com o empregado, pois penso não ser muito vulgar os Clientes falarem da sua vida com os empregados que muitas vezes nem tempo tem para atender devidamente os clientes quanto mais para lhes dar conversa. Ou será que foi nalgum almoço de ex-combatentes. Nessa altura não creio que se realizassem ainda.

Quando abandonei Guileje, vinha junto do Sr. Comandante do Cop 5 Sr Major Coutinho e Lima, quase no final da coluna., trazia um rádio RACAL as costas (sabe quanto pesa? não. Já calculava, pergunte a qualquer dos Trms. do Blogue e ele dir-lhe-á), G3 - cartucheiras e carregadores, durante aproximadamente 18 Kms. Trazer Recuerdos só numa cabeça como a sua é que se pode conceber essa ideia.

Efectivamente já em Gadamael tive conhecimento de ter havido qualquer coisa com abelhas, mas como referi vinha no final da coluna e nem me apercebi da situação.

Quanto ao pisteiro em cadeira de rodas, desconheço completamente do que fala, a única cadeira de rodas de que me lembro, foi a que utilizei durante o verão de 1975, quando após um acidente de mota em que estive hospitizado alguns meses.

Diz o Sr. que os obus 14 chegaram a Guileje em 18 de Maio de 1973, deveria reler o que escreve para não entrar em contradições tão evidentes. Como é que os obus foram para Guilege nesse dia se a coluna não se realizou. Ou será que foi o Sr. que os foi lá pôr? não dei por isso.

Quanto ter sido préviamente informado do meu texto, não vejo motivos para tal, pois penso que quando do seu 3737, esse sim insultuoso para quem sofreu Guilege, nenhum dos meus camaradas de Guileje, que já faziam parte do Blogue terão sido também préviamente informados do seu conteúdo, ou será que há filhos e enteados

Como o Sr. tomou conhecimento de mails que troquei particularmente com o Luís, seria bom que os mesmos fossem divulgados na íntegra, para que todos no Blogue, saibam o seu conteúdo que não deverá ser apenas previlégio de alguns.

Aliás através desses mails, depreender-se-a fácilmente que nunca foi posta em causa a actuação da Força Aérea no território da Guiné, mas sim específicamente, no apoio a Guileje. Onde inclusivamente ponho a hipótese de poder ser injusto na análise que faço e refiro que se estou enganado peço desculpa, mas é o que penso e não vai ser o Sr. certamente a fazer-me mudar de ideias.

Quanto ao resto existirão sempre duas verdades, na certeza porém que a sua verdade (aérea)não é mais verdade que a minha (com os pés no chão).

Um abraço a todos

Victor Alfaiate

Anónimo disse...

Aliás para mim o assunto morre definitivamente aqui. Não penso voltar a fazer qualquer comentário ou escrever qualquer texto, sobre a Guiné. É a saída antes da entrada.
Tenho pena mas prefiro assim, já não tenho idade nem saúde para me enervar e chatear,
Continuem e transformem o Blogue na tal cultura indiana, que refiro num dos tais mails enviados particularmente ao Luís, onde existem vacas sagradas, que tem que permanecer intocáveis. Eu como pertenço as castas mais baixas, afasto-me.

Um abraço de despedida a todos,

Victor Alfaiate

Anónimo disse...

Errare humanum est. José Belo.

António Martins de Matos disse...

As minhas desculpas ao VAlfaiate no que respeita a uma troca de identidades passada nas Marés, mas alguém se fez passar por ele, afirmando ser o homem do rádio do Guileje.
A história conta-se em 2 palavras.
Ao ver que eu rejeitava a travessa de arroz que me queria servir, disse também não gostar por ter estado na Guiné, no Guileje, que tinha abandonado.
Palavra puxa palavra contou a história da B-52 como tendo sido passada com ele.
Contou igualmente que tinha trazido uma ventoinha de recordação e que a tinha deixado no mato a quando de um ataque de abelhas.
Contou a história do pisteiro velho e entrevado a quem tinha sido oferecido uma cadeira de rodas e que, na fuga das abelhas, foi deixado para trás.
Contou mais uma série de episódios.
Na altura não soube o seu nome, só muito mais tarde com o aparecimento dos blogues associei, erradamente, o Alfaiate ao rádio.
Mais uma vez as desculpas e já agora que o encoberto apareça, tem histórias para contar.
António Martins de Matos

João Seabra disse...

O que tinha a dizer, muito abreviadamente, sobre o Victor Alfaiate e o seu texto, consta de comentários que deixei no P5417. No segundo deles nada há substancialmente de novo relativamente ao que escrevi, a tal respeito, no Post.4239 (enviado em 18/2/2009, e publicado em 23/4/2009).
Ao contrário do que - mentirosamente - já vi escrito neste blog, nada se omite no livro "A Retirada de Guileje", àcerca do apoio aéreo prestado pela FAP em Guileje: vejam-se as declarações do Sr. Comandante da Zona Aérea de Cabo Verde e Guiné, págs. 291 e 292, de onde o autor deste post, e eu próprio, extraímos as indicações a tal respeito.
A todos se recomenda a leitura das declarações do Sr. Coronel (General) Lemos Ferreira, págs. 137 a 139 - cotejando-as com o que vai escrito no post que se comenta.
Este oficial é galardoado com a medalha de ouro de valor militar.
O autor do post alega que ouviu dizer (não se sabe a quem, mas a alguém que "certamente tem muito que contar") que "um pisteiro em cadeira de rodas foi abandonado para morrer no mato". Acontece que também eu vinha na parte de trás da coluna apeada que retirou de Guileje.
Trata-se de uma deslavada mentira. Aliás qualquer pessoa, no seu perfeito juízo, não deixará de ficar perplexa perante a eventualidade de, mais que não seja, a população e a milícia abandonarem um dos seus, numa retirada que, segundo parece, foi uma alegre excursão.
Conheci pessoalmente o autor deste post. E de duas uma:
- Ou dá crédito a tal "informação" e, nesse caso, não percebo como consentiu sequer dirigir-me a palavra, estimando-me capaz de abandonar um inválido no mato;
- Ou a encara com reservas, e, nesse caso, não percebo como, por assim dizer, a "atira para o ar".
Fico todavia ciente que já se imputou, a mim e a camaradas meus, o que, para mim,é o último grau da abjecção.
O que quer dizer que se atingiu o limite do tolerável. Considero-me desvinculado do propósito, que manifestei aos editores, de tratar o tema de Guileje fora do blog, e entre quem presumisse interessado.
Vou responder ao que vem sendo escrito, definitivamente e por atacado.
O que sucederá a partir de Janeiro, quando tiver agenda para o efeito. Se coincidir com a série do Joaquim Furtado, melhor.
Entretanto, à minha frente está, há um mês e meio, o Sr. Coronel Coutinho e Lima com uma resposta de 21 páginas. Não precisarei de tanto.
João Seabra

Anónimo disse...

21 páginas? José Belo.

João Seabra disse...

Caro Carlos Silva,
No que me toca, estás dispensado de protestar respeito.
Basta que atentes no que escrevi no P4239 (enviado em 18/2 e publicado em 23/4):
"Nunca gostei da expressão "cerco de Guileje", e - em texto de 2005 aqui publicado em 27/1 - exprimo-me assim: Guileje foi isolado mediante a interdição dos seus acessos rodoviários a Gadamael e à água potável..."

Abraço
João Seabra