quinta-feira, 18 de março de 2010

Guiné 63/74 – P6012: Humor de caserna (18): A nossa língua é muito traiçoeira (Armandino Alves, 1º Cabo Auxiliar de Enfermagem da CCAÇ 1589 - Beli, Fá


1. O nosso Camarada Armandino Alves (ex-1º Cabo Auxiliar de Enfermagem na CCAÇ 1589 - Beli, Fá Mandinga e Madina do Boé -, 1966/68), enviou-nos uma mensagem de um momento hilariante acontecido com um Camarada da sua Companhia, em 16 de Março, que a seguir publicamos:
Camaradas,

Hoje vou-vos contar uma pequena e humorística estória passada em Béli:
No nosso aquartelamento o reabastecimento mensal (quando o havia), era efectuado por uma DO.

Era habitual eu comissionar os equipamentos e materiais medicamentosos, que encomendava nos meses anteriores, bem como o correio pois também era eu o responsável pela sua recepção e expedição (a mala do acondicionamento e transporte era a mesma).

Também era eu que habitualmente, me dirigia em primeiro lugar para junto das DOs quando elas aterravam.

Aproveitava os tempos de descarga dos reabastecimentos, para tirar um caixote e colocar outro.

Um dia eu tinha mandado para o Lab. Militar uma requisição bastante extensa, que incluía garrafões de álcool 1214, Mercúrio Cromo e outras coisas necessárias ao bom desempenho do Serviço de Saúde.

Quando a DO aterrou, perguntei ao piloto se trazia medicamentos, ao que ele me respondeu afirmativamente.

Depois de entregar o correio e a DO ter levantado voo, dirigi-me para o Posto de Socorros e qual não foi o meu espanto, ao ver que ali não havia nada para eu conferir.

Fui ter com o pessoal que tinha estado a descarregar a DO e perguntei-lhes se tinham descarregado os medicamentos, ao que me responderam que sim. Fiquei perplexo e intrigado, sobre o paradeiro dos ditos medicamentos?

Passado um bocado tudo se descortinou. Como a requisição era grande e comportava os garrafões, o Lab. Militar encaixotou tudo e, para haver cuidado no seu manuseamento, colocou a toda a volta letreiros com a palavra FRÁGIL.

Ora no pelotão tínhamos um soldado que era natural de Freigil (perto de Caldas de Aregos) e quando ele, que estava a assistir à descarga, ouviu dizer a palavra Frágil, pegou no caixote às costas e foi para o abrigo contentíssimo, pensando que era uma encomenda dos seus pais.

Claro que foi uma desilusão total para ele e ainda hoje nos convívios nós falamos nisso.

É caso para dizer que a nossa língua é mesmo muito traiçoeira.

Um Abraço,
Armandino Alves
1º Cabo Aux Enf CCAÇ 1589
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Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:

3 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5585: Humor de caserna (17): Mansambo no seu melhor (Parte 1) (Carlos Marques dos Santos, CART 2339, 1968/69)

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