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Camaradas,
Hoje vou-vos contar uma pequena e humorística estória passada em Béli:
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Era habitual eu comissionar os equipamentos e materiais medicamentosos, que encomendava nos meses anteriores, bem como o correio pois também era eu o responsável pela sua recepção e expedição (a mala do acondicionamento e transporte era a mesma).
Também era eu que habitualmente, me dirigia em primeiro lugar para junto das DOs quando elas aterravam.
Aproveitava os tempos de descarga dos reabastecimentos, para tirar um caixote e colocar outro.
Um dia eu tinha mandado para o Lab. Militar uma requisição bastante extensa, que incluía garrafões de álcool 1214, Mercúrio Cromo e outras coisas necessárias ao bom desempenho do Serviço de Saúde.
Quando a DO aterrou, perguntei ao piloto se trazia medicamentos, ao que ele me respondeu afirmativamente.
Depois de entregar o correio e a DO ter levantado voo, dirigi-me para o Posto de Socorros e qual não foi o meu espanto, ao ver que ali não havia nada para eu conferir.
Fui ter com o pessoal que tinha estado a descarregar a DO e perguntei-lhes se tinham descarregado os medicamentos, ao que me responderam que sim. Fiquei perplexo e intrigado, sobre o paradeiro dos ditos medicamentos?
Passado um bocado tudo se descortinou. Como a requisição era grande e comportava os garrafões, o Lab. Militar encaixotou tudo e, para haver cuidado no seu manuseamento, colocou a toda a volta letreiros com a palavra FRÁGIL.
Ora no pelotão tínhamos um soldado que era natural de Freigil (perto de Caldas de Aregos) e quando ele, que estava a assistir à descarga, ouviu dizer a palavra Frágil, pegou no caixote às costas e foi para o abrigo contentíssimo, pensando que era uma encomenda dos seus pais.
Claro que foi uma desilusão total para ele e ainda hoje nos convívios nós falamos nisso.
É caso para dizer que a nossa língua é mesmo muito traiçoeira.
Um Abraço,
Armandino Alves
1º Cabo Aux Enf CCAÇ 1589
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Nota de M.R.:
Vd. último poste da série em:
3 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5585: Humor de caserna (17): Mansambo no seu melhor (Parte 1) (Carlos Marques dos Santos, CART 2339, 1968/69)
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