Foto de autor desconhecido.
1. Mensagem do nosso leitor Joseph Caetano (que vive nos EUA)
Data: 13 de Julho de 2010 17:48
Assunto: Impressionante!..
Caro amigo Luís Graça (*)
Espero bem não levar-me a mal esta minha tomada de posição...
Amigos: A todos vos quantos têm participado no conto destas histórias passadas ou relacionadas com a Guiné, queiram receber o meu sincero e forte abraço.
Na verdade todos vós estão a escrever um pouco de uma história que muitos outros não quiseram, não souberam ou não puderam registar e deixar para sempre aos vindouros.
Sou natural das Caldas da Rainha. Fiz meu serviço militar na Marinha de Guerra com o número 2367 RM [,ou RN ?] Taifa (1965/66). Entre outros Navios de Guerra, foi na Fragata Diogo Cão [ vd. foto aqui, no sítio Reserva Naval, do nosso camarada Manuel Lema Santos,] que visitei a Guiné- Bissau, mas já antes a bordo do cargueiro Antonio Carlos, da Sociedade Geral [, construído no Estaleiro da CUF, na Rocha Conde de Óbidos, em Lisboa], tinha estado naquela terra que, não sendo boa, me deixou saudades.
Assunto: Impressionante!..
Caro amigo Luís Graça (*)
Espero bem não levar-me a mal esta minha tomada de posição...
Amigos: A todos vos quantos têm participado no conto destas histórias passadas ou relacionadas com a Guiné, queiram receber o meu sincero e forte abraço.
Na verdade todos vós estão a escrever um pouco de uma história que muitos outros não quiseram, não souberam ou não puderam registar e deixar para sempre aos vindouros.
Sou natural das Caldas da Rainha. Fiz meu serviço militar na Marinha de Guerra com o número 2367 RM [,ou RN ?] Taifa (1965/66). Entre outros Navios de Guerra, foi na Fragata Diogo Cão [ vd. foto aqui, no sítio Reserva Naval, do nosso camarada Manuel Lema Santos,] que visitei a Guiné- Bissau, mas já antes a bordo do cargueiro Antonio Carlos, da Sociedade Geral [, construído no Estaleiro da CUF, na Rocha Conde de Óbidos, em Lisboa], tinha estado naquela terra que, não sendo boa, me deixou saudades.
Foi a bordo deste navio que melhor conheci Bissau, e o seu "Tanque de água" onde registei um dos inesquecíveis momentos na vida de um marinheiro. Foi ainda a bordo deste mesmo navio que nos deslocámos de Bissau a Cabo Verde (Tarrafal, na Ilha de Santiago) para ali embarcar supostamente 88 ex-prisioneiros de guerra, mas por razões que nunca cheguei a saber apenas 44 voltaram para a Guiné (***).
Era então Comandante do António Carlos o conhecido e odiado pelas gentes da outra banda, o "Herói do Barreiro"... Estou a falar-vos do longíquo ano de 1964.
Pena que não tenho fotos dessas paragens e momentos, na verdade nunca participei em nenhum combate, fui apenas um reserva, por ter frequentado a Escola de Marinheiros Mecânicos da Marinha Mercante.
Meu primeiro navio foi o Vera Cruz, da CCN - Companhia Colonial de Navegação [, vd. foto aqui, no blogue de Luís Miguel Correia, Ships & the Sea], bem conhecido e lembrado de muitos por ter transportado milhares de jovens como eu era nesse tempo, em 1963, para Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe..
Por serem tão dolorosas as partidas e chegadas, resolvi desembarcar e tentar navios de carga, e mais tarde petroleiros..
Enfim um manancial de histórias..
Mas as vossas me deixaram por um lado feliz, por outro com a lágrima a rolar face abaixo.
Nas fotos que voces apresentam da Guine, foi com ânsia e dor que logo recordei o Avelino Braz Barros, "moço" da minha aldeia que nunca chegou a conhecer o seu filho.
Com ou sem ajudas dos governantes tentem seguir este vosso trabalho histórico.
Um sincero abraço.
José Caetano/2367 RM Taifa
USA
2. Comentário de L.G.:
Obrigado, José, pelas tuas elogiosas referências ao nosso blogue e aos amigos e camaradas da Guiné que nele todos os dias escrevem... Não é, de modo algum, nossa intenção "escrever história" nem muito menos fazê-la...Infelizmente temos pouca gente da(s) Marinha(s)s, de guerra, de pesca e mercante, do tempo da guerra de África, integrada na nossa Tabanca Grande... Os teus apontamentos (sobre Bissau, o Tarrafal, a marinha mercante ...) que aqui ficam registados, no nosso livro de visitas, deixam-nos na expectativa de que voltes, e que nos contes mais pormenores desses anos em que foste "embarcadíço"... Sei que és um dos muitos leitores que, do outro lado do Atlântico, acompanham a nossa produção bloguística. Saúde e longa vida. Um abraço daqui, deste outro lado do Atlântico (também sou estremenho e ribeirinho, teu vizinho da Lourinhã).
PS - Sobre o teu conterrâneo, Avelino Braz Barros, morto na Guiné sem chegar a conhecer o filho, não encontrei qualquer referência no nosso blogue... Queres ajudar-nos a identificá-lo ? Qual era o seu nome completo ? Onde esteve ? A que unidade ou subunidade pertencia ? Em que data morreu... ? E já agora diz-nos qual é tua terra de naturalidade (e a respectiva freguesia).
_______________
Nota de L.G.:
(*) Vd. último poste desta série > 6 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6680: O Nosso Livro de Visitas (92): A. Branco, CCAÇ 16, Bachile, chão manjaco, 1971
(**) Excerto de Wikipédia > Taifa (com a devida vénia...):
(...) "Na Marinha Portuguesa, a Classe da Taifa agrupa os praças e sargentos cuja função é a preparação, abastecimento, armazenamento e distribuição de alimentos. Os praças da classe agrupam-se em três subclasses: Despenseiros, Cozinheiros e Padeiros.
Até 1968, a Taifa era um dos dois grandes grupos em que se dividiam os praças da Armada Portuguesa - o outro grupo era o da Marinhagem. Os praças de Taifa estavam agrupados em quatro classes: Despenseiros, Cozinheiros, Padeiros e Criados. Os postos dos praças de Taifa tinham designações especiais. Assim, existiam os postos de primeiro-despenseiro e segundo-despenseiro (ambos equiparados a cabo de marinhagem), primeiro-cozinheiro (equiparado a cabo de marinhagem), segundo-cozinheiro (equiparado a marinheiro), padeiro (equiparado a marinheiro), primeiro-criado e segundo-segundo criado (ambos equiparados a marinheiro). Em 1968, o grupo da Taifa foi transformado em classe e as suas antigas classes em subclasses, passando as designações dos postos a ser iguais às dos praças das restantes classes." (...)
(***) Vd. poste de 3 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6303: Historiografia da presença portuguesa (35): 100 presos políticos guineenses enviados em 1962 para o Campo de Chão-Bom, Tarrafal, Ilha de Santiago, Cabo Verde (Luís Graça)
(...) Em 4 de Setembro de 1962 chegou uma leva de 100 presos políticos da Guiné, que se juntaram aos 107 angolanos que já lá estavam (mas alojados em alas separadas). Em 1964 saíram cerca de 60 guineenses, sendo os restantes libertos no tempo de Spínola, em 30 de Julho de 1969, no âmbito da política "Por uma Guiné Melhor". Recorde-se que, ao todo, Spínola mandou libertar 92 presos políticos, incluindo um histórico do PAIGC, Rafael Barbosa (1926-2007), detido na colónia penal da Ilha das Galinhas, nos Bijagós" (...)
1 comentário:
Avelino Brás dos Santos [e não "Barros", como decerto por lapso está supra nomeado], nasceu no lugar das Boisias, da freguesia da Alvorninha no concelho das Caldas da Rainha, tendo em 31Jul71, com o posto de 1ºCabo, embarcado no NTT "Vera Cruz" rumo a Luanda, integrado na CCac3389 comandada pelo cap. mil. art. Carlos Alberto Caboz Santana e que a partir de 28Ago71 ficou aquartelada no Cabeço da Velha [Minguengue], (subsector de Noqui) no noroeste de Angola; morreu em 30Mar72, em consequência de ferimentos "em combate".
Cpts,
João dos Santos
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