quarta-feira, 25 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8325: Blogpoesia (149): Hino à Terra (Felismina Costa)

1. Mensagem da nossa tertuliana Felismina Costa , com data de 23 de Maio de 2011:

Caro Editor e Amigo Carlos Vinhal:

Antes que a Primavera termine e o meu Alentejo deixe secar as flores campestres que agora o invadem e embelezam, envio este modesto hino, que compus em sua honra.

Grande espaço telúrico, que abracei encantada e onde aprendi com as aves a palavra Liberdade.

Onde aprendi a gostar da chuva por sabê-la necessária.
Onde o calor do Sol amadurece e cria.
Onde as noites de luar são um espectáculo maravilhoso.
Onde os cheiros das ervas se elevam nas madrugadas e perfumam todo o espaço.
Onde os grilos e as cigarras cantam até amanhecer.
Onde o silêncio... tem mil sons!...

Se entender publicar... o meu obrigada.
Felismina Costa



Primavera em Panóias
Foto de João Costa


Hino à Terra

Ainda um dia vamos voltar para o Alentejo…
Meu Amor!
O infindável espaço da planície… espera-nos!
Vamos voltar a semear as searas.
Criar os rebanhos.
Olhar o horizonte sem muros
E plantar muitas árvores…
Que na Primavera… abrirão em flor…

Queres ir,  meu amor?

Vamos voltar a amanhar as quintas,
Plantar roseiras de armar,
Fazer jardins junto às noras,
Sentir o cheiro da terra molhada,
Aspirar o cheiro das laranjeiras floridas…
Esquecer as horas!..

Queres ir, meu amor?

Vamo-nos sentar nos tanques, olhar a água,
Observar as aves, escutar as fontes.
Vamos ver o sol nascer, qual bola vermelha
A elevar-se.
Vamos assistir aos ocasos do Rei
Pintando o poente, sempre diferente,
Em telas tão lindas
Que mais belas não sei.

Queres ir, meu amor?

Vamos esperar a noite, que vem devagar,
Cansada do dia, de tanto esperar…
Noites de luar, pejadas de estrelas,
Brilhantes, douradas… noites de encantar!
Vamo-nos calar…
Que os grilos e as cigarras
Já se ouvem cantar
E durante a noite não se vão calar.

Vem, meu amor, vamo-nos amar!

Sem que ninguém veja…
As searas crescem, na terra vicejam,
E o tempo a passar
Faz com que amadureçam,
E os grãos dourados
São de novo a semente para continuar…

Vem… meu amor, a terra é um hino,
Que quero cantar!..

Felismina Costa
Agualva, 9 de Abril de 2011
____________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 1 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8188: As Nossas Mães (9): À minha Mãe, lembrada a cada momento (Felismina Costa)

Vd. último poste da série de 20 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8306: Blogpoesia (148): A vida e a morte na ponta de uma vara (Juvenal Amado)

11 comentários:

Anónimo disse...

Este poema é divino...perfeito.
Muitos parabéns
Joaquim Mendes Gomes

Torcato Mendonca disse...

Maravilha Amiga Felismina.

Passei por terras de Panóias em Abril.
Sabe quem aí nasceu? Parece já lhe ter dito.

Estava lindo o Alentejo em Abril o verde, amarelo e o vermelho das papoilas...

Terra sofrida e hoje a renascer em força e em querer...finalmente.

Abraço T.

Juvenal Amado disse...

Felismina

Continua a encantar-nos com as suas palavras dedicadas à terra.

Também gosto particularmente do Alentejo, que aprendi a amar bem como às pessoas de lá.

Um abraço

Anónimo disse...

Felismina Costa

Esse dom que tem, de transformar palavras tão singelas num encadeado de quadros tão belos é simplesmente admirável.

É a primeira vez que me pronuncio, mas isso não significa que não tenha lido todos os outros poemas que tem enviado e ficado sempre maravilhado!

Abraço
Jorge Picado

manuelmaia disse...

SO´ UM CORAÇAO MUITO GRANDE E CHEIO DE AMOR CONSEGUE SOLTAR, NUM ENCADEAMENTO PERFEITO, O SEU APEGO `A TERRA MAE TAL QUAL O FAZ A FELISMINA.
A SUA CAPACIDADE CRIATIVA VEM AO DE CIMA SEMPRE QUE SENTE ESSE CHAMAMENTO.
DEIXE-ME CUMPRIMENTA´-LA PELO SEU TALENTO E SAUDAR A SUA LIGAÇAO `A TERRA QUE A VIU NASCER, ESSE ALENTEJO DE QUE SE GOSTA MESMO DE LA´ NAO SENDO.

ESSA SENSAÇAO DE POSTAR O OLHAR NUMA LONJURA QUE CATIVA, ESSE ATIRAR DO SONHO NA PLANURA ,DA "VISTA A PERDER DE VISTA"...
SO´ NO SOSSEGO TRANSMONTANO OU NO SILENCIO ALENTEJANO...

OBRIGADO PELO QUE ME FACULTOU LER.
manuelmaia

Manuel Joaquim disse...

Que hei-de dizer ?
Eu ... ... olhe, Felismina, um grande abraço, com todo o prazer e emoção que este poema me causou.

Anónimo disse...

Cara amiga Felismina

Não encontro palavras para expressar o encantamento que o seu belo e sentido poema me causou.
Só posso dizer-lhe: Obrigada por partilhar connosco este dom que Deus lhe deu.

"Ainda um dia vamos voltar para o Alentejo…"
Estas palavras mágicas que soam a promessa que qualquer alentejano faz a si próprio desde que saíu do seu torrão natal.
Se me permite, faço minhas as suas palavras.
Que bela imagem dos campos de Panoias, que não distam muitos quilómetros da minha terra, que, como se diz por aquelas bandas "é logo ali..."

Um grande beijinho e bem haja

Maria Teresa Parreira

Joaquim Mexia Alves disse...

Não tenho palavras para a beleza de tais palavras!

Já o disse e repito:
impõe-se um livro da Tabanca Grande recolhendo estas e outras poesias que aqui vão sendo dadas aos olhos de todos.

Um abraço

Anónimo disse...

Mensagem enviada para a caixa de correio da Tabanca Grande:

António José Pereira da Costa ajpc@gawab.com


data25 de Maio de 2011 20:55

assuntoPoema da Felismina Costa
enviado porgawab.com

ocultar detalhes 20:55 (há 14 horas)

Aplausos, aplausos e mais aplausos!
O primeiro poema é belo!
Peço desculpa, mas gostei mais dele.
Um Alfa Bravo apertado à autora

Anónimo disse...

Cara companheira Felismina:

Li palavras que brotam da alma,
Sobre a planície bela que acalma,
Que através dos seus olhos a vejo!
Seja lá quem for o seu amor,
Tolo será ele se não for
Consigo para o belo Alentejo!

Um abraço
Manuel Sousa

Anónimo disse...

Impõe-e um agradecimento a todos os amigos que comentaram este meu "Hino à Terra".

O lugar onde nascemos, "agarra-nos" desde o berço!

No meu caso, apaixonei-me por cada pedra, por cada som, por cada folha, por cada flor, pelo Sol, pelo luar, pelo sossego gostoso, pelas suas gentes, e pelos Horizontes desmedidos, que hoje vos ofereço encantada, no pouco que escrevo.

Obrigada por sentirem também o meu Alentejo.

A todos, o meu abraço amigo.


Felismina Costa