sexta-feira, 27 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8336: Blogues da nossa blogosfera (44): Construção da Ponte de S. Vicente - Guiné Bissau, um Blogue formado por trabalhadores de uma empresa de construção civil, hoje com saudades da Guiné-Bissau (Hélder Sousa)

1. Mensagem de Hélder Sousa* (ex-Fur Mil de TRMS TSF, Piche e Bissau, 1970/72), com data de 22 de Abril de 2010:

Caros editores
Em anexo junto um 'post' do Blogue "Construção da Ponte de S. Vicente - Guiné Bissau", com o endereço http://psvicente.blogspot.com, tratando-se da última (mais recente) entrada lá, datada de 19 de Abril.

Já em tempos fiz referência a esta Blogue porque me pareceu muito interessante. Para além de outras coisas, nele aparece reflectido como elementos das novas gerações 'entraram', 'conheceram' a nossa Guiné. A partir dos relatos do quase dia-a-dia da construção da Ponte pelos elementos da "Soares da Costa", havia também artigos sobre a vivência e a interacção no ambiente e com a população.
São inúmeros os artigos que, sem deixar de serem críticos ao que lhes parecia mal, deixavam transparecer um 'olhar' simpático, quase cúmplice, com o que os envolvia.

A Obra acabou, a equipa desfez-se, uns foram para umas obras, outros para outras mas, apesar disso, o 'bichinho da Guiné' ficou inculcado na maior parte deles e disso se pode encontrar eco no jantar que fizeram no ano passado em que todos se juntaram.

Agora, em Abril deste ano, o principal contribudor do Blogue, Pedro Moço, publicou o post que anexo.

Nele podem aperceber-se melhor o que pretendo dizer quanto ao efeito emocional que a Guiné produziu na generalidade dos elementos da equipa da Soares da Costa.
Li o artigo, li o primeiro comentário dum dos elementos da equipa, li a resposta que Pedro Moço lhe deu e não hesitei em intervir também. Fiz os meus comentários, os meus considerandos e convidei o Pedro Moço a visitar-nos e, caso gostasse do que visse, a efectuar contacto. Pois respondeu ao meu comentário revelando que conhecia o Blogue já há muito tempo e confessando mesmo que o utilizou para obter prévio conhecimento do que podia esperar, antes mesmo de iniciar a deslocação para a Guiné.

É por isso que (re)digo que a responsabilidade que temos vindo a contrair está cada vez mais acrescida. Nem fazemos ideia de quem nos lê e da utilidade que lhes proporcionamos. Teremos que porfiar no caminho do rigor que temos procurado manter.

Se acharem interessante, acho que podem publicar, talvez integrado na série "Blogues da nossa blogoesfera".

Abraço
Hélder Sousa


O EFEITO GUINÉ



Terça-feira, 19 de Abril de 2011


Bissau - Quase três anos volvidos

Caros
No meu caso, quase três anos são volvidos desde a última vez que pisei o solo do Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, em Bissau. Já calcorreei umas obras mais e uns locais mais: Túnel da Madalena do Mar, na Madeira e a Concessão Transmontana entre Vila Real e Quintanilha.
A "familia" Soares da Costa que esteve junta na Ponte de S. Vicente (para mim, ainda é esta a designação) está quase por completo na obra da Transmontana. Quando estamos juntos, a conversa foge, quase invariavelmente, para a Guiné-Bissau.
Não tenho dúvidas que este país, esta obra, a todos marcou positivamente. Não tenho dúvidas que em todos há, pelo menos, uma "pontinha" de saudade.
É um belo país, um bom povo. Lá, quase todos acabamos por nos sentir em casa. Será por ser África o Berço da Humanidade? Teremos gravado nos genes essa pertença ancestral de um local de nascimento? Talvez.
Sei que nenhum de nós lamenta o tempo que aí passou. Sei que todos desejamos um futuro melhor para a Guiné-Bissau e para o seu povo. Sei que todos ambicionamos um dia fazer o nosso jantar anual de confraternização em Bissau. Sei que todos reveríamos com prazer as terras e as gentes que também foram nossos durante o período que a obra durou.
Sei que esta vivência comum nos uniu.
A foto ilustra a azáfama da Avenida Amílcar Cabral num dia de movimento mediano. A estação era a das chuvas e, olhando a foto, quase sinto o calor húmido da Guiné-Bissau a envolver-me.
Bem hajam.

4 comentários:

Eduardo Martins disse...
...Sei que todos nós lá ficamos. Um ano após a conclusão da obra, houve a necessidade de lá voltar, e constatei que todos nós ainda lá estavamos. O nosso suor, a nossa determinação, o nosso profissionalismo, a nossa vontade, A NOSSA OBRA...tudo lá estava. Mas o mais impressionante, os nossos nomes fluiam das vozes daquelas gentes como se ainda lá estivessemos... e estavamos! ...Sei que ainda lá estamos, enquanto a memórias não se apagarem... sei que iremos lá ficar. Obrigado a TODOS.
Pedro Moço disse...
Eduardo Concordo que perduraremos por aquelas paragens durantes mais uns tempos... enquanto as memórias não se apagarem. Quem sabe, um dia os nossos nomes não serão citados por um qualquer ancião, a contar histórias em volta da fogueira aos mais novos. Sei que enquanto lá estivemos, tentamos fazer a diferença e, nalguns casos, conseguimos. Bem hajas. Abraço Pedro Moço
Hélder Valério disse...
Caro Pedro Moço Já algumas vezes intervi neste vosso espaço que encontrei quando procurava coisas sobre a Guiné. E fi-lo porque encontrei nos vossos escritos e imagens o reflexo daquilo que percorre os sentimentos de boa parte daqueles da minha geração, que estiveram lá em tempos de guerra, e que são a imensa nostalgia dos tempos passados, que leva alguns a fazerem o que já se chama "turismo de saudade". Recorda-se o clima, as frutas, as chuvas, as crianças, etc.. Esta 'entrada' de Abril de 2011, revela bastante dos sentimentos que vocês, os que estiveram lá em tempos mais recentes produzindo Obra, construção, mas que viveram todas as outras coisas que nós, também têm relativamente ao que tiveram oportunidade de 'viver' e só ganharam porque souberam envolver-se emocionalmente. Pedro, convido-o, a si e aos seus colegas que nutrem pela Guiné os sentimentos que estão consignados neste artigo, a visitarem o Blogue "Luís Graça e Camaradas da Guiné", lugar de encontro de antigos militares (mas não só, cabem lá também à sombra do nosso imenso poilão vários 'amigos de Guiné') para poder verificar que, afinal, as gerações passaram mas os sentimentos são comuns. Se gostar do que encontrar contacte pelos meios lá indicados os editores. Felicidades para os vossos trabalhos e que consigam um dia satisfazer o objectivo de realizarem o vosso 'jantar' junto à vossa obra. Abraço Hélder Sousa
Pedro Moço disse...
Caro Hélder Posso dizer-lhe que o vosso blogue não me passou despercebido. Aliás, mesmo quando estava na Guiné-Bissau, já o consultava. Os vossos posts foram dos primeiros escritos que li sobre este belo, mas vilipendiado país. Foi pelo vosso blogue que fiquei com a primeira impressão sobre o que me esperava. Foi-me e é-me bastante útil. Acho que nos une um sentimento comum. As circunstâncias foram diferentes, mas o apego ao país é bastante semelhante. Um dia hei-de registar-me no vosso blogue. Abraço Pedro Moço

OBS:- Transcrição do Poste com a devida vénia ao amigo Pedro Moço e à restante equipa do Blogue "Construção da Ponte de S. Vicente - Guiné Bissau"
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 22 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8152: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (13): O Blogue faz parte da minha identificação (Hélder Sousa)

Vd. último poste da série de 28 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7876: Blogues da nossa blogosfera (43): Falando de Brasões, de Escudos de Armas e de ironias históricas (José Belo)

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