quinta-feira, 28 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P10083: Inquérito online: "Um blogue de veteranos nostálgicos da sua juventude ?" (Parte I) (A. Pinto / A. Silva / H. Cerqueira / J, Martins / M. Beja Santos / P. Raposo / R. Figueiredo)


1. Registei com apreço que o historiador francês René Pélissier (que não é um tipo qualquer...) tenha reparado no livrinho do nosso amigo e camarada Fernando Gouveia, Na Kontra Ka Kontra (Edição de autor, Porto, 2011, 160 pp.), orginalmente publicado no nosso blogue em 49 episódios....


René Pélissier [, foto à direita, cortesia do semanário Expresso, na sua edição 'on line',] é conhecido como um leitor compulsivo, tendo em sua casa uma biblioteca de 12 mil volumes... 

 Em entrevista ao semanário Expresso, conduzida pelo jornalista José Luís Castanheira (vd. Expresso, edição de 31 de julho de 2010, Caderno Atual, pp. 38-40), respondeu do seguinte modo à pergunta "O que é, para si, um bom livro?":


(...) "Se um livro me traz coisas novas, considero-o bom; se me traz muitas coisas novas, é excelente, qualquer que seja a tendência política do autor. Como não tenho nenhuma opção política, se fizer bem o seu trabalho, não tem nenhuma importância que seja de esquerda ou de direita. Desde que faça bem o seu trabalho" (...).


Por outro lado, tomei também boa nota do que ele disse sobre nós, de maneira algo condescendente e paternalista: "um blogue de veteranos nostálgicos da sua juventude" (sic)..

É um elogio ? É uma crítica ? É uma lisonja ? É uma simples constatação de um facto ?...


A pensar nisso, lancei numa sondagem de opinião, glozando o tema: Somos um blogue de veteranos nostálgicos da sua juventude (perdida) ? É verdade ? É isso ou só isso ? Ou também isso e muito mais do que isso ?

O homem, que é historiador, e é gaulês, e é um reputado especialista sobre a colonização portuguesa, e sabe português, e visita-nos com alguma regularidade, lá terá as suas razões para nos catalogar como "veteranos nostálgicos da sua juventude" (sic)... Razões que não explicitou, nem tem que o fazer...

Bom, gostava que os amigos e camaradas da Guiné que nos leem e/ou se reconhecem neste blogue, ou conhecem minimamente este blogue, se pronunciassem, dando a sua opinião... Vamos ter seis dias para responder à sondagem (coluna do lado esquerdo, ao alto)...

Por outro lado, estamos a entrar no verão, o que significa sempre - ou pelo menos de acordo com a experiência dos anos anteriores - uma quebra nas estatísticas sobre a visita e a leitura do nosso blogue...

Registe-se, todavia, o facto de termos atingido, há dias, em 25 de junho passado os 3,8 milhões de visitas... E temos a expectativa de chegar aos 4 milhões, lá para finais de agosto, sem perder de vista a meta dos 600 membros da Tabanca Grande, a atingir no final do ano em curso...

Nota-se, também, alguma quebra na produção e entrega de novos textos, fotos, etc... Sabemos que o blogue é um animal voraz: tem de ser alimentado todos os dias...

As opiniões dos nossos leitores são importantes, mais: são essenciais para nós. Amigo e camarada da Guiné, além de votares ("on line"), dando a tua opinião sincera sobre a pergunta, manda-nos também um pequeno texto, para publicação... Começamos já a publicar os primeiros textos que nos chegaram na tarde de ontem.
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1. José Martins:


Luis: Tenho, li, e anotei, além de ter sido fonte de conhecimento, os dois livros sobre a Guiné, do René Pelissier. A data em que os adquiri é para mim incontornável. Nesse dia almoçaste [, na tua Escola,]com o Zé Neto e com o Pepito, a quem fui cumprimentar e conhecer: dia 13 de Julho de 2006, vai fazer 6 anos.


Porém,não estou de acordo com a citação do René. Não sou nostálgico da minha juventude. Posso recordá-la, mas não voltava atrás, só se tivesse a certeza de que poderia "emendar" algumas situações.

Sendo impossivel, tudo bem. Siga em frente a... infantaria. Agora tenho a consciência, se é que tenho consciência, do que é preciso transmitir às gerações "emergentes", os nosso netos; porque os nossos filhos já têm outras preocupações, e que preocupações!

Espero que o que vou fazendo, possa ser aproveitavel, ainda que em pequena percentagem, porque nada é zero. (...)
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2. Alcides Silva:


Amigo Luís Graça, ao ler a mensagem onde referiu, o René Pélissier, o nosso blogue como sendo o da nossa juventude perdida, senti um nó na garganta, nós que regressamos do Ultramar, demos tudo que podíamos em sacrifício da Pátria e outros houveram que deram mesmo tudo até a sua própria vida porque não regressaram vivos e outros lá ficaram.(...)



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3. Beja Santos:


Luís, Correspondi ao teu solicitado e respondi “discordo”. Dou-te as minhas razões. O historiador René Pélissier poderá ter fundamento quanto à nostalgia que nos irmana. A nostalgia é isso mesmo, uma lembrança, nalguns casos indelével, tratou-se de uma guerra que nos envolveu por inteiro, viemos mudados pela experiência, pela vivência, a personalidade vincou-se, e mais não digo.


Mas há muito mais que a nostalgia que também nos irmana, uma intensa vontade de comunicar com as nossas aptidões e valências: há quem fale em patronos dos exércitos, envie poesia, fotografia, se sirva justamente do blogue como uma sala de conversa ou desconversa. Os blogues não são clubes, nem associações, entra-se e sai-se graças aos livres trânsito, deposita-se uma opinião; um blogue pode fazer amigos, mas não é obrigatório; o que o blogue tem (e o nosso dá e sobra) é a caraterística de nos servir como gabinete de leitura onde tomamos posição onde queremos, é essa transitoriedade que traz a grandeza de nele depositarmos opiniões, saberes; os documentos de incontestável importância que aqui se vão juntando superam o tal conceito de veteranos nostálgicos. (...).


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4. António Figueiredo Pinto [, foto da esquerda, ao meio]


(...) Contra mim falo. Não tenho escrito nada de novo, embora sempre que possa, dê uma espreitadela ao que os AMIGOS vão dizendo. Fotos poucas mais tenho e não têm interesse para a Tabanca. A saúde também vai faltando e os neurónios vão-se "queimando " a um ritmo que vai tirando ânimo. Depois continuo a reparar que ninguém do meu tempo aparece.

Também já há muito tempo pedi para alterarem a minha morada e nº de telefone e ninguém ligou. Compreendo que o vosso trabalho é ciclópico, trabalhoso o que eu louvo sinceramente

Não sei se vale a pena mas já agora volto a dizer os meus dados:

António Figueiredo Pinto
Vila do Conde
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5. Paulo Raposo:

Olá, rapaz, e parabéns.

Para mim o historiador que vá dar uma volta ao bilhar grande.

Desde 1960 que fomos atacados por cobiça do nosso império e cedemos sempre ao inimigo.

Esse historiador não conhece o povo português. Somos demasiadamente bons e humildes. Não há no mundo outro povo como o nosso. O francês é altivo até dizer chega, o alemão acha-se superior e o russo soberbo.

Como estamos unidos pela mesma causa somos como irmãos e não perdemos a nossa juventude, ganhamos sim o nosso orgulho. (...).
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6. Domingos Gonçalves: 

"É um blogue de veteranos nostálgicos da sua juventude" (sic)...

A afirmação é, no mínimo, polémica. Por outras palavras: é um ponto de vista, respeitável, e nada mais.

Pessoalmente entendo que o blogue contém imensa informação, sobre a guerra da Guiné, e não só, e expressa a opinião de muitos dos actores da mesma guerra, e de muitas outras pessoas que, mesmo  não chegando a participar no conflito, manifestam interesse em saber o que de facto se passou. Penso que, em grande parte, colaboram no blogue pessoas que, sem mágoas, sem traumas, sem ódios, mas por amor à verdade, vão disponibilizando, por recurso à memória, ou a documentos de diversa natureza, a sua versão dos factos.

A verdade, que vai sendo transmitida, pode até ser desagradável para alguns. Mas não pode confundir-se com nostalgia. Os factos que aconteceram, regra geral testemunhados e vividos por muitos actores, foram muitos deles dolorosos,mas dor e nostalgia também não é a mesma coisa.

Continuem! Sem receio da tal nostalgia, mas motivados pelo amor à verdade, mesmo quando ela ponha em causa alguns supostos heróis. (...)


_______________________

7. Henrique Cerqueira:

(...) Resolvi aceitar o teu desafio. No entanto tenho algumas duvidas se o meu texto é ou não publicável. É que eu não sei escrever o “publicável”, só sei escrever o que me vai na alma e em especial quando me sinto motivado por qualquer situação. E esta foi uma das situações,  no entanto reafirmo que normalmente e desde que entrei para esta maravilhosa família do blogue;quando escrevo algo é sempre ao correr da pena ,e muito raramente corrijo a escrita, pois que a minha insegurança quanto ao interesse do que escrevo me faria de imediato apagar tudo que escrevi. Já o tenho feito em especial em alturas de comentar certos artigos publicados, pois que tenho sempre receio de ofender camaradas. (...)

Guiné? Tropa? Guerra ?Juventude Perdida... medo... muito medo.  Sim, sim é verdade . Da minha parte e muito serenamente eu confesso que esses sentimentos me acompanharam constantemente durante os três anos em que fui militar do exército Português.

Não posso esquecer que todos os dias eu era lembrado que teria de ir para a tropa,mas que seria forçosamente para o Ultramar. O Homem para ser Homem tinha que ir á Guerra.  Diziam os meus pais:
- Estuda, filho, para não seres um simples soldado...

Diziam os amigos:
- Estás lixado pá vais mas é morrer,ou então virás sem pernas, como o Floriano (era um nosso amigo um pouco mais velho).

Enfim era uma parafernália de lembretes que das duas uma, ou fugias para França como alguns dos meus amigos ou te resignavas que o teu destino era mesmo o ir para a tropa e posteriormente para a Guerra.

É então que eu com os meus dezanove anos tenho que tomar decisões e como sou filho único e muito amante dos meus pais não consigo acompanhar os amigos na fuga para França. Aliás quando esses amigos fugiram foi um escândalo no meio em que vivíamos, pois que os "pobres" foram considerados como fugitivos ao dever patriótico. Nós tínhamos um grupo que para a época era um pouco "revolucionário" pois que aqui e ali lá intervínhamos com umas ações de contestação ao regime (de certo modo estava na "moda" por causa do Vietname).

E então após essas fugas os restantes amigos tiveram,  e eu incluído, umas visitas da PIDE às nossas casas e com algumas ameaças aos nossos pais de despejo da habitação (eram do Estado) e percas de emprego dos pais, funcionários públicos.

Ora com todos esses condimentos eu decidi mesmo que lá teria que ser tropa e mais tarde "combatente". Mas para ajudar resolvi me apaixonar perdidamente ao ponto de decidir casar com 20 anos e aos 21 anos ter um filho, ou seja,  ele nasceu quando estava na recruta nas Caldas da Rainha.

Como aconteceu à maioria dos jovens dessa altura, lá passamos por toda aquela formação de Homens para a "Guerra". Também sabemos que essa formação era altamente deficiente,  o que viríamos a sentir na pele mais tarde.

Medo...muito medo, senti sempre desde o primeiro dia de tropa, senão veja-se: (i) era medo de ser castigado e não ir de fim de semana a casa; (ii) medo de chumbar nos testes e não ser promovido (e tanto que minha mãezinha me dizia para estudar); (iii) medo de ir para a Guerra e não saber o que iria acontecer; (iv)  medo de alguns " estupores" que encontrei a mandarem na minha vida; (v) medo das emboscadas e ainda (vi) medo,  ao vir para casa,  do emprego iria ter (ou não).



Poderia enumerar muitos Medos mas seria enfadonho ,até porque tudo passou. Passou??? E os TRÊS ANOS OBRIGATÓRIOS,longe da família ,longe de projetos, sonhos e sabem que mais... Senti-me tão Adulto quando fui fazer o espólio no Ralis e tão desamparado que só hoje ao escrever estas linhas é que me dei conta...Por isso Foi mesmo Juventude Perdida.


Nota: Estou a escrever estas letras e nem sei se a pontuação está correta, se a escrita está ou não boa para se ler, mas aceitei o desafio do Luís Graça, porque na verdade EU JÁ NÃO TENHO MEDO!


8. Ricardo Figueiredo:


(...) Em boa verdade, não me parece que se possa catalogar o “nosso” blogue de nostálgicos ou sequer "nostálgicos da nossa juventude”.

Se todos fizermos uma introspecção á nossa memória, veremos que tivemos duas reacções distintas quando acabamos o nosso serviço militar obrigatório e sobretudo connosco, que enfrentamos a guerra no teatro de operações da Guiné.

A primeira reacção foi tentar varrer da nossa memória os episódios que lá vivemos, os menos bons e até os bons , esquecer até ao ínfimo pormenor a vivência nesse teatro .

A segunda reacção adveio com a idade , com o retomar dos arquivos de memória, que na verdade nunca foram totalmente eliminados e a natural saudade que se aproxima quando estamos a chegar ao fim ! 



Que seriam dos nossos netos se não tivéssemos estórias e histórias para lhes contar …!?

Ora e aqui surge o Blogue do Luis Graça & Camaradas da Guiné ! É com esta iniciativa e a partir desta iniciativa que,  aos poucos, mas a um ritmo alucinante , os velhos Combatentes se vão perfilando e,  conduzidos pelo arquivo da sua memória,  vão narrando, aqui e ali, capítulo a capítulo, a sua visão das “suas” guerras, cada um  à sua maneira e ao seu estilo, às vezes personalizando os factos outras generalizando-os, mas dando um contributo único de um testemunho pessoal e intransmissível .

Estaríamos assim dispostos a dizer que o Blogue do Luís Graça & Camaradas da Guiné, mais não é que uma janela aberta à memória de todos os ex-Combatentes da Guiné, que de forma livre e intemporal lhes permite gritar aos quatro ventos tudo o que lhes vai na alma, consubstanciando nesse grito, não só os episódios da sua vivência enquanto militares e combatentes, mas sobretudo enquanto homens que, nas entrelinhas, múltiplas vezes deixam passar a solidariedade actual, a amizade, a camaradagem, o espírito de corpo e a saudade, este sentimento tão português, que os ex-combatentes sentem como ninguém.

Que me perdoe o historiador francês M. René Pélissier, mas estou perfeita e absolutamente em desacordo com a classificação nostálgica que atribui ao nosso blogue.

Há ainda um aspecto interessante que convirá trazer à colacção . Durante muitos anos foi-nos impedido de publicitarmos a nossa condição de ex-Combatentes, pelas razões que todos conhecemos. Ainda hoje somos olhados de soslaio e muitos não entendem o amor Pátrio…! Mas também por isso o nosso blogue teve uma importância enorme, ao permitir que, sem qualquer tipo de censura prévia, todos nos expressássemos livremente e comentássemos e criticássemos os posts publicados. Naturalmente que nessas exposições, nessas criíticas e nesses comentários, alguma nostalgia poderá transparecer.

Mas julgar a árvore pela floresta vai uma distância muito grande…!

Classificaria o nosso Blogue como um arquivo estórico e histórico de enorme interesse nacional, importante para os historiadores vindouros ,com uma mescla de erudito e popular, mas sobretudo como o Único Repositório da verdadeira Guerra da Guiné, contada pelos seus directos intervenientes.

Um blogue elementar e essencial, escrito e movido não pela nostalgia dos seus escribas, mas pela capacidade narrativa e de precisão que lhe pretendem atribuir , com a alegria do dever cumprido pela sua Pátria .Quiçá o último contributo vivo que lhe pretendem dar – a verdadeira narrativa da Guerra da Guiné, transcrita por palavras simples e singelas com a alegria de quem a ela sobreviveu , sem contudo esquecer os milhares de mortos , cujos nomes são permanentemente referidos com respeito e saudade nas diversas transcrições que constituem o acervo do blogue Luís Graça.

Direi, pois, para finalizar, que o nosso blogue é um compêndio indispensável aos velhos combatentes da Guiné que nele exprimem os seus sentimentos, do passado, do presente e até do futuro, mas, no essencial,  libertos de qualquer nostalgia, antes de um sentimento teatral, pois todos eles foram e são os únicos actores!

Um abraço forte de continuidade pelo bom caminho que tem sido desbravado.
Bem Hajas !

Ricardo Figueiredo
Ex-Fur Mil At Art - 2ª Cart/Bart 6523
Abutres de Cabuca

15 comentários:

Anónimo disse...

Camaradas,
Estou a atrasar aminha saída de casa, em virtude destas opiniões expressas, que tão bem respondem ao autor/crítico francês. Estas linhas contêm tudo (nada me ocorre para acrescentar) o que o desafio podia esperar, mas, não menos importante, mostra a vivacidade e o sedimento de camaradagem aqui consolidado, principalmente pelos camaradas menos conhecidos que vieram opinar.
Até segunda-feira, que agora vou alentejanar profundamente.
Abraços fraternos
JD

antonio graça de abreu disse...

Anónimo

antonio graça de abreu disse...

"Para a história colonial portuguesa basta consultar os autores de língua inglesa. Há séculos que a maior parte a denuncia como negreira, arcaica, brutal e incapaz: a quinta essência do ultracolonialismo sob os trópicos."

René Pélissier, em entrevista a Lena Figueiredo, publicada no jornal Diário de Notícias, Artes de 02.04.07

Aqui têm o grande historiador que manda um bitaites sobre quem nós fomos e somos, nunca foi à Guiné mas conhece-nos de gingeira.
Eu acho que também conheço este tipo de sumidades, historiadores
que não me merecem um mínimo de respeito.
Também escreveu uma recensão sobre o meu Diário
da Guiné há uns quatro anos atrás, (lembram-se?)e
conseguiu a proeza de ler o que não escrevi e virar tudo ao invés.
Porque ignorava a matéria sobre a qual escrevia, a Guiné 72/74.
Eu respondi na altura.

Pélissier tem os seus admiradores neste blogue, pessoas que acham que os seus "estudos parecem exactos e cientificamente bem fundamentados."

De facto, voltem a ler:

"Para a história colonial portuguesa basta consultar os autores de língua inglesa. Há séculos que a maior parte a denuncia como negreira, arcaica, brutal e incapaz: a quinta essência do ultracolonialismo sob os trópicos."

René Pélissier dixit.

Abraço,

António Graça de Abreu

Quinta-feira, Junho 28, 2012 12:16:00 AM

antonio graça de abreu disse...

Eu António Graça de Abreu, pelo imenso respeito que me merecem os vivos, e sobretudo os nossos mortos, respigo este texto e considerações, (não concordo com tudo a 100% !...), respigo, dizia, estes textos que vamos recebendo pela net. À atençÃO dos mini-pelissiers da nossa praça,

"27 de Junho de 2012 13:38

NÃO SEI QUEM É O AUTOR , SÓ SEI QUE LI E GOSTEI

OS MORTOS NÃO SE DISCUTEM

Os vivos que vão estar presentes a 10 de Junho em Belém querem, antes de mais, ser dignos da História de Portugal e merecer os Mortos.
É uma Honra suprema poder estar de pé, entre as ruínas, ver passar os espectros, as sombras, e permanecer íntegro e impassível perante o «Toque de Silêncio».
Pode ter sido ocupado o Estado, pode a Nação sentir a sua Vontade
destruída ou e desviada, pode «este» Portugal estar à beira do Fim.
Podemos ter aceite discutir tudo, podemos ter cedido em quase tudo, mas não na Memória.
Os Mortos, esses não se discutem. Honram-se. Tombaram por uma causa que para nós não foi, é - Nobre e Grande. E, nos dias que correm, podemos mesmo sentir inveja dos Mortos, tal é a Dor que por vezes nos sufoca neste tempo de cães.
Eles não sabem que um outro Portugal há-de nascer depois «deste»
ter acabado de vez - que para surgir Um tem que desaparecer o Outro!
As favas foram sempre mal contadas por «eles», que não sabem da fantástica Quimera que gera novas Possibilidades e é ela quem move o Mundo, «eles» não sabiam nem sabem de onde vem a Vida, nem como nasce a fórmula
do Sangue e do Espírito. Eles não sabem Nada!
Façamos então uma Homenagem aos nossos irmãos que aceitaram
a simplicidade de dar tudo para que Portugal vivesse. Eles não estão longe, vêem-nos, ouvem-nos e hão-de combater ao nosso lado na última batalha pelo Futuro.
VL
10 de Junho, 2010"

Disse,transcrevi, senti.

Abraço,

António Graça de Abreu

Luis Faria disse...

António Graça de Abreu

" OS MORTOS NÃO SE DISCUTEM"
Também gostei,também senti

Um abraço
Luis Faria

Anónimo disse...

Tanto quanto os meus modestos conhe_
cimentos,me lembram,nas devidas por_
poções os países ditos colonialistas
que mais"guerras" tiveram em varios
TO e durante mais tempo(depois da 2ª
guerra mundial)fomos nós e a França.
Muitos de vós conheceis e lesteis certamente Jean Lartéguy(Jean P.L.Os_
ty).Lartéguy os seus personagens,
uns ficticios, outros com os nomes
alterados e até mesmo os Franceses
em geral,viram as suas guerras coloniais,de forma diferente do povo português e olham os seus Veteranos,com outros olhos.Nos livros de Larteguy,encontramos esses jovens nostalgicos(ele pró_
prio)militares de carreira;voluntá_
rios;mercenários,etc.Muitos deles com elevada formação universitária.
Não gostavam de guerra mas não sa_
biam fazer mais nada,nem se sentiam
á vontade noutros ambientes.Gosta_
vam de cometer(barbaridades)dispa_
rates,eram competentes e muito unidos.Percorreram o império colo_
nial francês,na"procura"do túmulo de D.Quixote.O sr.Pélissier,bastan_
te mais novo que o sr.Osty,confesso
que não sei se foi militar mas,cer_
tamente como francês e estudioso destes assuntos,conheceu de certeza
e provavelmente de muito perto Lar_
térguy.Pélissier julga os bizonhos
soldados portugueses embuidos do mesmo"espirito"patriótico dos heró_
is de Larterguy ou dos portugueses
que embarcaram nas Caravelas do Ga_
ma.Ora valha-o Deus monsieur René,
se o sr. soubesse ao longo(em espe_
cial)dos últimos trinta e oito anos
os actos Actos de Contrição profe_
ridos por muitos de nós (os tais Nostálgicos)que na volta exigem
respeito e memória,o Xôr René,até
córava,com o nosso romantismo.
Carlos Nabeiro-67anos.Militar desde
Julho de 1967 no CISMI de Tavira,
até 13 de Junho de 1970,dia da che_
gada ao RI15 de Tomar,vindo de Mo_
çambique.Não me sinto culpado de nada,não peço desculpa,nem mendigo.

Torcato Mendonca disse...

Escrito ou comentário voador...

Coisas de colonizações e afins, história com H e sondagem.

Voou e aqui aterrou----

***É verdade, porque andas por aqui? Ainda por cima o Blogue com sondagem (sem interesse) sobre o pensamento de um tal René (devia falar do que os compatriotas dele fizeram ( ainda têm colónias)na colonização deles e, como fala de ingleses...olha que esses...). Nós fizemos, como na canção o que tinha que ser feito.Nada. O colonialismo sempre foi (e é) mau. Podia escrever lá mas chateia-me. Quanto ao livro relata os amores e a guerra de um homem que nunca devia ter ido ao mato. Gosto dele e do que escreveu. Nunca esquecerei o morteirete sem prato e com 16 granadas...que guerra (s). O AGA não perde uma e zás. Ao fim e ao cabo tudo bons rapazes e o René que vá com as nostágias para o caneco. Quando fechei a guerra perdi alguns livros do J. Laterguy. Valiam o que valiam. Algo daquilo valia alguma "coisa"?ainda faço copy/paste, escrever chateia-me e uma pergunta faço: QUE ANDAS A FAZER POR AQUI???? Há cada uma...+++

Ab T.

antonio graça de abreu disse...

Volto à liça apenas para quem está interessado no Pélissier e companhia.
Fui atrás, repescar. Leiam o meu poste 3188,rebatendo a ignorância do René, publicado no nosso blogue a 09.09.2008. Exemplar, com os comentários do Luís Graça.

E mais não digo. Porque se dissesse mais alguma coisa, iria falar das flores que fedem, dos baldes de merda que nos querem despejar pela cabeça abaixo, e que uns tantos camaradas da Guiné acham que são pétalas perfumadas, talvez fragrâncias dos sempre vivos, balsâmicos e olorosos cravos de Abril. Já disse.

Abraço.

António Graça de Abreu

Anónimo disse...

AI estes "francius"

Não sei porquê mas a "intelectualite"portuguesa tem um fraquinho pelos "intelectualoides" franceses.
O Sr. René Pélissier fez o seu doutoramento sobre as campanhas militares portuguesas do sul de Angola.
O seu estudo foi essencialmente de pesquisa bibliotecária e baseando-se nos escritos de alguns militares portugueses.
Revelou alguma simpatia por nós e principalmente a sua admiração por estes tugas conseguirem estes feitos, com tão fracos recursos a todos os níveis.
No meu ponto de vista foi um pouco paternalista e até xenófobo.
Disse um verdade de "la palisse" que os 5 séculos de história colonial eram um mito.
Sobre a nossa nostalgia..que se "faire encu...".
Nostalgia..nostalgia de quê ?
Vê-se que não percebeu "patavina"..também não é de admirar..foi apenas um "rato de biblioteca".

C.Martins

Anónimo disse...

No próximo dia 14 de Julho(e nos passdos,basta ir ao youtube)é vê-los desfilar na maior e mais antiga parada militar da Europa ocidental(a tomada da Bastilha 1789).Comparando o nosso pobre,en_
vergonhado e complexado 1o de Jun_
nho,onde se tenta esquecer a nossa
História longinqua ou o passado re_
cente,os Gauleses comemoram há 223
anos o seu dia,com orgulho,nostal_
gia do seu antigo império(ainda resta bastante)sem complexos,fazem
desfilar com pompa e circunstância
um batalhâo pelo menos,de homens
barbudos oriundos de quase o mundo
inteiro excepto da França de onde somente são os oficiais.Os ditos
militares envergam uniformes de aspecto nostalgico,usando na cabeça
um Quepi branco,que tiveram que fazer para o mercer,um avental de couro e um enorme machado ao ombro.
Marcham de forma nostalgica,enquan_
to isso vão cantando uma estranha e
nostalgica melopeia que traduzida para o português tem o estranho nome"o chouriço".A França tem um respeito enorme por aqueles homens
estrangeiros e barbudos que lhe têm
dedicado a vida há mais de 180 anos.O povo francês aplaude-os á sua passagem e recorda com orgulho
e nostalgia os seus actos,não se envergonha deles,no entanto são
mercenários.
Carlos Nabeiro.

Anónimo disse...

Camarada Torcato

Sobre o teu comentário...Afirmativo e correcto...ÁMEN.

C.Martins

Anónimo disse...

Caro camarada C.Nabeiro

Claro que os "francius" se orgulham da Legião Estrangeira..é do que se podem orgulhar..porque desde o tempo do Napoleão que começou a levar na "corneta" em Portugal..só têm sido "enculés".
"Gorge"..têm eles..oh lá..lá..la grand france..la grand armé..é tudo grande..pois...nem uma palavra sobre os milhares de portugueses que deram a sua vida para defender a terra deles.

C.Martins

Torcato Mendonca disse...

O MEU "COMENTÁRIO" QUE ACIMA APARECE ERA UMA RESPOSTA AO NOSSO CAMARADA E AMIGO CARLOS VINHAL FEITO NO FACEBOOK

Não se deve brincar aqui, está fora do contexto e deve ser retirado. Não gosto de certas maneiras ou formas ou o ... de ver a História e, ainda por cima se feitas por gente de outras nacionalidades de países com bem mais tristes comportamentos sobre o assunto em apreço.

Isto devia e podia ser tratado como merecia. Seria longo pois é assunto que envolve séculos da prática da indignidade, da opressão de povos, ditos mais poderosos,sobre outros.

Ab T

Luís Graça disse...

Não é preciso lembrar que: (i) comentários anónimos, e (ii) insultos (em português, em inglês, em francês...) não são admissíveis. Somos um blogue de gente de bem, honrada, de grande elevação de espírito, de mente aberta, tolerante, mas com orgulho da sua juventude, dos seus camaradas, e da sua pátria, incluindo os veteranos, os noltálgicos, os veteranos nostálgicos... LG

João Carlos Abreu dos Santos disse...

...
com v/licença, exprimo aqui opinião pessoal, de há muitos anos a esta parte formada, sobre o (ex)citado historiador René Pelissier:
- trata-se de um dos gaullistas que "jamais" [ler em francês] logrou fazer "o luto" pela s/perdida Argélia francesa (onde, segundo consta, tinha raízes e interesses familiares... ); e decorrido algum tempo passou a sublimar, com recurso a artes várias, apontando o dedo ao "colonialismo" alheio. Ora, desde a década de 70, tem sido o vêr-se-t'avias em inigualável produção de "recensões e reflexões literárias"... (mas parece que já ninguém lhe passa cartão).

Pelos vistos, esgotado o filão e as audiências, agora ocupa-se em "amandar palpites" sobre blogues!, classificando este - desde o fundador aos editores, colaboradores, comentaristas, leitores, visitantes, etc. -, como uma espécie de «nostálgicos» de não-sei-quê...
Olhe que não, olhe que não!

Prontos: como o fulano já logrou mais uns minutinhos de fama, vamos-nos agora a tratar de assuntos sérios... : e, pelo meio,
proponho que se não dê mais corda ao boneco.

Com as melhores saudações veteranas,
deste v/atento leitor
J.C. Abreu dos Santos
___

José Rocha (CART 2410) disse...

Não se trata de uma nostalgia da juventude "lato sensu" nem de uma nostalgia limitada a um período curto - 3 anos?! - da nossa juventude, apesar de, este, ter sido vivido em intenso ambiente de guerra.
Trata-se antes - e é esse, se bem interpreto o espírito da TABANCA - da comunicação pessoal das nossas vivências de tempos tão difíceis, tempos de imprevistos, tempos de incógnitas, tempos de indefinições.
É a libertação de alguns pesadelos, uma sessão de psicanálise, uma catarse, que se manifestam quer pelas palavras e quer também pelas fotografias com todo o seu significado intrínseco e intenso.
Por tudo isto, discordo frontalmente da opinião do "historiador".
José Rocha (CART 2410)