sexta-feira, 29 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P10089: Patronos e Padroeiros (José Martins) (30): Brigada de Intervenção - Infante D. Pedro, 1.º Duque de Coimbra




1. Em mensagem do dia 24 de Junho de 2012, o nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), enviou-nos mais um trabalho para a série Patronos e Padroeiros.






Patronos e Padroeiros XXX

Patrono da Brigada de Intervenção

Infante D. Pedro, 1.º Duque de Coimbra

O Painel dos Cavaleiros, no políptico de S. Vicente, que se pensa representar os quatro filhos mais novos de D. João I. D. Pedro, com o cinto da Jarreteira cruzado no peito (à direita da foto). 
© Foto Wikipédia, com a devida vénia.


Infante D. Pedro

Filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre, nasceu em 1392, sendo o quarto de nove filhos, dos quais apenas seis chegaram à idade adulta, ficando na história como “Ínclita Geração”. Recebeu esmerada educação, tendo em conta que na altura, os nobres eram pouco mais que analfabetos, se não o fossem na maior parte.

O Infante D. Pedro, assim como os irmãos Duarte e Henrique, acompanharam o pai e rei, na expedição e conquista de Ceuta, tendo a praça moura sido tomada no dia 22 de Agosto de 1415. No dia seguinte, e após a sagração da Mesquita à Fé Católica, foram armados cavaleiros os três príncipes e, outorgado os títulos de duque, sendo D. Pedro o 1.º Duque de Coimbra e D. Henrique o 1.º Duque de Viseu.

Devido às muitas viagens que fez ao estrangeiro, também ficou conhecido como o Príncipe das Sete Partidas, tendo recebido, por vontade do imperador Segismundo da Hungria, o feudo de Treviso, assim como o integrou na “Ordem do Dragão” conhecida pela sigla D.E.S.I.R. (Draconis Equitas Societas Imperatur et Regis). Foi investido, também como cavaleiro, por Henrique IV de Inglaterra, seu tio, na Ordem da Jarreteira.

Em 1429 casa com D. Isabel de Aragão, condessa de Urgel, de cujo casamento nasceram seis filhos.

Quando D. Duarte morre, em 9 de Setembro de 1438, o príncipe D. Afonso, seu filho e herdeiro da coroa, ainda é menor, tendo deixado a indicação de que a regência seria exercida por D. Leonor, Infanta de Aragão e rainha-mãe. Tal decisão não obteve consenso, pelo que, de imediato, os seus opositores se manifestaram por serem de opinião que qualquer um dos tios, irmãos do falecido D. Duarte, seriam mais capazes.

Foram convocadas Cortes, que se iniciaram em 20 de Dezembro de 1439, que veio a declarar o Infante D. Pedro “Regedor e Defensor do Reino” assim como tutor e curador do futuro rei.

A decisão é bem aceite pela burguesia e pelos mercadores, mas contestada pela aristocracia, encabeçada pelo conde de Barcelos, meio-irmão de D. Pedro que, insinuando-se junto do futuro rei, com o beneplácito da rainha viúva, conseguindo que o jovem o considerasse o seu tio preferido.

O Infante D. Pedro, indiferente a estas intrigas, dedica-se aos negócios do reino tornando o país mais próspero, dando importância aos assuntos do mar, concedendo subsídios, para fomentar o estudo e exploração do oceano. Numa atitude conciliatória, D. Pedro constitui o ducado de Bragança, tornando seu meio-irmão D. Afonso, o seu primeiro Duque.

A 9 de Junho de 1448, ao atingir a maioridade, D. Pedro entrega a governação ao seu sobrinho D. Afonso V. É nesta altura que se nota a influência que D. Afonso, 1.º Duque de Bragança tem sobre o rei. Em 15 de Setembro, o rei anula todos os éditos do antigo regente D. Pedro, que se retira para Coimbra.

No ano seguinte, 1449, o Infante D. Pedro, duque de Coimbra, é declarado rebelde pelo rei, com base em factos que se viriam a provar serem falsos.

A instabilidade instalada no reino, dá origem a uma guerra civil entre os dois partidos. D. Pedro resolve avançar sobre Lisboa, tendo parte do seu exército deixado Coimbra em 5 de Maio de 1449, vindo a reforçar as suas forças nas imediações da actual vila da Batalha, chegando à Castanheira em 17, acampando junto ao ribeiro de Alfarrobeira, em Vialonga, a 18 desse mês. Sabedor de que o povo de Lisboa não estava a seu favor, resolve não continuar a marcha sobre Lisboa.

Entretanto, D. Afonso, no dia 16, parte de Santarém para travar o avanço das forças do seu tio e ex-regente. O recontro entre os dois exércitos dá-se em Vialonga no dia 20 de Maio de 1449, no que ficou conhecido como a Batalha de Alfarrobeira. É nesta batalha que D. Pedro encontra a morte em combate, mas, a hipótese de ter sido assassinado nunca foi descartada.

Pelo que fez pelo país, Luís Vaz de Camões refere-se a D. Pedro na estrofe XXXVII do canto VIII dos Lusíadas:

"Olha cá dois infantes, Pedro e Henrique, 
Progénie generosa de Joane: 
Aquele faz que fama ilustre fique 
Dele em Germânia, com que a morte engane; 
Este, que ela nos mares o publique 
Por seu descobridor, e desengane 
De Ceita a Maura túmida vaidade, 
Primeiro entrando as portas da cidade.”

donde foi retirada a Divisa da Brigada de Intervenção, de cuja unidade o Infante D. Pedro é o Patrono.


Brigada de Intervenção

Criada pelo Decreto-Lei n.º 61/2006 de 21 de Março, no âmbito da organização prevista na Lei Orgânica do Exército, sendo uma unidade da Força Operacional Permanente do Exército Português.

Na génese desta unidade está a Brigada de Forças Especiais, tendo o Comando e Estado Maior sediado no Forte do Bom Sucesso, em Lisboa, e transformada em Brigada Ligeira em 1 de Junho de 1992, sendo transferida para o Forte do Alto do Duque em 1 de Setembro de 1992 até 1 de Julho de 1993, data em que foi transferida para Coimbra, para as actuais instalações, onde esteve o Convento das Eremitas de Santo Agostinho de Sant’Ana e, mais recentemente, o Quartel General da Região Militar Centro.

Desde 1998, com a denominação de Brigada Ligeira de Intervenção e, mais tarde, como Brigada de Intervenção, aprontou militares para diversas Missões de Paz em diversos países em que Portugal participou.

Herdeira da história e tradições das suas antecessoras, por despacho do Presidente da Republica de 3 de Junho de 2005, o seu Estandarte Nacional ostenta a Medalha de Serviço distintos, Grau Ouro.

Tem como Divisa “Que fama ilustre fique” e o Infante D. Pedro, como Patrono.

José Marcelino Martins
24 de Junho de 2012
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 27 de Junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10082: Patronos e Padroeiros (José Martins) (29): D. Fernando de Portugal - O Infante Santo

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