Chamo-me Fernando Sucio, nasci no dia 20 de Outubro de 1951 e fui Soldado Condutor no Pelotão de Morteiros 4275.
Cheguei à Guiné no dia 14 de Outubro de 1972.
Após as apresentações no Cumeré, fui para Bula onde fui integrado na CCS do BCAV 8320.
Permaneci em Bula e São Vicente onde fizemos o destacamento.
Locais que me lembro de ter percorrido: Có, Ponta Augusto Barros, Pelundo, Teixerira Pinto, Cacheu, Binar, Nhamate, Pete, Ponta Consolação, Bissorã, Mansoa, Catió, Mansabá, Capunga e Bissau aonde me deslocava muitas vezes.
Regressei no dia 8 de Agosto de 1974.
As viagens de ida e volta foram feitas nos aviões dos TAM
Agora a história.
Há bons e maus momentos para lembrar.
Tivemos logo duas mortes trágicas: a do 1.º Cabo Mecânico Realinho e a de outro Mecânico, quando tentaram ir a Binar, sem protecção, para reparar uma viatura civil da Casa Gouveia.
Foram mortos com um tiro cada um e o empregado da Casa Gouveia ficou sem as pernas, saindo ileso um rapaz que veio ao quartel dar a triste notícia.
Outras coisas aconteceram, de bom ficaram os amigos que lá fizemos.
Lembro-me de um pequeno a quem chamávamos Batatinha que queria vir comigo para Portugal. Não consegui despedir-me dele na hora do regresso, mas espero um dia vir a encontrá-lo.
Tenho muito mais para contar mas fica para mais tarde.
Envio um abraço muito grande a todos os ex-combatentes e agradecer a oportunidade que me deram para fazer parte desta grande página.
VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Na foto: à esquerda Leonel Olhero (Ermesinde / Valongo) e à direita Fernando Súcio (Vila Real)
2. Comentário de CV:
Caro Fernando, bem-vindo à Tabanca Grande onde não és de todo desconhecido como prova a foto acima. Estiveste connosco no VII Encontro de Monte Real, e eu próprio já te encontrei na Tabanca dos Melros recentemente.
Seguindo as normas habituais, estás agora formalmente apresentado à tertúlia. Assim, a partir de hoje assumes a responsabilidade de colaboração escrita, ou em fotos, para aumentar o valioso espólio deste Blogue.
Ainda de acordo com o habitual, recebe um abraço em nome da tertúlia, dos editores e demais colaboradores desta págia.
Recebe um abraço pessoal do camarada e amigo
Carlos Vinhal
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 23 de Junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10063: Tabanca Grande (345): O nosso camarada Miguel Pessoa deu uma queda, fracturou o úmero, estando internado em Santa Maria para colocação de uma prótese
9 comentários:
Pois é Luís Graça, não tive coragem de abusar do teu tempo para fotografares uns tantos metros quadrados que sei que ias pisar.
Ao menos ainda há na ilha de Luanda pescadores tradicionais a puxar redes pela madrugada? (do lado do mar)
No tempo de Bartolomeu Dias e no meu tempo ainda havia e tiravam muito peixe com a sua "UANDA" (rede)
Na tua próxima ida, vou-te pedir fotos de dois ou três pontos particulares para eu matar saudades.
Um abraço
Só uma pequena nota:foi no avião que te levou para a Guiné...que eu regressei a Lisboa no terminus do meu tempo de"Guerra".Vim com a CCAÇ2930,CCS de Catió.
Bem vindo a esta família.
Fernando como facilmente podes reconhecer, este comentário anterior foi lapso.
Cumprimentos
Esclarecendo um equívoco:
- não há notícia de que um «1º Cabo Mecânico Realinho», tenha falecido no TO-Guiné;
- o veterano Fernando Sucio refere-se ao ocorrido no sábado 04Nov72, no itinerário Binar > Bula: morreram dois praças mecânicos auto-rodas, da CCS/BCav8320, designadamente o 1º Cabo Augusto dos Reis Amorim, e o Soldado Carlos Manuel Malheiro;
- o referido 1º Cabo Realinho - de seu nome completo, António Morais Realinho -, era escriturário e estava em rendição individual colocado na CCac5 adida ao BCac2928, quando na 5ªfeira 24Ago72 se encontrava num café em Bula, onde foi deflagrada uma «granada IN com retardamento» que lhe causou a morte; cerca de dois meses antes de Fernando Sucio ter desembarcado em Bissau.
É verdade que morreram, esses dois mecánicos, que iam a "BINAR" arranjar o CAROCHA do fotografo, não foi de Binar a Bula, mas sim Bula a Binar, já não me lembrava dos nomes, que agora recordo, Foi de Blula porque estava a formar-se a coluna para Binar, e eles anteciparam a ida, não foi um africano que veio avisar, pouco tempo depois de partirem ouviu-se o fogaxal. Lembrome que o condutor da ambulãncia, que lá foi, o Manel Barbeiro, dizer que na estrada em 100 ou 200 metroas eram só corpos. O africano que fugiu para o capim contou foi, que eles, depois do ataque atravez duma "ROKTADA",sobre o camião, queriam levalos, e eles recusaram, foi quando lhes deram um tiro na cabeça e outra mesmo na vista, e o não sei se empregado, se o dono, foilhe cortadas as pernas com rajadas foi. Eu estava na rotunda na altura, pois fomos ao café do "sº.SILVA" e estava a formar-se a coluna, que era feita a segurança, pelas PANHARES.
Quanto ao episódio da chegada a Bula, eu tive muita sorte, pois o "REALINHO" escriturário amigo dum amigo, a quem fui substituir, só nao estavamos no café, porque estava um primo meu na messe de sargentos, e fomos lá "ENCHER A BLUSA" e por isso não estava lá, caso contrário era suposto lá estas, e não sei o que teria acontecido.
Vejo que estas bem decomentado, pois eu já não lembro nomes nem datas.
Vou enviar o meu contacto, assim como o camarada, Fernando Sucio, com quem estive no convivio da Trofa e ficou de me enviar umas fotos. Eu fui dos que comprei o livro, e agradecia que não esquece-se, pois gostei imenso, o seu nome agora já me é familiar, pois o polotão de morteiros esteve sempre em Bula. (zecabarcelos@iol.pt)
Envio um forte abraço a todos, e muita saude.
Se tiveres decomentos
... «itinerário Binar a Bula», cf consta em cada uma das fichas publicadas pelo EME na "Resenha [...]".
Tendo sido, de facto - e como seria óbvio, visto estar aquele batº aquartelado em Bula -, «de Bula para Binar», restará a quem interessar possa notificar a CECA/EME, no sentido de eventual rectificação... caso haja verba (?!) para segundas edições; o que muito se duvida.
Eu como já referi, estava no café do S. Silva, que ficava perto da rotunda, onde se formava a coluna, para BINAR, e assisti há formação da mesma, e a coluna ande se estava a formar, quando se ouviu o FOGAXAL, ficamos todos em pánico, uma vez que se soube logo que essa viatura, tinha arrancado, e que iam lá os dois militares, mecánicos da CCS. O Amorim e o Malheiro. Esta é a versão pois eu estava lá.
É verdade que o 1º cabo Realinho era escriturário no Batalhão de Bula e era quem, diariamente, ia a Bissau buscar o correio. O Realinho morreu à porta do café Silva, no início da noite do dia 24 de agosto72, por ali ter sido posta uma granada.
Mais tarde - em 23 de setembro -foi descoberto pela PIDE o responsável. Tratava-se de um soldado condutor negro, de nome Correia Dias, do Esquadrão das Panhards, onde eu fui furriel. Eu mesmo e o então tenente Armando APARÍCIO, também do Esquadrão, conduzimos aquele nosso soldado, por ordem da PIDE, à prisão do batalhão.
-Também esta estória consta no meu livro ULTRAJES NA GUERRA DO ULTRAMAR, feito a partir de um meu diário que, meticulosamente, fui fazendo enquanto andei na tropa.
Leonel Olhero
Confirmo a versão do NAVEG. Eu pertencia à CCS do Bat Cavª 8320. Estava no quartel nessa altura. Pouco depois o comandante do Batalão, Ten.Cor. Alfredo Alves Ferreira da Cunha entrou na secretaria da CCS a informar-nos dessa triste notícia.
"Tocou-me" o serviço à capela do batalhão, onde se encontravam os dois corpos: O do Augusto dos Reis Amorim, descalço e com um tiro na cabeça (num olho) e o do Carlos Manuel Malheiro, todo esburacado com estilhaços.
Na Guiné muitos faleceram em combate directo mas muitos outros morreram por descuido, por impaciência, neste caso não quiseram esperar pela coluna militar, ainda por cima naquela estrada Bula-Binar, na curva, onde o IN se escondia atrás do capim.
Um outro indivíduo que ficou ferido foi o Cardoso, o fotógrafo que tinha a loja na rotunda de Bula. Disseram-me que dias depois veio para Portugal para tratamentos no hospital da Parede (Cascais).
Hoje, 4 de Novembro de 2018, faz 46 anos que estes acontecimentos ocorreram
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