sábado, 16 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11262: Fantasmas ...e realidades do fundo do baú (Vasco Pires) (8): Terei estado no "bem-bom de São Domingos"?

1. Em mensagem do dia 9 de Março de 2013, o nosso camarada Vasco Pires (ex-Alf Mil Art.ª, CMDT do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72), levanta algumas dúvidas à sua própria afirmação de que no segundo trimestre de 1972 esteve estacionado em S. Domingos.


FANTASMAS DO FUNDO BAÚ

8 - São Domingos?

Caros Luís Graça/Carlos Vinhal,
Quando recebi o honroso convite de ingressar nesta "Grande Tabanca", expliquei que estou a morar no interior do Brasil, e que os meus pertences estavam em São Paulo, assim fui dispensado de na altura apresentar uma foto da Guiné.

Nós, de rendição individual, por vezes tínhamos que esperar substituto, que normalmente tardava. Como o Comandante do GAC7 (GA7) não podia ficar sem Oficiais e Sargentos, sempre que possível, enviava-nos nesse "excedente" de comissão, para um lugar de fraca ou nula atividade operacional.

Ao fim de mais de vinte meses de comissão, a maior parte deles passada em Gadamael, mandaram-me para a sede de um BCAV no Norte. Lá a atividade operacional da artilharia era nula, assim quando cheguei, falei para os Furriéis, que a minha comissão tinha terminado (21 meses), mas faltava o substituto.
Eram excelentes profissionais, tomaram conta do Pelotão e respeitaram a minha "aposentadoria" e, como eu pedi, só me chamariam quando houvesse algum problema, o que nunca aconteceu.

Entretanto, pedi ajuda à minha companheira do pós-guerra, que gentilmente me cedeu uma foto de um álbum, como não lembro datas dessa época, ela também me informou que eu voltei da Guiné em Julho 72.

Quando recebi essa primeira foto, dentro de um jipe, ao lado de outro oficial, pelo comprimento do cabelo e pelo uso de indentificação de posto, vi que era do fim da comissão, logo seria do segundo trimestre de 72. Um nome surgiu de imediato: SÃO DOMINGOS.



Resumi no P10525, os meus últimos meses na Guiné, que o editor apelidou de: "...bem-bom de São Domingos..."
Aí alguns camaradas reagiram, e disseram que São Domingos não era um "resort", mas: "...era bombardeamento diário. Não havia comida, não havia bebida ou até luz..."

Podiam ser outras datas, ou visões diferentes de uma mesma realidade, já que ela é "multifacetada" e ao fim de quarenta anos "esfumaçada".

Agora que veio outra foto dessa época, o nome que continua vindo à memória é São Domingos.

Na foto estão os oficiais do Comando do BCAV e CCS: a partir da esquerda, Capitão de uma CCAV (ou CCS), Major de Operações, Tenente-Coronel Segundo Comandante (que não queria me deixar voltar para casa ao fim de 24 meses), a partir da direita Tenente da CCS, Vasco Pires.
Os outros Oficiais lamentavelmente não consigo identificar.

Entretanto li neste Blog que a partir de certa data deixou de ser sede de Batalhão, aí surgiu a dúvida, será que eu errei "o nome do Santo"?

Cordiais saudações
VP
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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 9 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11223: Fantasmas ...e realidades do fundo do baú (Vasco Pires) (7): Fotos de um líder, do Cap Op Esp Fernando Assunção Silva

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro camarada artilheiro V.Pires

Sei que ao fim de 40 anos já vai faltando a memória dos factos, digo isto porque quando referes que o T.Coronel não te queria deixar vir embora ao fim de 24 meses de comissão..se foi mesmo assim este só revelou ignorância ou fingiu que ignorava,porque os pelarts estavam destacados nos aquartelamentos para os defender e apoiar os infantes no mato.

Hierarquicamente dependíamos directamente do Gac7 em Bissau,apenas ficávamos adidos a uma comp. ou ccs para efeitos de alimentação.
Como é óbvio a nossa rendição era feita por ordem expressa do gac7.

Se estivesse no teu lugar tinha mandado o tal t.coronel a "dar uma volta ao bilhar grande".

Saudações artilheiras


C.Martins

Anónimo disse...

Caro C. Martins,
Muito obrigado pela "solideriedade artilheira"; nós que não temos Batalhões ou Companhias para nos apoiar.
Felizmente, foi resolvido a contento,no P10525, relato o "causo":

"O máximo que consegui foi autorização para ir a Bissau para ver se conseguia um substituto. Ao chegar ao GAC 7 (ou já seria GA 7?), fui-me apresentar ao Comandante, que acredito era o Coronel Cirne Correia Pacheco, que me recebeu cordialmente, e logo disse que ia mandar-me para casa, ao que eu retorqui:
- Infelizmente, não vai ser possível, porque o nosso Tenente-Coronel disse que é ele que manda, e não vai autorizar.

Vi que tinham sido "santas palavras", pois ele limitou-se a dizer
- Ah é, ele disse que é ele quem manda ?!
- Sim, senhor, meu Comandante - ousei dizer.

Imediatamente ordenou a quem de direito provedenciar os meus papéis."
forte abraço
Vasco Pires