segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12416: Boas festas 2013/14 (1): No próximo ano, os mais novos de nós irão dizer: "A guerra acabou... há 40 anos!"


Lisboa > Praça do Comércio > 1 de dezembro de 2013 > A "árvore de Natal" de 2013

Foto: © Luis Graça (2013). Todos os direitos reservados.

1. Amigos e camaradas da Guiné que fazem, editam, alimentam, comentam, acompanham, criticam, leem e divulgam este blogue desde há quase dez anos,  desde 23/4/2004 (data do 1º poste, na 1ª série)...

É difícil, se não quase impossível, ignorar o calendário, as festas, os feriados, o Natal, a passagem do ano... Somos seres circadianos (quer dizer: temos a duração ou a periodicidade de cerca de um dia, e 7 dias são uma semana, e 30 dias um mês, e 365 dias um ano)... Além disso, vivemos hoje na aldeia global, em plena galáxia da Internet e no meio do circo mediático, bombardeados por milhões de "bites" [ou baites], sem grande margem de manobra para as emoções e sobretudo o silêncio. Precisamos cada vez mais de silêncio, e ele é tão difícil de obter...É tão importante o silêncio como o oxigénio que respiramos... O silêncio e a solidão para de tempos a tempos nos reencontrarmo-nos com nós mesmos...

Enfim, não há escapatória: daqui a vinte e poucos dias, entramos em 2014. E estamos mais velhos, um ano mais velhos do que em 2013, dois anos mais velhos do que em 2012 e por aí fora. Muito mais velhos, seguramente,  do que no tempo (1961/74) em que fizemos a guerra colonial na Guiné. Basta compararmos as fotos de ontem e as de hoje...

Em 2014, em setembro ou outubro de 2014, decorrerão 40 anos desde que os últimos de nós saíram da Guiné. E todos esses camaradas, "os últimos soldados do império",  estarão já na casa dos 60...

As festas que se aproximam (o Natal e o Ano Novo) são sempre, na nossa cultura, um pretexto para invocar o tempo, a passagem (inexorável) do tempo, a nossa condição circadiana, ou para relembrar a impossível tríade passado-presente-futuro. Para uns o tempo é um continuum: o futuro está inscrito no passado e no presente. Para outros, há soluções de continuidade: o passado é o passado, e o futuro é o que houver de ser...

Esta nova série ("Boas festas 2013/14") não tem quaisquer propósitos filosóficos. Deixemos para os filósofos e para os poeta o discurso do (ou sobre o) tempo. Se há uma mensagem, só pode ser epicurista: carpe diem, goza os dias do outono e do inverno da tua vida, camarada e amigo! Não temos mais 20 anos,  já temos mais  a vida toda... à nossa  frente! Mas,  que importa!, se esse é o preço que pagamos por essa coisa maravilhosa que é a vida... Afinal, estamos a envelhecer desde que nascemos...

Aprendamos, isso sim,  a envelhecer com a mesma dignidade e coragem com que enfrentámos e vencemos as ameaças e os desafios que se puseram à nossa juventude, nos idos de 60/70 do século passado.. O tempo transcorrido, nestes últimos 50/40 anos,  é a matéria-prima da nossa memória, podemos (e devemos) transformá-la em informação, conhecimento e sobretudo sabedoria (, três produtos que não são exatamente a mesma coisa...). Com 90% de transpiração e 10% de inspiração, podemos pôr o tempo ao nosso serviço, ao serviço do exercício do direito (e do dever) de memóriam de toda uma geração. 

2. Amigos e camaradas, o melhor voto que eu pessoalmente vos desejo, em meu nome e do "bom irã" que há cerca de 10 anos nos acompanha (leia-se: metaforicamente falando, o espírito do nosso blogue, a nossa camaradagem, a nossa amizade, a nossa camarigagem) é que continuemos a resistir, tanto quanto pudermos e soubermos, à "usura do tempo"! ...

É o meu voto fraterno e natalício, mas julgo que estou também a interpretar o sentimento de todos os demais amigos e camaradas da Guiné, a começar pelos restantes editores e colaboradores permanentes do blogue!

Dito isto, aproveitem, alegre, generosa, solidaria e descomplexadamente,   este espaço para continuar a animar a malta, mandar dicas, surpreender-nos, contar segredos (pequenos ou grandes), abrir portas e  janelas, rasgar horizontes, transpor colinas (, já não falo de montanhas!), revelar talentos, em suma, para continuar a comunicar, a "pôr em comum"...Enfim, aproveitem este espaço para continuar a falar dos nossos saberes, seres e lazeres, para continuar a partilhar memórias e afetos... Quanto ao resto, é como no futebol: prognósticos, só no fim do jogo!...

Quanto às prendas do Pai Natal, já sabem o que é o blogue mais precisa e mais aprecia: mais camaradas, mais histórias, mais documentos, mais testemunhos, mais livros, mais fotos...

O blogue tem horror ao vazio. Mandem-lhe um saco cheio de prendas (incluindo revoadas de "periquitos")!...LG





Vídeo (2' 23''): Luís Graça (2013). Alojado em You Tube > Nhabijoes

Lisboa > Igreja de Santo António de Campolide (*) > 8 de dezembro de  2013 > Concerto Mariano, Coro Municipal da Lourinhã, dirigido pelo maestro Carlos Alves >  "Adoração ao Menino", canção tradicional de Natal, Alvados, Porto de Mós. [Recolhida por António Oleiro;  arranjo musical  de J. V. Narciso]

Tive, ontem, a oportunidade de reencontrar conterrâneos e amigos da Lourinhã, minha terra natal. Apreciei os notáveis progressos do nosso Coro Municipal, agora sob a direção musical do jovem e talentoso Carlos Alves. Conheci, igualmente, o padre João Nogueira, natural das Caldas da Raínha, e atualmente pároco da freguesia de Santo António de Campolide. Também já foi pároco de A-dos-Cunhados (, a terra do nosso João Crisóstomo), onde deixou muitos e bons amigos. Trava, há 15 anos, um luta desigual contra a burocracia do Estado, pela restituição da igreja da sua freguesia (antiga capela do colégio dos jesuítas) que está em estado de grande degradaçaõ e corre de ruir ou incendiar-se. O proprietário do edifício é o Ministério das Finanças.  O edifício está classificado como imóvel de interesse público, desde 1993. "A nossa preocupação é a posse, pois o facto de o Estado ter a tutela da igreja é impeditivo para nos candidatarmos a fundos e subsídios", lamentou o padre João Nogueira ao DN - Diário de Notícias (10/4/2010). Para ele e os seus paroquianos, vai um abraço natalício, solidário. L.G.


Letra:

Bendito e louvado seja
O sagrado nascimento
Do Menino Jesus,
O sagrado nascimento
Do Menino Jesus,
Do Menino Jesus.

O fogo da sua chama
Ele nos abrase d'amor
E nos sirva de luz,
Ele nos abrase d'amor
E nos sirva de luz,
E nos sirva de luz.

Bendito seja Maria,
A Mãe do Nosso Senhor,
Do nosso Deus Divino,
A Mãe de nosso Senhor,
Do nosso Deus Divino,
Do nosso Deus Divino.

Numas palhas em Belém
Deu à luz Nossa Senhora
Um pobre menino,
Deu à luz Nossa Senhora,
Um pobre menino,
Um pobre menino.

Bendito e louvado seja
O sagrado nascimento
Do Menino Jesus,
O sagrado nascimento
Do Menino Jesus,
Do Menino Jesus.

__________________

Nota do editor:

(*) Igreja do Antigo Colégio Jesuíta de Campolide, fundado em 1858 pelo Padre jesuíta Rademaker, atual Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, foi construída entre 1879-1884, sob a invocação da Imaculada Conceição. Classificada como Imóvel de Interesse Público, traduz um exemplo de arquitetura revivalista da época, de tipologia neorromânica, apresentando nave única e ampla capela-mor, abobadadas, merecendo destaque a decoração interior em estuque, marmoreado, e os vitrais dos janelões. Desde 1938 é Igreja Paroquial de Campolide, dedicada a Santo António. (Fonte: CML).

Aqui funcionou, depois de 1910 e até ao 25 de abril de 1974, o Regimento de Caçadores nº 5, também, conhecido como o Batalhão de Caçadores 5, de Campolide. (Espero que o nosso infatigável colaborador, bom amigo e melhor camarada José Martins nos elucide melhor sobre a história desta unidade).


Vd. também Wikipedia > Colégio Jesuíta de Campolide


[Imagem à esquerda: Colégio de Campolide (1858-1908). Data 1 de janeiro de 1908.Origem Álbum de Ouro do Colégio de Campolide (1908). Autor Colégio de Campolide.

Fonte: Wikipedia (com a devida vénia...)

6 comentários:

José Botelho Colaço disse...

Luís só tu podias escrever esta bela, linda mensagem de Natal sobre o nosso blogue, quanto ao resto prognósticos ser como no futebol; aqui não há resultados encomendados ou comprados.
As nossas vidas não há dinheiro que as pague.

Um braço amigo.
Colaço.


Anónimo disse...

Caro amigo camarada Luís,apesar das minhas outrora limitações nas leituras e até por vezes escrever, submeti me o esforço de ler o texto que escreveu no no n/ Tabanca Grande,foi para mim, foi uma satisfação nesta ocasião festiva.
Bem-haja a todos Camaradas na minha condição, mas que leiam. Alfa brafo
B. Djaura

germano Penha disse...

Para todos os camaradas da Tabanca Grande e não só,queria que este Natal e a vinda do Novo Ano servisse de motivação para uma coisa tão simples e tão difícil ao mesmo tempo....VIVER.

Anónimo disse...

Que este Natal nos traga mais esperança pois o tempo vai passando por todos nós e já não temos tempo a perder. BOAS FESTAS PARA TODOS OS TABANQUEIROS E RESPETIVAS FAMILIAS.

José Carlos Gabriel

Mário Vasconcelos disse...

" À volta de um tempo que não volta"

Agora, que o sol se vai deitando, e a luz ténue nos veste, sentimos mais as alegrias perdidas e as tristezas, inutilmente, relevadas.
Foi tempo...Um outro tempo.
E o que dispomos precisa de ser assumido com outros olhos.
É que começa a ficar tarde!
Tarde, para quase tudo: abraçar os que foram e os que nos vêem, mas o não sentem.
Quantas infantilidades cometemos, em prol de orgulhos, que pretensamente maiores nos fariam.
Quantas horas desperdiçadas quando o tempo já urgia, e nós assim o não entendemos.
Oh,quão diferente seria, se desde o berço, nos ensinassem a pequenez do tempo!
Pequeno, para a obra desejada e muita vez não conseguida.
Urge patrulhar, agora, os tempos próximos, como muitos o fizeram nos trilhos percorridos.
Olhares atentos, ouvidos em permanente escuta.
O meu abraço natalício, para todos,e principalmente para aqueles que nunca tiveram uma defraudada gerência do tempo.

Joaquim Luís Fernandes disse...

Caro Camarigo Mário Vasconcelos


Belo Poema, com uma mensagem forte, refletida, madura, só possível por quem "já de lá vem".

Só replico:- Atrás de tempos vêem novos tempos, nova vida,nova esperança. E o tempo é agora nas oportunidades que se nos oferecem. E haverá sempre um amanhã a projetar-nos para a eternidade.

Ocorre-me "As Confissões" de Sto. Agostinho;(...) Tarde te amei, hó Beleza ..."

Agostinho buscou e encontrou o Caminho... e recuperou e ganhou o Tempo.


Um forte e solidário abraco que trasporte toda a Esperança de uma vida feliz, que as festas natalícias nos recordam.

JLFernandes