terça-feira, 21 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13777: Em busca de... (249): A verdade sobre um ataque simulado por um Grupo de Combate da CART 1659 a Ganturé (Luís Guerreiro)

1. Mensagem do nosso camarada Luís Guerreiro (ex-Fur Mil, CART 2410 e Pel Caç Nat 65, Gadamael e Ganturé, 1968/70), com data de 15 de Agosto de 2014:

Bom dia amigo Carlos
Já há algum tempo que tenho este assunto para esclarecer sobre Ganturé, e agora que há um camarada da CART 1659, o Mário Vitorino Gaspar, talvez ele possa confirmar ou não, se foi verdade o que vou relatar.

A minha Companhia, a CART 2410, chegou a Gadamael a 2 de Outubro de 1968, para render a CART 1659. O meu grupo de combate seguiu imediatamente para Ganturé, onde permaneceu 4 meses.
Depois de instalados e de fazermos o reconhecimento da população, sentimos uma certa reticência por parte dela, o que se manteve por umas semanas, mas como éramos novos no local, pensámos ser essa a razão.

Durante um almoço em que convidamos o régulo Habib, ele contou-nos o seguinte.
Aparentemente a relação entre a população e um grupo de combate da CART 1659, em Ganturé, não era o melhor, e o que se passou terá sido durante um batuque.
Segundo o régulo, um ataque ao destacamento foi simulado por esse grupo de combate, e uma granada de mão terá sido lançada para o meio da população. Faleceram algumas bajudas, ferindo outras que foram evacuadas para Bissau, devido à gravidade. A cavilha da granada foi encontrada no local do Batuque.



A bajuda da esquerda foi uma das feridas

Aparentemente houve uma investigação com pessoal vindo de Bissau, mas no final nada ficou esclarecido, porque a população dizia uma coisa e os militares do grupo de combate diziam outra, confirmando que tinha sido um ataque.

Passados uns tempos ganhamos a confiança da população e o meu grupo de combate passou quatro excelentes meses, apesar dos ataques sofridos.

Gostava que o camarada Mário Gaspar pudesse confirmar ou não o que se passou.

Por hoje termino com um grande abraço.
Luís Guerreiro
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Nota do editor

Último poste da série de 11 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13596: Em busca de... (248): Pessoal do Pel Mort 2297 (Bula, 1969/71)... a que pertenceu o meu pai, Eurico Lopes Pereira, natural de Boticas...Quero levá-lo lá, em 2015 (João Pereira, a residir em Angola)

6 comentários:

Anónimo disse...

Creio que nem vale a pena dizer nada sobre este caso. Se o Luís Guerreiro acredita que foram as nossas tropas...pois fique-se com essa. Francamente!!!
De:Veríssimo Ferreira

Anónimo disse...

Olá Camaradas
Não creio que o Gr. Comb. destacado em Ganturé tenha feito "aquilo".
O aparecimento de uma cavilha de granada portuguesa, por si só, não prova nada. E porque não um atentado do PAIGC contra a população de uma tabanca cujo régulo colaborava activamente com as NT? Não sei como era em Gadamael/Ganturé, mas em Cacine, em Mansabá e principalmente, no Xime/Enxalé, o PAIGC estava...
Hoje não me restam dúvidas.
Por mim, gostaria que o Adelino contasse aquela "estória" cómica de um fornecimento de vinho em garrafão à CArt e que deu direito a um troca de correspondência com a Intendência.
Um Ab.
António J. P. Costa

Anónimo disse...

Olá Camaradas
Enganei-me no nome do Gaspar, peço desculpa. Chamei-lhe Adelino. As minhas desculpas.
Um Ab.
António J. P. Costa

Luis Guerreiro disse...

Camarada Verissimo

Eu não disse que acreditava,só
mencionei o que tinha sido dito
pela população.
Fiz somente uma pergunta ao camarada Gaspar, sobre o que ele sabia do
assunto.
Não estou a julgar ninguém.

Luis Guerreiro

Mário Vitorino Gaspar disse...

Camarada Alfa Bravo

Eu, Mário Vitorino Gaspar, Ex-Furriel Miliciano, Atirador com a Especialidade de Minas e Armadilhas da Companhia de Artilharia 1659 – CART 1659 (ZORBA), com o lema “Os Homens não Morrem”, e fiz a Comissão em Ganturé e Gadamael Porto, de JAN67 a OUT68.
Disseste seres Médico, conheço muitos Médicos e igualmente amigo dos meus amigos. Até no Serviço Militar conheci um Aspirante Miliciano Médico no RI 14, em Viseu. O seu nome Magalhães. Encontrei-o mais tarde nas Voltas a Portugal em Bicicleta, e a informação que tenho é que morreu ainda novo.
Como fui fundador da APOIAR - Associação de Apoio aos Ex-Combatentes Vítimas do Stress de Guerra: - “dois anos Vogal e Secretário; três anos Vice-presidente e 6 anos Presidente da Direcção Nacional. Sempre na Direcção Nacional. O que fizemos? Conseguimos que fosse uma Lei que reconhece o Stress Pós Traumático de Guerra como doença; que fosse criada a Rede Nacional de Apoio às Vitimas da doença, e de igual modo a família. Assinaram três Associações um Protocolo com o Mistério da Defesa (APOIAR, ADFA e APVG) – aqui o Ministério foge com o rabo à seringa porque se desliga – e respondi que este Ministério erro o tutor. O Ministério da Defesa organizou três Workshops, em Lisboa, Coimbra e Porto. Tinham aceite por unanimidade a intervenção do Médico de Família. Ao verificarmos após reuniões com os Centros Regionais de Lisboa, Santarém e Liboa, verificámos que existia falta de Médicos de Família, e fizemos uma proposta no sentido do Modelos 1 e 2 serem preenchidos pelas Associações preparadas para darmos repostas inicialmente nestes três distritos. No Protocolo reivindicámos que nos fosse atribuída uma verba para pagar ao Clínico Geral o que foi aceite. Responsabilizámo-nos e dar consultas de Clínica Geral onde fosse necessário, demos a possibilidade dos nossos Psicólogos Clínicos receberem formação na área e o Psiquiatra recebeu a mesmíssima formação. Reunimos com as Câmaras dos Distritos de Setúbal, Santarém e Lisboa. Depois de feito um levantamento responsabilizámos o Ministério da Saúde – que lavou as mãos como Pilatos – querendo dizer existirem leis, aprovadas por unanimidade na Assembleia da República. Negociámos depois de nos reunirmos com as Câmaras de Santarém (aqui faltaram as Câmaras de Sardoal, Ourém e Fátima; em Lisboa tínhamos o apoio na APOIAR – com instalações novas; em Benavente e Almeirim onde existiam locais para darmos o acompanhamento. Em Setúbal contávamos abrir uma Delegação. Entretanto organizámos Colóquios em todo o país, exceptuando a zona de Covilhã, Guarda e Portalegre. Sobre a formação de Técnicos credenciados organizámos com o apoio do Serviço de Psicoterapia Comportamental Cursos e tínhamos por objectivo levar mais a efeito. Tivemos – e foi nos derradeiros sei anos que fiz como Presidente – reuniões com a Presidência da República; Governo, Presidentes da Assembleia da República, Comissões Parlamentares, Grupos Parlamentares, Partidos, CGTT e UGT, Órgãos de Comunicação Social (portugueses e estrangeiros), Associações, Seminário e muito mais. Estive em Bruxelas no Parlamento Europeu em que tivemos possibilidades de falar: dois discurso.
Quanto aos Médicos não estarem preparados, acho que deviam conhecer as Leis, e há sempre a possibilidade de enviarem os doentes com essa patologia para as Associações vocacionadas para esta problemática. Muitos dos sem abrigo são ex-combatentes, perdi algumas noites a percorrer Lisboa.
Em relação ao José Silveira da Rosa discordo totalmente quando diz que começa logo a estar errado no título do Livro. O título é: “Guiné - «a cobardia ali tinha lugar». Não vale a pena alongar mais: - “Mas será que os cobardes tinham lugar na Guiné? Com certeza que não. Somos seres humanos, e após as emboscadas, os ataques o meu coração acelerava – tinha medo – mas de imediato tudo era claro, e tomávamos as decisões acertadas. Sei que hoje é possível darem-me razão nos saltos de pára-quedas e quando salta e com um aparelho de detecto o ritmo cardiaco no avião e na caída no solo.

Cumprimentos

Mário Vitorino Gaspar

Mário Vitorino Gaspar disse...

Caros Camaradas da Tabanca Grande,

Convido-te a estares presente na Apresentação do meu Livro "O Corredor da Morte", no dia 28 de Outubro pelas 15H00, no Auditório Jorge Maurício da Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA), no Edifício ADFA na Avenida Padre Cruz, em Lisboa, após o Estádio do Sporting de Portugal e depois do Instituto Ricardo Jorge.

O Livro foi Lançado no Forte do Bom Sucesso a 22 de Maio, presidindo a Mesa o Presidente da Direcção Central da Liga dos Combatentes General Joaquim Chito Rodrigues. Estiveram igualmente na Mesa o Psiquiatra Doutor Afonso de Albuquerque como autor do Prefácio; a Professora Ermelinda Caetano que fez a Apresentação, e representou a Academia de Seniores de Lisboa: o Presidente da Direcção Nacional da APOIAR, Jorge Gouveia e eu como autor do Livro, Ex-Furriel Miliciano da Especialidade de Minas e Armadilhas e um Ex-Combatente na Guiné.

Nesta Apresentação

A Composição da Mesa é a seguinte:

- Preside a Mesa o Presidente da Direcção Nacional da Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA), Comendador José Eduardo Gaspar Arruda;
- A Apresentação do Livro vai ser feita pela Professora Ermelinda Caetano e
- Mário Vitorino Gaspar como Autor do Livro falará sobre o mesmo.

Um grande abraço

Mário Vitorino Gaspar

Talvez tenha oportunidade de falar do Livro de José Silveira da Rosa "Guiné - «a cobardia ali não tinha lugar»,no Capítulo 9 descrevo o sucedido no dia 4 de Julho em Ganturé.
Façam um Golpe de mão à ADFA.
Cumprimentos
Mário Vitorino Gaspar