Foto (e legenda): © Idálio Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné > Zona leste > Bafatá > c. 1968/70 > “Sintra de Bafatá”. Caminho que ia de junto do Mercado até à Mãe d’Água e casa do comandante do Esquadrão. Todo o percurso era ensombrado, como os caminhos da mata de Sintra. Na foto, o Fernando Gouveia, à civil.
Foto (e legendas) © Fernando Gouveia (2013). Todos os direitos reservados.[Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
[O Fernando Gouveia não quis identificar o Esquadrão, mas o último do seu tempo, foi o Esq Rec Fox 2640, Bafatá, 1969/71, cujo comandante era o cap cav Fernando da Costa Monteiro Vouga; reformou-se como coronel, e é autor de diversos livros sob o nome de Costa Monteiro].
Foto (e legendas) © Fernando Gouveia (2013). Todos os direitos reservados.[Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné > Zona Leste > Contuboel > A dolce vita dos dois primeiros meses de comissão... Luís Graça (CCAÇ 2590 / CCAÇ 12) e Renato Monteiro (CART 2479 / CART 11), em passeio pelo Rio Geba, em junho ou julho de 1969: Passeio de piroga junto à ponte de madeira de Contuboel, sobre o Rio Geba... Nunca soube quem nos tirou esta foto... fabulosa. Levei 40 anos a tentar recordar-me do nome do barqueiro...
Foto (e legendas) © Luís Graça (2005). Todos os direitos reservados.[Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Do José Nascimento, ex-fur mil da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) publicámos há dias um poste com fotos do destacamento de Ondame e praia de Biombo, a que ele chamou "um pequeno paraíso, um oásis de paz" (*)... Aqui passou os últimos meses da sua comissão, tendo escrito o seguinte sobre este lugar:
"Adeus, meu pequeno quartel do Biombo, adeus a este pequeno paraíso por onde a guerra não passou, adeus aos mais belos tempos desta parte da minha juventude, parto para a Metrópole, mas deixo aqui o meu coração".
Era um "pequeno paraíso", um "oásis de paz", para quem, como ele, tinha vindo do "inferno do Xime"... Foi uma bela prenda de fim de comissão... Só que não havia "praias de Biombo" para todos...
(i) Contuboel
Falando de "oásis de paz", eu só conheci um, em junho/julho de 1969, quando fomos (a CCAÇ 2590, meia centena de "tugas") dar a instrução de especialidade e a IAO aos nossos soldados do recrutamento local (uma centena), formando mais tarde a CCAÇ 12... Esse sítio chamava-se Contuboel (região de Bafatá). E havia um corredor Bafatá - Contuboel - Sonaco, "livre da guerra", nessa altura...
Em Contuboel funcionava nessa época um Centro de Instrução Militar... E num raio de 15 km eu achava que se podia ainda andar desarmado... Fizemos a IAO com cartuchos... de pólvora!
2. Será que havia outros pequenos paraísos e oásis de paz no TO da Guiné, ao longo dos anos de guerra em que lá estivemos? Parece que sim, alguns já aqui foram referidos (e documentados) no nosso blogue:
(ii) Susana / Varela / Praia de Varela (no Cacheu)
Ainda há dias encontrei o antigo comandante da CCAÇ 1791, que hoje deve ser coronel reformado, o então cap inf António Maia Correia, pai de uma amiga e colega minha. Só temos uma referência sobre esta companhia, que também fez a Op Lança Afiada, em março de 1969, no setor L1 (Bambadinca). Acabou a comissão (abril / agosto de 1969) em Susana, e o antigo comandante disse-me que, como prémio, cada pelotão passou um mês em Varela, que era "a Sintra da Guiné"...
Antes de Susana, a CCAÇ 1791 / BCAÇ 1933 passou por Encheia, Contuboel, Geba, Empada, Biambe, Bula, Bambadinca...
(iii) Cansissé
Outro oásis de paz terá sido Cansissé, pelo menos para quem vinha do "inferno de Gandembel", como foi o caso da CCAÇ 2317:
Ver aqui os postes do Idálio Reis:
2 de agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1016: Cansissé, terra de mil encantos (Parte III) (Idálio Reis, CCAÇ 2317, Julho de 1969)
12 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P954: Cansissé, terra de mil encantos (Parte II) (Idálio Reis, CCAÇ 2317, Julho de 1969)
12 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P953: Cansissé, terra de encantos mil (Parte I) (Idálio Reis, CCAÇ 2317, Julho de 1969)
(iv) Bafatá
Tirando os Bijagós (onde não havia sinais de guerra), com destaque para Bubaque..., não haveria muitos mais "oásis de paz" na Guiné, durante a guerra... Talvez Bafatá, no tempo do Fernando Gouveia (1968/70):
Vd.poste de de 12 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12434: Roteiro de Bafatá, a doce, tranquila e bela princesa do Geba (Fernando Gouveia) (10): A Mãe d'Água ou a 'Sintra de Bafatá', local aprazível e romântico onde se realizavam almoços dançantes para os quais se convidavam os senhores alferes, alguns furriéis e as moças casadoiras
Mas os nossos camaradas, nossos leitores, talvez saibam de outros "secretos paraísos", "oásis de paz", perdidos pela pequena e bela Guiné do nosso tempo... Vamos lá desenterrar essas memórias (**)...
"Adeus, meu pequeno quartel do Biombo, adeus a este pequeno paraíso por onde a guerra não passou, adeus aos mais belos tempos desta parte da minha juventude, parto para a Metrópole, mas deixo aqui o meu coração".
Era um "pequeno paraíso", um "oásis de paz", para quem, como ele, tinha vindo do "inferno do Xime"... Foi uma bela prenda de fim de comissão... Só que não havia "praias de Biombo" para todos...
(i) Contuboel
Falando de "oásis de paz", eu só conheci um, em junho/julho de 1969, quando fomos (a CCAÇ 2590, meia centena de "tugas") dar a instrução de especialidade e a IAO aos nossos soldados do recrutamento local (uma centena), formando mais tarde a CCAÇ 12... Esse sítio chamava-se Contuboel (região de Bafatá). E havia um corredor Bafatá - Contuboel - Sonaco, "livre da guerra", nessa altura...
Em Contuboel funcionava nessa época um Centro de Instrução Militar... E num raio de 15 km eu achava que se podia ainda andar desarmado... Fizemos a IAO com cartuchos... de pólvora!
2. Será que havia outros pequenos paraísos e oásis de paz no TO da Guiné, ao longo dos anos de guerra em que lá estivemos? Parece que sim, alguns já aqui foram referidos (e documentados) no nosso blogue:
(ii) Susana / Varela / Praia de Varela (no Cacheu)
Ainda há dias encontrei o antigo comandante da CCAÇ 1791, que hoje deve ser coronel reformado, o então cap inf António Maia Correia, pai de uma amiga e colega minha. Só temos uma referência sobre esta companhia, que também fez a Op Lança Afiada, em março de 1969, no setor L1 (Bambadinca). Acabou a comissão (abril / agosto de 1969) em Susana, e o antigo comandante disse-me que, como prémio, cada pelotão passou um mês em Varela, que era "a Sintra da Guiné"...
Antes de Susana, a CCAÇ 1791 / BCAÇ 1933 passou por Encheia, Contuboel, Geba, Empada, Biambe, Bula, Bambadinca...
(iii) Cansissé
Outro oásis de paz terá sido Cansissé, pelo menos para quem vinha do "inferno de Gandembel", como foi o caso da CCAÇ 2317:
Ver aqui os postes do Idálio Reis:
2 de agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1016: Cansissé, terra de mil encantos (Parte III) (Idálio Reis, CCAÇ 2317, Julho de 1969)
12 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P954: Cansissé, terra de mil encantos (Parte II) (Idálio Reis, CCAÇ 2317, Julho de 1969)
12 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P953: Cansissé, terra de encantos mil (Parte I) (Idálio Reis, CCAÇ 2317, Julho de 1969)
(iv) Bafatá
Tirando os Bijagós (onde não havia sinais de guerra), com destaque para Bubaque..., não haveria muitos mais "oásis de paz" na Guiné, durante a guerra... Talvez Bafatá, no tempo do Fernando Gouveia (1968/70):
Vd.poste de de 12 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12434: Roteiro de Bafatá, a doce, tranquila e bela princesa do Geba (Fernando Gouveia) (10): A Mãe d'Água ou a 'Sintra de Bafatá', local aprazível e romântico onde se realizavam almoços dançantes para os quais se convidavam os senhores alferes, alguns furriéis e as moças casadoiras
Mas os nossos camaradas, nossos leitores, talvez saibam de outros "secretos paraísos", "oásis de paz", perdidos pela pequena e bela Guiné do nosso tempo... Vamos lá desenterrar essas memórias (**)...
________________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 12 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16949: Memória dos lugares (357): Biombo - Ondame, um pequeno paraíso, um oásis de paz... (José Nascimento, ex-fur mil, CART 2520, Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71)
(**) Último poste da série > 1 de novembro de 2016 > .Guiné 63/74 - P16667: (Ex)citações (321): Os Refractários, os Objectores de Consciência e os Desertores (António Carvalho, ex-Fur Mil Enf da CART 6250/72)
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 12 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16949: Memória dos lugares (357): Biombo - Ondame, um pequeno paraíso, um oásis de paz... (José Nascimento, ex-fur mil, CART 2520, Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71)
(**) Último poste da série > 1 de novembro de 2016 > .Guiné 63/74 - P16667: (Ex)citações (321): Os Refractários, os Objectores de Consciência e os Desertores (António Carvalho, ex-Fur Mil Enf da CART 6250/72)
4 comentários:
Olá Camaradas
Os oásis de paz eram mais que muitos. O que era necessário era estar pronto para observar.
E as centenas de foto que por aí vão surgindo comprovam-no. Os nostálgicos que lá vão sabem bem que a par das pessoas procuram os sítios e, nem sempre pelas piores razões...
O pior era o resto. Quantos "sítios da emboscada" são formosissimos? Quantas bolanhas onde tudo se atascava proporcionavam uns entardeceres belíssimos?
Já aqui falei no entardecer no Rio Cacine, mas a estrada para Cacoca tinha trechos muito belos, mesmo e especialmente em terra batida.
E os animais! Era só observar e deixá-los viver. Era a National Geographic antes do tempo.
O pior era o resto. E o resto acabava por desfear tudo.
Um Ab.
António J. P. Costa
Concordo contigo, Tó Zé, o pior era o resto... A Guiné do nosso tempo era deslunbrante, do ponto de vista paisagístico... Lembro-me da floresta-galeria ao longo da margem direita do Rio Corubal... Ou a norte do Rio Gena, nos regulados do Cuor, Enxalé, Joladu...
E o resto era a guerra: as minas e armadilhas, as emboscadas, as flagelaçõe,s os ataques, as operações, a segurança às colunas, os buracos onde dormíamos... mas também o arame farpado, a pobreza, o medo...A "beleza" do Rio Corubal ou do Rio Geba só a consegui "descobrir, muitpos anos depois, em 2008, quando lá voltei...
Eis uma das minhas primeiras impressões de Contuboel:
(...) A paisagem barroca dos trópicos não é menos desoladora do que as ilhas caligráficas do poeta: sob a tela luxuriante da natureza, os homens recortam-se, quais sombras chinesas, numa fundo aridamente linear. Eu diria: pateticamente, de pé, no limiar da História.
Aqui a consciência humana tem a dimensão da tribo, do grupo étnico ou até da aldeia. Uma precária serenidade envolve a azáfama quotidiana destes povos ribeirinhos do Geba que, no meu eurocentrismo de viajante, recém-chegado e distraído, descreveria como felizes, gentis e hospitaleiros.
O que eu observo, sob o frondoso e secular poilão da tabanca, é uma típica cena rural: (i) as mulheres que regressam dos trabalhos agrícolas; (ii) as mulheres, sempre elas, que acendem o lume e cozem o arroz; (iii) as crianças, aparentemente saudáveis e divertidas, a chafurdar na água das fontes; (iv) os homens, sempre eles, a tagarelar uns com os outros, sentados no bentém, mascando nozes de cola…
Em suma, um fim de tarde calma numa tabanca fula de Contuboel que daria, em Lisboa, uma boa aguarela, para exposição no Palácio Foz, no Secretariado Nacional de Informação (SNI).(...)
28 DE JUNHO DE 2005
Guiné 63/74 - P86: No oásis de paz de Contuboel (Junho de 1969) (Luís Graça)
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2005/06/guine-6374-lxxxvi-no-de-paz-de.html
Camarada Graça
Fui a Contubuel uma única vez, no dia 27 de Fevereiro de 1973, a ponte de madeira que se vê na foto, não devia dar tanta confiança ao pessoal,nessa data, porque passando a ponte no sentido do quartel logo que acabava a dita havia um buracão no chão, rodeado por bidões e lá dentro estavam meia dúzia de camaradas com armas.
Por engano nesse dia fui parar a Contubuel para a coluna dar transporte a 3 Pel. Gemil, depois regressamos à minha casa via Sonaco.
Esses pelotões destinavam-se à ZA de Nova Lamego.
Abraços
ASantos
SPM 2558
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