Foto (e legenda): © João José Alves Martins (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné] (*)
Foto (e legenda): © João José Alves Martins (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].(**)
1. Comentário ao poste P20370 (***), por parte do nosso C. Caria , ex-alf mil art, cmdt do 23º Pel Art, Gadamael, 1973/74
da Tabanca Grande, em Monte Real
Alcance do obus 14...16 km. E da peça 11,4...18 km
17 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9915: Lições de artilharia para os infantes (5): Quando o oficial de dia fez um levantamento de rancho... (C. Martins, Cmdt do Pel Art, Gadamael, 1973/74)
4 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9852: Lições de artilharia para os infantes (4): O que era uma bateria (ou bataria)... (C. Martins, Cmdt do Pel Art, Gadamael, 1973/74)
16 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9496: Lições de artilharia para os infantes (3): Fazer a rotação, de 180º, do obus 14, para apoiar Jemberém (C. Martins, CMDT do Pel Art, Gadamael, 1973/74)
15 de fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7791: Lições de artilharia para os infantes (2): O artilheiro Doutor, Mansambo, CART 2339, 1968/69 (Torcato Mendonça)
14 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7782: Lições de artilharia para os infantes (1): Como era feito o tiro de obus 14 (C. Martins, ex-Alf Mil, Pel Art, Gamadael)
Peso de ambos sensivelmente 7 toneladas
Para pôr a peça ou obus em posição de tiro,(abrir sapatas,colocar espoleta na granada e introduzi-la no tubo, colocar carga,fechar culatra principal,introduzir escorva na culatra auxiliar, puxar cordel para accionar disparo) levava no mínimo 1 minuto para artilheiros experientes.
Após o obus estar pronto para disparar, o comandante introduzia os dados de tiro no aparelho de pontaria, verificava níveis e fazia a respectiva rectificação com a cruzeta colocada normalmente atrás do obus.
Convém referir que em situação normal de estacionamento em quartel, o obus estava em posição de tiro e as granadas estavam já com a respectiva espoleta e as cargas à disposição.
A espoleta era armada pela rotação da granada após a saída do tubo.
A velocidade da granada à saída era de 600 m /s
A elevação do tubo ía de -5º a 45º-
Se se fizessem vários tiros directos com uma elevação baixa corria-se o risco de rebentar os hidráulicos.
O grande perigo que todos os artilheiros temiam era o rebentamento da granada à boca do tubo..Invocava-se Santa Bárbara e vai disto!...
Se bem que a dotação de cada obus 14 fosse de 10 serventes, fazia-se tiro com menos, dependia da experiência de cada um.
Havia um Pel Art algures na guiné que conseguia fazer tiro de 20 em 20 segundos e, para gáudio dos infantes, terminava-se sempre com 3 tiros em simultâneo, era um "mini ronco".
Ah!, já me esquecia, a granada do 14 pesava 45 kg e da peça 11,4 25 kg. (**)
Saudações artilheiras
C.Martins
Notas do editor:
(**) Vd. poste de 26 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9947: Memórias da minha comissão (João Martins, ex-alf mil art, BAC 1, Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/69): Parte VI: Bedanda, com o obus 14: um dos locais que me deixou mais saudades...
10 de junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10019: Lições de artilharia para os infantes (6): O obus 14 de Bedanda em tiro direto... (C. Martins / Rui Santos)
Para pôr a peça ou obus em posição de tiro,(abrir sapatas,colocar espoleta na granada e introduzi-la no tubo, colocar carga,fechar culatra principal,introduzir escorva na culatra auxiliar, puxar cordel para accionar disparo) levava no mínimo 1 minuto para artilheiros experientes.
Após o obus estar pronto para disparar, o comandante introduzia os dados de tiro no aparelho de pontaria, verificava níveis e fazia a respectiva rectificação com a cruzeta colocada normalmente atrás do obus.
Convém referir que em situação normal de estacionamento em quartel, o obus estava em posição de tiro e as granadas estavam já com a respectiva espoleta e as cargas à disposição.
A espoleta era armada pela rotação da granada após a saída do tubo.
A velocidade da granada à saída era de 600 m /s
A elevação do tubo ía de -5º a 45º-
Se se fizessem vários tiros directos com uma elevação baixa corria-se o risco de rebentar os hidráulicos.
O grande perigo que todos os artilheiros temiam era o rebentamento da granada à boca do tubo..Invocava-se Santa Bárbara e vai disto!...
Se bem que a dotação de cada obus 14 fosse de 10 serventes, fazia-se tiro com menos, dependia da experiência de cada um.
Havia um Pel Art algures na guiné que conseguia fazer tiro de 20 em 20 segundos e, para gáudio dos infantes, terminava-se sempre com 3 tiros em simultâneo, era um "mini ronco".
Ah!, já me esquecia, a granada do 14 pesava 45 kg e da peça 11,4 25 kg. (**)
Saudações artilheiras
C.Martins
2. Informação do João Martins (ex-alf mil art, BAC1, Bissum, Piche, Bedanda, Gadamael e Guileje, 1967/69; vive em Lisboa: tem 55 referências no nosso blogue]
Sobre o obus 14 (cm e não mm...), ele já nos deu, em tempos, as seguintes explicações técnicas (**)::
(...) "14 cm é o diâmetro da alma do canhão. Recordo que um obus é constituído por "reparo", a parte que assenta no chão e que tem duas "flechas" à retaguarda para que não recue, o "canhão" que começa na "culatra" que é a parte onde se colocam as "granadas" e os "cartuchos" com diferentes dimensões e cargas, conforme a força impulsionadora que se pretende, e que está relacionada com a distância, e, finalmente, a "massa recuante" que é o sistema hidro-pneumática que, após o tiro, leva o "canhão" à posição inicial.
Quando estive em Bedanda, e antes de rumar a Gadamael-Porto, com destino a Guileje, os 3 obuses estavam dirigidos para 3 direções bem distintas porque os ataques eram provenientes de 3 lados bem diferenciados, pelo que, regra geral, não disparavam simultâneamente, além de que estavam em extremos do aquartelamento.
Recordo-me que um dia, alguém vestido de modo "estranho" me perguntou se os obuses disparavam só para longe, ou, também, para perto. Respondi que só para longe. É claro que, naquela noite, perceberam quando queriam entrar no aquartelamento, que também disparava para perto. Os africanos que se encontravam no interior da moranças é que não gostaram do "festival" porque as granadas, que pesam 45 kg, passaram-lhes a rasar, eu diria que entre 1 metro e 2 metros. Numa das fotografias das minhas memórias, vê-se um furriel a acimentar o chão, onde o obus rodava...
Enfim, algumas das minhas muitas recordações...que não esquecerei facilmente.. (...) (**)
Portanto, , no essencial, pode dizer-se o seguinte:
(i) a peça de 11.4 cm e o obus 14 cm eram parecidos (mesmo reparo );
(ii) a peça 11. 4 era de menor calibre mas tinha o tubo mais comprido que o obus 14.(****)
(...) "14 cm é o diâmetro da alma do canhão. Recordo que um obus é constituído por "reparo", a parte que assenta no chão e que tem duas "flechas" à retaguarda para que não recue, o "canhão" que começa na "culatra" que é a parte onde se colocam as "granadas" e os "cartuchos" com diferentes dimensões e cargas, conforme a força impulsionadora que se pretende, e que está relacionada com a distância, e, finalmente, a "massa recuante" que é o sistema hidro-pneumática que, após o tiro, leva o "canhão" à posição inicial.
Quando estive em Bedanda, e antes de rumar a Gadamael-Porto, com destino a Guileje, os 3 obuses estavam dirigidos para 3 direções bem distintas porque os ataques eram provenientes de 3 lados bem diferenciados, pelo que, regra geral, não disparavam simultâneamente, além de que estavam em extremos do aquartelamento.
Recordo-me que um dia, alguém vestido de modo "estranho" me perguntou se os obuses disparavam só para longe, ou, também, para perto. Respondi que só para longe. É claro que, naquela noite, perceberam quando queriam entrar no aquartelamento, que também disparava para perto. Os africanos que se encontravam no interior da moranças é que não gostaram do "festival" porque as granadas, que pesam 45 kg, passaram-lhes a rasar, eu diria que entre 1 metro e 2 metros. Numa das fotografias das minhas memórias, vê-se um furriel a acimentar o chão, onde o obus rodava...
Enfim, algumas das minhas muitas recordações...que não esquecerei facilmente.. (...) (**)
Portanto, , no essencial, pode dizer-se o seguinte:
(i) a peça de 11.4 cm e o obus 14 cm eram parecidos (mesmo reparo );
(ii) a peça 11. 4 era de menor calibre mas tinha o tubo mais comprido que o obus 14.(****)
____________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 10 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18397: Álbum fotográfico do João Martins (ex-alf mil art, BAC 1, Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/69) - Parte I: A caminho de Piche, con 3 peças de artilharia 11.4, em setembro de 1968
(***) Vd. poste de 22 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20370: Fotos à procura de uma... legenda (113): Camaradas artilheiros, quando media, em comprimento, o conjunto Berliet ou Mercedes ou Matador + reboque + obus 14 ou peça 11,4 ?.. 15 metros!... E quanto pesava ? 15 toneladas!... Façam lá o TPC: 9 bocas de fogo, mais 9 rebocadores, mais 9 Unimogs e Whites, mais 300 homens em armas... mais 500 granadas... Qual o comprimento (e o peso= de uma coluna destas, a progredir numa picada, no mato, de Piche, a caminho da fronteira, "Acção Mabecos", 22-24 de fevereiro do século passado, numa guerra do outro mundo ?!..
(****) Último poste da série > 30 de agosto de 2019 > Guiné 61/74 - P20107: Lições de artilharia para os infantes (7): Tal como o Strela reduziu a liberdade do nosso movimento aéreo, o radar de localização de armas (vulgo contra-morteiro) teria congelado a artilharia do PAIGC... (Morais da Silva / António J. Pereira da Costa / Luís Graça / Manuel Luís Lomba)
Postes anteriores:
(****) Último poste da série > 30 de agosto de 2019 > Guiné 61/74 - P20107: Lições de artilharia para os infantes (7): Tal como o Strela reduziu a liberdade do nosso movimento aéreo, o radar de localização de armas (vulgo contra-morteiro) teria congelado a artilharia do PAIGC... (Morais da Silva / António J. Pereira da Costa / Luís Graça / Manuel Luís Lomba)
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4 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9852: Lições de artilharia para os infantes (4): O que era uma bateria (ou bataria)... (C. Martins, Cmdt do Pel Art, Gadamael, 1973/74)
16 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9496: Lições de artilharia para os infantes (3): Fazer a rotação, de 180º, do obus 14, para apoiar Jemberém (C. Martins, CMDT do Pel Art, Gadamael, 1973/74)
15 de fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7791: Lições de artilharia para os infantes (2): O artilheiro Doutor, Mansambo, CART 2339, 1968/69 (Torcato Mendonça)
14 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7782: Lições de artilharia para os infantes (1): Como era feito o tiro de obus 14 (C. Martins, ex-Alf Mil, Pel Art, Gamadael)
3 comentários:
João Martins,
Somos ambos de 67/69. Estive Em Nova Lamego, 21set67-25fev68.
Nunca tive a oportunidade de ver estas peças, fiz muitas vezes a estrada de NL-Bafata, em terra batida, e NL-Piche, no tempo do malogrado alferes Gamboa.
Tenho um amigo, companheiro de rua de infância, este também no nosso tempo em Bedanda, Gadamael e Guileje. Era artilheiro do BAC1, era soldado, chama-se Mario Ferreira.
Gostei destas peças, aliás gostava de tudo que fosse de Artilharia.
Para colmatar esta minha intervenção, e porque havia o receio do rebentamento da granada à boca do tubo, relembro com saudade, um companheiro da recruta do COM de Mafra - jan-março de 67, ele depois seguiu para Vendas Novas para Artilharia, acabou por morrer ainda na especialidade, pelo facto de um rebentamento da granada à boca do tubo, foi aquilo que se falou e soubemos, nada mais sei. Era também da minha terra , o Porto.
Tivemos um acidente brutal, em fevereiro de 67, numa das viagens de fim de semana, no carro dele, para os lados de Agueda, batemos frontalmente num grande Mercedes, e acabei por partir os dedos grandes de ambos os pés. Mas continuei e acabei a recruta.
Saudações.
Virgilio Teixeira
Virgílio Teixeira
O teu camarada de Mafra que morreu em Vendas Novas foi o Rezende.
Eramos do mesmo curso e estávamos nas marchas finais. Em termos de homenagem à sua memória, conto-te o que ocorreu e que descrevo nas minhas memórias publicadas no Google, a que se acede digitando o meu nome e clicando em memórias.
Fomos escolhidos para fazermos de guarda aos obuses e mandaram-me para a frente deles.
Recusei tal colocação e o Rezende ofereceu-se para se posicionar no lugar que me tinham atribuído. Após o rebentamento da granada à boca do canhão do obus, vieram-me informar que o João Martins estava a morrer, expliquei então que o João Martins era eu e que quem estava a morrer devia ser o Rezende.
Grande abraço. João Martins
João Martins, só agora acedi à tua mensagem de 26 de Novembro, pois talvez este Poste saiu da primeira página e eu depois já não vou procurar mais atrás, nem sei como fazer.
Fiquei muito sensibilizado com esta informação, pois nunca soube mais nada nem as circunstâncias, aqui agora resumidas. Nunca me lembrei do nome dele, mas era o Rezende.
Agradeço profundamente esta informação, veio colmatar 'uma brecha' na minha história, uma vez como disse, tivemos aquele acidente no carro dele, e nunca mais nos encontramos em Mafra, pois ele não era do meu pelotão, nem Companhia.
Se foi do teu curso de Vendas Novas, então nós estivemos juntos em Mafra, 3jan a Março de 67! Eu era do 1º pelotão do Tenente Peixeiro, um gajo fora de série, e que nunca chateou ninguém, já não era um dos miúdos alferes da academia.
Não consigo entrar no teu Facebook pois não estou registado.
Se puderes podes enviar essa história para o meu email: vt43@sapo.pt
Afinal a sorte favoreceu-te, acho eu, o Rezende já estava destinado para morrer antes do tempo. Aquele acidente de viação deixou-me marcas por longos anos.
Muito obrigado por esta informação, gostei de a conhecer, apesar de eu não conhecer o Rezende do Porto, apenas 'partilhamos' o carro dele, com mais outros 2 passageiros e os custos da gasolina. Ele usava uns óculos Ryban, acho eu!
Um grande obrigado e um grande abraço,
Virgilio Teixeira
P.S. Não sei se vais ler, mas talvez alguém possa fazer esta ligação.
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