sábado, 14 de março de 2020

Guiné 61/74 - P20733: Os nossos seres, saberes e lazeres (381): Itinerâncias pelo Sotavento Algarvio (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 27 de Agosto de 2019:

Queridos amigos,
Por mim, não sentiria qualquer desfastio em dar-vos novas imagens de Tavira, com os seus poços fenícios, as belas peças islâmicas, o que resta do bairro Almóada, os vestígios do gótico e do manuelino, as belas igrejas, conventos e capelas, num total de catorze, segundo um folheto dado no Turismo. Mas preferiu-se outra errância por este sotavento algarvio, começa-se por Vila Real, há uma neta que quer ondas e água morninha, impossível fugir das multidões, seja na ilha de Tavira, Cabanas, Cacela ou Manta Rota, ninguém sonha, em pleno agosto, ter mais de metro e meio de areal por sua conta, o que é altamente acessível é mesmo passear à beira-mar, mesmo que, fenómeno raro, o oceano vai expelindo a todo o instante algas às toneladas. Vicissitudes de banhista, é o preço de passar férias em locais da maior convergência da sociedade de massas.

Um abraço do
Mário


Itinerâncias pelo Sotavento Algarvio (1)

Beja Santos

Viajar em Agosto por qualquer ponto do Algarve significa deambular entre multidões, escolher um ponto do areal e dez minutos depois estar despudoradamente cercado de gente de diferentes proveniências nacionais. Mas tinha que acontecer, houvera um convite irrecusável, estacionar uns dias numa urbanização perto de Tavira, a neta clamava por ondas, a filha clamava por descanso, reivindicações a ter em conta. Depois de uma viagem sem engarrafamentos, atinado com o local da estância, feitos os arrumos e compras elementares, avança-se para a praia, jogada a moeda ao ar, pensa-se iniciar as férias na ilha de Tavira. E daí estas duas surpreendentes imagens, não houve inundações, nem tsunami, o que se vê são banhistas com a trouxa às costas ou no braço, nada de gastar dinheiro na embarcação a motor que faz o trânsito entre a areia e terra firme.


O coletivo começou novo dia a revisitar Vila Real de Santo António, tudo surpreende, por muitas vezes que lá se passe, para o viandante é o permanente deleite das dimensões da praça que recorda a reconstrução depois do terramoto, a traça pombalina, de uma geometria perfeita, atenda-se ao agradecimento ao Senhor Dom José I, questão de protocolo, quem deu ordem foi Sebastião José. A igreja, diga-se em abono da verdade, não é uma dessas joias inesquecíveis, mas não se pode obliterar os cuidados na manutenção e o pleno equilíbrio do seu altar-mor.





Viandante e comitiva entram na Câmara Municipal, conheceu um gravíssimo incêndio, quase tudo reduzido a cinzas. A reconstrução é tocante, aproveitou-se o que ficou, o teto é lindíssimo, o mesmo quer dizer que se sugere a quem por lá passe que não deixe de se avistar com esta intervenção talentosa no edifício autárquico.




Outro local inescapável é percorrer a beira-rio, marcada por um tempo áureo de negócios de fronteira, muito comércio por grosso e atacado, um bom hotel. Impressiona a escultura de João Cutileiro dedicada a Sebastião de José, é uma peça-maior da sua obra, salvo melhor opinião.



E aqui se suspende a digressão mostrando algum estadão de outrora que chegou ao momento presente. Vila Real de Santo António continua a ter uma enorme afluência por direito próprio e pelos turistas nacionais e internacionais, ali perto está Monte Gordo, Praia Verde e Alagoa/Altura, uns quilómetros adiante a bela Cacela Velha, e quem sobe tem Castro Marim, a Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António, barragens não faltam, e há panoramas inexcedíveis em Alcoutim. Viandante e comitiva sentem-se felizes, caminham pouco mais, têm outros alvos neste sotavento para atingir.



(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 7 de março de 2020 > Guiné 61/74 - P20709: Os nossos seres, saberes e lazeres (380): A Bélgica a cores que guardo no coração, e para sempre (8) (Mário Beja Santos)

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