Quer encontrar um velho amigo, o então jovem Armando, que esteve internado no HM 241 de Bissau, vítima de guerra de que lhe resultou a perda de uma das pernas. Frequentava, como convidado, a casa do então CEM, senhor Coronel de Cavalaria Henrique Gonçalves Vaz.
EM BUSCA DO ARMANDINHO
É com muita satisfação que volto aqui a escrever sobre o “Armando do Hospital de Bissau”, uma criança que conheci no ano de 1973 a cuidado dos militares médicos e enfermeiros que trabalhavam no Hospital Militar de Bissau nessa mesma altura.
Conheci-o muito bem, pois durante um ano, entre 1973 e 1974, ia várias vezes durante a semana vê-lo ao Hospital e muitas vezes regressava connosco (comigo e com os meus dois irmãos) para nossa casa em Sª Luzia, onde brincava muito, comia e dormia.
Na semana passada falei dele ao meu mano mais novo (Paulo Vaz) e os dois revivemos as nossas memórias daqueles tempos conturbados, tempos de guerra mas que para nós jovens na altura, nos marcou para toda a vida. Conhecer esta criança na altura, o Armando, foi uma experiência humana e de afetos inolvidável, já que ele tinha perdido a sua família numa explosão de uma mina e tinha sido evacuado para o hospital Militar de Bissau, penso que em finais de 1972 ou inícios do ano de 1973.
No início teria sido o meu próprio pai, o Coronel Henrique Gonçalves Vaz, CEM/CTIG, que o convidou para ir passar uns dias lá em nossa casa (na Base Militar de Santa Luzia), para poder brincar com miúdos como ele, eu tinha 13 anos e o meu irmão mais novo, o Paulo tinha apenas dez anos, o Armando talvez oito anos, depois tornou-se rotina e uma visita desejada por nós. Lembro-me dele como um miúdo muito alegre, inteligente e bem-disposto. Ainda me lembro, quando no meu quarto, o Armando tirava a prótese (da perna) e continuava a saltar, brincar e falar, sem constrangimentos nenhuns, sim falava muito, demonstrando sempre vontade de saber, de apreender, pois lembro-me muito bem que o Armando (para nós ficou sempre apelidado de Armandinho) demonstrava uma grande curiosidade e uma grande alegria de viver, apesar de ter perdido parte de uma perna e os pais numa explosão de uma mina, facto responsável pela sua evacuação para o Hospital Militar.
Sempre me disse que era MUITO BEM TRATADO PELOS MILITARES DO HOSPITAL MILITAR DE BISSAU. Volto a registar aqui neste nosso Blog, de que gostaria muito de saber onde se encontra e contactar com ele. O meu regresso à Metrópole naquela altura foi um "pouco abrupto", devido ao 25 de Abril, fiquei sempre com saudades dele, e disseram-me que o Armando teria vindo em 1974 com um médico militar para a Metrópole, para frequentar uma instituição em Portugal! Será verdade, se alguém souber notícias dele, gostaria que me contactasse.
Base Militar de Santa Luzia, Bissau, 1974 - O pequeno Armando
No passado mês de março voltei a pedir à minha irmã, que na altura estudava arquitetura no Continente e nos visitava de vez em quando em Bissau, que tentasse descobrir as fotografias do “Armando na Guiné” da sua autoria, e ela procurou e procurou até que encontrou estas fotografias do Armando e que me fizeram viajar no Tempo, recordando os “momentos muito intensos” que vivi na Ex Província Portuguesa da Guiné.
Base Militar de Santa Luzia, Bissau, 1974 - O pequeno Luís
Se tu, Armando, por acaso leres esta notícia sobre ti, liga-me para o meu telemóvel + 351 936 262 912 ou manda-me notícias para o meu email: luisbelvaz@gmail.com
Grande Abraço
Luís Beleza Gonçalves Vaz
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Nota do editor
Último poste da série de 7 de abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20825: Em busca de... (305): Fur Mil Fotocine Júlio César Fragoso Pereira (Guiné, 1966/67) (Armando Pires, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCS/BCAÇ 2861)
10 comentários:
Olá, Luís, o Carlos Vinhal já te editou o poste...
E eu fiz também um apelo na nossa página do Facebook, usando as tuas fotos que reeditei:
https://www.facebook.com/people/Tabanca-Grande-Lu%C3%ADs-Gra%C3%A7a/100001808348667
Gostei muito de falar contigo, ontem, ao telefone, já tenho de novo o teu nº na minha lista de contactos.
Lamento a morte do teu mano e da senhora tua mãe. Vão ficando pelo caminho aqueles que amamos... Mas, pelo que percebim, continuas a ter uma grande família. Fico feliz por isso.
Quanto ao Armandinho, lembrei-me que ele poderia ter sido levado pelo tal médico militar para o Alcoitão, para continuar a recuperação, ou então para a Casa Pia, uma vez que era órfão..
Temos, entre os nossos 806 grã-tabaqueiros, um caso relativamente parecido...O José Manuel Sarrico Cunté, capturado num operação no Morés, foi acarinhado pelas NT e trazido para a Metrópole pelo nosso camarada Manuel Joaquim...
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/Jos%C3%A9%20Manuel%20Sarrico%20Cunt%C3%A9
Talvez os dois te possam ajudar. Vou dar conhecimento deste teu pedido ao Manuel Joaquim (que, de resto, está ligado à ONGD Ajuda Amiga, que tem feito um trabalho extraordinário na Guiné-Bissau)...
Sabes de que etnia era o Armando e em que zona caiu na mina ?... O nosso amigo Cherno Baldé, em Bissau, poderia dar-te alguma pista. Vou-lhe dar também pedir o sue conselho. É um dos homens grandes da nossa Tabanca, que sabe tudo ou quase sobre a nossa querida Guiné...
Há ainda malta do HM241 que se emcontra todos os anos. Vou-te dar o contacto do Manuel Freitas, que organiza esses encontros: telemóvel 964498832 ... Pode ser que haja malta de 1972/74 que se lembre do teu amiguinho, da sua história e do médico militar que o terá trazido para Portugal.
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/Manuel%20Freitas
Se o puto foi para Alcoitão ou para a Casa Pia, podemos depois fazer um contacto institucional...
Gostei muito do teu gesto e do nosso reencontro, mesmo à distância... Comtinuas a ser um grande ser humano e um grande português. Cuida-te. Depois hás de me falar de (e esvrever para o blogue um poste sobre) os "teus lobos"...
Um chicoração fraterno. Luís
Boa Noite:
Caro Luís Graça, agradeço as tuas amáveis palavras que fazem bem à Alma de qualquer mortal, mas o que me moveu para realizar este apelo foi o facto de almejar muito saber do que será feito deste ser humano que tanto me marcou a mim e aos meus manos presentes naquela altura na Guiné (como te disse já não está connosco o meu mano António) e que nos marcou afectivamente para sempre. Já falei com o meu irmão mais novo, o Paulo que me contou mais uma aventura em Santa Luzia com o Armando... Já o desafiei vir aqui é deixar como comentário essa Estória que dará mais informações sobre a personalidade do Armando e do à vontade com que nós circulavamos naquela base militar... Mas não adianto mais nada, o meu irmão que conte :) :) :)
Abraço para todos vós e votos de muita saúde
Luís Gonçalves Vaz
Um grande abraço e um muito obrigado para o camarigo Editor Carlos Vinhal, pela rápida e bela edição deste meu pequeno artigo de memória e afetos da minha juventude em Chão Guineense. Aproveito para dizer que não me lembro da etnia do Armando, nem da sua Terra Natal.
Grande abraço
Luís Gonçalves Vaz
Caro Luís Vaz
Mais logo irei falar com o meu "minino" Sarrico sobre a assunto. Ele tem contactos com gente da Guiné. Darei notícia.
Um abraço do
Manuel Joaquim
Caro Luís Vaz, já contactei com o meu Zé Manel. Na verdade, ele sabe de um Armando guineense ferido na guerra quando menino, mas ferido na face e não sujeito a qualquer amputação. Prometeu-me ir indagar se, entre os seus contactos, alguém conhece alguém que corresponda ao teu amigo de infância.
Abraço
Manuel Joaquim
Boa tarde :
Conheço um Armando, que veio com o Medico, vive em Braga, e trabalhava no hospital de Braga.
Caro Manuel Joaquim e caro Zeca:
Agradeço muito a vossa ajuda e se tiverem novidades sobre o Armando, liguem-me pessoalmente por favor para o 936262912
Grande Abraço
Luís Gonçalves Vaz
OK, Luís Vaz, fá-lo-ei.
Saúde!
Manuel Joaquim
Olá Luís,
Teria muito gosto em rever o Armando pois passamos muito tempo juntos nas brincadeiras de infância. Esperemos que consigamos encontrá-lo, para recordar as nossas histórias .
Paulo Vaz
Peço desculpa, pois não li bem a noticia,uma vez que o Armando que falo não têm qualquer deficiência.
As minhas desculpas.
Abraços.
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