Blogue Jardim das Delícias, do Dr. Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547/BCAÇ 1887, (Canquelifá e Bigene, 1966/68), com a devida vénia, reproduzimos esta publicação da sua autoria.
A MORTE DO POETA
ADÃO CRUZ
© MANEL CRUZ
O dilema entre o silêncio e a palavra
invade a lógica discursiva
que há no ridículo do poema.
Quem tudo vê e nada sabe
ou é poeta
ou patético peregrino
da teatral mentira que emoldura a poesia
mascarada nos buracos negros das palavras.
Morre a razão e a mente
no espaço vazio do poeta
engolido nas areias movediças
da estupidez do verso.
Nasce a poesia
na semântica farsa das palavras
escondida nos simbolísticos restos do dilema
entre o silêncio do mundo
caído em pedaços
ou erguido nos absurdos de um poema.
Ninguém conhece a metáfora
da verdade e da mentira
só o poeta
na sua indomável vertigem da ilusão
descobrindo a poesia
nos avessos da razão.
Morre o poeta em suas manhãs de pedra e gelo
entre a verdade da mentira e a mentira da verdade
e todos lhe cobrem o corpo
com lençóis de sedução
no primeiro e último poema
do silêncio e da razão.
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Nota do editor
Último poste da série de 12 de abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20848: Blogues da nossa blogosfera (126): Jardim das Delícias, blogue do nosso camarada Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 (42): Palavras e poesia
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