segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Guiné 61/74 - P22998: Humor de caserna (43): Em dia de namorados, uma história pícara, o furriel sedutor e a filha do senhor Tenório de Bafatá (Fernando Gouveia, ex-alf mil rec inf, Cmd Agr 2957, Bafatá, 1968/70)


Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > Vista aérea > Em primeiro plano, o rio Geba, à esquerda, e a piscina de Bafatá (que tinha o nome do administrador Guerra Ribeiro e foi inaugurada em 1962, tendo sido construído - segundo a informação que temos - por militares de uma unidade aqui estacionada ainda antes do início da guerra).

Ainda do lado esquerdo, o cais fluvial, uma zona ajardinada, a estátua do governador Oliveira Muzanty (1906-1909)... Ao centro, a rua principal da cidade. Ao fundo, ao alto da avenida principal, já não se chega a ver o troço da estrada que conduzia à saída para Nova Lamego (, que ficava a nordeste de Bafatá); havia um a outra, alcatroada, para Bambadinca, mas também com acesso à estrada (não alcatroada) de Galomaro-Dulombi, povoações do regulado do Cosse, que ficava a sul. À entrada de Bafatá, havia uma rotunda. ao alto. Para quem entrava, o café do Teófilo, o "desterrado", era à esquerda..

Do lado direito pode observar-se as traseiras do mercado. Do lado esquerdo, no início da rua, um belo edifício, de arquitetura tipicamente colonial, pertencente à famosa Casa Gouveia, que representava os interesses da CUF, e que, no nosso tempo, era o principal bazar da cidade, tendo florescido com o patacão (dinheiro) da tropa. Por aqui passaram milhares e milhares de homens ao longo da guerra,. que aqui faziam as suas compras, iam aos restaurantes e se divertiam... comas meninas do Bataclã.

Foto (e legenda): © Humberto Reis (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.] (*ª)


1. O
Fernando Gouveia foi Alf Mil Rec Inf, Cmd Agr 2957 (Bafatá, 1968/70), é autor de, entre outras séries notávais, "A Guerra Vista de Bafatá (Fernando Gouveia)" de que se publicaram cerca de 9 dezenas de postes, é arquitecto reformado, transmontano, vive no Porto; tem cerca de 170 referências no nosso blogue.

Da série "A Guerra Vista de Bafatá" fomos "respigar" esta deliciosa história (*), que vem a propósito do Dia dos Namorados, 14 de fevereiro. Quem passou por Bafatá, vai adorar o texto (e o contexto) (**)


A Guerra Vista de Bafatá > 15 > Uma estória de faca e alguidar


Por Fernando Gouveia


Antes de entrar propriamente na novela,  refiro que nos finais de 1969 o meu Comandante, Coronel Hélio Felgas, foi apanhado de surpresa. Uma ordem de Bissau, talvez forjada pelo recente Comandante do COP de Nova Lamego [COP 5]   e as elites do ar condicionado da capital, transferia-me a mim e mais alguns militares, do Comando Agrupamento 2957 para o COP. Quer eu, quer os meus superiores, achámos que foi um golpe baixo.

Confiando no Coronel Felgas que me disse que eu não estaria lá muito tempo. Foi só esperar que aparecesse outro alferes disponível para me substituir e eu regressei. Ao fim de uns quinze dias estava novamente em Bafatá, no Cmd Agr 2957. O Alf Mil Correia substituiu-me em Nova Lamego.

No Gabu, onde não me recordo de fazer o que quer que fosse relacionado com a guerra, conheci o Fur Mil Dinis (nome fictício), o protagonista desta estória, com quem aliás bebi uns bons whiskys.

Passado pouco tempo o Coronel Felgas acaba a comissão e o Coronel Neves Cardoso vai substitui-lo no Comando de Agrupamento. Com ele vem todo o pessoal afecto ao COP 5, incluindo o nosso Fur Mil Dinis.

Em princípios de 1970,  a guerra ia correndo com mais ataque, menos ataque, mais mina, menos mina e em Bafatá, oásis de paz, a vida corria entre o trabalho no aquartelamento, as idas ao café depois de almoço (quando não se dormia a sesta) e as idas ao cinema.

Tudo isso era propício ao devaneio.

O nosso Fur Mil Dinis, nas suas saídas para a cidade, começou a frequentar mais assiduamente determinada casa comercial. Era perto do quartel, comia-se lá bem, era agradável permanecer na esplanada, mas sobretudo o senhor Tenório (nome fictício) e a sua esposa tinham uma filha, a Rosinha (nome fictício),  de uns dezanove anos, que embora cheiinha não era nada de se deitar fora.

O nosso Furriel viu ali uma companhia que o faria esquecer as agruras da guerra.

Penso que um namoro se tinha desencadeado. Naquela altura, há 40 anos, e dado que a Rosinha não saía debaixo das saias da mãe, a coisa não teria ido além de algum beijito trocado num intervalo das idas da mãe à cozinha.

Imagino, naquele clima, que o nosso Furriel devia andar nas nuvens. Porém o Dinis cometeu um erro grave. Como militar que era,  não devia ter subestimado o adversário, que neste caso era o pai da Rosinha. O senhor Tenório, raposa velha, homem de pele curtida de trinta anos de Guiné, embora atarracado mas entroncado como um touro de lide, vivido como era, meteu-se ao caminho até ao Comando de Agrupamento.

Não o vi por lá mas logo a seguir, o Ten Cor Teixeira da Silva chama-me e em termos de desabafo diz-me:

 Oh,  Gouveia, sabe quem esteve aqui? Foi o senhor... Tenório!. Queria saber informações sobre o Furriel Dinis,  pois ele anda de namoro com a filha, a Rosinha, e era minha obrigação dizer-lhe tudo, nomeadamente que ele era casado…

Faltaria um mês para o Furriel Dinis acabar a comissão, mas à parte final fui assistindo eu diariamente: o Furriel Dinis nunca mais saiu do quartel até ir embora.

Tudo é real, excepto alguns nomes.

Fernando Gouveia

2. Fichas de unidades:


Comando de Agrupamento n.º 2957

Identificação: CmdAgr 2957
Unidade Mob: RAL I - Lisboa
Crndt: Cor InfHélio Augusto Esteves Felgas | Cor Art José João Neves Cardoso
CEM: TCor Cav Emanuel Xavier Ferreira Coelho ! TCor Inf Artur Luís Félix Teixeira da Silva
Divisa: -
Partida: Embarque em 09Nov68; desembarque em 15Nov68 | Regresso: Embarque em 19A9070

Síntese da Actividade Operacional


Em 18Nov68, rendendo o CmdAgr  1980,assumiu a responsabilidade da zona Leste, com sede em Bafatá, e abrangendo os sectores de Bambadinca, Bafatá e Nova Lamego e depois os novos sectores, então criados, com a consequente reformulação dos respectivos limites, em Piche, em 24Nov68 e em Galomaro, em 07Nov69. 

De 11Mar69 a  11Out69 e de 26Jul69 a 06Nov69, foram ainda constituídos, transitoriamente, na zona Leste, o COP 5 e COP 7, respectivamente e criado, em 26Jun70, o COT I.

Desenvolveu a sua actividade de comando e coordenação dos respectivos batalhões e das forças atribuídas de reforço, planeando, impulsionando e controlando a respectiva actuação que foi, essencialmente, de patrulhamento, reconhecimento e de contacto com as populações e de acções sobre grupos inimigos infiltrados, com destaque para as operações "Lança Afiada", "Baioneta Dourada" e "Nada Consta", entre outras. 

Em 02/07Fev69, planeou e executou a operação "Mabecos Bravios", respeitante à evacuação dos aquartelamentos de Madina do Boé, Béli e Ché-Ché.

Em 001IAg070, já na fase de sobreposição com o CmdAgr 2970, passou a integrar o CAOP Leste, então organizado por despacho ministerial de 20Jun70, pelo que foi extinto e o seu pessoal recolheu a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

Observações - Tem História da Unidade (Caixa n." 121 - 2ª Div/4ª Sec., do AHM).

Fonte - Excerto de: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas das Unidades: Tomo II - Guiné - 1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002, pág.35..


Comando Operacional nº 5

Identificação: COP 5
Cmdt: Cor Art José João Neves Cardoso
Início: 15Mar69  | Extinção: 11Out69

Síntese da Actividade Operacional

Este comando foi criado com a finalidade de actuar contra a ameaça inimiga sobre os regulados do Pachisse, Maná, Chanha, Tumaná de Cima e Cancumba e sobre a região de Nova Lamego, com vista a assegurar a coordenação da actividade operacional dos comandos de batalhão - BCaç 2835 e BArt 2857 - e das respectivas forças ali instaladas.

Em 15Mar69, assumiu a responsabilidade da zona de acção, com a sede em Nova Lamego, abrangendo os sectores de Nova Lamego (Sector L3) e Piche (Sector L4), tendo ficado subordinado directamente ao Comando-Chefe, a partir de 25Abr69.

Desenvolveu intensa actividade operacional, comandando e coordenando a acção das unidades atribuídas em acções de patrulhamento, batidas, emboscadas e de defesa e controlo das populações.

Em 11Out69, o COP 5 foi extinto, voltando os comandos de batalhão a assumir a responsabilidade completa dos respectivos sectores e as zonas respectivas a ficarem novamente na dependência do CmdAgr 2957.

Observações > Não tem História da Unidade.


Fonte - Excerto de: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas das Unidades: Tomo II - Guiné - 1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002, pág.607. (Com a devida vénia...).

__________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 7 de novembro de  2009 > Guiné 63/74 - P5232: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (15): Uma estória de faca e alguidar

18 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Fernando:

Não me levas a mal ter ido ao "respigo" (, na minha terra, diz-se "rabisco"...) e ter sacado esta deliciosa história das tuas muitas histórias....

Conheci as "personagens" da tua história, com exceção do fur Dinis (já que, sendo o nome fictício, como conviria que fosse, não dá para adivinhar...).

Obrigado, a ti e ao Humberto, gostei de voltar a "rever" a nossa adorada princesa do Geba, Bafatá, e algumas das suas gentes... Ir de vez em quando a Bafatá, onde havia um "cheirinho de civilização", ajudou-nos a manter um certo nível de saúde mental...

Um abraço fraterno, Luís

Anónimo disse...

Boa tarde a todos os namoradeiros,

Conheço Bafatá, e pelo menos um restaurante, onde ia matar a fome, ou o desconsolo, não me perguntem nomes de nada, pois não sei.
Fui ao Comando de Agrupamento uma ou duas vezes, tirar duvidas profissionais com o meu parceiro do Conselho Administrativo, do qual não seu nomes.
Passava mais lá em cima, a estrada entre Bambadinca e Nova Lamego, que percorri várias vezes em missões de reabastecimento, bem como o dia da chegada e o da partida em 25fev68, vai fazer dentro em breve 54 anos.
O amigo Gouveia, cuja história deliciei, só aparece um ano depois, estamos desfasados no tempo, mas acho que o Cor Felgas já estava a comandar o Agrupamento do qual dependia o meu Batalhão - BC1933.
Essa descrição da dita casa comercial, tem todos os contornos da também celebre Casa Caeiro, a sua mulher e a sua volumosa filha, que encantava todos, porque não havia outra!
Estão publicados alguns excertos no Blogue.
Mas que eu saiba não havia nenhum Furriel 'Dinis' mas havia um Alferes Teixeira, que ia de vez em quando a casa do Sr. Caeiro, tomar chá ou café com a sua esbelta filha, mas nunca se passou nada, ela pesava o dobro de mim. Íamos ao cinema, ao café local, etc, sempre acompanhados. E via-a todos os dias, lá de cima das instalações do meu C.A. - no 1º andar mesmo em frente da casa Caeiro.
Bafatá reconheço bem, mas nunca tive uma perspectiva destas, pois foi tirada de uma cota muito acima da estrada. Era realmente um paraíso passar por lá, porque vivia-se bem e com saúde, e boa mesa. Nova Lamego não me posso queixar, mas estava muitos pontos abaixo.
Nessa época só existia um sector L3 que dominava toda essa região, Os L3 e L4 já nunca os conheci. Diga-se em abono da verdade, que o L3 ocupava quase 1/3 da Guiné.

Gostei desta oportunidade de ver e ler as deliciosas histórias daquele tempo.

Vou aproveitar este espaço, para fazer uma pergunta.

Estive a ouvir uma série na CMTV, sobre as trasladações de corpos, e fiquei impressionado.

Nunca vi aqui tratado como era 'processado' e encaminhado os corpos dos nossos mortos?

Quem fazia esse serviço? E como?

Fiquei abismado com a quantidade de corpos espalhados por cemitérios nos 3 cenários de guerra.
Acabei de ouvir e ver a reportagem, e sinceramente que me chocou.
Quem tiver alguns 'bitaites' sobre este assunto, que nos informe.

E por hoje resta-nos, cada um a seu jeito de passar mais este dia dedicado aos namorados.

Saúde para todos

Virgilio Teixeira

Valdemar Silva disse...

Oh! Bafatá.
Quem não se lembra de ter conhecido a bonita cidade de Bafatá.
Não esta Bafatá da fotografia, calma que até chateia, nem um unimog ou dois tropas desenfiados, nem sequer com água na piscina.
Quem não se lembra de ter conhecido Bafatá com uma rua larga, a descer!!, um jardim, casas como deve ser e ir às compras para ver os olhos verdes das libanesas, até era proibido andar descalço. E tinha uma piscina pública, ou quase pública.
Para a minha CART11, sempre a alinhar, era difícil fazer uma escala para fazer a segurança a uma coluna a Bafatá, todos queriam 'é a vez do meu Pelotão'.
Em dia dos namorados é muito bem lembrado Bafatá, com centenas de militares e civis mas um pouco afastada da guerra dos bombardeamentos, um oásis que até dava para namorar.
Bem lembrada esta história do Fernando Gouveia, afinal todos tínhamos idade para namorar....mas com cuidado.

Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Anónimo disse...



De Bafatá somente recordo a aventura de um soldado cigano indisciplinado, que já com quatro anos de Guiné, em quarteis e prisões, foi reforçar o meu pelotão de Buba . Ele contava que estando preso em Bissau, conseguiu fugir com outros camaradas para ir a um baile a Bafatá. Admirei-lhe a coragem.
Gostei da história mas tive pena que o furriel Dinis , tivesse ficado "aprisionado" no quartel só por causa de um namoro tão púdico. A distância criava saudades das mulheres ausentes mas não matava o desejo das mulheres presentes.
Um grande abraço Fernando Gouveia.

Francisco Baptista

Fernando Gouveia disse...

Olá Virgílio:
Não, não se trata da gorducha com quem ias ao cinema. Como já se passou muito tempo poderei acrescentar algo. A atividade mundana do Agrupamento não ia tanto lá para baixo. E mais não digo. O Luís Graça topou mais.
Quanto ao Luís, só tenho que lhe agradecer, pela postagem e por relembrar os bons tempos da guerra ou da "minha guerra".
Abraços a todos.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Valdemar, também concordo com a tua estranheza e o teu espanto: O Humberto Reis deve ter sobrevoado Bafatá ao amanhecer... Na se vê vivalma... Parece uma cidade-fantasma. A foto é de 1970. Mas ele pode dar mais pormenores... Boa noite,Luis

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Virgílio, a história passe-se em Bafatá e não em Nova Lamego... O furriel Dinis é um nome fictício... Até podia ser alferes, não sabemos... Por razões óbvias, o Fernando Gouveia quis poupar esse seu camarada, que passu por uma situação ridícula...

Eu sei que tu conheceste muito melhor Nova Lamego, sobre a qual tens magníficos postes e fotos... És sempre bem aparecido, Virgílio!... Ab, Luis

Anónimo disse...


José M. Costa (by email)

14 fev 2022 17:11

Amigo Luís Graça

Sempre que se fala de Bafatá sinto uma tristeza enorme. Não porque por lá tenha passado maus momentos, mas sim porque lá tudo o que acontecia me motivava para crescer como homem.

Recordo com saudade todas as coisas boas e menos boas e que muitas vezes ainda me deparo a sonhar com as mesmas. Tinha 21 anos quando embarquei no dia 10-06.1968 em rendição individual para a Guiné. Início de Julho embarco num Dakota com destino a Bafatá. Em julho de 1970 de volto a apanhar de novo um Dakota para regressar a Bissau e finalmente a Lisboa.

Foi em Bafatá que fiz a transformação de menino para homem. Tantas histórias que existem nesta cabecinha, agora cheia de cabelos brancos, que me apetecia contar. Só posso dizer obrigado Bafatá, obrigado camaradas de trabalho no Posto de Rádio. Obrigado camaradas do Comando de Agrupamento onde morei durante algum tempo. Obrigado camaradas dos Esquadrões de Cavalaria onde morei a maior parte do tempo. Obrigado Sr. Teófilo e esposa por me fiarem muitas refeições lá feitas. Obrigado gente Mandinga que me tratou sempre bem. Obrigado amigo Luis Graça por manteres vivo este Blogue, onde sempre que posso venho matar saudades. Abraço.

Valdemar Silva disse...

Luís
Julgo que a fotografia não foi tirada em 1970.
Por muito cedo que fosse, haveria sempre alguém da tropa na imagem e muitas mais viaturas da tropa ou civis estacionadas. E não seria assim tão cedo vendo a projeção da sombra das
árvores quase a pino.
Em 1970 a piscina funcionava em pleno e havia várias vasos, mesas e cadeiras no recinto. Na foto não tem água e está em estado de abandono.
E invasão de plantas aquáticas no rio também testemunham de pouca actividade no local.
O Humberto Reis, autor de grandes fotografias no nosso blogue, melhor saberá responder a esta dúvida.
Uma vez, eu, Duarte, Pechincha, Macias, Cunha apresentamo-nos na piscina em fato de domingueiro todo às ramagens castanhas/amarelas/verdes e não nos criam deixar entrar por estarmos sujos da poeira da viagem. OK resolve-se já problema e foi tirar botas e camuflado e mergulho na água para tirar a sujidade.

Abraço e as melhoras do ministro.
Valdemar Queiroz

Anónimo disse...




Olá Luis, eu sei diferenciar Bafatá e Nova Lamego, não estou a confundir nada, é o meu modo de escrever que penso que todos estão a seguir o meu raciocínio, porque não vou atrás ler e alterar, o que sai, sai mesmo...

Quando digo;

Mas que eu saiba não havia nenhum Furriel 'Dinis' mas havia um Alferes Teixeira, que ia de vez em quando a casa do Sr. Caeiro, tomar chá ou café com a sua esbelta filha,
Furriel Dinis é uma personagem real mas não no nome. Alferes Teixeira é um nome real num contexto real.
Quis apenas comparar a tabanca do Sr. Teófilo, com a Tabanca do Sr. Caeiro.
Nada mais.

Já agora também chamo a atenção à data da Foto, eu até pensei ser uma actual, mas não disse nada.
Se é de 1970, então tem dois anos após a ultima vez que a vi, e na realidade parece uma foto actual, sem vestígios de uma cidade cosmopolita...
A falta de água na piscina chamou-me também a atenção.
Foi tirada num dia de limpezas, também em Bissau, no Club de Santa Luzia, algumas vezes não havia água.
E quando lá voltei em 1984/85, nunca vi água nenhuma, um abandono total.
Quanto a Bafatá, apesar de ser uma quase capital, gostei mais de Nova Lamego, que me ficou no coração.
Por isso quando falo da Guiné, falo mais de NL do que São Domingos onde passei mais do que o triplo do tempo.

Um bom fim de dia dos namorados,

Virgilio Teixeira






Maltez da Costa disse...

Como frequentador diário da piscina em causa, posso afirmar que não se encontrava assim em 1970. Quantas vezes a esposa do capitão Campos, comandante do Esquadrão de Cavalaria até Novembro de 1969 ía levar as filhas (crianças) à piscina e enquanto ela ía às compras, me pedia para tomar conta delas. Saudades.

José Botelho Colaço disse...

Alguém que tenha passado por Bafatá se lembra do colono tio Bento homem muito conhecido em Bafatá em 1961 tinha um mini autocarro de passageiros mas como rebentar da guerrilha em 1965 já estava abandonado no terreno ao lado do café do tio Bento que ficava no lado oposto da rua do quartel da C.C.S. Encontrei o Tio Bento por acaso em 1969 Lisboa e estava hospedado numa residencial ou pensão na zona da estrela em Lisboa mas por motivos de serviço não tive tempo para um dialogo, fiquei de o procurar mas entretanto a vida dá muita volta e estive um ano na Alemanha e quando voltei a procura-lo ninguém lá nem no café onde o encontrei me soube dar notícias dele. Adorei ver a fotografia de Bafatá que eu em parte conheci e que durante cinco meses quase seis se cruzou da minha vida obrigado Humberto Reis. Abraço.

Hélder Valério disse...

Não posso dizer que "conheci" Bafatá.
Passei por lá uma vez, vindo em coluna desde Piche, até Nova lamego, depois Bafatá, depois Bambadinca até Xime.
Fiquei lá sem sair da viatura em que seguia, parado apenas o tempo de receber a indicação de que sendo o mais graduado, ficava responsável pela entrega das 4 urnas em Bambadinca.
Mas seja pela memória residual, seja pelas várias fotos que se vão vendo, acabo por "reconhecer" alguns dos edifícios.
Mas, foi uma história bem oportuna para o dia de hoje!
Hélder Sousa

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Esta é uma das sete vistas aéreas de Bafatá, tiradas pela máquina fotográfica do Humberto Reis, o meu amigo, vizinho e camarada da CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, mai 1969/ mar 71). Em Bambadinca, dormíamos no mesmo quarto, mais três...

Esta foto só pode ser desta época... Inclino-me para 1970. O Reis tinha vários amigos na FAP e, de vez em quando, apanhava uma boleia de helicóptero ou de DO-27. Estas fotos foram tiradas de heli. E tem uma excelente resolução (mais de 2 MG), o que permitiu o seu recorte em várias imagens parciais.

Não sei em que dia e hora foi tirada esta, e mais 6 fotos aéreas de Bafatá, mas a verdade é que não havia lavadeiras no rio, nem barcos,e as ruas pareciam estar desertas... É verdade também que nesse dia a piscina estava vazia... Só o Humberto Reis pode esclarecer, 50 anos depois, estes pequenos pormenores... Trata-se de uma "slide", depois digitalizado, o que explica a qualidade da imagem...

De resto, as melhores fotografias aérea s que temos publicado no blogue são dele...Quando apanhava uma boleia dos amigos da FAP, levava sempre a máquina...

Vd. aqui:

22 DE MARÇO DE 2013
Guiné 63/74 - P11293: Memória dos lugares (226): Vistas aéreas da doce e tranquila Bafatá, princesa do Geba (Humberto Reis, ex-fur mil op esp, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71) (Parte I)

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2013/03/guine-6374-p11293-memoria-dos-lugares.html

Valdemar Silva disse...

A mim parece-me não ser uma fotografia de 1970.
O cais e a piscina parecem-me estar num estado de abandono.
Se formos ver umas fotos no P11281, que devem ser em meados de 1969, vê-se perfeitamente a ambiente da piscina. Os vasos e as cadeiras não teriam desaparecido facilmente.

Valdemar Queiroz

Fernando Gouveia disse...

Mais uma achega sobre a foto aérea. Ela será bastante posterior à minha estadia em Bafata pois no meu tempo (1970)o acesso à ponte sobre o rio Colufe não estava obstruido com o barraco que se vê à entrada da ponte.
Abraços
Fernando Gouveia

Valdemar Silva disse...

Sim, Fernando Gouveia.
Também já visionei fotografias (?) com a passagem sem o barraco, que estaria encostado ao bar da esplanada.
No P633, na foto de 1969, também se vê essa passagem para a ponte de madeira do Colufe barrada, mas essa não era a ponte principal de madeira da passagem sobre o rio Colufe. É pena esta foto não dar com nitidez a imagem da piscina.
A minha fotografia, P11281, testemunha o ambiente da piscina poucos meses antes deste "abandono" aqui retratado em 1970.
Continuo a pensar que esta fotografia aérea e outros tiradas pelo Humberto Reis são muito posteriores a 1970 e até diria tiradas nos anos de 2000.

Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Anónimo disse...


Eu também acho que isto não é foto do tempo da guerra!

Está tudo deserto e bem pintadinho!

Vou procurar por aí, e perguntar ao meu amigo de Bissau, se ele nos pode informar algo mais.

Abraço e saúde da boa,

Virgilio Teixeira