domingo, 2 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24185: Fotos à procura de...uma legenda (172): Ainda a tragédia do Quirafo, de 17 de abril de 1972: comparando as fotos da GMC destruída, de 2005 (Paulo / João Santiago) e de 2010 (Rogério Paupério / José António Sousa)




Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Saltinho > Picada do Quirafo > 2010 > Vestígios da tragédia de 17 de abril de 1972. Fotos do Rogério Paupério e José António Sousa que passaram pelo local em 2010. É possível que as fotos sejam de vários autores.  (*)

Comparando com as fotos de 2005, do Paulo e João Santiago, vcerifica-se que da GMC só resta parte da cabine e o chassi (virado ao contrário). Desapareceram as jantes e os semieixos.

Fotos (e legendas): © Rogério Paupério e José António Sousa (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



José António Sousa (Porto), ex-sold cond auto
CCAV 3404/ BCAV 3854, Cabuca, 1971/73),


Rogério Paupério (Vila Nova de Gaia)


1.  O José António Sousa e o Rogério Paupério, membros da Tabanca de Matosinhos, foram à Guiné-Bissau em 2010 e, na picada do Quirafo (entre o Saltinho, Contabane e Dulombi)  depararam-se com os restos calcinados da GMC onde, em 17 de abril de 1972, encontraram a morte, em combate, o alf mil op esp Armandino Silva Ribeiro e mais onze elementos da CAÇ 3490 (Saltinho, 1972/74), incluindo dois milícias e um civil. O sold at inf António da Silva Batista (1950-2016) por sua vez, foi dado como desaparecido: soube-se depois que fora feito prisioneiro pela força do PAIGC que montou a emboscada, tendo sido apenas libertado em setembro de 1974. 
 
O IN usou canhão s/r, LGFog e armas automática contra as NT (1 Gr Comb reforçado, e um pelotão de milícias). A violência da emboscada está bem patente nas fotos que temos publicado. Os corpos, carbonizados ou mutilados, foram de difícil e complexa identificação pela equipa do serviço de saúde da Companhia.


2. Comentário (*) do Paulo Santiago (ex-alf mil, cmdt do Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72), e que voltou à Guiné pelo menos duas vezes (em 2005 e 2008):

Luís: Acho estranho as fotos  (*) serem de 2010.

Em 2008, aquando do Simpósio Internacional de Guileje (Bissau, 1-7 de março), alguém me disse que aqueles vestígios da GMC tinham sido recolhidos por uma empresa do Alpoim Calvão.

As duas últimas fotos foram tiradas por mim ou pelo meu filho. A foto anterior a estas, restos de uma cabine de GMC, deve ser de uma GMC da CCAÇ 2406 que rebentou uma mina aquando da retirada do Quirafo.

Santiago






Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Saltinho > Picada de Quirafo > Fevereiro de 2005 > Restos da GMC da CCAÇ 3490 (Saltinho, 1972/74), do BCAÇ 3872 (Galomaro, 1972/74) que transportava um grupo de combate reforçado, comandado pelo Alf Mil Armandino, e que sofreu uma das mais terríveis emboscadas de que houve memória na guerra da Guiné (1963/74)... Sabemos hoje quem comandou o bigrupo que montou esta emboscada, o comandante Paulo Malu.
 
A brutal violência da emboscada ainda era visível em fevereiro de 2005, mais de três décadas depois, nas imagens dramáticas obtidas pelo Paulo Santiago e seu filho João, na viagem que então fizeram à Guiné-Bissau. A GMC, calcinada, apresentava-se ainda na posição em que terá ficado imobilizada, assente sobre os semieixos e as jantes.  Um enorme rombo na chapa que cobre o chassi, era visível, muito provavelmente originada pela perfuração e explosão de uma granada de canhão s/r ou de LGFog,

Pedimos aos nossos leitores para ajudarem a encontrar eventuais diferenças entre as fotos de 2005 e as de 2010(**).

Fotos (e legendas): © Paulo e João Santiago (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


3. Lembremos aqui, mais uma vez, os camaradas da CCAÇ  3490 (Saltinho, 1972/74),  mortos naquele dia fatídico de 17 de Abril de 197
  • Alferes Miliciano Armandino Silva Ribeiro - Magueija / Lamego
  • Furriel Miliciano Francisco de Oliveira Santos - Ovar
  • 1.º Cabo Sérgio da Costa Pinto Rebelo - Vila Chã de São Roque / Oliveira de Azemeis
  • 1.º Cabo António Ferreira [da Cunha] - Cedofeita / Porto
  • Soldado Bernardino Ramos de Oliveira - Pedroso / V. N. Gaia
  • Soldado António Marques Pereira - Fátima /  Ourém
  • Soldado António de Moura Moreira - S. Cosme  / Gondomar
  • Soldado Zózimo de Azevedo - Alpendorada / Marco de Canaveses
  • Soldado António Oliveira Azevedo - Moreira  / Maia 
  • Milícia Demba Jau - Cossé / Bafatá
  • Milícia Adulai Bari - Pate Gibel / Bafatá
  • Trabalhador Serifo Baldé - Saltinho / Bafatá
_______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 1 de abril de 2023 > Guiné 61/74 - P24183: Efemérides (384): A tragédia do Quirafo foi há 51 anos, em 17 de abril de 1972... Em 2010 ainda havia vestígios da fatídica GMC... (Rogério Paupério / José António Sousa, membros da Tabanca de Matosinhos, ex-militares da CCAV 3404 / BCAV 3854, Cabuca, 1971/73)

6 comentários:

Fernando Ribeiro disse...

É frequentíssimo as pessoas chamarem "Alpendurada", com U, à antiga freguesia do concelho do Marco de Canaveses que de facto se chama "Alpendorada", com O. Este nome, "Alpendorada", não tem nada a ver com o verbo "pendurar" e, portanto, não deve escrever-se com U. Ele tem a ver com o substantivo "pendor", que significa "declive". De facto, a localidade, que é mais antiga do que a própria nacionalidade, não está pendurada em coisa nenhuma, o que seria um completo disparate. A povoação de Alpendorada, incluindo o seu antigo mosteiro românico, está num pendor, como se ameaçasse escorregar pela encosta abaixo até cair no Rio Douro. Suponho, aliás, que a Quinta de Candoz também está num pendor semelhante. Conferir aqui: https://www.jf-alpendorada.pt

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Já corrigi, obrigado. Não tinha dado conta do erro. Fiz "copy & paste" da lista. LG

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O que diz o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa ?


A grafia corre(c)ta de Alpendorada/Alpendurada (Portugal


Pergunta: Gostaria de saber qual a grafia correcta de Alpendorada/Alpendurada

Obrigada. Ivone Machado Funcionária pública Porto, Portugal

Resposta:

A forma oficial do topó[ô]nimo é Alpendurada (Marco de Canaveses, Portugal). No Novo Dicionário Corográfico de Portugal, de A. C. Amaral Frazão, é assim que se escreve. Etimologicamnte, há porém argumentos para aceitar também a forma Alpendorada.

Carlos Rocha 4 de junho de 2007.

in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/a-grafia-correcta-de-alpendoradaalpendurada-portugal/20793 [consultado em 02-04-2023]

Anónimo disse...


Rogerio Paupério (by email)

sábado, 1/04/2023 23:13

Boa noite Luís Graça

Tal como o Gomes de Sousa falou, também estive no BCav 3854/CCav 3404 que embarcou para a Guiné a 4/7/71 e lá chegou a 11/7/71 com destino a Cabuca/Nova Lamego. Fui o escriturário da Companhia.

Em 2010 convenci uns camaradas a ir à Guiné, organizei um grupo de 8, 3 da companhia sendo um o Gomes de Sousa que nos tínhamos acabado de reencontrar37 anos depois, 2 de Canquelifá e 1 de Angola(que tinha o sonho de visitar a Guiné) e o meu filho.

Partimos a 12/3/2010 e regressãmos a 20/3/2010. Uma viagem inesquecível. Uma decepção pelo estado lastimoso de tudo; abandono, destruição etc.

Salvou-se o amor que tínhamos àquela terra e que se reforçou depois da nossa vinda. Não nos cansamos de recordar aqueles 8 dias da nossa vida.

Ficámos no Saltinho, visitámos Bafafá, Nova Lamego, Cabuca, Piche, Canquelifá, Bissau, Quebo, Buba, Guilege e outros pequenos locais com história principalmente Quitaro, local trágico para as NT.

Junto como pediste uma foto minha da minha passagem pela Guiné e uma actual.

Quanto à minha colaboração no teu blog terei o maior prazer em fazê-lo.
Bom fim de semana e um grande abraço
Cumprimentos
Rogério Paupério

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Rogério, obrigado pela tua pronta resposta. És bem vinmdo, recebido de braços abertos. Vou-te apresentar à Tabanca Grande, vais-te sentar à sombra do nosso poilão, no lugar nº 874. A tua CCAV 3404 (Cabuca, 1971/73) fica bem representada por ti e pelo Sousa.

Espero que me mandes maios fotos, com as devidas legendas, da vossa estadia na Guiné-Bissau em 2010. E já agora vê se respondes âs d~uvidas do nosso camarada (e um dos históricos do nosso blogue) Paulo Santiago. Para mim, trata-se da mesma GMC, do fatídico dia 17 de abril de 1972. Só que de 2005 para 2010 partes da viatura desapareceram. Um abraço, Luís

Valdemar Silva disse...

Estas sucatas à beira das estradas parecem "monumentos" em memória de batalhas travadas durante a guerra. Até seria interessante/louvável erguer, propriamente, um espaço em volta da sucata com uma gravação num muro "Emboscada de Quirafe. Aqui morreram 9 militares do exército colonial 14-04-1972'*. Assim, com esta evocação, seriam lembrados os nossos mortos naquela guerra de 1963-1974.
Rogério Paupério estamos à espera da tua entrada na Tanbanca Grande, eu quem em 1969/70 andei por Bafatá, Nova Lamego, Cabuca, Piche e Canquelifá quero saber de coisas que por lá passaram.

Quanto ao "O" ou "U" de Alpendurada (até o corrector google fica baralhado).
Alpendurada = al(árabe) + pen (celta) rochedo,fraga,cume,elevação + do(u)rado.
Provavelmente teria sido Alpendourada, como Penhas Douradas, e foi perdendo o "ou" como em douriense para duriense, relativo ao Douro.

Valdemar Queiroz

*Esta descrição seria a do Estado da Guiné, se fosse erigido por Portugal seria 'Emboscada de Quirafe - Aqui morreram (e os nomes dos mortos) na guerra de 1963-1974, em 17-04-1972'