Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Carta de Bafatá ( 1955) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Bafatá e de Sangué Cabomba a sudeste, na estrada para Galomaro e Cancolim
Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025)

1. O Rui Felício, um dos históricos da Tabanca Grande, é autor da série "Estórias de Dulombi", de que se publicarm 10 postes, até abril de 2013 (*).
Está na altura de dar continuidade à série, com mais algumas "estórias" que vamos recuperando da sua página do Facebook...
É o caso desta, que merece honras de blogue. Levou-nos algum tempo a descobrir onde ficava Cabomba. Afinal, já cá tínhamos o descritor, Sangué Cabomba.
Espero que o Rui não se zangue por este "roubo", que não é descarado, é discreto, sem á G3... Digamos que é uma estória "emprestadada", já que ele se "esqueceu" de a mandar para o blogue.. É uma estória deliciosa, como é norma do autor, e que para mais envolve um outro histórico do nosso blogue, a quem saúdo: o nosso Paulo Raposo (também ele tem andado arredio das nossas lides bloguísticas).
Um e o outro foram alf mil da CCAÇ 2405 / BCAÇ 2852 (Dulombi, 1968/70).
Vivam os "baixinhos de Dulombi"! (Era a divisa da companhia, que pertencia ao batalhão a que eu estive adido um ano em Bambadinca.)
A DIFICIL SOBREVIVÊNCIA NA GUINÉ
Por Rui Felício
Cabomba era uma tabanca estrategicamente situada num entroncamento de picadas que ligavam Galomaro e Bangacia a Cancolim. O Paulo Raposo que antes tinha estado destacado em Campata, foi deslocado com o seu pelotão para este novo local.
Há mais de quinze dias que as chuvas tropicais intensas não paravam de varrer a zona, tornando intransitáveis os caminhos, impossibilitando o reabastecimento de viveres armazenados em Bafatá e Galomaro.
As reservas alimentares estavam na penúria e havia trinta soldados para alimentar. O Raposo, sensível a garantir o mínimo de bem-estar possivel aos militares sob a sua responsabilidade, vivia a cada dia uma preocupação maior.
Certa manhã, ciente de que tinha de encontrar uma solução de emergência, depois de em dias anteriores ter tentado sem sucesso vencer o lamaçal da picada para Galomaro, decidiu dirigir-se a uma pequena tabanca das imediações, montado num pequeno Unimog juntamente com meia dúzia de soldados.
Lá chegado, falou com o chefe da tabanca, que sabia possuir algumas vacas. Propôs-lhe que lhe vendesse uma delas, mas o homem recusava terminantemente desfazer-se de qualquer uma das suas vacas, que, aliás, eram um sinal de riqueza do proprietário e que dela, teimosamente, não abdicava.
O Raposo insistiu, oferecendo-lhe um valor justo pela compra. Mas o chefe de tabanca estava irredutivel. Não era uma questão de preço. Simplesmente, não a queria vender.
− A vaca está morta. Vê lá se também queres que seja eu a esfolá-la !
Rui Felício
NB - Que me perdoe o meu amigo Raposo. Mas estou a vender o peixe pelo mesmo preço que na altura o comprei. RF
Há mais de quinze dias que as chuvas tropicais intensas não paravam de varrer a zona, tornando intransitáveis os caminhos, impossibilitando o reabastecimento de viveres armazenados em Bafatá e Galomaro.
As reservas alimentares estavam na penúria e havia trinta soldados para alimentar. O Raposo, sensível a garantir o mínimo de bem-estar possivel aos militares sob a sua responsabilidade, vivia a cada dia uma preocupação maior.
Certa manhã, ciente de que tinha de encontrar uma solução de emergência, depois de em dias anteriores ter tentado sem sucesso vencer o lamaçal da picada para Galomaro, decidiu dirigir-se a uma pequena tabanca das imediações, montado num pequeno Unimog juntamente com meia dúzia de soldados.
Lá chegado, falou com o chefe da tabanca, que sabia possuir algumas vacas. Propôs-lhe que lhe vendesse uma delas, mas o homem recusava terminantemente desfazer-se de qualquer uma das suas vacas, que, aliás, eram um sinal de riqueza do proprietário e que dela, teimosamente, não abdicava.
O Raposo insistiu, oferecendo-lhe um valor justo pela compra. Mas o chefe de tabanca estava irredutivel. Não era uma questão de preço. Simplesmente, não a queria vender.
Já impaciente, o Raposo invocou a sua autoridade militar e a necessidade absoluta de levar a vaca. Pegou num punhado de notas e, como o homem não as quisesse receber, atirou-lhas aos pés e mandou atar a vaca ao Unimog com uma corda.
Arrancou em direcção a Cabomba, em marcha lenta, com a vaca a trotar atrelada pela corda.
Chegado ao destacamento, desmontou e caminhou em direcção ao abrigo quando um soldado o abordou:
− Oh meu alferes, então e agora? Como fazemos para abater a vaca?
Arrancou em direcção a Cabomba, em marcha lenta, com a vaca a trotar atrelada pela corda.
Chegado ao destacamento, desmontou e caminhou em direcção ao abrigo quando um soldado o abordou:
− Oh meu alferes, então e agora? Como fazemos para abater a vaca?
O Raposo, irritado com toda aquela complicada negociação, virou-se para trás, pegou na G3 e abateu a malfadada vaca.
Encarou o soldado e vociferou:
Encarou o soldado e vociferou:
− A vaca está morta. Vê lá se também queres que seja eu a esfolá-la !
Rui Felício
NB - Que me perdoe o meu amigo Raposo. Mas estou a vender o peixe pelo mesmo preço que na altura o comprei. RF
Fonte: Página do Facebook do Rui Felício > 6 de dezembro de 2024 ·
(Seleção, revisão / fixação de texto, título: LG)
__________________
Nota do editor LG:
(*) Último poste da série > 23 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11447: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (10): Regresso a Samba Cumbera, a sudoeste de Galomaro, 42 anos depois...
2 comentários:
Ainda fui ao Saltinho via Galomaro, Dulombi e Quirafo...
Estava interdita a estrada Mansambo - Xitole - Saltinho...
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