Fonte: Câmara Municipal de Lisboa > Hemeroteca Digital > Jornal programa, editado pelo Sport Lisboa e Bolama, novembro de 1938, p. 4 (com a devida vénia).(*)
1. Não sei se o nosso camarada e amigo António Estácio, autor de "Bolama, a saudosa" (edição de autor, 2016, 496 pp.) nos sabe dizer quem era o comandante dos Bombeiros Voluntários de Bolama, em 1938, talvez o próprio autor, R. C. P., do texto que acima reproduzimos.
Tal como as equipas de futebol, raros os eram negros, da Guiné, que faziam parte destas e outras associações, como por exemplo os clubes desportivos... mesmo 20 anos depois, como era o caso do Sporting Clube de Bafatá (vd. foto a seguir).
Enfim, as duas fotos merecem uma legenda! (**).
Foto enviada pelo nosso camarada Leopoldo Correia (ex-fur mil da CART 564, Nhacra, Quinhamel, Binar, Teixeira Pinto, Encheia e Mansoa, 1963/65). (***)
[Observação do LC:"Fotos de Bafatá, de 1959, tiradas por um familiar ligado ao comércio local (Casa Marques Silva), casado com uma senhora libanesa, filha do senhor Faraha Heneni",
2. Recorde-se aqui alguns dados do recenseamento populacional de 1950, na colónia da Guiné, para se perceber melhor a estrutura social do território: havia uma clara distinção entre uma pequena minoria de "civilizados" (os que tinham a cidadania portuguesa), e a grande maioria dos "indígenas".
"Civilizados" eram então 8320 residentes, dos quais 501 originários da metrópole, 1703 provenientes do arquipélago de Cabo Verde e os restantes 4644 da própria Guiné. Dos 366 estrangeiros, a maioria deles eram imigrantes libaneses e seus descendentes. A taxa de analfabetismo dos "civilizados" ultrapassava os 43%. Os "indígenas" eram cerca de meio milhão de indivíduos, distribuindo-se por 30 grupos étnicos. (****).
"Índigenas" eram todos os guineenses que não podiam ser "assimilados a europeus": (i) eram "de raça negra (sic) ou dela descendentes"; (ii) não sabiam ler nem escrever (o português); (iii) não possuíam bens ou profissão remunerada; e, "last but not the least", (iv) praticavam "os usos e os costumes do comum da sua raça" (sic)...
Mais exatamente, em 1950, a população era constituída por "negros" (503 035), "mestiços" (4 568) e "brancos" (2 263), num total de 510 776. Os "brancos" (europeus, na sua grande maioria) representavam apenas 0,4% do total da população. Só depois da II Guerra Mundial, é que o seu número começou a aumentar: 1226, em 1930, 1419 em 1940, 2263 em 1950, 13686 em 1960...
Enfim, em 1950, o ensino oficial obrigatório abrangia apenas um escasso milhar de alunos, que frequentavam as 13 escolas primárias. As escolas das missões católicas acolhiam, por sua vez, cerca de 10 mil alunos. Em 1949, com a criação do Colégio-Liceu Honório Barreto, os guineenses passam a ter a oportunidade de aceder ao ensino secundário.
Em 1961, a distinção entre "civilizados" e "indígenas" foi finalmente abolida... No consulado de Sarmento Rodrigues, na segunda década de 1940, a colónia fez um notável esforço de modernização... de que o PAIGC vai recolher frutos: os seus melhores quadros saem da nova "elite crioula"...
Enfim, em 1973, no final do consulado de Spínola, já havia cerca de 4 centenas de "escolas oficiais" (mais cerca de 8 dezenas de escolas das Missões), para um total de 46 mil alunos... Mas quantas dessas escolas eram apenas simples "postos escolares militares" ?... Um esforço digno de nota, que não foi inglório mas que pecou por tardio...
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(*) Vd. poste de 17 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20152: Jorge Araújo: memórias de Bolama: a imprensa e o comércio locais há oito décadas atrás.
(**) Último poste de 8 de agosto de 2019 > Guiné 61/74 - P20043: Fotos à procura de... uma legenda (116): Sabes, menino, o que é a Pátria ?
(***) Vd. poste de 16 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11402: Memória dos lugares (229): Bafatá dos anos cinquenta (Leopoldo Correia)
(****) Vd. poste de 4 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18602: Notas de leitura (1063): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (33) (Mário Beja Santos)
"Índigenas" eram todos os guineenses que não podiam ser "assimilados a europeus": (i) eram "de raça negra (sic) ou dela descendentes"; (ii) não sabiam ler nem escrever (o português); (iii) não possuíam bens ou profissão remunerada; e, "last but not the least", (iv) praticavam "os usos e os costumes do comum da sua raça" (sic)...
Mais exatamente, em 1950, a população era constituída por "negros" (503 035), "mestiços" (4 568) e "brancos" (2 263), num total de 510 776. Os "brancos" (europeus, na sua grande maioria) representavam apenas 0,4% do total da população. Só depois da II Guerra Mundial, é que o seu número começou a aumentar: 1226, em 1930, 1419 em 1940, 2263 em 1950, 13686 em 1960...
Enfim, em 1950, o ensino oficial obrigatório abrangia apenas um escasso milhar de alunos, que frequentavam as 13 escolas primárias. As escolas das missões católicas acolhiam, por sua vez, cerca de 10 mil alunos. Em 1949, com a criação do Colégio-Liceu Honório Barreto, os guineenses passam a ter a oportunidade de aceder ao ensino secundário.
Em 1961, a distinção entre "civilizados" e "indígenas" foi finalmente abolida... No consulado de Sarmento Rodrigues, na segunda década de 1940, a colónia fez um notável esforço de modernização... de que o PAIGC vai recolher frutos: os seus melhores quadros saem da nova "elite crioula"...
Enfim, em 1973, no final do consulado de Spínola, já havia cerca de 4 centenas de "escolas oficiais" (mais cerca de 8 dezenas de escolas das Missões), para um total de 46 mil alunos... Mas quantas dessas escolas eram apenas simples "postos escolares militares" ?... Um esforço digno de nota, que não foi inglório mas que pecou por tardio...
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 17 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20152: Jorge Araújo: memórias de Bolama: a imprensa e o comércio locais há oito décadas atrás.
(**) Último poste de 8 de agosto de 2019 > Guiné 61/74 - P20043: Fotos à procura de... uma legenda (116): Sabes, menino, o que é a Pátria ?
(***) Vd. poste de 16 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11402: Memória dos lugares (229): Bafatá dos anos cinquenta (Leopoldo Correia)
(****) Vd. poste de 4 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18602: Notas de leitura (1063): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (33) (Mário Beja Santos)