sábado, 16 de dezembro de 2006

Guiné 63/74 - P1371: Foi a LDG 101 Alfange que transportou a CCAÇ 2590/CCAÇ 12 até ao Xime em 2 de Junho de 1969 (Manuel Lema Santos)


Guiné > Marinha Portuguesa > "A LDG 101 Alfange, algures, em local não referenciado com tornado à vista" (MLS). Foto do Museu de Marinha, gentilmente disponibilizada pelo Engº Manuel Lema Santos, 1º Ten RN, 1965/72, e membro da nossa tertúlia.

Aproveito para dizer, aqui, no nosso blogue, que o Museu da Marinha, instalado nos anexos do Convento dos Jerónimos, em Lisboa, é outro sítio fabuloso que desse ser visitado pelos amigos e camaradas da Guiné. Recentemente nele esteve patente, na sala de exposições temporárias, a exposição Paquetes Portugueses - Retratos da sua História, que eu infelizmente perdi. Esta exposição foi composta por uma mostra fotográfica que pretendeu ilustrar a história dos paquetes portugueses, desde o início do século XIX até finais do século XX. (LG).


Guiné > Marinha Portuguesa > A LDG 101 Alfange. Foto da magnífica Revista da Armada, gentilmente disponibilizada por Manuel Lema Santos.

É uma grande emoção rever este NRP [Navio da República Portuguesa] que era uma figura constante no Xime, a seguir à confluência dos Rios Geba e Corubal. Foi ele que eu, o Martins, o Tony Levezinho, o Humberto Reis e os demais quadros e especialistas da CCAÇ 2590 (futura CCAÇ 12) viajámos, na manhã de 2 de Junho de 1969, de Bissau até ao Xime, a caminho de Contuboel, onde fomos dar a instrução de especialidade aos nossos queridos nharros.

Por lapso (ou melhor, por santa ignorância) chamei-lhe LDG 101 Bombarda (que erro que tem vindo a ser replicado sistematicamente no blogue e na minha página pessoal). O nosso 1º tenente RN Manuel Lema Santos, oficial imediato do NRP Orion, na Guiné, em 1966/68, vem agora dizer-me por que é que não podia ser a Bombarda... De facto, por muito valorosos que fossem os homens da nossa armada e os seus navios, não tinham infelizmente o dom da ubiquidade... 

Obrigado, Manuel. Obrigado pela pronta, competente e completíssima resposta às minhas dúvidas sobre a LDG 101, o seu nome e o seu armamento... Boa continuação das tuas navegações ao leme do sítio cuja visita eu recomendo vivamente ao pessoal da nossa tertúlia: Reserva Naval. (LG)


Foto: © Lema Santos (2006) (com a devida vénia...)


Caro Luis Graça,

Grato pela tua pronta retribuição bem como pelo rasgado elogio ao meu trabalho [, como webmaster de uma página também ela ligada às nossas memórias]. Não tenho acompanhado de perto como gostaria o no nosso blogue, provavelmente pelos mesmos motivos que muitos outros mas, sempre que for possível, encaixarei uma colaboração no blogue. Talvez 2007 permita uma presença mais assídua.

Satisfazendo a tua solicitação e esperando que o pormenor não chegue à fase de angústia, apresso-me a fornecer-te alguns elementos que poderão ajudar-te a esclarecer a situação (1):

- Em 2 de Junho de 1969 a LDG Bombarda com o número de costado 205 e, portanto a LDG 205, primeira de três desta classe (Bombarda, Alabarda e Bacamarte), foi aumentada ao efectivo dos navios da Armada em em 24 de Abril 1969 e apenas deixou Lisboa com destino à Guiné em 16 de Julho. Depois de escalar S. Vicente, em Cabo Verde, atracou em Bissau a 30 de Julho. Naturalmente que não foi esta a LDG que vos transportou a Xime, como comprovo abaixo.

- As letras que se vêem na antepara, por detrás do militar da fotografia, correspondem à habitual placa identificativa dos navios com a base em madeira e as letras em latão mas...apenas são visíveis o NRP... (Navio da República Portuguesa). Azar porque o nome do navio está mesmo tapado pela cabeça do militar.

- No convés superior está instalada uma peça Boffors, anti-aérea, de 40mm, possuindo outra idêntica no outro bordo. Completavam o armamento 2 metralhadoras MG 42 de 7.62 mm e um lançador de foguetes iluminantes de 2", MK5.

- Quem vos transportou no dia 2 de Junho de 1969 ao porto de Xime, no Geba, um pouco acima da confluência com o Corubal foi a LDG 101 Alfange, tendo regressado no mesmo dia, conforme consta dos registos oficiais de navegação da Alfange.

- Esta LDG 101, foi a primeira de quatro desta classe (Alfange, Ariete, Cimitarra e Montante) e foi aumentada ao efectivo em 4 de Março de 1965. Permaneceu sempre na Guiné desde 10 de Outubro de 1965, data em que atracou em Bissau. Sempre aí permaneceu operacional até ao dia 14 de Outubro de 1974, data em que largou para S. Vicente, Cabo Verde e depois para Angola onde viria a ser abatida ao efectivo.

- Inicialmente trazia como armamento 2 metralhadoras Oerlikon MK II de 20 mm e, posteriormente, por se revelarem insuficientes para o teatro de operações da Guiné, foram montadas peças Boffors, anti-aéreas, de 40 mm, idênticas às da Bombarda. O restante armamento era idêntico.

- Notavelmente, efectuou mais de 11.000 horas de navegação, a quase totalidade na Guiné ao serviço da Marinha mas sempre em muito estreita colaboração com o Exército.

Esperando poder ter sido útil na informação prestada, as minhas cordiais saudações à tua mulher.Um abraço para ti e para todos os tertulianos.

Manuel Lema Santos
1º TEN RN 1965/72
Guiné, NRP Orion, 1966/68
___________

Notas de L.G.:

(1) Vd. post de 13 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1366: A galeria dos meus heróis (6): Por este rio acima, com o Bolha d'Água, o Furriel Enfermeiro Martins (Luís Graça)

(...) Pelo Geba acima, na LDG Bombarda:

"Três dias depois iriam dar-nos uma G-3, novinha em folha, e uma ração de combate, para de seguida nos porem no fundo duma LDG, a caminho do Leste, Rio Geba acima, escoltados por uma equipa de fuzileiros navais que, à medida que o ri estreitava, batiam com fogo de morteirete a cerrada vegetação das margens (o tarrafe) até às proximidades do Xime" (...) .


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Rio Geba > 1969 ou 1970 > A LDG 101 Alfange (e não Bombardada...), ancorada junto ao Xime.

Foto: © Humberto Reis (2005). Direitos reservados.

2 comentários:

Miguel Cunha, 996/68 FZ disse...

Fiz várias escoltas nas LDGS e pricipalmente na Alfange ao Xime e A Cacine, era comandante o 1º Tenente Malhão Pereira.
Tenho uma história passada a bordo da Alfange, nas anteparas da lancha mais ou menos a meio existia, de cada lado, um fundo de bidão com areia para servir de apoio ao prato do morteiro de 60 m/m, julgo que as tropas que transportavamos pensavam que os bidões com areia era para urinar e alguns fizeram de certeza, o pior foi quando o comandante mandou fazer umas morteiradas de protecção, com o coice do prato do morteiro na areia ficamos a cheirar a urina o dia todo!

Miguel Cunha, Fz 996/68 cia 10 Fz 1969/1971.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.